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quando <strong>de</strong>u o nome, Will fez que sim com a cabeça, quase se <strong>de</strong>sculpando, e<br />
disse que sim, conhecia a empresa. E que sim, ele provavelmente faria o mesmo<br />
também. O jeito como ele disse isso não soou muito promissor para o emprego<br />
<strong>de</strong> papai.<br />
Mamãe apenas arrulhava para Will, toda cheia <strong>de</strong> preocupações com ele.<br />
Percebi, ao ver o sorriso <strong>de</strong>la, que, à certa altura do jantar, ele tinha se tornado<br />
apenas um jovem elegante à sua mesa. <strong>Como</strong> era <strong>de</strong> se esperar, Patrick estava<br />
irritado.<br />
— Tem bolo <strong>de</strong> aniversário? — perguntou vovô, quando mamãe começou a<br />
tirar os pratos.<br />
A pergunta foi tão clara e inesperada que papai e eu nos entreolhamos,<br />
pasmos. A mesa inteira ficou quieta.<br />
— Não. — Dei a volta na mesa e <strong>de</strong>i um beijo nele. — Não tem, vovô. Sinto<br />
muito. Mas tem mousse <strong>de</strong> chocolate. Você gosta.<br />
Ele concordou, satisfeito. Mamãe sorriu radiante. Acho que nenhum <strong>de</strong> nós<br />
po<strong>de</strong>ria ter recebido melhor presente.<br />
A mousse chegou à mesa com um enorme presente quadrado, do tamanho <strong>de</strong><br />
uma lista telefônica, embrulhado em papel colorido.<br />
— Presentes, é? — perguntou Patrick. — Aqui. Eis o meu. — E sorriu para<br />
mim ao colocar o presente no meio da mesa.<br />
Retribuí o sorriso. Afinal, não era hora <strong>de</strong> discussão.<br />
— Vamos, abra o presente — disse papai.<br />
Abri primeiro o <strong>de</strong>les, tirando o papel com cuidado para não rasgar. <strong>Era</strong> um<br />
álbum <strong>de</strong> fotos e cada página tinha uma fotograa <strong>de</strong> um ano da minha vida. <strong>Eu</strong><br />
quando era bebê; eu e Treena meninas bochechudas; eu no primeiro dia <strong>de</strong> aula<br />
no ensino médio, todos aqueles pren<strong>de</strong>dores <strong>de</strong> cabelo e com uma saia maior que<br />
meu número. Mais recentemente, uma foto minha com Patrick, aquela em que<br />
na verda<strong>de</strong> estou dizendo para ele não encher. E eu, <strong>de</strong> saia cinza, no primeiro<br />
dia do novo emprego. Entre as páginas, havia fotos da família tiradas por Thomas,<br />
cartas que mamãe guardou das excursões na escola, minha letra infantil contando<br />
sobre os dias na praia, sorvetes perdidos e das gaivotas que gostavam <strong>de</strong> levar<br />
nossas coisas. Folheei o álbum, e apenas hesitei brevemente quando vi a garota<br />
com o cabelo preto, comprido, preso para trás. Virei a página.<br />
— Posso ver? — perguntou Will.<br />
— Não foi... o melhor ano — respon<strong>de</strong>u mamãe, enquanto eu passava as<br />
páginas diante <strong>de</strong>le. — Quer dizer, estamos ótimos e tal. Mas, sabe, as coisas são<br />
assim mesmo. Outro dia vovô viu um programa na TV sobre fazer seus próprios<br />
presentes e achei que isso era algo que po<strong>de</strong>ria... você sabe... realmente ter um<br />
significado.<br />
— E tem, mãe. — Meus olhos se encheram <strong>de</strong> lágrimas. — <strong>Eu</strong> amei.<br />
Obrigada.