Olimpicamente #9
Publicação mensal do Comité Olímpico Caboverdeiano
Publicação mensal do Comité Olímpico Caboverdeiano
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OLIMPICAMENTE<br />
www.coc.cv<br />
SETEMBRO 2018<br />
#009<br />
Imagem Peace and Sport<br />
“Iniciativa do Ano” Peace and Sports<br />
Como promoção da Paz e do Desenvolvimento.<br />
A 6 de Abril, 180 países, entre os quais Cabo Verde comemoraram<br />
o Dia do Desporto “Peace and Sports”.<br />
A adesão e o envolvimento tais, que o COC foi nomeado para<br />
o troféu “Iniciativa do Ano”, pela forma como o país chamou<br />
mais uma vez a atenção com uma mensagem clara;<br />
Pela Paz e pelo Desenvolvimento.<br />
Xadrez – Confederação Lusófona<br />
Há sempre uma primeira vez.<br />
Foi desta que Cabo verde esteve numas Olimpíadas de Xadrez.<br />
Os xadrezistas pegaram nos seus tabuleiros, nas suas<br />
peças e foram à Geórgia representar o país.<br />
Entre vitórias e derrotas, uma experiência irrepetível, culminada<br />
com a criação da Confederação Lusófona de Xadrez.<br />
Imagem Sul<br />
YCM - Maria Andrade em São Vicente.<br />
Imagem Sul<br />
A “Zézinha” do Taekwondo<br />
É jovem, inspiradora e quer fazer parte da mudança.<br />
Com ela, o projecto “YCM” esteve no Centro Nhô Djunga<br />
em São Vicente. Uma actividade que reuniu dezenas de<br />
crianças que mostraram o “White Card” pela Paz e pelo<br />
Desenvolvimento, e agraciaram Maria Andrade, com o “pin”<br />
olímpico.<br />
Olympians for Sports 4Life<br />
Davilson Morais serve o país como militar, e como cozinheiro.<br />
Em São Vicente, onde reside.<br />
É como pugilista e atleta olímpico que Cabo Verde o conhece.<br />
Esteve no Rio 2016. Recebeu por isso o “pin” olímpico.<br />
Foi na sua terra. Porto Novo, em Santo Antão, onde ajudou a<br />
promover mais um evento “Sport 4Life”!<br />
Imagem Sul<br />
Imagem Sul<br />
Natação em Cabo Verde<br />
Há muito mar para nadar.<br />
Foi com este pensamento que se organizou a natação em<br />
Cabo Verde. De uma “braçada”, federação e selecção.<br />
Nadadores da diáspora, Estados Unidos e Portugal, nadaram<br />
pelas nossas cores no Campeonato Africano.<br />
Foi em Argel, onde três Pina e uma Catarina deixaram a sua<br />
marca na água.
2<br />
Setembro 2018<br />
Desporto e felicidade<br />
por Leonardo Cunha<br />
Ao ler um artigo de Duarte Gomes,<br />
que saiu a 25 de Setembro no Jornal<br />
Desportivo Português<br />
“A Bola” intitulado “O poder da<br />
palavra” revi-me em muito naquilo<br />
que acredito e que diz respeito<br />
à força do Desporto para mudar a<br />
vida das pessoas.<br />
Imagem Sul<br />
Neste mesmo artigo, Duarte<br />
Gomes, refere 3 momentos de<br />
puro brilhantismo do Professor<br />
Manuel Sérgio no qual destaco<br />
aquele que se relaciona em tudo<br />
com este tema.<br />
“O Treino dá saúde, claro que<br />
sim. Mas a verdadeira saúde<br />
advém da felicidade. De ser<br />
feliz. Mais importante do que<br />
correrem muito, do que comerem<br />
menos sal ou evitarem<br />
o açúcar, é pertencerem a uma<br />
sociedade que crie condições<br />
para que sejam felizes.<br />
De que serve tratarem bem o<br />
corpo, se vivem a sentir que<br />
não vos pagam o que merecem<br />
e exigem o que não podem<br />
dar? Que saúde existe em viver<br />
triste…”<br />
Manuel Sérgio, que é um nome<br />
incontornável para todos os que<br />
pensam o Desporto, de uma<br />
forma muito simples, esclarece<br />
que o objetivo último é o caminho<br />
para a felicidade. O desporto,<br />
deve ser pensado como uma<br />
“autoestrada”. Não para chegar<br />
ao objetivo, mas para o próprio<br />
objetivo ser a “autoestrada”.<br />
Se lhe parecer confuso, vou<br />
desconstruir este pensamento.<br />
Gostaria que depois de ler isto,<br />
que o leitor se transporte no<br />
tempo e vá para aquele momento<br />
que Cabo Verde garantiu<br />
a qualificação para o CAN2013,<br />
no qual o selecionador nacional<br />
transportou a bandeira de Cabo<br />
Verde dentro das quatro linhas.<br />
Uma catarse enorme, partilhada<br />
por todos os cabo-verdianos<br />
de Santo Antão à Brava<br />
e “quiçá” o momento de maior<br />
união entre o povo das ilhas da<br />
morabeza.<br />
Este momento, demonstra<br />
como, podemos logo relacionar-nos<br />
com as emoções fortes<br />
que o desporto provoca.<br />
Mas este exemplo é apenas<br />
efémero, porque para o simples<br />
adepto pode ser um momento<br />
de alegria momentâneo e que<br />
não vá traduzir o longo efeito<br />
que o desporto pode provocar<br />
na construção da personalidade<br />
como movimento de<br />
transcendência do homem.<br />
Contudo, para me ajudar a<br />
exemplificar esta relação, outro<br />
artigo surge esta semana<br />
na edição escrita do expresso<br />
das ilhas. O relato em primeira<br />
pessoa do Presidente da Federação<br />
Cabo-verdiana de Xadrez,<br />
Francisco Carapinha.<br />
Ao ler este artigo, o autor<br />
descreve que até lhe surgiram<br />
lagrimas nos olhos ao ver a<br />
bandeira de Cabo Verde, na<br />
cerimónia de abertura das<br />
Olimpíadas de Xadrez a decorrer<br />
na Geórgia, apercebi-me<br />
da concretização de um longo<br />
caminho de vida que ele percorreu<br />
até este simbólico momento.<br />
A felicidade está instalada, e<br />
não foi um destino, mas sim um<br />
trajeto (um caminho) que tem<br />
um dos seus pontos altos esta<br />
cerimónia de abertura.<br />
Esta construção da personalidade<br />
através do desporto, é<br />
o que Manuel Sérgio se refere<br />
quando diz que a verdadeira<br />
saúde é encontrar uma sociedade<br />
que lhe permita ser feliz e<br />
realizado como individuo.<br />
Uma sociedade que permita<br />
fazer um percurso que se pode<br />
encontrar através do desporto.<br />
Este será o caso ideial para finalizar<br />
com a frase de Jonh Lenon:<br />
“A vida é aquilo que<br />
acontece, enquanto você está<br />
fazendo outros planos.”
Setembro 2018<br />
3<br />
O Xadrez é a Nossa Bandeira!<br />
Confederação Lusófona de Xadrez sede em Cabo Verde<br />
Imagem COC<br />
Os países lusófonos e suas federações de xadrez, decidiram jogar no mesmo tabuleiro, e alinhar as<br />
peças numa Confederação.<br />
O lance foi tomado durante as Olimpíadas de Xadrez, que se realizaram em Bantumi na Geórgia.<br />
O xadrez “jogado” em português terá a sua sede, precisamente em Cabo Verde.<br />
Segundo o presidente da Federação Cabo-verdiana de Xadrez Francisco Carapinha, a comissão de<br />
gestão estará em funções até à Olimpíada de 2020 e é constituída pelos presidentes das federações<br />
de Cabo Verde, Brasil, Portugal e Timor-Leste. Fazem ainda parte desta confederação as federações<br />
de Angola, de Macau, de Moçambique. A selecção cabo-verdiana de xadrez foi representada em Batumi<br />
(Georgia) na 43ª Olimpíada de Xadrez, pelos xadrezistas Luís Barros, Luís de Pina Fernandes,<br />
António Monteiro e Eder Márcio Pereira. A delegação foi chefiada pelo presidente federativo, Francisco<br />
Carapinha.<br />
Esta foi a primeira vez que Cabo Verde participa numa olimpíada da modalidade, desde a sua adesão<br />
à Federação Internacional de Xadrez (FIDE), votada e aprovada por unanimidade a 11 de Setembro<br />
de 2016 em Baku (Azerbaijão), durante o 87º congresso da organização que regula este desporto no<br />
mundo.<br />
Imagem Sul
4<br />
Setembro 2018<br />
“Somos um país de mar”<br />
Presidente da Federação de Natação<br />
Imagem Sul<br />
Não fazia sentido não haver oficialmente uma modalidade como a natação. Ainda por cima pode ser<br />
popular, porque praticada por todos. E temos óptimos nadadores. Os primeiros escritos com que<br />
abrimos esta peça, são ditos do presidente da federação de natação. Em Cabo Verde, ainda não tem<br />
um ano, mas o país já se sentiu representado numa competição internacional de nível superior. Para<br />
já, com atletas oriundos da diáspora, esse enorme “alforge” de potencialidades.<br />
Foi no Campeonato Africano que decorreu em Argel. Os três irmãos Pina, Latroya, Troy e Jayla, residentes<br />
nos Estados Unidos, e Catarina Ferreira radicada em Portugal. E pode escrever-se, que do<br />
ponto de vista competitivo até não foi nada mau... os nadadores cabo-verdianos inscreveram os seus<br />
resultados sensivelmente a meio dos rankings das provas em que participaram. Isto para além, como<br />
é óbvio, da sensação de pela primeira vez, terem levado as cores do país às piscinas internacionais.<br />
Contudo, a prioridade, segundo Avelino Bonifácio, é apostar na natação em “águas abertas”.<br />
Existe um potencial imenso, espalhado um pouco por todas as praias do país, e a modalidade em já<br />
um nível de competições mundiais de extremo nível, fazendo inclusivé parte do programa olímpico.<br />
Os próximos passos, são, por um lado, criar condições para uma regular participação em competições,<br />
potenciar contactos, e claro, apostar em escolas de natação. Há uma juventude ávida de<br />
aprendizagem... o que se espera é que nadem, nadem... e tornem a nadar. É objectivo claro, massificar<br />
a prática da natação.<br />
Imagem Sul
Setembro 2018<br />
5<br />
Iniciativa do Ano – Peace and Sports<br />
Imagem Peace and Sports<br />
A 6 de Abril, 180 países realizaram mais de 2000 eventos para comemorar o Dia do Desporto pelo Desenvolvimento e pela Paz.<br />
Cabo Verde foi um deles, promovendo uma enorme operação com base nos Clubes Olímpicos sediados<br />
em todas as ilhas, e reunindo cerca de 8000 participantes de todas as idades.<br />
Desporto pela Paz. Assim se nomeou a actividade.<br />
Na capital, os festejos foram centralizados no Estádio Nacional, com a organização do Festival pelo<br />
Desporto e pela Paz.<br />
O acontecimento mereceu por parte da Peace and Sports, a nomeação do nosso país, através do<br />
Comité Olímpico Cabo-verdiano, para o troféu “Iniciativa do Ano”.<br />
Como quase sempre acontece com estes propósitos, mensagem simples, mas clara e objectiva.<br />
Através do desporto, o desenvolvimento social, e a paz entre os povos.<br />
O desiderato é a apresentação do White Card (cartão branco), como forma de chamar a atenção do<br />
mundo, para estas realidades.<br />
O Dia do Desporto pela Desenvolvimento e Paz celebrado a 06 de abril foi instituído em 2013 pelas<br />
Nações Unidas.<br />
Em Cabo Verde, o sucesso foi tal, e o envolvimento de todos tão determinante, que a par se realizou<br />
pela primeira vez um Torneio de Futbolnet, reunindo cerca de 1600 crianças.<br />
O vencedor do troféu “Iniciativa do Ano” será escolhido por uma comissão de Júri e anunciado durante<br />
a cerimónia do Peace and Sports Awoards, que terá lugar a 18 de outubro, em Atenas na Grécia, e<br />
será presidida pelo Príncipe Alberto II do Mónaco.<br />
Mais uma grande oportunidade para Cabo Verde mostrar o trabalho que vem desenvolvido em prol do<br />
desporto, e através dele contribuir para o desenvolvimento da sociedade cabo-verdiana, bem como<br />
para criar ligações a organizações internacionais, e fortalecer laços no âmbito do Movimento Olímpico<br />
Internacional.<br />
Um enorme ganho para o Comité Olímpico Cabo-Verdiano, e obviamente para o país.
6<br />
Setembro 2018<br />
Maria Andrade<br />
Jovem Inspiradora de Mudança<br />
Imagem Sul<br />
Sente-se bem a vontade que esta jovem, atleta<br />
olímpica por Cabo Verde, tem em inspirar,<br />
em motivar, em ajudar.<br />
Percebe-se bem, o quanto as dificuldades em<br />
que cresceu, fizeram dela uma pessoa humilde,<br />
lutadora.Mas também risonha, simpática e<br />
optmista. Nasceu Maria. Maria Andrade. Cresceu<br />
Zézinha. Foi assim em casa, na rua, na escola.<br />
Zézinha para todos. Não foram fáceis os tempos<br />
em Ribeirinha. Subúrbios do Mindelo, em<br />
São Vicente. Cinco irmãos e os pais. Parcos rendimentos.<br />
Foi com muito esforço que António, pintor de<br />
construção civil há bem mais de quarenta anos,<br />
e Madalena, cuidadora do lar, criaram os seus<br />
filhos.<br />
Zézinha sabe-o bem. Viveu-o na pele. Percebeu<br />
a discriminação quando “engoliu” o primeiro ano<br />
na escola primária. Como se de uma obrigação,<br />
se de um tratamento para um mal.<br />
Zézinha conta, que a primeira classe foi um<br />
suplício. Não tinha<br />
amigos, era criticada pelo que era, pelo que vestia,<br />
pela forma como se apresentava.<br />
Sentiu-se só. Foi buscar forças, e viveu.<br />
Numa família pobre, humilde, mas digna e muito<br />
feliz. Como ela afirma convicta; -” Nunca faltou<br />
amor na família”! -<br />
É o que se sente, quando visitamos a morada da<br />
família de Zézinha.<br />
Quis ser advogada, ainda alimenta esse sonho.<br />
Aponta razões pessoais, para querer seguir<br />
Direito.<br />
Ainda frequentou a universidade, mas o taekwondo<br />
trilhou-lhe outros caminhos. Talvez um dia,<br />
consiga vestir a toga.<br />
Está hoje na América. Onde reside há mais de<br />
três anos. Num dos polos da grande diáspora<br />
cabo-verdiana. Foi levada pelo seleccionador<br />
nacional de taekwondo Joseph de Pina, que viu<br />
nela um grande talento.<br />
E com razão. Trabalhou, treinou, trabalhou e treinou.<br />
E o labor deu frutos. Viçosos.<br />
Coloridos. Com o apuramento para os Jogos<br />
Olímpicos Rio 2016.<br />
Quem diria... quando era nova, não tinha jeito<br />
nenhum para o desporto.<br />
Hoje beneficia da atribuição de uma Bolsa da Solidariedade<br />
Olímpica, para continuar a sua preparação<br />
nos Estados Unidos.
Setembro 2018<br />
7<br />
Pelo taekwondo, para o taekwondo. É o foco.<br />
Permanente. Treinava seis horas por dia.<br />
Hoje parte do dia, ocupa-a trabalhando também.<br />
Prepara “Share the dream 2020”. Com muitas saudades<br />
da sua Ribeirinha.<br />
Maria Andrade, foi escolhida pelo Comité Olímpico<br />
Internacional, como Jovem Inspiradora de Mudança<br />
(YCM). Diz sentir um orgulho enorme pela<br />
confiança<br />
“...finalmente posso fazer algo para ajudar os outros.”<br />
-, explica. O que só por si é bem revelador<br />
das qualidades pessoais da atleta olímpica.<br />
Neste âmbito, esteve recentemente no Japão,<br />
onde espera estar de novo daqui a dois anos, a<br />
participar em várias actividades com jovens locais.<br />
A ideia, foi a da partilha da sua experiência,<br />
não só como atleta olímpica, mas também como<br />
mensageira dos ideais<br />
do Olimpismo. Uma forma de estar, de ser... que<br />
Zézinha, parece praticar à letra. Aproveitou para<br />
fazer uma cuidada apresentação do seu Cabo<br />
Verde, e teve ainda oportunidade para novos contactos,<br />
novas tecnologias, com uma visita a um<br />
polo fabril<br />
da Panasonic, patrocinador Premium do Comité<br />
Olímpico Internacional.<br />
O que percebemos pelo tempo que, em São Vicente,<br />
com ela partilhamos é, que o Japão foi uma<br />
experiência muito enriquecedora. Diz ter adorado<br />
as pessoas, os alunos das escolas que visitou, e<br />
ter sido muito bem tratada. “Foi muito divertido” -<br />
acrescenta. Há-de voltar, escrevemos nós.<br />
Zézinha voltou à sua Ribeirinha. Esteve uns dias<br />
de férias. Matou saudades da sua família. São<br />
tantas, que só “deu para matar algumas”. Visitou<br />
amigos, as escolas e deu continuidade ao programa<br />
em que está envolvida.<br />
Foi no Centro Nhô Djunga. Uma extensão do<br />
ICCA em São Vicente, dirigida por Jandir<br />
Oliveira, que alberga mais de trinta crianças, e<br />
que em parceria com clubes e associações, cria<br />
condições para que jovens tenham mais e melhor<br />
Imagem Sul<br />
acesso ao desporto e sua prática.<br />
Combater as situações de risco, e potenciar o<br />
rendimento escolar e promover a igualdade e a<br />
inclusão.<br />
No dia 29 de Setembro, numa organização coordenada<br />
pelo Clube Olímpico de São Vicente,<br />
dezenas de crianças festejaram o desporto, e<br />
sentiram a forma inspiradora com que Maria Andrade<br />
os motivou.<br />
O evento culminou com todo o mundo a empunhar<br />
o “White Card” pela Paz e pelo Desenvolvimento,<br />
Maria Andrade, recebeu das mãos das crianças,<br />
o “pin” Olímpico atribuído pelo COI, e que atesta<br />
a sua participação no Rio 2016.<br />
Tudo isto, antes de partir para Buenos Aires, como<br />
embaixadora da juventude olímpica.<br />
Uma vez olímpica... olímpica sempre.<br />
Imagem SUL
8<br />
Setembro 2018<br />
Davilson Morais<br />
Desporto para a Vida!<br />
Imagem Sul<br />
Chama-se Abufador. O lugar de<br />
Porto Novo. Em Santo Antão.<br />
Onde nasceu, Davilson Morais.<br />
É lá que mora a sua família.<br />
Pais, irmã e sobrinhos. É por<br />
aqui que reencontra os amigos<br />
de sempre. Como o Ivan, praticante<br />
de Karaté.<br />
O nosso atleta olímpico optou<br />
pelo boxe. Não se pense, contudo,<br />
que a escolha surgiu<br />
naturalmente. Nada. Quando<br />
era puto, Davilson tem hoje<br />
vinte e nove anos, ninguém sa-<br />
bia em Porto Novo, o que era<br />
isso de ser boxeur.<br />
O gosto só lhe surgirá bem mais<br />
tarde, já na tropa.<br />
Quando foi chamado para servir<br />
as armas de Cabo Verde.<br />
Sempre gostou do desporto,<br />
mas como acontece com quase<br />
todas as crianças do país,<br />
primeiro aparecem as corridas<br />
na rua, ou os “chutos” na bola.<br />
Filho, como tantos, de uma<br />
família bem humilde.<br />
O pai pescador desde sempre,<br />
e a mãe a cuidar da casa. Foi<br />
assim, durante anos em Santo<br />
Antão.<br />
Há atributos que foram crescendo<br />
com Davilson, e que são hoje<br />
características dominantes<br />
da sua personalidade. Vontade,<br />
garra e determinação. Como<br />
muitos, amigos e vizinhos, o<br />
seu horizonte estava para além<br />
daquele mar, com que ele conviveu<br />
anos a fio na praia de pedras<br />
de Abufador.<br />
O futuro parecia, e confir-<br />
Imagem Sul
Setembro 2018<br />
9<br />
mou-se, não passar por Santo<br />
Antão. Depois da malandrice<br />
da adolescência, passada entre<br />
a escola e a rua, chegou a<br />
hora de responder à chamada.<br />
Foi no Sal, enquanto cumpria o<br />
serviço militar, que o boxe lhe<br />
bateu à porta.<br />
Foi crescendo o entusiasmo,<br />
o talento parecia estar lá, e rapidamente<br />
Davilson percebeu<br />
que era isso que queria. Ser<br />
campeão de boxe.<br />
E foi. Começou a competir e<br />
a ganhar. Em Santiago e São<br />
Vicente. Foi campeão nacional<br />
em 2010, apesar de, como ele<br />
diz “não sabia nada”.<br />
Ficou nas forças armadas, em<br />
São Vicente, e foi lá que se tornou<br />
o atleta que é hoje, e que<br />
há dois anos, esteve nos Jogos<br />
Olímpicos do Rio, após um<br />
apuramento conseguido nuns<br />
campeonatos realizados nos<br />
Camarões.<br />
Foi um feito histórico. Para si,<br />
para a sua família, para Santo<br />
Antão, e claro para o país.<br />
No Brasil não passou do primeiro<br />
combate, o adversário era<br />
muito poderoso, mas Davilson<br />
tem um orgulho enorme em ter<br />
representado Cabo Verde.<br />
Orgulho e responsabilidade.<br />
Quase como “carregar o país às<br />
costas”.<br />
Que o leva a integrar o projecto<br />
“Olympians for Sport 4Life”.<br />
Desporto para a vida.<br />
Com ele esteve na sua terra,<br />
precisamente a convite do<br />
Clube Olímpico de Porto Novo,<br />
liderado por Isaura Maocha,<br />
uma inspiradora local da prática<br />
desportiva.<br />
O evento foi muito participado.<br />
Dezenas de crianças tiveram os<br />
primeiros contactos com o boxe,<br />
numa demonstração efectuada<br />
por Davilson, bem como outros<br />
desportos praticados na Praça<br />
dos Pescadores, junto à Praia<br />
do armazém.<br />
Ao princípio da noite, no fecho<br />
da actividade, o boxeur foi agraciado<br />
com o “pin” olímpico, fruto<br />
da sua participação no Rio<br />
2016, e o todo o mundo empunhou<br />
o “White Card”, como mensagem<br />
de promoção da paz do<br />
desenvolvimento, da igualdade<br />
e da inclusão.<br />
Imagem Sul
10<br />
Setembro 2018<br />
Amizade Cabo Verde-Itália<br />
Maria Silva<br />
Imagem COC<br />
A Federação Italiana de Esgrima distinguiu a cidadã cabo-verdiana Maria Silva, pelo empenho na<br />
implementação da modalidade em Cabo Verde. A homenagem teve lugar na gala anual da Esgrima<br />
Italiana, que se realizou em Vila Alba di Gardone, Riviera. Maria Silva é vice-presidente da recém-criada<br />
Federação Cabo-verdiana de Esgrima, que é presidida pelo oficial das forças armadas, Tenente<br />
Isaías Brito. A homenageada é residente na Itália e Presidente da Kriol-Itá, associação de amizade entre<br />
Cabo Verde e Itália, e tem sido uma das grandes impulsionadoras da introdução desta modalidade<br />
olímpica no país, usando os seus contatos com a federação italiana da modalidade, que resultaram<br />
também em acções de formação de militares cabo-verdianos, para a propagação do desporto entre<br />
nós. O Comité Olímpico Cabo-verdiano é um empolgado parceiro e apoiante deste desiderato.<br />
Imagem SUL<br />
Campeões Africanos de Andebol<br />
A Federação Cabo-verdiana de Andebol (FCA) venceu a candidatura<br />
para organizar o 41º Campeonato Africano dos Clubes de<br />
Campeões, que vai realizar-se em outubro de 2019.<br />
O país passou no teste.<br />
A Confederação Africana de Andebol, personificada no dirigente<br />
angolano Pedro Godinho visitou a ilha de Santiago,<br />
esteve na Praia, em Assomada, e no Tarrafal.<br />
Inspecionou infraestruturas desportivas, para competição e<br />
treinos, instalações sanitárias e condições de alojamento.<br />
Reuniu-se com os mais destacados dirigentes do país. governo,<br />
federação de andebol e Comité Olímpico. Percebeu o<br />
enorme empenho de todos, para a formalização da candidatura<br />
à organização do evento.<br />
Há poucos dias, a CAHB, decidiu-se a favor de Cabo Verde,<br />
e assim, dentro de aproximadamente um ano, estarão na<br />
ilha de Santiago cerca de 500 pessoas, entre atletas, dirigentes<br />
e operacionais, representando 20 equipas. Nelson<br />
Martins confirmou a escolha, e anunciou que está na forja<br />
a corrida federativa para a organização do CAN 2024 de<br />
Seniores Femininos.
Setembro 2018<br />
11<br />
Maratona de Berlim<br />
Ruben Sança em 29º lugar<br />
Imagem COC<br />
Ruben Sança quer estar em Tóquio 2020. E a avaliar pela sua evolução, pelos seus mais recentes<br />
registos, é algo que não parece muito distante. Para estar nos próximos Jogos Olímpicos, o atleta<br />
cabo-verdiano precisa de realizar uma maratona em menos de duas horas e dezanove minutos.<br />
2h19m.. É este o tempo mínimo para se conseguir entrada directa na mais marcante competição do<br />
programa olímpico. Sança correu em Berlim, naquele que é habitualmente considerado como um dos<br />
mais rápidos percursos para os 42, 195 Km no mundo, e efectuou um registo condizente.<br />
Duas horas, vinte e um minutos e trinta e nove segundos. Apenas pouco mais de 2 minutos acima dos<br />
mínimos olímpicos. Numa prova em que participaram milhares de atletas, Ruben Sança foi vigésimo<br />
nono classificado. Nada mau, portanto. A partir de Janeiro do próximo ano, veremos Sança, que se<br />
prepara com uma bolsa da Solidariedade Olímpica, competindo e acreditando numa presença na<br />
capital do Japão.<br />
Imagem IAAF<br />
Ora entre os milhares de participantes em Berlim, há um que se destacou duplamente. Por ter sido o<br />
mais rápido, logo o vencedor da corrida, e por tê-lo conseguido obtendo o melhor registo da história<br />
da Maratona. E nem precisou de apresentação. Kipchoge, Eliud Kipchoge já nos habituou a resultados<br />
extraordinários. Mesmo na capital alemã, onde ganhou pela terceira vez. O atleta queniano fez o tempo<br />
de duas horas, um minuto e trinta e nove segundos. 2H01m39s.. Olhando bem para este registo magnífico,<br />
é possível prever que não está muito distante, o dia em que Kipchoge, ou outro atleta, consiga<br />
correr a mais importante corrida do atletismo, em menos de duas horas.<br />
Recorde histórico em Berlim, como foi o dia para os atletas quenianos, que conquistaram o pleno no<br />
pódio masculino, e o triunfo com Galdys Cherono que correndo em 2h18m11s, venceu a competição<br />
feminina.
OLIMPICAMENTE<br />
www.coc.cv<br />
Publicação mensal. Propriedade do Comité Olímpico Caboverdiano.<br />
Todos os direitos reservados.<br />
Buenos Aires Missão<br />
Jogos Olímpicos da Juventude<br />
Imagem COC<br />
Buenos Aires, a cidade com maior concentração de teatros<br />
do mundo, é palco dos Jogos Olímpicos da Juventude.<br />
Cabo Verde, no âmbito do Comité Olímpico levou a<br />
cabo uma missão, inicialmente prevendo a participação<br />
de três atletas. Adriana Almeida, a recordista nacional<br />
dos 100 metros e Marcelo Gomes, no atletismo. Nicalas<br />
Fernandes, no taekwondo, em quem se depositavam<br />
enormes esperanças para a competição, acabou por não<br />
conseguir responder à chamada. Tentar encontrar o peso<br />
ideal para a melhor performance, resultou num risco para<br />
a saúde do atleta. Que assim não se apresentou nas<br />
melhores condições.<br />
Isso mesmo foi confirmado pelo seu treinador Joseph de<br />
Pina. Estamos, portanto, de olhos, nas provas de<br />
atletismo. A missão olímpica é chefiada por Maximilian<br />
Stipanov. De relevar também o acompanhamento de<br />
Maria “Zézinha” Andrade, no âmbito do programa YCM,<br />
que como se sabe foi considerada pelo COI, uma Jovem<br />
Inspiradora de Mudança, e que estará na capital argentina,<br />
motivando os seus compatriotas, e participando em<br />
JOJ Senegal 2022<br />
“É a hora de África “<br />
várias iniciativas durante a competição.<br />
“Em relação à competição estamos esperançosos de<br />
fazer uma boa participação, apesar de ser de nível<br />
mundial, mantemos sempre a esperança em bons resultados,<br />
salienta o chefe de missão, que acrescentou; -<br />
“Nós faremos todo o possível para que os nossos atletas<br />
tenham todas as condições para fazerem a sua melhor<br />
prestação em representação do seu país”.<br />
Destaque igualmente para a presença no evento,<br />
de Filomena Fortes, presidente do COC, e do seu<br />
secretário-executivo Leonardo Cunha, que à margem<br />
da competição, assistirão a reuniões, no âmbito do movimento<br />
olímpico. Estes Jogos são as III Olimpíadas<br />
da Juventude e irão reunir na capital argentina mais de<br />
3000 atletas de todo o mundo. É a terceira participação<br />
de Cabo Verde. Em 2022, os jogos terão lugar em Dakar,<br />
no Senegal.<br />
Na edição de outubro do <strong>Olimpicamente</strong>, daremos conta<br />
de todos os feitos que os nossos atletas realizaram<br />
em Buenos Aires.<br />
Senegal será o primeiro anfitrião africano de quaisquer Jogos Olímpicos.O Comité Olímpico Internacional, escolheu.<br />
Está escolhido. Em 2022. Dakar receberá os Jogos Olímpicos da Juventude. As outras candidatas eram,<br />
Gaborone em Botswana, Abuja na Nigéria, e uma cidade projecto na Tunísia. Na hora de anunciar a atribuição,<br />
Thomas Bach presidente do Comité Olímpico Internacional afirmou: “Chegou o momento de África. África é um<br />
continente de juventude.”<br />
COMITÉ OLÍMPICO<br />
CABO-VERDIANO<br />
Presidente<br />
Filomena Fortes<br />
Secretário-Executivo<br />
Leonardo Cunha<br />
Secretário-Geral<br />
Nelson Martins<br />
Travessa Pierre de Coubertin, Nº1<br />
ASA Praia - Santiago<br />
Imagem COI