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Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

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<strong>de</strong> náilon. Puxei para arrancá-la, mas não consegui.<br />

— A camisa é nova. Está incomodando muito?<br />

— Não, eu só comentei para fazer graça.<br />

— Tem alguma tesoura na bolsa?<br />

— Não sei, Clark. Acredite se quiser, mas eu nunca arrumo a bolsa.<br />

Não tinha tesoura alguma. Olhei para trás, as pessoas ainda estavam<br />

chegando, conversando e consultando o programa. Se Will não conseguisse<br />

relaxar e se concentrar na música, nossa saída seria inútil. Não conseguiria<br />

suportar outro fracasso.<br />

— Espere — pedi.<br />

— Por que...<br />

<strong>Antes</strong> que ele terminasse a frase, inclinei-me na direção <strong>de</strong>le, puxei<br />

<strong>de</strong>licadamente o colarinho do pescoço e mordi a etiqueta que estava<br />

incomodando. Fiquei alguns segundos mor<strong>de</strong>ndo a etiqueta e fechei os olhos,<br />

tentando não sentir o cheiro <strong>de</strong> homem limpo, o contato com a pele, a<br />

inconveniência do que estava fazendo. Finalmente, arranquei-a. Afastei a cabeça<br />

e abri os olhos, triunfante, com a etiqueta entre os <strong>de</strong>ntes.<br />

— Consegui! — exclamei, tirando a etiqueta dos <strong>de</strong>ntes e jogando-a entre os<br />

assentos.<br />

Will me fitou.<br />

— O que foi?<br />

Olhei para trás e vi todos da plateia subitamente muito interessados no folheto<br />

<strong>de</strong> programação. Depois, virei-me <strong>de</strong> volta para Will.<br />

— Ah, não me diga que essas pessoas nunca viram uma garota dando umas<br />

mordidas no pescoço <strong>de</strong> um cara.<br />

Tive a impressão <strong>de</strong> que meu comentário o silenciara. Will piscou duas vezes,<br />

fez menção <strong>de</strong> balançar a cabeça. Notei, achando graça, que o pescoço <strong>de</strong>le<br />

tinha ficado bem vermelho.<br />

Ajeitei a saia.<br />

— De qualquer jeito, acho que <strong>de</strong>víamos agra<strong>de</strong>cer por não ser uma etiqueta<br />

na calça.<br />

Então, antes que ele pu<strong>de</strong>sse respon<strong>de</strong>r, a orquestra entrou no palco, os<br />

homens <strong>de</strong> smoking e as mulheres <strong>de</strong> vestidos chiques. A plateia cou em silêncio<br />

e não pu<strong>de</strong> conter uma onda <strong>de</strong> empolgação. Juntei as mãos no colo e<br />

empertiguei-me. Começaram a tocar e, <strong>de</strong> repente, o teatro foi invadido por um<br />

único som — o mais real e tridimensional que eu já tinha ouvido. Meus pelos se<br />

arrepiaram e prendi a respiração.<br />

Will me olhou <strong>de</strong> rabo <strong>de</strong> olho, ainda contendo o sorriso como há pouco. Sua<br />

expressão dizia: Combinado, vamos nos divertir.<br />

O maestro parou, <strong>de</strong>u dois toques na tribuna com a batuta e fez-se silêncio<br />

absoluto. Todos pararam e a plateia cou atenta, à espera. Ele então baixou a

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