10.12.2018 Views

Como Eu Era Antes de Voce - Jojo Moyes

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Levei a mão ao pescoço.<br />

— A echarpe? Por quê?<br />

— Não combina. E parece que você está querendo escon<strong>de</strong>r alguma coisa.<br />

— Mas... assim todo o <strong>de</strong>cote vai ficar aparecendo.<br />

— E daí? — Ele <strong>de</strong>u <strong>de</strong> ombros. — Escute, Clark, se for usar um vestido<br />

assim, tem que se sentir segura. É preciso vesti-lo mental e fisicamente.<br />

— Só você, Will Traynor, para dizer a uma mulher como ela <strong>de</strong>ve usar um<br />

maldito vestido.<br />

Acabei tirando a echarpe.<br />

Nathan foi arrumar a bolsa <strong>de</strong> Will. Estava pensando em fazer um comentário<br />

sobre como Will era controlador, quando virei-me e vi que ele continuava me<br />

olhando.<br />

— Você está ótima, Clark. De verda<strong>de</strong> — disse ele, baixinho.<br />

* * *<br />

Will causava quase sempre as mesmas reações nas pessoas comuns — aquelas<br />

que Camilla Traynor provavelmente chamaria <strong>de</strong> “classe operária”. A maioria<br />

cava olhando. Algumas sorriam solidárias, <strong>de</strong>monstravam apoio, ou me<br />

perguntavam, sussurrando, o que tinha acontecido com ele. Muitas vezes eu tinha<br />

vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r: “Infelizmente foi atingido por um fuzil M16” só para ver<br />

qual seria a reação <strong>de</strong>las, mas nunca fiz isso.<br />

O problema com as pessoas <strong>de</strong> classe média é que elas ngem que não estão<br />

olhando, mas estão. São muito educadas para olhar <strong>de</strong>scaradamente. Tinham o<br />

estranho hábito <strong>de</strong> olhar na direção <strong>de</strong> Will <strong>de</strong>terminadas a não enxergá-lo. Só<br />

<strong>de</strong>pois que ele passava, elas olhavam xo, enquanto continuavam conversando<br />

com outra pessoa qualquer. Mas não falavam sobre ele. Pois isso seria grosseiro.<br />

Ao passarmos pelo saguão da Sala Sinfônica, vi que as pessoas seguravam a<br />

bolsa e a programação do evento em uma mão e um gim-tônica na outra. Elas<br />

reagiram com um suave murmúrio que nos seguiu até nossos lugares. Não sei se<br />

Will percebeu. Às vezes, eu achava que a única maneira <strong>de</strong> enfrentar isso era<br />

fazer <strong>de</strong> conta que não estava notando.<br />

Sentamos, as duas únicas pessoas na primeira la. À nossa direita havia outro<br />

ca<strong>de</strong>irante, conversando animadamente com duas mulheres que o la<strong>de</strong>avam.<br />

Olhei-os, torcendo para que Will também os notasse. Mas ele olhava para a<br />

frente, a cabeça afundada nos ombros como se tentasse se tornar invisível.<br />

Não vai dar certo, uma voz baixinha me disse.<br />

— Quer alguma coisa? — sussurrei.<br />

— Não. — Ele balançou a cabeça. Engoliu em seco. — Na verda<strong>de</strong>, quero<br />

sim. Tem uma coisa pinicando no meu colarinho.<br />

Inclinei-me e apalpei a parte <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro do colarinho. Encontrei uma etiqueta

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!