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Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

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paraplégico. Ele disse que hoje o cliente está quase totalmente recuperado.<br />

Participa <strong>de</strong> triatlos e tudo.<br />

— Interessante — disse minha mãe.<br />

— Ele me mostrou uma nova pesquisa feita no Canadá, segundo a qual os<br />

músculos po<strong>de</strong>m ser treinados para lembrar as ativida<strong>de</strong>s que realizavam<br />

anteriormente. Se você os trabalhar o suciente todos os dias, é como uma<br />

sinapse cerebral, eles voltam a funcionar. Aposto que, se zéssemos uma boa<br />

tabela <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, você notaria diferença em sua memória muscular. Anal,<br />

Lou me disse que você era um sujeito bastante ativo.<br />

— Patrick — disse eu, alto. — Você não enten<strong>de</strong> nada disso.<br />

— <strong>Eu</strong> só estava tentando...<br />

— Bom, não. De verda<strong>de</strong>.<br />

A mesa cou em silêncio. Papai tossiu e se <strong>de</strong>sculpou. Vovô <strong>de</strong>u uma olhada<br />

geral, num silêncio precavido.<br />

Mamãe fez que ia oferecer mais pão a todos, mas pareceu ter mudado <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ia.<br />

Quando Patrick voltou a falar, havia um leve tom <strong>de</strong> martírio em sua voz.<br />

— <strong>Era</strong> só uma pesquisa que eu pensei que pu<strong>de</strong>sse ajudar. Não falo mais<br />

nisso.<br />

Will olhou e sorriu, o rosto inexpressivo, educado.<br />

— Com certeza vou pensar nessa pesquisa.<br />

<strong>Eu</strong> me levantei para recolher os pratos, querendo fugir da mesa. Mas mamãe<br />

mandou que eu me sentasse, repreen<strong>de</strong>ndo-me.<br />

— Você é a aniversariante — disse, como se algum dia permitisse que<br />

alguém fizesse alguma coisa. — Bernard, por que não traz o frango?<br />

— Rá-rá. Tomara que ele não tenha batido asas, não? — Papai sorriu,<br />

mostrando os <strong>de</strong>ntes numa espécie <strong>de</strong> careta.<br />

O jantar seguiu sem qualquer outro inci<strong>de</strong>nte. Pu<strong>de</strong> ver que meus pais ficaram<br />

completamente encantados com Will. Patrick, menos. Ele e Will mal trocaram<br />

outras palavras. A certa altura, mais ou menos quando mamãe servia as batatas<br />

assadas (e papai, como sempre, tentava roubar batatas extras), parei <strong>de</strong> me<br />

preocupar. Papai estava perguntando <strong>de</strong> tudo para Will: sobre a vida que tinha<br />

antes do aci<strong>de</strong>nte e até como tinha sido o aci<strong>de</strong>nte; Will parecia estar à vonta<strong>de</strong> o<br />

suciente para respondê-lo sem ro<strong>de</strong>ios. Na verda<strong>de</strong>, quei sabendo <strong>de</strong> muita<br />

coisa que ele nunca tinha me contado. O trabalho <strong>de</strong>le, por exemplo, parecia<br />

muito importante, apesar <strong>de</strong> ele não levá-lo muito a sério. Ele comprava e vendia<br />

empresas e garantia lucrar com isso. Acho que papai <strong>de</strong>morou um pouco para<br />

enten<strong>de</strong>r que, para Will, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> lucro envolvia seis ou sete dígitos. Peguei a<br />

mim mesma olhando para Will, tentando ajustar o homem que eu conhecia ao<br />

que ele <strong>de</strong>screvia, um implacável executivo da City, em Londres. Papai comentou<br />

com ele sobre a empresa que estava prestes a comprar a fábrica <strong>de</strong> móveis e,

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