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Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

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hora no quarto.<br />

— Você tem trabalhado até tar<strong>de</strong> ultimamente. Quase não vejo você.<br />

— Bom, você está sempre treinando. Mas é um bom dinheiro, Patrick. É<br />

pouco provável que eu me recuse a ir dormir lá.<br />

Ele não podia discutir com isso.<br />

<strong>Eu</strong> estava ganhando mais do que já ganhara em toda a minha vida. Dobrei a<br />

ajuda que dava aos meus pais; separei uma parte para <strong>de</strong>positar em uma<br />

poupança todo mês e ainda assim ganhava mais do que podia gastar. Em parte<br />

porque eu trabalhava tantas horas que nunca estava fora da Granta House quando<br />

as lojas ainda estavam abertas. O outro motivo era, simplesmente, o fato <strong>de</strong> eu<br />

não ser muito consumista. Comecei a passar as horas livres na biblioteca,<br />

pesquisando coisas na internet.<br />

Havia todo um mundo à minha disposição naquele computador, página após<br />

página. Aquilo começou a exercer sobre mim um canto <strong>de</strong> sereia.<br />

Começou com a carta <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cimento. Alguns dias após o concerto, eu<br />

disse a Will que <strong>de</strong>veríamos escrever e agra<strong>de</strong>cer ao amigo <strong>de</strong>le, o violinista.<br />

— Comprei um lindo cartão no caminho para cá — expliquei. — Você me<br />

diz o que quer dizer e eu escrevo. Trouxe minha caneta boa.<br />

— Acho melhor não — disse Will.<br />

— <strong>Como</strong> assim?<br />

— Você me escutou.<br />

— Você acha melhor não? Esse homem nos <strong>de</strong>u lugares na primeira la.<br />

Você mesmo disse que foi fantástico. O mínimo que po<strong>de</strong> fazer é agra<strong>de</strong>cer a ele.<br />

A mandíbula <strong>de</strong> Will estava dura, imóvel.<br />

Larguei a caneta.<br />

— Ou você está tão acostumado a ganhar coisas que acha <strong>de</strong>snecessário<br />

agra<strong>de</strong>cer?<br />

— Clark, você não tem i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> como é frustrante <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> alguém para<br />

escrever. A frase “escrevo em nome <strong>de</strong>” é... humilhante.<br />

— É? Bom, melhor do que um imenso nada — rosnei. — <strong>Eu</strong> vou agra<strong>de</strong>cer.<br />

Não vou mencionar você, se insiste em ser um imbecil quanto a isso.<br />

Escrevi o cartão e coloquei no correio. Não comentei mais nada. Porém,<br />

naquela tar<strong>de</strong>, as palavras <strong>de</strong> Will ainda ecoavam na minha cabeça quando eu<br />

me <strong>de</strong>sviei rumo à biblioteca e, tendo visto um computador livre, acessei a<br />

internet. Pesquisei se havia algum acessório que Will pu<strong>de</strong>sse usar para escrever<br />

sem ajuda. Em uma hora, havia achado três: uma espécie <strong>de</strong> software <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>nticação <strong>de</strong> voz; outro tipo <strong>de</strong> software, que funcionava com o piscar dos olhos<br />

e, como minha irmã tinha dito, um dispositivo que Will po<strong>de</strong>ria usar na cabeça<br />

para teclar.<br />

Ele previsivelmente <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhou do dispositivo para ser usado na cabeça, mas<br />

concordou que o software <strong>de</strong> voz podia ser útil e, uma semana <strong>de</strong>pois, com a

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