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<strong>Novembro</strong> | 2018<br />
África do Sul
África do Sul<br />
Tópico do mês, África do Sul<br />
África do Sul, história<br />
Afirmar que a indústria do vinho na<br />
África do Sul foi instituída antes de se<br />
organizarem como nação não seria exagero.<br />
A história do vinho sul-africano está<br />
diretamente ligada à chegada dos<br />
holandeses ao Cabo da Boa Esperança no<br />
ano de 1652 para ali estabelecer uma base<br />
de apoio aos navios pertencentes à Dutch<br />
East India Company que passavam pela<br />
região tendo como destino final as Índias<br />
Orientais (sudeste asiático). Em 1655 as<br />
primeiras mudas viníferas foram importadas<br />
da Espanha, Alemanha e França por Jan van<br />
Riebeeck (responsável pela implantação da<br />
base holandesa no Cabo). Em 1659 o<br />
primeiro vinho foi elaborado e o resultado<br />
levou ao plantio em maior escala na região<br />
que hoje corresponde a Bishopscourt, em<br />
1680 a indústria do vinho já começava a<br />
florescer… ou seja, o vinho foi a primeira<br />
coisa a dar certo no país.<br />
Em 1679 Simon van der Stel substituiu<br />
Riebeeck se tornando o segundo governador<br />
do Cabo. Simon era um entusiasta do vinho<br />
e trazia consigo vasta experiência na<br />
viticultura e vinificação, atividade que<br />
exercera na Holanda. No mesmo ano<br />
plantou seu primeiro vinhedo em sua<br />
fazenda de nome Constantia, que nos dias<br />
de hoje dá nome a um importante vale de<br />
onde saem alguns dos melhores vinhos do<br />
país.<br />
Outro marco importante foi a chegada<br />
de huguenotes à região entre os anos de<br />
1680 e 1690, estes cristãos protestantes<br />
fugitivos da perseguição religiosa na França<br />
eram possuidores de grandes habilidades na<br />
vinificação, no manuseio da terra e das<br />
vinhas. Foram responsáveis diretos pelo<br />
primeiro impulso à indústria do vinho graças<br />
às técnicas adquiridas nas históricas regiões<br />
vinícolas francesas.<br />
Ao longo do século XVIII o país se<br />
empenhou em descobrir as melhores<br />
localidades para plantio das diferentes<br />
castas que cultivavam e aprimoramento das<br />
técnicas de vinificação de acordo com a<br />
realidade local.<br />
A ocupação britânica<br />
simultaneamente à guerra entre Grã-<br />
Bretanha e França na primeira metade do<br />
século XIX contribuiu enormemente para o<br />
crescimento da indústria local passando de<br />
0,5 para 4,5 milhões de litros anuais graças<br />
ao sedento mercado inglês. No entanto, na<br />
segunda metade do século (a partir de 1861)<br />
iniciou um ciclo de dificuldades que durou<br />
por décadas. Primeiro, o Reino Unido se<br />
entendeu com a França derrubando<br />
drasticamente as exportações da bebida. Em<br />
1886 a filoxera foi descoberta nas vinhas<br />
dando início a devastação nos vinhedos.<br />
3
África do Sul<br />
Entre 1899 e 1902 ocorreu a segunda guerra<br />
dos bôeres. No início do século XX a<br />
indústria do vinho já estava falida, mas o<br />
fundo do poço viria com o passar dos anos<br />
seguintes. Ao final da guerra os colonos do<br />
vinho voltaram a produzir, porém, não tinham<br />
mais mercado para escoar seus produtos e<br />
se viram obrigados a aceitar preços<br />
estabelecidos arbitrariamente pelos<br />
comerciantes locais. A agonia durou de 1904<br />
até 1916, quando surgiu aquele que se<br />
tornaria o homem mais importante da<br />
indústria do vinho sul-africano no século XX,<br />
Charles Cohler!<br />
Charles Cohler, nascido na província do<br />
Cabo, filho de um arquiteto inglês<br />
responsável por projetar prédios<br />
governamentais na província, planejou unir<br />
os produtores na criação de uma cooperativa<br />
para passar a existir um único ponto de<br />
venda do produto possibilitando vende-lo a<br />
preço justo. Ao começar propagar seus<br />
planos para salvar a indústria do vinho local<br />
rapidamente conseguiu adesão de mais de<br />
90% dos produtores inaugurando a<br />
“Cooperative Viticultural Union of South<br />
Africa” que mais tarde se tornaria a atual<br />
KWV (Ko-operatieve Wijnbouwers<br />
Vereniging van Zuid Afrika). Em 1924 a KWV<br />
recebeu do estado o controle legal sobre a<br />
destilação do vinho, se tornou algo<br />
equivalente a uma agência reguladora por<br />
longo período, transformou a realidade dos<br />
produtores.<br />
África do Sul, Terroir e Geologia<br />
africano durante o verão. O clima é<br />
mediterrâneo moderado, a topografia e solo<br />
são bastante variados, contexto perfeito para<br />
elaboração de grandes vinhos.<br />
Os vários períodos de inundação pelo mar e<br />
a topografia irregular de Western Cape<br />
originou grande variação do solo em curtas<br />
distâncias, predominantemente se encontra<br />
arenito, cascalho e argila nas zonas mais<br />
próximas do mar. Nas zonas colinares os<br />
melhores locais para plantio são as<br />
montanhas de arenito com pedras graníticas<br />
nas encostas. Nos locais de maior altitude<br />
predomina o xisto.<br />
Western Cape, região mais ao Sul do país.<br />
Corrente de Benguela<br />
Principal moderador do clima<br />
de Western Cape.<br />
As principais regiões produtoras de<br />
vinho da África do Sul estão localizadas em<br />
Western Cape, entre as montanhas da<br />
Cadeia do Cabo e os oceanos Atlântico e<br />
Índico, a região mais austral do país. Seus<br />
vinhedos são diretamente influenciados por<br />
estes oceanos devido as brisas e neblinas<br />
constantes que entram no continente, as<br />
zonas mais tradicionais ficam em média a<br />
50km de distância do mar. Um dos fatores<br />
mais relevantes é a Corrente de Benguela,<br />
corrente oceânica fria que se forma no<br />
Atlântico Sul e se move para o norte<br />
refrescando o sudoeste do continente<br />
4
África do Sul<br />
África do Sul, uvas<br />
Uvas tintas:<br />
Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinotage, Pinot Noir, Shiraz, Cinsault e Mourvèdre.<br />
A uva tinta emblemática do país é a Pinotage, resultado do cruzamento entre Pinot Noir e Cinsault<br />
feito por Abrahan Izak Perold em 1925.<br />
Principais descritores típicos da Pinotage:<br />
Alcaçuz<br />
Frutas vermelhas<br />
Tabaco<br />
Folhas secas<br />
Uvas brancas:<br />
Chenin Blanc (a mais plantada), Chardonnay, Sauvignon Blanc e Sémillon.<br />
Outras: Riesling, Colombrad, Gewürztraminer, Muscat de Alexandria, Pinot Gris, Riesling e Viognier<br />
5
KIT DO<br />
MÊS<br />
Raka Pinotage 2014<br />
Raka (Overberg)<br />
Glen Carlou Syrah 2010<br />
Glen Carlou (Paarl)<br />
De<br />
R$ 383,20<br />
Por<br />
R$ 306,00<br />
Comprar<br />
6
A família Dreyer comprou a<br />
propriedade em Remhoogte, distrito<br />
de Overberg, em 1982. Piet Dreyer<br />
praticava a pesca comercial na época<br />
e a sua esposa e filhos tocavam a<br />
fazenda na sua ausência, e em 1999<br />
plantaram 10 hectares de Cabernet<br />
Sauvignon, Merlot e Shiraz. A cada<br />
ano alguns hectares eram<br />
adicionados, os 68 hectares atuais<br />
incluem parcelas de Pinotage,<br />
Sangiovese, Viognier, Mourvèdre,<br />
Petit Verdot, Cabernet Franc e<br />
Sauvignon Blanc, tornando a<br />
propriedade auto-suficiente para a<br />
composição dos diferentes cortes dos<br />
seus vinhos.<br />
A vinícola de propriedade da família<br />
foi concluída para a safra de 2002, e<br />
funciona por força gravitacional,<br />
minimizando o uso de bombas para<br />
transferência de mosto e vinho. Está<br />
equipada com diversos tanques<br />
pequenos de fermentação,<br />
possibilitando a vinificação<br />
individualizada de cada bloco de<br />
vinhedo. Os vinhos também são<br />
mantidos posteriormente em barricas<br />
de carvalho francês e americano<br />
separadamente.<br />
Piet Dreyer sempre foi um pescador.<br />
Ainda muito jovem, aos 16 anos, seu<br />
pai foi seriamente ferido em um<br />
desastre de motocicleta, e ele passou<br />
a ajudar no sustento familiar pescando<br />
nos fins-de-semana e depois da<br />
escola em um barco de um amigo. O<br />
mar e a pesca permaneceram suas<br />
paixões e o seu barco Raka se tornou<br />
célebre entre os pescadores de lula.<br />
Como a tinta da lula deixava os<br />
barcos totalmente manchados, Piet<br />
encomendou um barco negro,<br />
eliminando assim a necessidade de<br />
pinturas constantes e o denominou<br />
Raka em referência ao poema em<br />
africâner de N.P. Wyk Louw, sobre<br />
uma tribo africana ameaçada por<br />
Raka, metade homem metade besta,<br />
preto como a noite. Ele tomou este<br />
nome como sua marca quando<br />
resolveu mergulhar com a mesma<br />
paixão na vitivinicultura, e por isso a<br />
escolha do slogan: “nascido do mar,<br />
guiado pelas estrelas, abençoado pela<br />
terra”.<br />
Colinas suaves de Remhoogte<br />
A família Dreyer, vivem<br />
intensamente<br />
a paixão pelo vinho.<br />
Vinificação em tanques pequenos,<br />
possibilitando a vinificação<br />
individualizada de cada bloco<br />
de vinhedo.<br />
7
RAKA<br />
FICHA TÉCNICA DE VINHO<br />
VINHO: Pinotage 2014<br />
REGIÃO: Overberg District - Kleinriver<br />
Ward<br />
COMPOSIÇÃO DE CASTAS: 100%<br />
Pinotage (Pinot Noir X Cinsault)<br />
CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS:<br />
De padrão mediterrânico fresco;<br />
Grande influência fria da baía de<br />
Walker; No verão, os ventos frios do<br />
sudeste sopram do Oceano Índico<br />
através da região de Agulhas.<br />
CARACTERÍSTICAS DO SOLO:<br />
“Shale” (rochas sedimentares<br />
laminadas que retêm calor,<br />
moderadamente férteis) do tipo<br />
Glenrosa, algumas áreas mais<br />
profundas e ricas, outras pedregosas.<br />
ELABORAÇÃO: Vindima manual;<br />
Seleção de cachos e grãos;<br />
Inoculação de leveduras (BM 45);<br />
Fermentação com 3-5 remontagens<br />
diárias por 5 dias; Clarificação natural<br />
por decantação; Malolática no inox;<br />
Amadurecimento.<br />
AMADURECIMENTO: 12 meses em<br />
barricas de carvalho francês.<br />
ESTIMATIVA DE GUARDA: 8 anos<br />
CARACTERÍSTICAS<br />
ORGANOLÉPTICAS: Cor rubi<br />
concentrada, tons purpúreos. Frutos<br />
vermelhos, couro, folha de chá seca,<br />
banana caramelizada e tabaco.<br />
Encorpado, com taninos ligeiramente<br />
firmes, fresco e com boa persistência.<br />
HARMONIZAÇÃO: Marreco assado<br />
recheado com seus miúdos; Caçarola<br />
de perdiz com funghi; Costelinha de<br />
porco defumada com lentilhas.<br />
SERVIÇO: 16-18°C<br />
Marreco assado recheado com seus miúdos<br />
Caçarola de perdiz com funghi<br />
Costelinha de porco defumada com lentilhas
Propriedade do colecionador de<br />
arte suíço, Donald Hess, Glen Carlou<br />
é um dos nomes certeiros na<br />
produção de vinhos sul-africanos<br />
dentro do vale de Paarl.<br />
Desde 2003 quando foi adquirida pelo<br />
grupo Hess Family Estates novos<br />
projetos começaram a ser<br />
desenvolvidos na parte de viticultura<br />
com seleção de porta-enxertos, novos<br />
clones e redução de rendimentos no<br />
intuito da máxima expressão do<br />
terroir.<br />
Vinhedo com alta densidade, Paarl.<br />
Na cantina a equipe do enólogo Arco<br />
Laarman, largamente experimentada<br />
em outras regiões vinícolas, está<br />
focada e atenta a elaborar vinhos que<br />
aliam a pureza e intensidade do Novo<br />
Mundo, com a complexidade e frescor<br />
dos caldos europeus.<br />
Incrível sala de degustações. Impressionante estrutura<br />
para visitações.<br />
9
Glen Carlou Syrah<br />
FICHA TÉCNICA DE VINHO<br />
VINHO: Glen Carlou Syrah 2010<br />
REGIÃO: Paarl<br />
CLASSIFICAÇÃO LEGAL: Wine of<br />
Origin Paarl<br />
COMPOSIÇÃO DE CASTAS: 94%<br />
Syrah, 6% Mourvèdre<br />
CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS:<br />
Clima de padrão mediterrâneo, com<br />
invernos chuvosos, verões quentes e<br />
calorosos.<br />
CARACTERÍSTICAS DO SOLO: De<br />
origens diversas: limosos, arenosos e<br />
aluviais.<br />
ELABORAÇÃO: Colheita realizada<br />
em Janeiro no ponto ótimo de<br />
maturação. Após o desengace, as<br />
uvas são postas a fermentar em<br />
barricas de carvalho francês novas e<br />
de segunda passagem.<br />
Amadurecimento. Engarrafamento.<br />
AMADURECIMENTO: 15 meses em<br />
barricas de carvalho francês novo<br />
(40% do vinho) e de segundo uso (o<br />
restante).<br />
ESTIMATIVA DE GUARDA: 10 anos<br />
CARACTERÍSTICAS<br />
ORGANOLÉPTICAS: Rubi com<br />
ribetes violáceos. O aroma é<br />
complexo e potente, com frutas<br />
negras maduras, couro, especiarias<br />
doces (anis), chocolate e folhas de<br />
chá. Muito rico em boca, textura<br />
envolvente, taninos e frescor em<br />
perfeita integração. Longo final<br />
especiado.<br />
DIRETRIZES<br />
ENOGASTRONÔMICAS: Cordeiro<br />
em lenta cocção; Estufados com<br />
carnes bovinas ricas; Rabada sobre<br />
polenta; Maniçoba; Chouriço com purê<br />
rústico de mandioquinha; Filé mignon<br />
de porco com pimentas verdes.<br />
TEMPERATURA DE SERVIÇO: 16°C<br />
Rabada sobre polenta<br />
Cordeiro em lenta cocção<br />
Maniçoba<br />
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VEJA MAIS<br />
Raka Wines near Stanford, South Africa<br />
Glen Carlou Wine Estate<br />
11
Dreyer Family<br />
Arco Laarman - Winemaker