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Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

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aparecia cada vez menos em casa; o trabalho <strong>de</strong>le no castelo era proporcional à<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> visitantes. Numa quinta-feira à tar<strong>de</strong>, quando eu voltava para casa<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> passar na lavan<strong>de</strong>ria, vi-o na rua. Não era nada fora do comum, a não<br />

ser pelo fato <strong>de</strong> que ele estava envolvendo com o braço uma mulher ruiva que<br />

claramente não era a Sra. Traynor. Quando me viu, soltou-a como se fosse uma<br />

batata quente.<br />

Virei-me, fingindo olhar uma vitrine, sem saber se queria que ele soubesse que<br />

eu os vira, e me esforcei para não pensar mais nisso.<br />

Na sexta-feira seguinte à <strong>de</strong>missão <strong>de</strong> papai, Will recebeu o convite para o<br />

casamento <strong>de</strong> Alicia e Rupert. Bom, tecnicamente, era o Coronel e a Sra.<br />

Timothy Dewar, pais <strong>de</strong> Alicia, que convidavam Will para participar do<br />

casamento da lha <strong>de</strong>les com Rupert Freshwell. Veio num pesado envelope <strong>de</strong><br />

pergaminho com toda a programação da festa e, num papel dobrado, havia uma<br />

extensa lista <strong>de</strong> presentes que as pessoas podiam comprar em lojas das quais eu<br />

nunca tinha ouvido falar.<br />

— Ela é muito cara <strong>de</strong> pau — comentei, observando as letras douradas e o<br />

papel grosso <strong>de</strong> bordas igualmente douradas. — Quer que eu jogue fora?<br />

— Tanto faz. — O corpo <strong>de</strong> Will era um perfeito exemplo indiferença<br />

forçada.<br />

Conferi a lista <strong>de</strong> presentes.<br />

— Que diabo é um couscoussier?<br />

Não sei se foi por causa da rapi<strong>de</strong>z com que Will se virou e passou a <strong>de</strong>dicar<br />

sua atenção ao teclado do computador. Ou pelo tom <strong>de</strong> voz <strong>de</strong>le. Mas, por<br />

alguma razão, não joguei o convite fora. Guar<strong>de</strong>i com cuidado na agenda <strong>de</strong>le na<br />

cozinha.<br />

Will me <strong>de</strong>u outro livro <strong>de</strong> contos, que tinha encomendado pela Amazon, e<br />

um exemplar <strong>de</strong> A rainha vermelha. Logo vi que não era o tipo <strong>de</strong> livro que eu<br />

gostava.<br />

— Não tem nem história — falei, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> olhar a contracapa.<br />

— E daí? — questionou Will. — É um novo <strong>de</strong>safio para você.<br />

Aceitei, não por ter algum interesse em genética, mas porque, se dissesse não,<br />

sabia que Will caria insistindo. Ele agora andava assim. Na verda<strong>de</strong>, era um<br />

pouco tirano. O pior era que perguntava em que ponto do livro eu estava só para<br />

ter certeza <strong>de</strong> que eu estava lendo mesmo.<br />

— Você não é meu professor — eu reclamava.<br />

— Graças a Deus — dizia ele, ofendido.<br />

O livro — que era surpreen<strong>de</strong>ntemente interessante — era sobre uma espécie<br />

<strong>de</strong> luta pela sobrevivência. Armava que as mulheres não escolhiam os homens<br />

por amor. Segundo o livro, a fêmea da espécie sempre escolheria o macho mais<br />

forte para aumentar as chances <strong>de</strong> sobrevivência da prole. Ela não tinha culpa. É<br />

a natureza.

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