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este ser atirado como lixo para a caixa de um carro de recolha da incineradora. Nesta altura a multidão já se tinha dispersado, a via estava livre e ele avança com o Deslizador, não de volta ao quartel mas para fora da cidade, em direção ao deserto areoso e estéril que era aquele maldito planeta. Não conseguia explicar porque tinha tomado essa decisão, talvez estivesse com alguma avaria e precisasse de ser concertado, mas tinha que seguir aquele caminho enquanto a pista ainda estava fresca. Aquela hora do meio do dia, os dois sóis, um vermelho e outro amarelo pareciam que brincavam com uma paleta de cores no céu coberto de nuvens a prometer uma chuva que nunca vinha. Em cinco anos nunca tinha reparado em como aquela imagem era bela e sentiu um aperto no coração, uma angústia inexplicável que não conseguia justificar com a sua razão e lógica. Foi atraído por uma nuvem mais baixa e negra suspensa no ar. Um aglomerado de aves de rapina que PT0504 identificou como comedoras de metal. Tentou recordar como se chamavam, mas na sua base de dados não tinha nenhuma referência das mesmas, apenas sabia que os nativos não gostavam delas porque causavam muitas avarias indesejáveis aos desprevenidos. Reduziu a velocidade e seguiu essa direção. Dois Solodeslizadores estavam estacionados um ao lado do outro, um pouco mais à frente tinha sido montado um colossal chapéu-de-sol que cobria quatro assentos onde quatro homens, como na primeira fila de uma sala de espetáculos, assistiam divertidos à luta desesperada de dois Androides de lavoura a lutarem contra as aves de rapina que os comiam lentamente. Quanto mais barulho faziam, quanto mais se debatiam, mais aves eram atraídas, seduzidas pelo festim oferecido. PT0504 passou rente aos androides afoguentando os pássaros esfomeados, que voltaram à carga pouco depois, parou a meia dúzia de metros do quadro estranho e saiu sem pensar bem no que estava a fazer. - Sr. Stormprooper está muito longe da cidade! O que faz por aqui? – Disse o primeiro homem do lado direito. Para PT0504 pareciam todos iguais, vestidos com roupa elegante, trajes finos de quem tem créditos para gastar, de pele escura, o que era normal para quem passava muito tempo ao relento no deserto, 06
usavam todos um chapéu de aba larga que fazia sombra sobre o rosto, escondendo-o ligeiramente ao nível do nariz e olhos. Mas este que falava ainda tinha uma capa em veludo negra presa aos ombros por joias de alguma família aristocrática importante que não reconheceu e o homem também não se identificou. – Eu e os meus companheiros estamos aqui a divertir-nos um pouco, pode afastar-se de forma a não tapar a vista? Não tem trânsito para direcionar? - Estes dois Androides foram dados como roubados. - Nós é que fomos enganados, queriam impingir-nos aquele ferro velho como novo de qualidade. Mas faça favor, pode ir lá buscá-los e devolvê-los ao proprietário. Mas cuidado…- Fez uma pausa de suspense, como se fosse o narrador de um drama. – Aqueles passarões têm muita fome, e essa armadura deve dar um manjar dos deuses. - Mataram um Soldado do Império Galáctico. – Disse, mais como a constatação de um facto do que uma acusação. - E depois? O que vais fazer em relação a isso? - Estão presos para identificação e inquérito. – Respondeu. Mas não avançou mais nenhum passo. Ninguém lhe deu qualquer importância, como se fosse algo de insignificante, um inseto que nem chegava a incomodar. Em ausência de uma reação ou resposta, PT continuou: - Eu represento a nova ordem do Império Galáctico, cometeram um crime contra o imperador e devem ser punidos por isso. Qualquer resistência será considerada um ato de rebelião. - Tu e que exército? O homem finalmente levantou-se da cadeira e foi seguido pelos restantes. Parecia muito confortável com o calor, nem uma gota de suor lhe escorria do rosto. Apesar da armadura lhe regular a temperatura do corpo, PT0504 já começava a sentir-se desconfortável naquele ambiente. - Acho que estás um pouco desatualizado amigo, o Imperador Palpatine morreu, até Jabaa o Hunt morreu. – Afirmou o homem muito divertido com a situação. – Morto por uma escrava, estrangulado pela própria corrente que a prendia a ele. – Risos mal contidos. – Neste momento há uma ninhada de lesmas a matarem-se umas às outras pelo espólio do monstro e o 07
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