A Energiewende alemã (África Ocidental)
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong>
A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong><br />
A reestruturação do sistema energético da Alemanha
02 | A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong><br />
A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong><br />
Sejam bem-vindos!<br />
O seu interesse pela <strong>Energiewende</strong>, ou transição energética, um dos projectos de futuro mais<br />
importantes da Alemanha, é para nós motivo de grande satisfação.<br />
Decidimos reestruturar todo o sistema energético do país, optando por energias renováveis<br />
e apostando numa utilização cada vez mais eficiente da energia. Além de ser economicamente<br />
vantajoso, a Alemanha presta, desta forma, uma contribuição fundamental para a protecção<br />
do clima.<br />
A <strong>Energiewende</strong> é a nossa resposta à pergunta: Como poderemos garantir um aprovisionamento<br />
energético seguro, de custo moderado e sustentável? Além disso, é também uma<br />
oportunidade única para a Alemanha enquanto pólo industrial, pois poderá criar novas áreas<br />
de negócio, impulsionar inovações e gerar emprego e crescimento, tornando-nos, simultaneamente,<br />
menos dependentes da importação de petróleo e gás e assegurando a elevada qualidade<br />
de vida no nosso país.<br />
© iStock/SilviaJansenx © Paul Langrock<br />
1971<br />
O Governo da República Federal da Alemanha aprova o seu primeiro programa ambiental.
© dpa/Westend61/Werner Dieter<br />
A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong> | 03<br />
Porque organizámos esta exposição? O Governo da República Federal<br />
da Alemanha é frequentemente questionado, no mundo inteiro, sobre<br />
a transição energética. O interesse é tão grande que a palavra <strong>Energiewende</strong><br />
já entrou no vocabulário de muitas linguas estrangeiras o que<br />
muito nos alegra.<br />
Ao mesmo tempo, tanto as dimensões que o projecto <strong>Energiewende</strong><br />
adquiriu como os inúmeros aspectos com ele relacionados constituem<br />
uma surpresa para muitas pessoas. Isto significa também que<br />
não pode ser realizado de um dia para o outro. A <strong>Energiewende</strong> é um<br />
projecto intergeracional e complexo que tem de satisfazer as mais<br />
diversas exigências. As medidas necessárias requerem um planeamento<br />
exaustivo de modo a que não comprometam nem a protecção do<br />
clima, nem o nosso bem-estar. Por esta razão, existem também sempre<br />
fases em que o progresso é mais lento. São justamente estes múltiplos<br />
desafios e tarefas que pretendemos tornar visíveis nesta exposição.<br />
A <strong>Energiewende</strong> está firmemente inserida num contexto internacional.<br />
Buscamos um intercâmbio intenso com os nossos vizinhos<br />
europeus e os nossos parceiros internacionais, visando concretizar<br />
cooperações e soluções transnacionais. Pois necessitamos de soluções<br />
conjuntas para reduzir as emissões globais de CO 2<br />
, limitar o aquecimento<br />
do planeta e criar um abastecimento energético seguro, sustentável<br />
e financeiramente acessível.<br />
Com a <strong>Energiewende</strong>, a Alemanha leva a sério a responsabilidade<br />
pelo planeta e pelas pessoas. Deixamos aqui o nosso convite para nos<br />
acompanharem e embarcarem nesta empolgante viagem pela nossa<br />
<strong>Energiewende</strong>.<br />
Esperamos que apreciem a exposição e aproveitem a oportunidade de<br />
troca de ideias.<br />
1972<br />
Na pequena cidade de Penzberg, no Sul da Alemanha, é construído um<br />
dos primeiros bairros residenciais do país abastecidos com energia solar.
04 | A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong><br />
Eficiência energética<br />
Poupar energia e usá-la<br />
de forma mais eficiente<br />
Gerir de forma eficiente a electricidade, o calor e os combustíveis significa economizar<br />
dinheiro, aumentar a segurança do abastecimento e proteger o clima. A Alemanha é obrigada<br />
a importar grande parte das suas fontes de energia. Correspondendo a cerca de 50% nos anos<br />
70 do século passado, as importações cobrem actualmente quase dois terços da procura total<br />
de energia. A eficiência energética é assim, juntamente com o desenvolvimento das energias<br />
renováveis, o pilar fundamental da <strong>Energiewende</strong>.<br />
Na Alemanha, a consciência da importância de um uso eficiente da energia tem vindo a crescer<br />
ao longo das últimas décadas. Um dos maiores incentivos foi a primeira crise mundial do petróleo,<br />
em 1973, que mostrou aos <strong>alemã</strong>es quão dependentes eles eram de combustíveis fósseis.<br />
Uma das consequências foi que o Governo Federal da época iniciou uma campanha de informação<br />
sobre a poupança de energia e decretou um limite de velocidade nas auto- estradas. Desde<br />
então, foram promulgadas muitas outras leis e implementadas várias medidas de eficiência<br />
energética. Estas medidas compreendem três elementos principais: apoio orientado para fins<br />
específicos, informação e consultoria e metas vinculativas para reduzir o consumo de energia.<br />
© dpa/Jörg Carstensen © dpa/Westend61/Werner Dieter<br />
1973<br />
A guerra do Yom Kippur (Outubro de 1973) provoca uma crise do petróleo a nível mundial.<br />
Com o propósito de poupar energia, a Alemanha decreta quatro domingos sem carros no país inteiro.
A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong> | 05<br />
A energia que a Alemanha visa economizar<br />
Metas de redução do consumo de energia primária em comparação<br />
com 2008<br />
2008 A economia cresce, o consumo de energia diminui<br />
Evolução do produto interno bruto e do consumo de energia primária<br />
1.958 14.905<br />
2.355<br />
14.766<br />
2.497<br />
14.217<br />
3.263<br />
13.525<br />
-50 % -6 %<br />
1990<br />
2000<br />
2010<br />
2017<br />
Valor atingido em<br />
2050 2017<br />
Produto interno bruto em mil milhões de euros,<br />
em média +1,4% por ano desde 1990<br />
Consumo de energia primária em petajoules.<br />
Em média -0,3% por ano desde 1990<br />
«O melhor de todos os quilowatts-hora<br />
é aquele que não se gasta.»<br />
Angela Merkel, Chanceler Federal<br />
A estratégia foi bem-sucedida. Desde 1990, a procura de energia<br />
da Alemanha diminuiu, ao passo que o seu produto interno bruto<br />
aumentou consideravelmente. O sector industrial <strong>alemã</strong>o reduziu<br />
o seu consumo de energia em mais de 10%, mas o desempenho da<br />
sua economia duplicou. Graças aos avanços tecnológicos, é possível<br />
utilizar a energia de modo mais eficiente, seja a nível doméstico, seja<br />
a nível empresarial. Os electrodomésticos modernos chegam a ter um<br />
consumo energético 75% menor do que aparelhos comparáveis que<br />
existiam há 15 anos. Além disso, a simples mudança dos hábitos quotidianos<br />
também economiza energia. Por esta razão, existem dezenas<br />
de milhares de consultores energéticos em todo o país que, mediante<br />
análises do consumo de energia, informam inquilinos, proprietários<br />
de imóveis e empresas sobre as possibilidades de reduzir o consumo<br />
e sobre como recorrer a apoios públicos.<br />
Todos os Estados-membros da União Europeia concordaram em reduzir<br />
o seu consumo de energia primária em 20% até 2020 e, no mínimo,<br />
em 27% até 2030. A Alemanha pretende, a longo prazo, reduzir o seu<br />
consumo energético para metade, o que é parte dos compromissos<br />
assumidos no Acordo de Paris sobre o clima.<br />
Aumento substancial da produtividade energética<br />
Riqueza criada com um gigajoule (GJ) de energia<br />
241,29 €<br />
+87%<br />
1 GJ<br />
128,80 €<br />
1 GJ<br />
1990 2017<br />
1975<br />
A Lei relativa à Segurança do Abastecimento Energético prevê maiores reservas de energia e um<br />
limite de velocidade nas estradas da Alemanha.
06 | A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong><br />
Calor<br />
Calor agradável,<br />
renovável e eficiente<br />
O sucesso da <strong>Energiewende</strong> também depende da diminuição da necessidade de energia para<br />
aquecimento, climatização e aquecimento de água em edifícios, bem como da possibilidade de<br />
o restante da procura ser atendido por energias renováveis. Na Alemanha, a energia usada para<br />
aquecimento constitui mais da metade do consumo energético total, e quase dois terços desta<br />
energia são utilizados pelas 40 milhões de residências para aquecimento e água quente.<br />
Por conseguinte, o Governo Federal pretende reduzir, até 2050, a procura de energia primária<br />
Reduzir a procura energética para aquecimento<br />
Metas de redução da procura energética para aquecimento em edifícios<br />
2.152 petajoules<br />
foram gastos, em 2016, pelas 40 milhões de residências <strong>alemã</strong>s em aquecimento<br />
e água quente<br />
o que equivale a<br />
-80% -18,3% 14% 12,9%<br />
Valor atingido<br />
em<br />
Valor atingido<br />
em<br />
2050 2016 2020 2017<br />
óleo<br />
Procura energética primária nos edifícios<br />
(em comparação com 2008)<br />
Quota das energias<br />
renováveis na procura energética<br />
para aquecimento<br />
50 mil milhões<br />
de litros de petróleo<br />
seis vezes<br />
a procura energética anual<br />
do sector de aviação da Alemanha<br />
a procura energética do<br />
Uzbequistão<br />
© dpa/Jacobs University Bremen © dpa<br />
1975<br />
O Governo Federal lança uma campanha de informação sobre a poupança de energia.
A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong> | 07<br />
de fuelóleo e gás em edifícios em 80%. Para atingir esta meta, a eficiência<br />
energética dos edifícios terá de ser significativamente melhorada<br />
e a percentagem das energias renováveis no aprovisionamento para<br />
aquecimento e climatização terá de aumentar. Até 2020, as energias<br />
renováveis deverão suprir 14% da procura para fins de aquecimento<br />
e climatização. Desta forma, a Alemanha também põe em prática<br />
as metas europeias: a actual Directiva Edifícios da UE prevê que,<br />
a partir de 2021, todas as construções novas na Europa preencham as<br />
condições de “casas passivas”, isto é, edifícios com consumo energético<br />
muito baixo.<br />
A Alemanha reconheceu cedo que existe um grande potencial de<br />
poupança de energia nos edifícios. Já em 1976, o Governo Federal de<br />
então aprovou, em consequência da crise do petróleo, a primeira Lei<br />
de Conservação da Energia, seguida do primeiro Regulamento relativo<br />
ao Isolamento Térmico. Esta regulamentação foi continuamente<br />
desenvolvida e adaptada aos avanços tecnológicos. Desde 2009, em<br />
conformidade com a Lei de Aquecimento e Energias Renováveis, todas<br />
as novas construções habitacionais têm de cobrir uma quota-parte<br />
mínima da sua procura energética com energias renováveis. Isto<br />
é possível, por exemplo, com aquecimentos a gás ou fuelóleo apoiados<br />
por energia térmica solar ou com sistemas de aquecimento que recorram<br />
exclusivamente a energias renováveis, como as bombas de calor<br />
ou os aquecimentos a pellets.<br />
70% de todas as construções habitacionais na Alemanha têm mais<br />
de 35 anos, ou seja, datam da época anterior à aprovação do primeiro<br />
Regulamento relativo ao Isolamento Térmico. Isto significa que muitas<br />
construções estão insuficientemente isoladas e são muitas vezes<br />
aquecidas com caldeiras de aquecimento ultrapassadas e combustíveis<br />
fósseis, como fuelóleo e gás. Uma unidade habitacional <strong>alemã</strong><br />
consome, em média, 145 quilowatts-hora por metro quadrado de área<br />
habitada por ano, o que equivale a 14,5 litros de petróleo. Construções<br />
novas altamente eficientes consomem apenas um décimo desta<br />
quantidade. Em construções antigas, o consumo de energia primária<br />
pode ser reduzido em até 80% por meio de uma renovação energética<br />
e da transição para energias renováveis. Isto requer um melhor isolamento<br />
das paredes externas do edifício, a renovação de componentes,<br />
uma modernização do sistema de aquecimento e climatização e uma<br />
melhor tecnologia de controlo. Só em 2015 foram investidos cerca<br />
de 53 mil milhões de euros em renovações energéticas. O Governo<br />
Federal apoia estas renovações com créditos bonificados e subsídios.<br />
A aplicação de medidas de eficiência energética fez com que, em 2016,<br />
cada <strong>alemã</strong>o poupasse, em média, quase 500 euros, ocupando assim<br />
uma posição de destaque a nível mundial.<br />
Uma das principais prioridades consiste na substituição de sistemas<br />
de aquecimento antigos e na transição de combustíveis fósseis para<br />
energias renováveis. Se, em 1975, os <strong>alemã</strong>es ainda aqueciam mais<br />
de metade de todos os apartamentos com fuelóleo, este número hoje<br />
corresponde apenas a cerca de um quarto. Das casas novas concluídas<br />
em 2016, 60% são aquecidas com energias renováveis. Sistemas solares<br />
térmicos, aquecimentos com biomassa e bombas de calor que aproveitam<br />
o calor ambiente já cobrem cerca de 12% da procura energética<br />
destinada ao aquecimento. Para que a transição se efectue com maior<br />
rapidez, o Governo Federal fomenta, desde 2000, a substituição dos<br />
sistemas de aquecimento antigos.<br />
Quanta energia é consumida nos edifícios?<br />
Parcela do consumo energético final na Alemanha<br />
Construções novas consomem apenas um décimo<br />
Consumo anual em aquecimento, expresso em litros de fuelóleo por metro<br />
quadrado de área habitacional, relativo a diferentes tipos de construções<br />
36,0 %<br />
em edifícios<br />
15–20 litros<br />
edifícios antigos não renovados<br />
5–10 litros<br />
edifícios antigos renovados<br />
28,0 %<br />
para<br />
aquecimento<br />
Dados referentes a: 2016<br />
4,7 %<br />
para água<br />
quentei<br />
2,8 %<br />
para<br />
iluminação<br />
0,4 %<br />
para sistemas<br />
de ar<br />
condicionado<br />
7 litros<br />
edifícios novos<br />
1,5 litros<br />
casas passivas<br />
1977<br />
Com a aprovação do Regulamento relativo ao Isolamento Térmico, o Governo Federal<br />
define, pela primeira vez, requisitos para a eficiência energética de edifícios.
08 | A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong><br />
«O princípio do fim da era do<br />
petróleo já começou.»<br />
Dieter Zetsche, Daimler AG<br />
© dpa/Paul Zinken<br />
1979/1980<br />
A guerra entre o Irão e o Iraque provoca<br />
a segunda crise mundial do petróleo.<br />
1984<br />
Na Alemanha, a empresa Enercon desenvolve os<br />
primeiros geradores eólicos modernos em série.
A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong> | 09<br />
Mobilidade<br />
Electricidade sobre rodas<br />
Os automóveis são o mais importante produto de exportação da Alemanha.<br />
Com mais de 750.000 trabalhadores, a indústria automóvel é uma<br />
das maiores empregadoras do país. Mas o sector dos transportes é também<br />
um dos maiores consumidores de energia, sendo responsável por um<br />
terço do consumo final de energia. Por esta razão, o Governo Federal está<br />
a intensificar os seus esforços no sentido de reduzir este consumo.<br />
Veículos com células combustíveis são vistos como um importante<br />
complemento aos veículos eléctricos alimentados por baterias. Projectos<br />
relativos a células combustíveis e de hidrogénio serão contemplados,<br />
até 2019, com 1,65 mil milhões de euros de fundos públicos.<br />
Em algumas das grandes cidades <strong>alemã</strong>s já circulam, no transporte<br />
público urbano, autocarros híbridos movidos a hidrogénio.<br />
Os primeiros resultados positivos estão à vista. Assim, de 1990 a 2017,<br />
os quilómetros percorridos no transporte de mercadorias e de passageiros<br />
praticamente duplicaram, mas, durante o mesmo período, o<br />
consumo de energia subiu apenas cerca de 9%.<br />
Para poupar uma quantidade ainda maior de energia, a Alemanha desenvolve<br />
tecnologias automóveis eficientes e trabalha na electrificação<br />
dos veículos automóveis. Sobretudo veículos de passageiros, veículos<br />
de transporte colectivo, veículos urbanos de carga e motociclos deverão<br />
passar a ser movidos a electricidade. Por este motivo, o Governo<br />
Federal promove o desenvolvimento do mercado e das tecnologias<br />
através de um grande número de programas.<br />
Além de sistemas de propulsão ecológicos, novos conceitos de mobilidade,<br />
como os sistemas de car sharing, de bike sharing e de partilha de<br />
scooters eléctricas estão a ganhar relevância. Se várias pessoas partilham<br />
um veículo, o trânsito diminui e as emissões baixam. Igualmente<br />
úteis são soluções digitais que tornam as ofertas de mobilidade mais<br />
eficientes e que facilitam a troca do carro pela bicicleta. Na Alemanha<br />
estão actualmente registados mais de 2,1 milhões de utilizadores em<br />
150 operadores de car sharing.<br />
Para que a transição energética resulte também no sector dos transportes,<br />
é necessário proceder a alterações em muitas áreas, tanto da<br />
vida quotidiana, como no plano político e no mundo empresarial.<br />
Trata-se de um processo demorado, de modo a garantir que os transportes<br />
se tornam mais sustentáveis sem, ao mesmo tempo, comprometer<br />
a mobilidade das pessoas.<br />
As metas e os avanços da Alemanha no sector dos transportes<br />
Aumento da eficiência energética<br />
Quanta energia é necessária para percorrer 100 quilómetros?<br />
1990<br />
66,1 megajoules<br />
100 km<br />
2013<br />
35,6 megajoules<br />
100 km<br />
Expansão da mobilidade eléctrica<br />
82,8<br />
milhões de pessoas<br />
vivem na Alemanha<br />
63,7<br />
milhões de veículos estão<br />
registados na Alemanha<br />
44.419<br />
veículos eléctricos<br />
Mobilidade eléctrica<br />
2018<br />
+<br />
236.710<br />
veículos híbridos<br />
Alemanha<br />
2018<br />
Expansão da mobilidade eléctrica até<br />
2022<br />
1 milhão<br />
de veículos<br />
1986<br />
Um acidente grave ocorre num reactor da central nuclear de<br />
Chernobyl (Ucrânia). É criado, na Alemanha, o Ministério Federal<br />
do Ambiente, Protecção da Natureza e Segurança Nuclear.<br />
1986<br />
Circula, na Alemanha, o primeiro<br />
veículo solar registado.
10 | A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong><br />
Energias renováveis<br />
Electricidade proveniente<br />
do vento e do sol<br />
O desenvolvimento das energias renováveis constitui, juntamente com a eficiência energética,<br />
o pilar central da <strong>Energiewende</strong>. O vento, o sol, a energia hídrica, a biomassa e a energia<br />
geotérmica são fontes de energia locais e limpas. Tornam a Alemanha menos dependente de<br />
combustíveis fósseis e prestam uma contribuição essencial para a protecção do clima.<br />
É no sector da electricidade que o uso de energias renováveis está mais desenvolvido. Desde<br />
2014 que as energias renováveis são a fonte mais importante da matriz eléctrica da Alemanha,<br />
fornecendo mais de um terço da energia consumida no país. Há dez anos, forneciam apenas<br />
9%. A base deste sucesso é o fomento direccionado. Teve início em 1991 com a Lei relativa à Alimentação<br />
da Rede de Energia Eléctrica, que impôs, pela primeira vez, uma taxa de remuneração<br />
fixa e uma obrigação de compra de electricidade, com o intuito de abrir o mercado para as<br />
novas tecnologias. Seguiu-se, em 2000, a Lei relativa às Energias Renováveis. Esta possui três<br />
elementos fundamentais: tarifas de remuneração garantidas para diversas tecnologias, alimentação<br />
prioritária da rede eléctrica e distribuição dos custos adicionais resultantes por meio<br />
de um regime de repartição entre todos os consumidores de electricidade.<br />
© aleo solar AG/Flo Hagena<br />
Desde a entrada em vigor da Lei relativa às Energias Renováveis, aumentaram continuamente<br />
os investimentos anuais em novos parques eólicos e sistemas fotovoltaicos, mas também em<br />
instalações alimentadas a lenha e biogás. A elevada procura fez com que surgisse um novo<br />
ramo de actividade, com mais de 338.000 postos de trabalho só na Alemanha. Estimulou tam-<br />
As energias renováveis são a fonte de energia<br />
mais importante da matriz eléctrica<br />
Parcela de energias renováveis no consumo bruto de electricidade<br />
O vento fornece a maior parte da electricidade<br />
gerada a partir de fontes renováveis<br />
Parcela na produção total de energias renováveis em 2017<br />
3,4%<br />
1990<br />
6,2%<br />
2000<br />
17,0%<br />
Energia eólica<br />
16,3 %<br />
2010<br />
33,3%<br />
2017<br />
Energia<br />
fotovoltaica<br />
6,1 %<br />
Energia<br />
hídrica<br />
3,1 %<br />
Biomassa<br />
6,9 %<br />
1987<br />
Na Alemanha é construído o primeiro parque<br />
eólico: 30 turbinas geram electricidade no<br />
Windenergiepark Westküste.<br />
1990<br />
O Governo Federal lança o “Programa 1.000<br />
Telhados” para fomentar a instalação de painéis<br />
fotovoltaicos.<br />
1990<br />
Reunificação da Alemanha <strong>Ocidental</strong> e Oriental.
© dpa<br />
A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong> | 11<br />
As energias renováveis fortalecem a geração de energia e a protecção do clima<br />
Indicadores para 2017<br />
1,7 milhões<br />
de instalações destinadas à geração de electricidade<br />
apoiadas nos termos da Lei relativa às Energias Renováveis<br />
217 terawatts-hora<br />
de electricidade gerada<br />
equivalente à quase totalidade da<br />
electricidade gerada na Indonésia<br />
179 milhões de toneladas<br />
equivalentes de CO 2<br />
evitados<br />
corresponde a mais do dobro das emissões<br />
de gases de efeito estufa do Chile em 2015.<br />
bém a eficiente produção em massa de centrais baseadas em energias<br />
renováveis, o que fez com que os preços dos respectivos equipamentos<br />
baixassem consideravelmente no mundo inteiro. Em 2014, um módulo<br />
fotovoltaico, por exemplo, custava menos 75% do que havia custado<br />
cinco anos antes. Em 2000, um quilowatt-hora de electricidade solar<br />
era remunerado, na Alemanha, com 50 cêntimos de euro – hoje são,<br />
em média, entre quatro e cinco cêntimos. Apesar da moderada quantidade<br />
de luz solar no centro da Europa, a energia solar transformou-se<br />
numa importante fonte de energia eléctrica na Alemanha. Os sistemas<br />
fotovoltaicos produzem actualmente cerca de um quinto da electricidade<br />
gerada a partir de fontes renováveis.<br />
A energia eólica é, no momento, a fonte mais importante para a geração<br />
de electricidade a partir de fontes renováveis. A electricidade fornecida<br />
por parques eólicos onshore só custa, em média, entre 1,9 e 2,5<br />
cêntimos por quilowatt-hora.<br />
Para a Alemanha, o desafio consiste em gerir a expansão das energias<br />
eólica e solar de tal modo que as mesmas permaneçam acessíveis em<br />
termos económicos e contribuam para garantir o abastecimento.<br />
Por esta razão, o Governo Federal reestruturou o apoio concedido às<br />
energias renováveis no sector eléctrico. A expansão concentra-se em<br />
tecnologias de preço acessível, como a eólica e a solar. A definição de<br />
“corredores” como meta para orientar a expansão anual das diferentes<br />
tecnologias facilita o seu planeamento e a sua gestão. Os operadores de<br />
centrais de energias renováveis têm, gradualmente, de passar a vender<br />
a sua electricidade no mercado, em pé de igualdade com os demais<br />
operadores. Assumem, assim, mais responsabilidade pelo sistema de<br />
abastecimento energético. Desde 2017, o valor máximo do apoio concedido<br />
a todas as instalações com um desempenho superior a 750 kW<br />
é calculado mediante leilões para tecnologias específicas. Isso afecta<br />
por volta de 80% da expansão anual. Além do mais, a expansão varia<br />
de acordo com a região. Nas zonas onde existem congestionamentos<br />
na rede eléctrica, as quantidades leiloadas são menores. Estas medidas<br />
garantem que a história de sucesso das energias renováveis no sector<br />
da electricidade tenha continuidade. Com a redução de custos conseguida,<br />
a alteração do sistema de apoio contribui igualmente para que<br />
se possam aproveitar ainda melhor as vantagens económicas oferecidas<br />
pela <strong>Energiewende</strong>.<br />
1990<br />
O Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC)<br />
publica o seu primeiro Relatório de Avaliação sobre o clima global.<br />
1991<br />
A Lei relativa à Alimentação da Rede de Energia Eléctrica obriga todas as<br />
companhias eléctricas <strong>alemã</strong>s a adquirirem, a remunerarem e a injectarem<br />
na rede pública a energia eléctrica gerada a partir de fontes renováveis.
12 | A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong><br />
Custos<br />
«A <strong>Energiewende</strong> não será<br />
demasiado cara para a população<br />
<strong>alemã</strong>?»<br />
Não, porque um dos objectivos da <strong>Energiewende</strong> consiste justamente em garantir que a energia<br />
seja economicamente acessível – também no futuro. Ao mesmo tempo, a própria <strong>Energiewende</strong><br />
permite criar postos de trabalho e impulsionar a economia. Os seus dois pilares, a expansão<br />
das energias renováveis e a eficiência energética, deverão reduzir a dependência das importações<br />
de energia, aumentar a segurança do abastecimento e possibilitar investimentos rentáveis<br />
na Alemanha. A <strong>Energiewende</strong> compensa.<br />
Quanto gasta uma família em energia por mês?<br />
Comparação entre as despesas mensais de 2003 e de 2016<br />
Aquecimento<br />
e água quente<br />
66<br />
75<br />
Aquecimento<br />
e água quente<br />
Cozinha<br />
Luz e electricidade<br />
10<br />
22<br />
176<br />
€<br />
224<br />
€<br />
24<br />
40<br />
Cozinha<br />
Luz e electricidade<br />
Combustíveis<br />
78<br />
85<br />
Combustíveis<br />
2003<br />
2016<br />
Em comparação: percentagem do total das despesas<br />
de um agregado familiar: 9%<br />
Na década passada, o preço do petróleo bruto aumentou consideravelmente. Um dos efeitos foi<br />
que, em 2016, os consumidores tiveram de desembolsar cerca de 7,5% do total dos seus gastos<br />
privados de consumo para pagar a energia, em comparação com menos de 6% no final do<br />
século passado.<br />
© dpa/Philipp Dimitri © dpa/McPHOTO‘s<br />
1992<br />
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento aprova, no<br />
Rio de Janeiro, o princípio orientador designado por «desenvolvimento sustentável».
© dpa/Jens Büttner<br />
A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong> | 13<br />
Quanto gasta o conjunto das residências <strong>alemã</strong>s em energia?<br />
Gastos em 2016 em mil milhões de euros<br />
106,4<br />
mil milhões<br />
de euros<br />
35,7<br />
11,4<br />
19,0<br />
40,3<br />
Aquecimento e água quente<br />
Cozinha<br />
Luz e electricidade<br />
Combustíveis<br />
Correspondendo a 3% do Produto Nacional Bruto <strong>alemã</strong>o.<br />
A maior parte das despesas de energia nas residências privadas provém,<br />
na Alemanha, do aquecimento, da água quente, de cozinhar e do combustível<br />
com base em recursos fósseis importados. Depois de os preços<br />
do petróleo terem baixado no final de 2014, reduzindo as despesas do<br />
consumidor <strong>alemã</strong>o, eles têm voltado a aumentar desde 2018, fazendo<br />
com que a evolução dos preços continue imprevisível. Tal deve-se ao<br />
facto de o preço dos recursos fósseis de energia e a sua disponibilidade<br />
continuarem a depender dos interesses dos fornecedores.<br />
É verdade: durante a fase de arranque, o projecto da <strong>Energiewende</strong><br />
também implica custos. Milhares de milhões de euros têm de ser<br />
investidos para criar uma nova infra-estrutura no sector da energia<br />
e implementar medidas de eficiência energética. Isto significa que<br />
a expansão das energias renováveis contribuiu para o aumento do<br />
preço médio da electricidade pago pelos consumidores privados <strong>alemã</strong>es<br />
nos últimos anos. Em 2007, pagaram em média 21 cêntimos por<br />
quilowatt-hora – hoje são 29 cêntimos. Com cada quilowatt-hora de<br />
electricidade, os cidadãos participam no financiamento da expansão<br />
das energias renováveis através da repartição de custos prevista pela<br />
Lei relativa às Energias Renováveis. Este encargo corresponde, em<br />
2019, a 6,4 cêntimos. Mas aquilo que, no final de contas, o cidadão paga<br />
depende da conjugação de diferentes factores de preço. Assim, o preço<br />
da energia eléctrica na bolsa tem vindo a diminuir consideravelmente<br />
devido à quantidade crescente de electricidade de fontes renováveis<br />
que é vendida nas bolsas de energia eléctrica. Ambos os elementos<br />
constitutivos do preço, a repartição de custos prevista pela Lei relativa<br />
às Energias Renováveis e o preço da energia eléctrica nas bolsas, têm<br />
vindo a diminuir ao longo dos últimos quatro anos. Assim, durante o<br />
mesmo período, os custos médios da energia eléctrica mantiveram-se<br />
estáveis para o consumidor privado. Com a mudança para um sistema<br />
de leilões, os custos para a produção de energias renováveis baixam e a<br />
conta de electricidade paga pelas famílias fica menos pesada.<br />
Também é importante para os cidadãos que a economia <strong>alemã</strong> não<br />
seja sobrecarregada. Elevados custos de energia influenciam os preços<br />
dos produtos de consumo e a competitividade das empresas. Por esta<br />
razão, a Alemanha isentou, parcialmente, empresas com um consumo<br />
intensivo de energia dos custos repartidos previstos na Lei relativa às<br />
Energias Renováveis. Simultaneamente, as empresas que usufruem<br />
desta isenção são chamadas a investir mais em eficiência energética.<br />
1994<br />
O primeiro automóvel eléctrico europeu<br />
produzido em série é lançado no mercado.<br />
1995<br />
Realiza-se, em Berlim, a primeira Conferência das Nações<br />
Unidas sobre o Clima Mundial. Começam as negociações<br />
sobre a redução global das emissões de gases de efeito estufa.
14 | A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong><br />
Protecção climática<br />
Reduzir os gases<br />
de efeito estufa<br />
A <strong>Energiewende</strong> é um elemento central da protecção do clima. A meta comum é limitar, a um<br />
nível sustentável, o impacto da mudança climática sobre o ser humano, a natureza e a economia.<br />
Segundo os cálculos do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC),<br />
o aquecimento global não poderá ultrapassar os 2°C em comparação com os níveis pré-industriais.<br />
Por esta razão, já só uma quantidade limitada de gases de efeito estufa poderá ser emitida.<br />
Uma vez que já se encontram na atmosfera 65% desta quantidade, são necessários enormes<br />
esforços globais e nacionais para reduzir as emissões dos gases de efeito estufa.<br />
A emissão de dióxido de carbono, causada sobretudo pela queima de combustíveis fósseis,<br />
tem o impacto maior sobre a mudança do clima. Na Alemanha e no mundo inteiro, mais de<br />
um terço de todos os gases de efeito estufa são emitidos por centrais eléctricas. Assim sendo,<br />
a transição para recursos neutros em termos climáticos, como as energias renováveis, constitui<br />
o elemento central da protecção climática.<br />
Metas climáticas e progressos alcançados<br />
Redução prevista e atingida de gases de efeito estufa (em comparação com 1990)<br />
Quem emite gases de efeito estufa?<br />
Todos os valores indicados em milhões de toneladas de equivalentes<br />
de CO 2<br />
em 2017<br />
Meta até<br />
2030<br />
-40% -23%<br />
Valor atingido até<br />
2016<br />
Europa<br />
(UE 28)<br />
Meta até<br />
2030<br />
no mínimo<br />
-55% -28%<br />
Valor atingido até<br />
2017<br />
Alemanha<br />
905 milhões de toneladas<br />
...<br />
328<br />
91<br />
171<br />
39<br />
193<br />
72<br />
10<br />
Sector de energia<br />
Residências<br />
Transporte<br />
Negócios, comércio, serviços<br />
Indústria<br />
Agricultura<br />
Outros<br />
© dpa/Luftbild Bertram © dpa/MiS<br />
1996<br />
A Europa decide liberalizar os seus mercados de electricidade e gás, antes<br />
restritos aos territórios nacionais. A Comissão Europeia publica a primeira<br />
estratégia comum para o desenvolvimento das energias renováveis.
© iStock/ querbeet<br />
A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong> | 15<br />
Redução das emissões de gases de efeito estufa pela Alemanha<br />
Todos os números indicados em milhões de toneladas de equivalentes de CO 2<br />
1.250<br />
1990<br />
1.121<br />
1995<br />
1.046<br />
2000<br />
994<br />
2005<br />
910<br />
2010<br />
905<br />
2017<br />
Já em 1997, com a assinatura do Protocolo de Quioto, a Alemanha havia<br />
assumido a responsabilidade de reduzir, até 2012, em 21% os seus<br />
gases de efeito estufa, em comparação com os níveis de 1990. Desde<br />
então, verificaram-se uma série de avanços. Em 2017, a redução atingida<br />
já perfazia 28%. Para obter um resultado económico equivalente<br />
a mil milhões de euros, as empresas na Alemanha emitem hoje apenas<br />
metade dos gases de efeito estufa que emitiam em 1990.<br />
Até ao ano de 2030, a Alemanha pretende aumentar significativamente<br />
os seus esforços, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa, no<br />
mínimo, em 55%. Até 2050, as emissões deverão baixar mesmo em até<br />
80 a 95% em comparação com os níveis de 1990. As metas nacionais<br />
estão alinhadas com a política europeia e internacional de protecção<br />
do clima. Os chefes de Estado e de Governo da UE decidiram reduzir as<br />
suas emissões de gases de efeito estufa em 20% até 2020 e, no mínimo,<br />
em 40%, até 2030. Em Dezembro de 2015, 195 países do mundo inteiro<br />
aprovaram o Acordo de Paris. Mediante metas de protecção do clima<br />
por eles mesmos definidas, pretendem limitar o aquecimento do<br />
planeta, no decorrer do século, a um nível consideravelmente abaixo<br />
de 2°C.<br />
Um dos instrumentos fundamentais da Europa para combater<br />
a mudança climática é o mercado de licenças de emissão que estipula<br />
um limiar superior para o total de poluentes emitidos por todos os<br />
participantes. Este é vinculativo para todos os grandes emissores de<br />
gases de efeito estufa e abrange uma grande parte das emissões de CO 2<br />
provenientes da indústria e do sector da energia. Para cada tonelada de<br />
gases de efeito estufa, as empresas têm de dispor de licenças de emissão<br />
em igual valor. Se não tiverem uma quantidade suficiente, poderão<br />
comprar licenças adicionais ou investir em tecnologias que protejam<br />
o clima. Assim, evitam-se emissões de CO 2<br />
onde é mais propício. Em<br />
todos os sectores participantes do mercado de licenças de emissão<br />
deverão ser emitidos, até 2030, menos 43% de gases de efeito estufa do<br />
que em 2005.<br />
Para que a Alemanha possa atingir as suas metas nacionais de redução,<br />
o Governo Federal aprovou o “Programa de Acção para a Protecção<br />
do Clima 2020” e o “Plano de Protecção do Clima 2050”. O Programa<br />
de Acção engloba várias medidas para aumentar a eficiência energética<br />
e tornar o transporte, a indústria e a agricultura mais ecológicos.<br />
O Plano de Protecção do Clima contém objectivos de redução de CO 2<br />
de longo prazo para os diversos sectores como, por exemplo, o sector<br />
da energia ou o sector industrial.<br />
1997<br />
É aprovado o Protocolo de Quioto para a redução global de gases de<br />
efeito estufa. Desde então, 191 Estados ratificaram o acordo.
16 | A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong><br />
Energia nuclear<br />
Abandono da energia nuclear<br />
O uso da energia nuclear para gerar electricidade provocou, durante décadas, fortes controvérsias<br />
na Alemanha. Muitos <strong>alemã</strong>es acham difícil avaliar os riscos desta tecnologia e temem as<br />
possíveis consequências de um acidente nuclear, seja para o ser humano, a natureza ou o meio<br />
ambiente. O acidente de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, que também contaminou partes da<br />
Alemanha, confirmou estes temores. Em 2000, o Governo Federal decidiu abandonar integralmente<br />
o uso da energia nuclear para a produção de electricidade, passando para um abastecimento<br />
energético baseado em fontes renováveis. O acordo alcançado com os operadores das<br />
centrais nucleares previa um prazo para o funcionamento das centrais existentes e uma proibição<br />
de construir novas centrais.<br />
© dpa/Uli Deck<br />
No ano de 2010, este plano foi modificado. Às centrais que ainda estavam em funcionamento<br />
foram concedidos prazos mais longos para que servissem de ponte até que a energia nuclear<br />
pudesse ser substituída completamente por energias renováveis. Depois do acidente nuclear no<br />
Japão, em Fukushima, em Março de 2011, o Governo Federal revogou esta decisão.<br />
Devido aos elevados riscos associados, o funcionamento das centrais nucleares envolve enormes<br />
custos para seguros e dispositivos de segurança, pelo que o abandono da energia nuclear<br />
faz sentido também em termos económicos.<br />
Quando serão desligadas as centrais nucleares?<br />
Redução da capacidade das centrais nucleares <strong>alemã</strong>s prevista até ao final de 2022<br />
Capacidade total<br />
das centrais nucleares<br />
Fukushima<br />
43 %<br />
Nov. 2003<br />
Maio 2005<br />
Ago. 2011<br />
57 %<br />
Maio 2015<br />
Dez. 2017<br />
Dez. 2019<br />
Dez. 2021<br />
Dez. 2022<br />
2000 2005 2010 2015 2020<br />
1998<br />
A Alemanha aprova uma lei para liberalizar o<br />
seu mercado de electricidade e gás.<br />
2000<br />
A Comissão Europeia publica a primeira estratégia comum para energias<br />
renováveis, eficiência energética e protecção do clima na Europa.
A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong> | 17<br />
© dpa/Jens Wolf<br />
Onde estão localizadas as centrais<br />
nucleares na Alemanha?<br />
Centrais desactivadas e centrais em funcionamento<br />
Quantidade máxima gerada num ano, em números<br />
Quantidade máxima de electricidade gerada num ano, em terawatts-hora<br />
Unterweser<br />
2011<br />
Lingen<br />
1997<br />
Philippsburg 1<br />
2011<br />
Emsland<br />
2022<br />
Mühlheim-Kärlich<br />
2001<br />
Biblis A + B<br />
2011<br />
Stade<br />
2003<br />
Philippsburg 2<br />
2019<br />
Neckarwestheim 1<br />
2011<br />
Brunsbüttel<br />
2011<br />
Obrigheim<br />
2005<br />
Brokdorf<br />
2021<br />
Krümmel<br />
2011<br />
Grohnde<br />
2021<br />
Würgassen<br />
1994<br />
Grafenrheinfeld<br />
2015<br />
Neckarwestheim 2<br />
2022<br />
Isar 1<br />
2011<br />
Gundremmingen B<br />
2017<br />
Gundremmingen C<br />
2021<br />
Isar 2<br />
2022<br />
Rheinsberg<br />
1990<br />
Greifswald<br />
1990<br />
Ano previsto para<br />
o encerramento<br />
Ano do encerramento<br />
Centrais nucleares<br />
já desactivadas<br />
Centrais nucleares<br />
em funcionamento<br />
171 TWh<br />
todas as centrais nucleares <strong>alemã</strong>s<br />
2001<br />
217 TWh<br />
todas as energias renováveis<br />
2017<br />
O Bundestag (parlamento <strong>alemã</strong>o) votou por larga maioria abandonar,<br />
o mais rapidamente possível, a utilização de energia nuclear para gerar<br />
electricidade. Várias centrais tiveram de encerrar a sua produção de<br />
electricidade quando a lei entrou em vigor. As restantes irão encerrar<br />
sucessivamente até ao final de 2022. Actualmente ainda há sete centrais<br />
nucleares na Alemanha a produzirem electricidade, fornecendo<br />
cerca de um oitavo da produção eléctrica total <strong>alemã</strong>.<br />
A necessária gestão dos resíduos radioactivos também demonstra<br />
até que ponto o uso da energia nuclear representa um desafio. Estes<br />
deverão ser armazenados em segurança e longe da biosfera, durante<br />
períodos muito longos, para garantir a protecção da população e do<br />
ambiente. Segundo a opinião dos especialistas, a melhor solução de armazenagem<br />
é uma deposição final em formações geológicas profundas.<br />
A Alemanha não quer exportar os seus resíduos radioactivos. Mas<br />
a procura de um local adequado para uma deposição final tem sido<br />
difícil. A população em lugares potencialmente adequados ou já explorados<br />
mostra-se geralmente oposta a tais medidas.<br />
Por esta razão, a Alemanha optou por uma nova abordagem que inclui todas<br />
as partes da sociedade num processo de busca transparente e cientificamente<br />
fundado. O objectivo é encontrar, até 2031, um lugar para uma<br />
armazenamento definitivo, sobretudo para resíduos altamente radioactivos.<br />
Este local terá de oferecer a maior segurança possível durante um<br />
período de um milhão de anos. A questão do armazenamento definitivo<br />
faz, por isso, aumentar ainda mais os custos da energia nuclear.<br />
Para resíduos de um nível de radioactividade baixo a médio a Alemanha<br />
já dispõe de um depósito definitivo autorizado, o depósito Konrad,<br />
que deverá funcionar a partir de 2022.<br />
2000<br />
A Lei relativa às Energias Renováveis entra em vigor na Alemanha<br />
e transforma-se no motor decisivo para o desenvolvimento das<br />
energias renováveis no país.<br />
2000<br />
O Governo Federal decide abandonar a energia nuclear. As<br />
centrais nucleares são autorizadas a operar durante um período<br />
total de, no máximo, 32 anos.
18 | A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong><br />
© dpa/Jens Büttner<br />
2002<br />
O primeiro regulamento relativo à poupança de energia entra em vigor. Define os<br />
requisitos para a eficiência energética de edifícios novos e edifícios já existentes.
A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong> | 19<br />
Economia e geração de valor<br />
«A <strong>Energiewende</strong> não fará com que muitas<br />
pessoas percam o seu emprego?»<br />
Elevados investimentos em centrais novas<br />
para todos os tipos de energias renováveis<br />
Investimentos anuais em centrais geradoras de energia na Alemanha<br />
em mil milhões de euros<br />
Emprego resultante das energias renováveis<br />
Número postos de trabalho na Alemanha em 2016<br />
160.200<br />
Energia eólica<br />
338.600<br />
postos de trabalho<br />
105.600<br />
45.200<br />
Biomassa<br />
Energia solar<br />
4,6<br />
2000<br />
27,3<br />
2010<br />
15,1<br />
2016<br />
20.300<br />
Energia geotérmica<br />
7.300<br />
Energia hídrica<br />
Não, pelo contrário: A <strong>Energiewende</strong> também compensa do ponto de<br />
vista económico: reduz a poluição e a emissão de gases de efeito estufa,<br />
promove as inovações, aumenta a criação de valor na Alemanha e evita<br />
custos de importação de energia. A maior parte das receitas provenientes<br />
do desenvolvimento das energias renováveis ou da renovação<br />
dos edifícios permanece no local, uma vez que as tarefas que requerem<br />
trabalho intensivo, como a instalação e a manutenção, são assumidas<br />
por empresas sediadas nas próprias regiões.<br />
O desenvolvimento das energias renováveis e os investimentos na<br />
eficiência energética criam novas profissões e postos de trabalho em<br />
sectores emergentes. As várias medidas para garantir a eficiência<br />
energética na indústria, no comércio e na renovação de prédios geraram<br />
mais de 560.000 novos postos de trabalho. E os investimentos em<br />
energias renováveis fizeram com que o número de empregados neste<br />
sector duplicasse em dez anos.<br />
Estes novos postos de trabalho em parte substituem empregos em sectores<br />
industriais marcados fortemente pelas matérias-primas fósseis –<br />
particularmente na exploração de petróleo, gás e carvão, bem como na<br />
produção de electricidade. Somam-se a estas as mudanças estruturais<br />
genéricas. Assim, por exemplo, a liberalização dos mercados de energia<br />
na Europa aumenta a competitividade, o que requer uma maior eficiência<br />
da parte das empresas. O conjunto de todos estes factores exige<br />
adaptações no mercado de trabalho, o que explica porque o número<br />
de empregados em empresas do sector de energia convencional tem<br />
vindo a diminuir ao longo dos últimos anos.<br />
2003<br />
A Europa aprova um regime vinculativo de comércio<br />
de licenças de emissão para gases de efeito estufa.<br />
2004<br />
O sector das energias renováveis emprega<br />
160.000 pessoas na Alemanha.
20 | A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong><br />
A <strong>Energiewende</strong> a nível global<br />
«A <strong>Energiewende</strong> talvez<br />
funcione na Alemanha –<br />
mas o que acontece em países<br />
cuja economia não é tão forte?»<br />
© dpa/epa Business Wire<br />
A <strong>Energiewende</strong> não é um luxo, mas sim um projecto que fomenta um desenvolvimento<br />
sustentável e lucrativo, promovendo a inovação, o crescimento, a prosperidade e o emprego<br />
em sectores com grande potencial de crescimento. Por isso, não é de admirar que em princípio<br />
todos os países do mundo queiram tornar o seu sistema energético mais sustentável.<br />
Nos últimos anos, o preço das tecnologias renováveis inovadoras, como a energia eólica<br />
e a energia solar, baixou consideravelmente no mundo inteiro. Os investimentos realizados<br />
desde cedo em investigação e desenvolvimento e o fomento das energias renováveis representaram<br />
uma contribuição significativa para o desenvolvimento de mercados em vários países<br />
industrializados, sobretudo na Alemanha.<br />
Quase todos os países querem desenvolver as energias renováveis<br />
Países com instrumentos políticos e metas para desenvolver as energias renováveis<br />
Mais do que um mecanismo de apoio<br />
Tarifa de alimentação/pagamento de prémios<br />
Quotas mínimas para energias renováveis<br />
Leilões<br />
Net metering – são contabilizados o consumo<br />
de electricidade e a injecção por parte<br />
de pequenas centrais fotovoltaicas, muitas<br />
vezes privadas<br />
Incentivos financeiros<br />
Não existe política de apoio ou sem dados<br />
disponíveis<br />
Graças à descida dos custos de investimento e aos já reduzidos custos operacionais, as energias<br />
renováveis actualmente já são competitivas em algumas regiões do mundo sem necessidade de<br />
subsídios. Na América do Norte e do Sul, parques eólicos e grandes centrais de energia solar, por<br />
exemplo, fornecem electricidade a preços mais acessíveis do que centrais novas à base de recursos<br />
fósseis. Países como a China, o Brasil, a <strong>África</strong> do Sul e a Índia são líderes no desenvolvimen-<br />
2005<br />
O comércio de licenças de emissão<br />
tem início na Europa. Todos os<br />
Estados- membros da UE participam.<br />
2007<br />
A União Europeia aprova um pacote de medidas em<br />
matéria de energia e clima para 2020 com objectivos<br />
vinculativos para o desenvolvimento das energias renováveis,<br />
da protecção do clima e da eficiência energética.<br />
2007<br />
Louis Palmer inicia a sua volta ao mundo<br />
com o «táxi solar», um automóvel que<br />
funciona apenas com energia solar.<br />
A viagem leva 18 meses.
A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong> | 21<br />
© dpa<br />
Onde se encontra a maior parte das centrais geradoras de energia renovável<br />
no mundo?<br />
Capacidade de geração de electricidade até 2017<br />
1 | EUA<br />
1 | Reino Unido<br />
Biomassa<br />
2 | China<br />
3 | Índia<br />
Energia eólica<br />
offshore<br />
2 | Alemanha<br />
3 | Dinamarca<br />
1 | EUA<br />
1 | China<br />
Energia<br />
geotérmica<br />
2 | Filipinas<br />
3 | Indonésia<br />
Energia eólica<br />
onshore<br />
2 | EUA<br />
3 | Alemanha<br />
1 | China<br />
1 | China<br />
Energia hídrica<br />
2 | Brasil<br />
3 | EUA<br />
Energia<br />
fotovoltaica<br />
2 | Japão<br />
3 | Alemanha<br />
to de energias renováveis. A sua expansão, porém, por vezes encontra<br />
obstáculos, uma vez que alguns países subsidiam combustíveis fósseis<br />
para manter os preços baixos ao consumidor. Com aproximadamente<br />
325 mil milhões de dólares por ano, estes subsídios representam mais<br />
do que o dobro dos apoios destinados às energias renováveis. Se tais<br />
recursos fossem utilizados em programas para melhorar a eficiência<br />
energética, estes passariam a dispor do triplo do valor actual.<br />
Sendo recursos locais, as energias renováveis reduzem a dependência<br />
da energia importada, bem como dos preços voláteis do mercado dos<br />
recursos fósseis. Podem dar um contributo fundamental para cobrir<br />
a crescente procura de energia em países emergentes e em desenvolvimento,<br />
sem aumentarem as emissões de gases de efeito estufa ou<br />
poluírem o ambiente local.<br />
Em regiões com uma infra-estrutura pouco desenvolvida, onde<br />
a electricidade é cara e produzida por geradores a diesel, as energias<br />
renováveis também constituem a opção mais barata. Centrais solares<br />
e parques eólicos podem ser instalados dentro de um período de tempo<br />
relativamente curto e necessitam de fases de planeamento e construção<br />
menos longas do que centrais a carvão ou centrais nucleares.<br />
Em muitos casos, as energias renováveis garantem que um grande<br />
número de pessoas tenha, pela primeira vez, acesso a energia eléctrica.<br />
Eis mais uma razão por que tantos países criaram programas de apoio<br />
às energias renováveis.<br />
A Alemanha empenha-se, a nível global, em promover uma política<br />
energética sustentável, inovadora e economicamente acessível<br />
e partilha as suas experiências da <strong>Energiewende</strong> com outros países.<br />
Existe, assim, uma estreita cooperação com os seus vizinhos europeus<br />
e parceiros internacionais. A Alemanha também tem um papel activo<br />
em organismos e organizações multilaterais. Além disso, mantém numerosas<br />
parcerias bilaterais sobre o tema da energia com países como<br />
a Índia, a China, a <strong>África</strong> do Sul, Marrocos, a Nigéria ou a Argélia.<br />
2008<br />
A Alemanha introduz um certificado energético para edifícios que informa sobre<br />
o consumo de energia e a qualidade energética dos edifícios.<br />
A nova Lei sobre Energias Renováveis e Calor prevê que, em construções novas,<br />
uma determinada parte do aquecimento seja gerada a partir de fontes renováveis.<br />
2009<br />
75 países fundam a Agência Internacional<br />
para as Energias Renováveis (IRENA).
22 | A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong><br />
A rede eléctrica<br />
Uma rede inteligente<br />
© dpa/Stefan Sauer<br />
A <strong>Energiewende</strong> necessita de uma infra-estrutura moderna e eficiente. Isto requer que sejam<br />
instaladas novas linhas de transmissão para a electricidade e que todo o sistema se torne mais<br />
flexível. Quando as centrais nucleares <strong>alemã</strong>s forem desactivadas, a geração de electricidade<br />
ficará a cargo, sobretudo, das centrais baseadas em fontes renováveis, localizadas no Norte e no<br />
Leste do país. Esta energia é requerida no Sul da Alemanha, onde será necessário substituir as<br />
centrais nucleares, além de ser uma região em que vivem muitas pessoas e onde estão sediadas<br />
grandes empresas industriais. Novas linhas de transmissão de electricidade, munidas de uma<br />
tecnologia altamente eficiente, deverão, assim, transportar energia dos parques eólicos do<br />
Norte e do Leste da Alemanha directamente para o Sul.<br />
A rede <strong>alemã</strong> de energia eléctrica<br />
mede 1,8 milhões de quilómetros<br />
Onde está a ser expandida a rede?<br />
Novas linhas de transmissão da rede de muito alta tensão previstas na Alemanha<br />
Projectos ainda não submetidos a aprovação<br />
HAMBURGO<br />
Projectos submetidos a aprovação<br />
BREMEN<br />
Projectos aprovados ou em construção<br />
Projectos realizados<br />
HANÔVER<br />
BERLIM<br />
Ponto de interconexão<br />
Cluster eólico offshore<br />
Conduta de ligação offshore<br />
DORTMUND<br />
LEIPZIG<br />
DÜSSELDORF<br />
DRESDEN<br />
COLÓNIA<br />
FRANKFURT<br />
am Main<br />
Isto equivale<br />
a 45<br />
vezes a circunferência da<br />
Terra na linha do equador<br />
ESTUGARDA<br />
NUREMBERGA<br />
MUNIQUE<br />
O mercado interno europeu da energia é o segundo motor da expansão da rede de transmissão<br />
de energia eléctrica na Alemanha. É necessária uma infra-estrutura sólida no interior dos<br />
países e para lá das suas fronteiras para que a electricidade possa fluir livremente em toda<br />
a Europa, tornando-se mais barata para o consumidor. De dois em dois anos, os operadores<br />
europeus de redes de transmissão apresentam um plano conjunto de desenvolvimento da rede.<br />
Todos os projectos <strong>alemã</strong>es estão incluídos neste plano.<br />
Os operadores de redes na Alemanha fazem as suas próprias avaliações quanto ao tipo de<br />
linhas de transmissão de que o país irá precisar nos próximos 10 a 20 anos. As suas sugestões<br />
são examinadas por uma autoridade estatal, a Agência Federal da Rede Eléctrica, num processo<br />
constituído por várias etapas e que conta com uma intensa participação do público. Mediante<br />
um processo de diálogo, a organização pondera qual a melhor solução para fazer jus às necessidades<br />
das pessoas, do ambiente e do sector económico.<br />
2009<br />
A Lei relativa à Expansão da Rede Eléctrica acelera o processo<br />
de aprovação de novas linhas de muito alta tensão.<br />
2010<br />
O Governo Federal aprova um plano de energia com uma estratégia de<br />
longo prazo para o abastecimento energético da Alemanha até 2050.
A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong> | 23<br />
© dpa/euroluftbild.de/Hans Blossey<br />
«A <strong>Energiewende</strong> é o projecto<br />
'Homem para a lua' da Alemanha.»<br />
Frank-Walter Steinmeier, Presidente Federal<br />
Também a rede de transmissão terá de ser adaptada à <strong>Energiewende</strong>.<br />
Originalmente foi concebida apenas para distribuir energia eléctrica<br />
aos consumidores, funcionando como uma via de sentido único. Hoje<br />
quase todos os painéis solares e muitas turbinas eólicas alimentam<br />
a rede com a electricidade que produzem. Tudo o que não for utilizado<br />
no local flui na direcção oposta. Além disso, a energia gerada a partir<br />
de fontes renováveis oscila consoante as condições meteorológicas.<br />
Quando o sol brilha, o sistema fotovoltaico produz uma grande quantidade<br />
de electricidade, em tempo nublado esta reduz-se rapidamente.<br />
Para que o desempenho das redes de distribuição permaneça estável<br />
apesar da produção oscilante, será necessário transformá-las em redes<br />
inteligentes. Em tais “smart grids”, todos os actores comunicam entre<br />
si, desde a geração da energia, passando pelo transporte, pelo armazenamento<br />
e pela distribuição até ao consumidor final. Assim, a produção<br />
de electricidade e o seu consumo podem ser coordenados de forma<br />
mais eficaz, efectuando ajustes a curto prazo.<br />
Como funciona uma rede inteligente (smart grid)?<br />
Diagrama simplificado de actores, infra-estrutura e canais de comunicação<br />
Rede de transporte,<br />
rede de distribuição<br />
Controlo e comunicação<br />
Contadores inteligentes<br />
Produção de electricidade<br />
Energias convencionais e energias renováveis<br />
Consumidores<br />
Residências, indústria, comércio<br />
Mercado<br />
Fornecimento, serviços<br />
e comércio de energia<br />
Trânsito<br />
para países vizinhos na UE<br />
Mobilidade<br />
Automóveis, transporte<br />
público urbano<br />
Armazenamento<br />
Baterias,sistemas<br />
de armazenamento<br />
2010<br />
A UE adopta uma directiva sobre o desempenho energético dos edifícios.<br />
A partir de 2021, todas as construções novas deverão ser edifícios com<br />
necessidade quase nula de energia.<br />
2010<br />
A Agência Alemã de Energia publica um estudo sobre a necessária<br />
expansão da rede, considerando que cerca de 40%<br />
da procura total de electricidade na Alemanha será gerada a<br />
partir de fontes renováveis.
24 | A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong><br />
Garantia de fornecimento<br />
«Será que pode haver uma garantia<br />
de fornecimento se tanta energia<br />
depende do vento e do sol?»<br />
© dpa/Moravic Jakub<br />
Também no futuro os <strong>alemã</strong>es poderão contar com um fornecimento estável de electricidade.<br />
O abastecimento energético na Alemanha é dos melhores do mundo. Durante as 8.760 horas do<br />
ano, o fornecimento de electricidade é interrompido, em média, apenas durante 12,8 minutos.<br />
Este valor até melhorou nos últimos anos – apesar da crescente quantidade de energia gerada<br />
com base no vento e no sol.<br />
Cortes de electricidade são algo muito raro acontecer na Alemanha<br />
Duração média dos apagões em minutos, em 2013<br />
10,0 Luxemburgo<br />
11,3 Dinamarca<br />
12,8 Alemanha (2016)<br />
15,0 Suíça<br />
15,3 Alemanha (2013)<br />
23,0 Países Baixos<br />
68,1 França<br />
70,8 Suécia<br />
254,9 Polónia<br />
360,0 Malta<br />
Cortes no fornecimento de energia eléctrica raramente são devidos a oscilações na produção de<br />
electricidade. Em geral, são provocados por factores externos ou por falhas humanas. Foi o que<br />
aconteceu também durante o último grande apagão, ocorrido em diversas partes da Alemanha<br />
a 4 de Novembro de 2006. A causa deste corte de algumas horas foi a desconexão rotineira,<br />
programada, de uma linha de transmissão, o que provocou uma sobrecarga em outras linhas<br />
e levou a uma reacção em cadeia na rede europeia. Depois deste incidente, as medidas de segurança<br />
na Alemanha e nos países europeus vizinhos sofreram ainda várias melhorias.<br />
Para prevenir congestionamentos no abastecimento, a Alemanha, por exemplo, definiu uma<br />
quantidade fixa de energia de reserva a ser garantida por centrais suplementares. Estas são<br />
importantes sobretudo nos meses de Inverno, uma vez que, nesta época do ano, o consumo<br />
de energia é extremamente elevado e os parques eólicos <strong>alemã</strong>es estão no seu período mais<br />
produtivo. Se, porventura, as redes estiverem sobrecarregadas devido à alta quantidade de<br />
electricidade transportada do Norte para o Sul, as centrais de reserva no Sul do país entram em<br />
acção.<br />
2011<br />
Em Fukushima, no Japão, ocorre um grave acidente numa central nuclear.<br />
A Alemanha decide abandonar o uso de energia nuclear para a geração de<br />
electricidade até 2022, mais cedo do que o originalmente previsto. Oito<br />
centrais antigas são desconectadas imediatamente.<br />
2011<br />
A Comissão Europeia publica o «Energy Roadmap 2050», uma<br />
estratégia de longo prazo para a protecção do clima e o abastecimento<br />
energético na Europa.
A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong> | 25<br />
© dpa/euroluftbild.de/Hans Blossey<br />
Actualmente, as energias renováveis já asseguram, em certas horas,<br />
mais de 60% do abastecimento de electricidade na Alemanha. Estes<br />
valores irão continuar a aumentar nos próximos anos. As várias fontes<br />
de energias renováveis complementam-se mutuamente. Projectos-<br />
-piloto mostraram que a electricidade produzida nos vários tipos<br />
de centrais pode ser combinada e que, em conjunto, a fiabilidade do<br />
fornecimento é muito mais elevada. Nas horas em que não faz sol nem<br />
sopra o vento, entram em actividade centrais convencionais flexíveis.<br />
Sobretudo centrais a gás, mas também centrais de armazenamento<br />
por bombagem e centrais de bioenergia têm condições de fornecer<br />
energia rapidamente. A médio e longo prazo, tais períodos deficitários<br />
deverão ser superados com a ajuda de acumuladores de energia.<br />
Um papel importante cabe aos próprios consumidores de electricidade.<br />
Estes podem ser estimulados a consumir mais energia quando esta<br />
está à disposição em grande quantidade, por exemplo em períodos de<br />
vento intenso. Consumidores de grande escala, como fábricas e armazéns<br />
frigoríficos, poderão assim contribuir para aliviar significativamente<br />
o sistema.<br />
O grande desafio é a reestruturação do mercado de electricidade.<br />
A Alemanha iniciou um processo de reforma nesta área e começou<br />
a implementar as primeiras medidas. Uma condição importante é a flexibilidade.<br />
Todos os actores no mercado da electricidade terão de reagir<br />
da melhor forma possível às oscilações de energia solar ou eólica. Ao<br />
mesmo tempo, é necessário que haja concorrência entre as diferentes<br />
opções complementares, a fim de manter os custos gerais reduzidos.<br />
Por último, mas não menos importante, a integração dos mercados<br />
regionais de electricidade da Europa, antes separados, e a expansão<br />
transnacional das redes contribui também na Alemanha para uma<br />
maior estabilidade e flexibilidade.<br />
Oscilações na produção de energia a partir de fontes renováveis<br />
Produção de electricidade a partir de todas as fontes de energia e consumo de electricidade na Alemanha no decorrer de 2017<br />
100 GW<br />
Geração e consumo de electricidade<br />
80 GW<br />
60 GW<br />
40 GW<br />
20 GW<br />
0 GW<br />
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro 18<br />
Centrais convencionais<br />
Energia solar Energia eólica onshore Energia eólica offshore Energia hídrica Biomassa<br />
Consumo de electricidade<br />
2012<br />
Na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, realizada<br />
em Doha, a vigência do Protocolo de Quioto é prorrogada até 2020.<br />
2012<br />
A Alemanha adopta a primeira Lei relativa ao Plano de<br />
Consumo Nacional para a necessária expansão da rede de<br />
transmissão de energia eléctrica.
26 | A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong><br />
Armazenamento<br />
Energia em reserva<br />
© dpa/Hannibal Hanschke<br />
Em 2050, 80% da energia deverá provir de fontes renováveis, principalmente de parques eólicos<br />
e centrais fotovoltaicas. Mas se, de repente, não fizer sol nem houver vento na Alemanha, será<br />
necessário um sistema de abastecimento de energia eléctrica capaz de se adaptar com rapidez<br />
e flexibilidade a tais situações. Sistemas de armazenamento de energia poderão ser uma<br />
solução. Em períodos de muito vento e sol, estes sistemas acumulam electricidade que poderá<br />
ser disponibilizada, de acordo com as necessidades existentes, durante períodos de calmaria,<br />
à noite ou quando o céu estiver encoberto.<br />
Armazenamento dentro da própria casa:<br />
as baterias<br />
Combinação de sistema fotovoltaico e bateria para consumo<br />
próprio e injecção na rede<br />
Aproveitar os reservatórios naturais:<br />
centrais de bombagem<br />
Diagrama de um sistema de armazenamento de energia por bombagem<br />
Sistema fotovoltaico<br />
Reservatório superior<br />
Motor/<br />
gerador<br />
Turbina-bomba<br />
1.<br />
2.<br />
Armazenamento<br />
em bateria<br />
Transformador<br />
Reservatório inferior<br />
Autoconsumo:<br />
uso directo<br />
da electricidade solar<br />
ou da electricidade<br />
acumulada em bateria<br />
A electricidade excedentária<br />
é injectada na rede<br />
1.<br />
Armazenar energia<br />
A electricidade (excedentária) move<br />
a turbina, a água é bombeada para<br />
dentro do reservatório superior<br />
2.<br />
Libertar energia armazenada<br />
A água corre para baixo, move a turbina, a turbina<br />
produz electricidade e alimenta a rede<br />
100.000 sistemas de armazenamento em bateria em funcionamento 9,2 GW de capacidade geradora em funcionamento, 4,5 GW em construção<br />
Existem numerosas modalidades de armazenamento de energia. As opções de curto prazo,<br />
como as baterias, os condensadores e os volantes de inércia, podem reter e libertar energia<br />
eléctrica várias vezes ao dia. A sua capacidade, porém, é limitada.<br />
Para armazenar electricidade durante um período mais longo, usam-se principalmente, na<br />
Alemanha, as centrais de armazenamento por bombagem. Estas centrais, que em parte se<br />
encontram no Luxemburgo e na Áustria, dispõem actualmente de uma capacidade de cerca de<br />
nove gigawatts conectados à rede <strong>alemã</strong>. Ainda que isto confira à Alemanha a maior capacidade<br />
de armazenamento por bombagem da União Europeia, as suas possibilidades de expansão<br />
são limitadas. Existe, por esta razão, uma intensa cooperação com países que dispõem de<br />
grandes capacidades de armazenamento. Estes são, em primeira linha, a Áustria, a Suíça e a<br />
Noruega.<br />
2013<br />
O primeiro automóvel novo com<br />
motor puramente eléctrico passa a<br />
ser produzido em grande escala na<br />
Alemanha.<br />
2013<br />
A primeira central do mundo do<br />
tipo «power-to-gas» em escala<br />
industrial entra em actividade na<br />
Alemanha.<br />
2014<br />
A Alemanha revê a Lei relativa às Energias<br />
Renováveis. Esta contempla, pela primeira vez,<br />
metas de expansão anuais e acelera o processo<br />
de integração no mercado.
A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong> | 27<br />
© Paul Langrock<br />
Os reservatórios de ar comprimido são outra alternativa para armazenar<br />
energia a longo prazo. Aqui, a energia excedente é utilizada para<br />
comprimir ar em reservatórios subterrâneos, por exemplo em cavernas<br />
de sal. Em caso de necessidade, o ar comprimido move um gerador<br />
e produz, por sua vez, electricidade.<br />
Ainda mais promissor do que o armazenamento de longo prazo parece<br />
ser a conversão da electricidade em gás (power-to-gas). Neste caso,<br />
a electricidade produzida a partir de fontes renováveis é transformada<br />
via electrólise em hidrogénio ou gás natural sintético. As vantagens:<br />
o hidrogénio e o gás natural podem ser armazenados, utilizados directamente<br />
ou injectados na rede de gás natural. Trata-se de substâncias<br />
fáceis de transportar e que podem ser utilizadas de maneira flexível.<br />
Havendo necessidade, as centrais poderão transformá-las novamente<br />
em electricidade e calor e os consumidores poderão utilizá-las para<br />
cozinhar, aquecer a casa ou abastecer um veículo.<br />
Por esta razão, o Governo Federal incentiva a investigação e o desenvolvimento<br />
para reduzir os custos dos sistemas de armazenamento de<br />
energia. Em 2011 criou a iniciativa “Armazenamento”. Além disso, desde<br />
2013 que o Governo Federal promove pequenas baterias descentralizadas<br />
ligadas a instalações fotovoltaicas. Um novo campo de aplicação<br />
para as baterias é a rápida compensação de pequenas oscilações na rede<br />
eléctrica. Deste modo, também os carros eléctricos, quando não estão a<br />
ser utilizados, podem contribuir para a estabilidade do abastecimento<br />
de energia eléctrica. O lançamento de tais sistemas de baterias no mercado<br />
deverá impulsionar a pesquisa e a inovação e reduzir os custos.<br />
Nos próximos anos, a procura por sistemas de armazenamento de<br />
electricidade deverá crescer especialmente na construção de automóveis<br />
eléctricos. Só a longo prazo, quando a quota-parte das energias<br />
renováveis no abastecimento eléctrico for muito elevada, se prevê que<br />
todas as tecnologias de armazenamento na rede eléctrica comecem a<br />
apresentar custos mais moderados. A curto e médio prazo é preferível<br />
apostar em outras medidas, menos caras, como a expansão da rede<br />
ou o controlo da produção e do consumo para garantir uma maior<br />
eficiência energética.<br />
Conversão de electricidade em gás<br />
Princípio de funcionamento da electrólise e da metanização e potenciais aplicações<br />
Geração excedentária a partir<br />
de energias renováveis<br />
Electrólise<br />
Metanização<br />
H 2 (Hidrogénio)<br />
H 2 (Hidrogénio)<br />
CH 4 (Metano)<br />
H 2 (Hidrogénio)<br />
Rede de gás natural<br />
Depósito de gás<br />
Uso industrial Mobilidade<br />
Geração de electricidade Calefacção<br />
15 projectos-piloto em funcionamento, 6 em construção ou em fase de planeamento<br />
2014<br />
A UE adopta metas relativas à energia e ao clima para o ano<br />
de 2030: redução dos gases de efeito estufa em 40%, quota-<br />
-parte de energias renováveis de, pelo menos, 27% e redução<br />
do consumo de energia em, pelo menos, 27%.<br />
2014<br />
A Alemanha aprova o Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética e<br />
começa a implantar o «Programa de Acção para a Protecção do Clima 2020».<br />
Com uma quota-parte de 27,4% no consumo de electricidade, as energias<br />
renováveis passam a ser, pela primeira vez, a fonte de energia mais importante<br />
da Alemanha.
28 | A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong><br />
Os cidadãos e a <strong>Energiewende</strong><br />
«E que benefícios traz<br />
a <strong>Energiewende</strong> para os<br />
cidadãos?»<br />
A <strong>Energiewende</strong> só será bem-sucedida se puder contar com o apoio da população – e isto<br />
depende em primeira linha do fornecimento de energia a preços acessíveis para o consumidor<br />
privado. Mas os cidadãos também podem beneficiar directamente da reestruturação do fornecimento<br />
de energia. Assim, muitas pessoas procuram aconselhamento sobre as possibilidades<br />
de poupar energia em casa.<br />
Quem trocar um sistema de aquecimento obsoleto por um novo ou renovar a sua casa, poderá<br />
recorrer a créditos bonificados e apoios do Estado. Quem quiser alugar um apartamento novo<br />
receberá automaticamente informações sobre o consumo de energia e os respectivos custos.<br />
E quem quiser comprar uma máquina de lavar roupa, um computador ou um candeeiro poderá<br />
verificar numa etiqueta o grau de eficiência do respectivo produto.<br />
Quantas centrais estão nas mãos de cidadãos?<br />
Parcela da potência instalada para a geração de electricidade a partir de fontes renováveis, por grupos de proprietários<br />
42%<br />
16%<br />
Cidadãos<br />
Fornecedores de energia<br />
(proprietários individuais, membros de sociedades<br />
e cooperativas de energia, detentores de participações sociais)<br />
41%<br />
Investidores<br />
(investidores institucionais e estratégicos)<br />
© dpa/Westend61/Tom Chance © dpa/Bodo Marks<br />
2015<br />
A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas<br />
reúne-se em Paris. 195 Estados decidem limitar o aquecimento do<br />
planeta a, no máximo, 2°C.<br />
2016<br />
No dia 4 de Novembro entra em vigor o Acordo de Paris sobre o clima.<br />
A Alemanha reestrutura o sistema de apoio às energias renováveis: a partir de<br />
2017 são realizados leilões para todas as tecnologias.
dpa/Marc Ollivier<br />
A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong> | 29<br />
Os cidadãos também estão envolvidos activamente no mercado clássico<br />
da energia. A electricidade e o calor já não são gerados apenas por<br />
pequenos ou grandes produtores de energia, mas sim pelos próprios<br />
cidadãos. São proprietários de painéis solares, investem em parques<br />
eólicos ou operam unidades de biogás. Muitos dos mais de 1,5 milhões<br />
de sistemas fotovoltaicos na Alemanha estão instalados nos telhados<br />
de casas unifamiliares. Os cidadãos investiram em cerca de metade<br />
das turbinas eólicas do país. No caso da bioenergia, praticamente metade<br />
de todos os investimentos foi assumida por agricultores.<br />
Quem não tem a possibilidade de construir ou financiar a tecnologia<br />
requerida pelas energias renováveis por conta própria, poderá<br />
juntar-se a outros. Existem cerca de 850 cooperativas de energia com<br />
mais de 180.000 associados que, em conjunto, investem em projectos<br />
da <strong>Energiewende</strong>. Estes investimentos já são possíveis com quantias<br />
a partir dos 100 euros.<br />
Além disso, existem múltiplas formas de os cidadãos influenciarem<br />
a configuração concreta da <strong>Energiewende</strong>. Podem, por exemplo,<br />
exprimir as suas preocupações e opiniões quando a instalação de<br />
um novo parque eólico está planeada na sua região. Têm um papel<br />
particularmente activo no planeamento da construção de linhas de<br />
transmissão para o transporte de grandes quantidades de electricidade<br />
pela Alemanha. Aqui, os cidadãos podem envolver-se durante a fase<br />
de identificação da necessidade de expansão e partilhar os seus pontos<br />
de vista. Também as fases subsequentes, desde o planeamento até<br />
à decisão final acerca do trajecto concreto que as linhas de transmissão<br />
deverão seguir, contam com a participação do público. Adicionalmente,<br />
a Agência Federal de Redes e os operadores das redes fornecem<br />
amplas informações sobre os projectos de redes de transmissão antes<br />
mesmo do início dos procedimentos formais.<br />
Estas actividades são complementadas pela iniciativa «Diálogo Social<br />
Rede de Energia», que conta com gabinetes locais e organiza diálogos<br />
nas regiões onde estão previstos projectos de expansão, com interlocutores<br />
fixos para todos os assuntos relacionados com a ampliação da<br />
rede. Este processo de discussão, fomentado desde cedo, permite que<br />
os projectos energéticos possam ser implantados com maior facilidade<br />
e garante uma aceitação melhor dos mesmos por parte do público.<br />
Como os cidadãos podem beneficiar da <strong>Energiewende</strong> em casa?<br />
Veja algumas possibilidades de como aumentar a eficiência energética e utilizar as energias renováveis tomando como<br />
exemplo uma casa unifamiliar dos anos 1970<br />
-13% de energia<br />
Isolamento do telhado<br />
60-70% das necessidades energéticas (electricidade)<br />
Sistema fotovoltaico com armazenamento em bateria<br />
-10% de energia<br />
Vidros triplos<br />
-22% de energia<br />
Isolamento da fachada<br />
-80% de energia<br />
Iluminação com LEDs em vez<br />
de lâmpadas convencionais<br />
-5% de energia<br />
Isolamento do tecto da cave<br />
-15% de energia<br />
Modernização do sistema de aquecimento<br />
100% de calor para uso próprio<br />
Bomba de calor para aquecimento e água quente<br />
2018<br />
O Conselho e o Parlamento da União Europeia chegam a um acordo<br />
sobre um regulamento para um sistema de gestão visando o apoio<br />
à ampliação e à utilização de energias renováveis na UE.
30 | A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong><br />
Glossário<br />
Aquecimento com pellets<br />
Pellets de madeira são bolinhas ou bastõezinhos<br />
de aparas de madeira ou serragem submetidas<br />
a prensagem. São queimados em sistemas de<br />
aquecimento especiais. Devido à prensagem,<br />
apresentam alta densidade energética e ocupam,<br />
ainda assim, menos espaço de armazenagem do<br />
que, por exemplo, a lenha. Os sistemas de aquecimento<br />
que trabalham com pellets de madeira são<br />
climaticamente neutros porque durante a combustão<br />
só é libertada a quantidade de dióxido de<br />
carbono que a planta havia absorvido durante<br />
o seu tempo de vida.<br />
Armazenamento em volantes de inércia<br />
Os sistemas de armazenamento em volantes de<br />
inércia podem absorver, por um curto período,<br />
os excedentes de electricidade da rede.<br />
A energia eléctrica, neste caso, é armazenada<br />
mecanicamente. Um motor eléctrico acciona<br />
um volante. A energia eléctrica é transformada<br />
em energia rotativa. Para recuperar a mesma, o<br />
volante move, em caso de necessidade, um motor<br />
eléctrico. De modo semelhante às baterias,<br />
também os volantes prestam-se a uma estrutura<br />
modular. O princípio técnico fundamental é conhecido<br />
desde a Idade Média, ainda que na altura<br />
não estivesse correlacionado com a corrente<br />
eléctrica. Os volantes são utilizados, sobretudo,<br />
para absorver repentinos picos de produção e<br />
devolver rapidamente a energia à rede.<br />
Armazenamento por bombagem<br />
Armazenamento por bombagem ou centrais<br />
de armazenamento por bombagem são uma<br />
tecnologia com provas dadas quando se trata de<br />
armazenar energia. Os excedentes de electricidade<br />
da rede são utilizados para bombear água para<br />
dentro de um reservatório de retenção localizado<br />
a um nível mais elevado. Quando houver uma pro-<br />
cura de electricidade adicional, a água é escoada e<br />
acciona uma turbina que produz electricidade.<br />
Bateria<br />
As baterias são depósitos químicos para cargas<br />
eléctricas. Ao serem conectadas a um circuito<br />
eléctrico, descarregam-se e a electricidade flui.<br />
Baterias recarregáveis também são utilizadas<br />
em conexão com as energias renováveis, em<br />
sistemas fotovoltaicos, por exemplo. Neste<br />
contexto, fala-se de sistemas de armazenamento<br />
em baterias. As baterias só podem acumular<br />
uma quantidade limitada de carga eléctrica,<br />
dependendo da sua capacidade (medida em<br />
amperes-hora – Ah).<br />
Bomba de calor<br />
Bombas de calor extraem energia térmica<br />
do ambiente circundante, por exemplo, das<br />
camadas mais profundas do solo. Este calor<br />
é utilizado para produzir água quente ou aquecer<br />
edifícios. A electricidade necessária para tal<br />
pode ser produzida a partir de fontes renováveis<br />
de energia. O frigorífico funciona segundo<br />
o mesmo princípio: arrefece o seu interior, mas<br />
liberta calor para o exterior.<br />
Car-sharing<br />
No car-sharing, vários utilizadores partilham<br />
o mesmo automóvel. Para este efeito, tornam-<br />
-se, em geral, clientes de uma firma que<br />
é a proprietária dos automóveis. Quando<br />
necessitam de um automóvel, podem alugá-lo.<br />
O car-sharing difere do aluguer tradicional<br />
na medida em que é também possível alugar<br />
uma viatura a curto prazo e por um período<br />
relativamente curto como, por exemplo, por<br />
30 minutos. Muitos municípios criaram espaços<br />
de estacionamento privilegiados para as ofertas<br />
de car-sharing. Também poderão permitir que<br />
veículos de car-sharing circulem nas faixas de<br />
transportes públicos.<br />
Casa passiva<br />
Casas passivas são construções de muito baixo<br />
consumo energético. Na União Europeia, todas<br />
as construções novas erigidas depois de 2021<br />
deverão obedecer a este requisito. Para instituições<br />
públicas, a directiva já valerá a partir de 2019.<br />
Para tais construções na Alemanha, a procura<br />
energética primária não deve ultrapassar, por ano,<br />
40 kWh por metro quadrado.<br />
Célula de combustível<br />
Células de combustível são minúsculas centrais<br />
de energia que transformam energia química<br />
em energia eléctrica produzindo, desta maneira,<br />
electricidade. São utilizadas, por exemplo, para<br />
accionar veículos eléctricos ou em regiões não conectadas<br />
à rede eléctrica. Como matérias-primas,<br />
muitas vezes apenas são necessários hidrogénio<br />
e oxigénio. Esta forma de gerar energia não<br />
provoca gases de efeito estufa, mas apenas vapor<br />
de água. O hidrogénio necessário para gerar electricidade<br />
pode ser produzido a partir de energias<br />
renováveis (veja conversão de electricidade em<br />
gás, power-to-gas). Mas também existem células<br />
de combustível que utilizam outros materiais de<br />
base, como, por exemplo, o metanol.<br />
Central de energia de reserva<br />
Centrais de energia de reserva entram em actividade<br />
se, de repente, surgem congestionamentos<br />
no abastecimento de energia. Uma vez que têm<br />
de ser ligadas e desligadas com grande rapidez, as<br />
mais propícias são as centrais a gás.
A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong> | 31<br />
Comércio de licenças de emissão<br />
Emissões de CO 2<br />
têm um valor de mercado na<br />
Europa. O sector da energia e grande parte da<br />
indústria são obrigados a apresentar, por cada<br />
tonelada de gases de efeito estufa que emitem,<br />
licenças de emissão correspondentes. Caso as<br />
licenças de que dispõem não sejam suficientes,<br />
terão de comprá-las em bolsas especializadas. Se<br />
conseguirem reduzir as suas emissões, poderão<br />
vender as licenças que lhes sobram. Uma vez<br />
que o total de licenças disponíveis diminui ano<br />
após ano, as empresas sentem-se estimuladas a<br />
investir em medidas de poupança de energia ou a<br />
utilizarem tecnologias que não têm um impacto<br />
tão negativo sobre o clima.<br />
Condensadores<br />
Os condensadores podem armazenar energia<br />
eléctrica durante um curto período de tempo. Um<br />
condensador é formado por dois componentes,<br />
p.ex. bolas ou chapas de metal. Um componente<br />
tem carga positiva e o outro carga negativa. Se os<br />
dois estiverem conectados, a corrente eléctrica<br />
flui até que as cargas fiquem equilibradas.<br />
Consumo bruto de electricidade<br />
Para calcular o consumo bruto de energia eléctrica<br />
de um país, soma-se a electricidade produzida<br />
no país com as importações de electricidade do<br />
estrangeiro. Deduz-se deste valor a quantidade de<br />
electricidade exportada.<br />
Electricidade produzida no país<br />
+ Electricidade importada<br />
- Electricidade exportada<br />
----------------------------------------------<br />
= Consumo bruto de electricidade<br />
Consumo de energia final<br />
Entende-se por energia final a energia que<br />
realmente chega ao consumidor. Factores<br />
como a perda de potência ou as perdas devidas<br />
ao rendimento das centrais energéticas foram<br />
deduzidos deste indicador. Se, em contrapartida,<br />
surgirem perdas no âmbito do consumidor,<br />
como, por exemplo, as resultantes do<br />
sobreaquecimento de uma fonte de alimentação,<br />
estas são consideradas como consumo de<br />
energia final.<br />
Conversão de electricidade em gás (electrólise,<br />
metanização)<br />
A conversão de electricidade em gás (power-to-<br />
-gas) é uma tecnologia que permite armazenar,<br />
a longo prazo, os excedentes de energia eléctrica.<br />
Num processo subdividido em duas fases,<br />
produz-se gás a partir da electricidade. Este<br />
é armazenado em depósitos de gás e pode ser<br />
distribuído através da rede de gás. O primeiro<br />
passo consiste em utilizar a electricidade para<br />
decompor a água em oxigénio e hidrogénio<br />
através da electrólise. O hidrogénio produzido<br />
pode ser injectado directamente, em quantidades<br />
limitadas, na rede de gás ou então, num segundo<br />
passo (metanização), transformado em<br />
outro gás. Da metanização resultam, a partir do<br />
hidrogénio e adicionando dióxido de carbono,<br />
metano e água. Metano é o componente principal<br />
do gás natural e pode ser injectado sem<br />
problemas na rede de gás.<br />
Cooperativas de energia<br />
As cooperativas, tal como nós as conhecemos<br />
hoje na Alemanha, correspondem a uma ideia<br />
consolidada, oriunda do século XIX. Friedrich<br />
Wilhelm Raiffeisen e Hermann Schulze-Delitzsch<br />
fundaram, simultaneamente, as primeiras<br />
cooperativas <strong>alemã</strong>s. Várias pessoas com os<br />
mesmos interesses económicos unem-se<br />
e obtêm, assim, uma posição mais forte no<br />
mercado, por exemplo, como sócios de uma<br />
cooperativa de compras. Este tipo específico de<br />
empresa é regulado, na Alemanha, por uma lei<br />
própria. No sector do abastecimento energético<br />
existem cooperativas há muito tempo.<br />
Durante o período inicial da electrificação na<br />
Alemanha, sobretudo as regiões rurais não<br />
conseguiam competir com as grandes cidades.<br />
Eis a razão para a fundação de cooperativas de<br />
energia com o fim de garantir o abastecimento<br />
próprio com electricidade. Algumas cooperativas<br />
de energia ainda existem hoje em dia. Com<br />
a <strong>Energiewende</strong>, o modelo das cooperativas<br />
assiste a um renascimento. A maior parte dos<br />
sócios são pessoas privadas que financiam, por<br />
exemplo, a construção de sistemas de energia<br />
solar ou de parques eólicos.<br />
Corredor de expansão<br />
Os corredores de expansão permitem que<br />
o desenvolvimento das energias renováveis seja<br />
mais previsível, que a integração na rede de<br />
energia seja mais bem conseguida e que o consumidor<br />
possa fazer face aos custos adicionais.<br />
Para cada tecnologia relativa à energia renovável,<br />
a Lei relativa às Energias Renováveis define<br />
um corredor com meta própria. Se a potência<br />
recém-instalada ultrapassa, num ano, o valor<br />
superior, reduzem-se, no ano seguinte, as taxas<br />
de apoio. Se as construções ficarem aquém do<br />
previsto conforme o corredor, a redução das
32 | A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong><br />
tarifas de apoio será mais baixa ou mesmo<br />
anulada.<br />
Eficiência energética<br />
A eficiência energética indica o valor do<br />
benefício em função da energia utilizada,<br />
ou seja, quanta energia alguém tem de usar<br />
para obter um determinado benefício. Quanto<br />
maior for a eficiência energética, tanto menor<br />
será a quantidade de energia gasta para<br />
obter este benefício. Um edifício com uma<br />
elevada eficiência energética necessita, para<br />
o aquecimento e a climatização, de menos<br />
energia do que uma construção idêntica com<br />
eficiência energética baixa. A produção industrial<br />
e o transporte são outras áreas em que<br />
a eficiência energética se torna cada vez mais<br />
importante. Medidas que garantem a eficiência<br />
energética tornam-se interessantes para as<br />
empresas se elas conseguirem economizar<br />
mais recursos do que gastaram para implementar<br />
tais medidas. Também os consumidores<br />
privados podem contribuir para a poupança<br />
energética utilizando electrodomésticos altamente<br />
eficientes. Em muitos países, os frigoríficos,<br />
os aparelhos de televisão, as máquinas<br />
de lavar roupa etc. apresentam uma etiqueta<br />
energética que permite reconhecer rapidamente<br />
qual o grau de eficiência do aparelho.<br />
Energia primária/consumo de energia<br />
primária<br />
A energia primária é a soma da energia resultante<br />
de fontes energéticas como o carvão,<br />
o petróleo, o sol e o vento. No processo de<br />
conversão em energia final (vide Consumo de<br />
energia final) surgem, dependendo da fonte<br />
de energia original, perdas mais ou menos<br />
elevadas, por exemplo, na produção de electricidade<br />
e no transporte. Por isso, o consumo de<br />
energia primária sempre é mais elevado do que<br />
o consumo de energia final.<br />
Energias renováveis<br />
Fazem parte das energias renováveis a energia<br />
eólica, a energia solar (energia fotovoltaica,<br />
energia solar térmica), a energia geotérmica,<br />
a biomassa, a energia hídrica e a energia dos<br />
oceanos. Na energia hídrica faz-se uma distinção<br />
parcial: as centrais mini-hídricas pertencem,<br />
segundo muitas estatísticas, às energias<br />
renováveis; grandes centrais hidroeléctricas<br />
a partir de uma potência instalada de 50 megawatts<br />
muitas vezes não são incluídas nas<br />
energias renováveis.<br />
Ao contrário das fontes convencionais de energia<br />
como o carvão, o petróleo, o gás e a energia<br />
nuclear, as energias renováveis não consomem<br />
matérias-primas finitas para produzir<br />
electricidade. Uma excepção é a biomassa. Ela<br />
apenas é considerada como neutra em termos<br />
climáticos no caso de não serem processadas<br />
mais matérias-primas do que as que crescem<br />
durante o mesmo período de tempo.<br />
A energia geotérmica repetidas vezes é alvo<br />
de crítica. As intervenções geológicas podem<br />
provocar terramotos ou fazer com que o solo<br />
se eleve tanto que os edifícios construídos no<br />
local já não possam ser habitados.<br />
Equivalente CO 2<br />
O equivalente CO 2<br />
é um valor comparativo<br />
para o impacto de uma composição química<br />
sobre o efeito estufa, considerado geralmente<br />
durante um período de 100 anos. Ao dióxido de<br />
carbono (CO 2<br />
) é atribuído o valor um. Se uma<br />
substância tem um equivalente CO 2<br />
de 25, então<br />
a emissão de um quilograma deste material<br />
é 25 vezes mais nociva do que a emissão de um<br />
quilograma de CO 2<br />
. Importante: o equivalente<br />
CO 2<br />
nada diz sobre o contributo real de um<br />
composto para a mudança do clima.<br />
Fase escura<br />
Fases durante as quais as turbinas eólicas e os<br />
painéis fotovoltaicos não podem fornecer<br />
energia eléctrica chamam-se fases escuras.<br />
O caso extremo surge em noites sem vento, de<br />
céu encoberto e lua nova. Em tais fases, outras<br />
fontes de energia ou a energia armazenada<br />
anteriormente deverão ser utilizadas para<br />
responder à procura de electricidade.<br />
Gases de efeito estufa<br />
Os gases de efeito estufa transformam<br />
a atmosfera de modo tal que os raios solares<br />
reflectidos pela superfície da Terra não são<br />
irradiados de volta para o espaço, mas sim<br />
reflectidos de novo pela atmosfera, voltando<br />
a incidir sobre a superfície terrestre. Contribuem<br />
assim substancialmente para o aquecimento<br />
do planeta, tendo um efeito semelhante<br />
ao de uma estufa. O gás de efeito estufa mais<br />
conhecido é o dióxido de carbono, que resulta<br />
principalmente da combustão de recursos<br />
fósseis como o petróleo, o gás e o carvão. Outros<br />
gases de efeito estufa são, por exemplo,<br />
o metano e os clorofluorocarbonetos (CFCs).<br />
Leilão<br />
Desde 2017, as tarifas de apoio para novos<br />
parques eólicos ou grandes sistemas fotovoltaicos<br />
são calculadas mediante leilões. São<br />
leiloados vários projectos ao mesmo tempo<br />
e os potenciais interessados devem apresentar<br />
uma proposta sobre o valor da tarifa inicial<br />
para os respectivos projectos. Em vez de uma<br />
remuneração fixada por lei, calcula-se, assim,<br />
um preço de mercado justo para a electricidade<br />
produzida com energias renováveis. Para<br />
testar e melhorar o procedimento, já foram<br />
realizadas, em 2015, três rondas de leilões para<br />
grandes projectos fotovoltaicos.
A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong> | 33<br />
Mercado interno europeu<br />
Os Estados-membros da União Europeia formam<br />
um mercado interno que garante a livre<br />
circulação, para além das fronteiras nacionais,<br />
de mercadorias, serviços, capital e, com limitações,<br />
também de pessoas. Ao ultrapassarem<br />
a fronteira, as mercadorias e os serviços já não<br />
estão sujeitos a direitos aduaneiros ou a outras<br />
taxas. Também a energia eléctrica, o gás<br />
e o petróleo fluem de país para país. A infra-<br />
-estrutura actualmente existente em termos<br />
de linhas de transmissão de energia eléctrica<br />
e condutas de gás, porém, ainda é insuficiente<br />
para garantir um mercado interno de energia<br />
eficiente. Além disso, também faz falta uma<br />
regulamentação uniforme e transnacional. Nos<br />
próximos anos, ambas as condições deverão<br />
ser satisfeitas a fim de garantir preços de energia<br />
eléctrica mais estáveis na UE e aumentar<br />
a segurança do abastecimento.<br />
Produtividade energética<br />
A produtividade energética indica qual<br />
é o valor gerado a nível económico (parcela do<br />
produto interno bruto) por unidade de energia<br />
consumida. Em relação à economia de um<br />
país, toma-se como base de cálculo a energia<br />
primária.<br />
Protocolo de Quioto<br />
Em 1997, as Partes da Convenção-Quadro<br />
das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima<br />
(UNFCCC) chegaram a acordo, em Quioto, no<br />
Japão, sobre as metas para a redução das emissões<br />
de gases de efeito estufa até 2012. Como<br />
base de comparação serve o ano de 1990.<br />
O acordo foi ratificado por 190 países. Na Conferência<br />
das Nações Unidas sobre as Mudanças<br />
Climáticas em Doha foi definido um segundo<br />
período obrigatório até 2020. O Protocolo de<br />
Quioto é um precursor do Acordo de Paris, de<br />
Dezembro de 2015, no qual até ao momento<br />
196 Partes da UNFCCC acordaram limitar<br />
o aquecimento do planeta a menos de 2°C.<br />
Rede eléctrica – rede de muito alta tensão –<br />
rede de distribuição<br />
A rede eléctrica é a via que transporta a corrente<br />
eléctrica. Na Alemanha e em muitos<br />
outros países, a rede eléctrica apresenta quatro<br />
níveis que trabalham com voltagens diferentes:<br />
muito alta tensão (220 ou 380 kV), alta tensão<br />
(60 a 220 kV), média tensão (6 a 60 kV) e baixa<br />
tensão (230 ou 400 V). A rede de baixa tensão<br />
abastece consumidores privados como as<br />
residências. As redes de muito alta tensão trabalham<br />
aproximadamente com uma tensão mil<br />
vezes maior, transportando grandes quantidades<br />
de corrente eléctrica ao longo de grandes<br />
distâncias. Através da rede de alta tensão, a<br />
corrente eléctrica continua a ser distribuída<br />
até às redes de média e baixa tensão. Redes de<br />
média tensão dão seguimento à distribuição e<br />
abastecem também os grandes consumidores<br />
como a indústria e os hospitais. Os consumidores<br />
privados recebem a sua electricidade das<br />
redes de baixa tensão.<br />
Rede inteligente (smart grid)<br />
Uma rede inteligente é uma rede de abastecimento<br />
inteligente na qual todos os componentes<br />
comunicam entre si, começando pelo<br />
produtor, passando pelas linhas de transmissão<br />
e sistemas de armazenamento de energia, até<br />
chegar ao consumidor. Este processo é garantido<br />
mediante uma transmissão de dados<br />
digital automatizada. A rápida comunicação<br />
ajuda a evitar gargalos e excedentes na geração<br />
da electricidade e a ajustar o fornecimento<br />
de energia às necessidades de todas as partes<br />
envolvidas. Sobretudo a injecção irregular na<br />
rede de electricidade proveniente de fontes renováveis<br />
exige tais soluções. Simultaneamente,<br />
as redes inteligentes permitem controlar<br />
a procura através de modelos flexíveis quanto<br />
ao preço da electricidade.<br />
Renovação de edifícios<br />
Com uma renovação energética são tratados<br />
os pontos vulneráveis de um edifício nos quais<br />
se perde mais energia do que seria necessário,<br />
tendo em vista o estado actual da tecnologia.<br />
Possíveis medidas de melhoria são, por exemplo,<br />
o isolamento térmico das paredes e do<br />
telhado ou a instalação de janelas térmicas.<br />
Outro passo é a modernização do sistema de<br />
aquecimento.<br />
Repartição de custos nos termos da Lei<br />
relativa às Energias Renováveis/regime de<br />
repartição<br />
Ao abrigo da Lei relativa às Energias Renováveis,<br />
o conjunto dos consumidores de energia<br />
eléctrica na Alemanha financia, através de<br />
encargos partilhados e somados ao preço da<br />
electricidade, os custos adicionais que provêm<br />
da geração de electricidade a partir de energias<br />
renováveis. O valor do montante repartido resulta<br />
da diferença entre as taxas de remuneração<br />
pagas às empresas operadoras e as receitas<br />
da comercialização da electricidade na bolsa<br />
de energia. As empresas com procura muito<br />
elevada de energia não são obrigadas a pagar<br />
a quantia total.
34 | A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong><br />
Reservatório de ar comprimido<br />
Num reservatório de ar comprimido, a energia<br />
eléctrica é usada para armazenar ar sob pressão<br />
num sistema subterrâneo de cavernas. Em<br />
caso de necessidade, o ar comprimido pode<br />
ser expelido mediante uma turbina, produzindo,<br />
assim, electricidade. Por enquanto, esta<br />
tecnologia ainda não tem sido utilizada com<br />
muita frequência. É, porém, considerada como<br />
uma das opções para armazenar excedentes de<br />
energia produzidos a partir de fontes renováveis.<br />
Uma formação geológica segura para os<br />
reservatórios são as cavernas de sal, esvaziadas<br />
e hermeticamente fechadas. Na preparação<br />
das mesmas, há que enfrentar alguns desafios<br />
geológicos. Porque se o sistema se mostrar<br />
instável a posteriori, não existem maneiras<br />
de ainda o estabilizar. Também não se deve<br />
perturbar o estado de tensão das formações<br />
rochosas circundantes.<br />
Tarifa de alimentação<br />
A Lei relativa às Energias Renováveis garante<br />
aos operadores de parques eólicos e centrais<br />
de energia solar, durante um determinado<br />
período, uma remuneração mínima da electricidade<br />
por eles produzida. Para o cálculo<br />
da quantia a ser remunerada é determinante<br />
o primeiro ano de funcionamento. A remuneração<br />
reduz-se ano após ano, uma vez que<br />
o progresso tecnológico e a utilização mais ampla<br />
de tecnologias fazem com que os custos de<br />
investimento baixem continuamente. Em vez<br />
das antigas tarifas de alimentação fixas, entrará<br />
em vigor, na Alemanha, nos próximos anos, um<br />
sistema de leilões (vide leilão).<br />
Resíduos radioactivos<br />
Os resíduos radioactivos resultam, por exemplo,<br />
da utilização de energia nuclear para produzir<br />
electricidade. Por meio da fissão nuclear,<br />
materiais radioactivos contidos em barras de<br />
combustível dão origem a novas substâncias.<br />
A partir de certo ponto, estas já não podem ser<br />
utilizadas, mas continuam a ser radioactivas.<br />
Trata-se, no início, de isótopos dos elementos<br />
urânio, plutónio, neptúnio, iodo, césio, estrôncio,<br />
amerício, cobalto e outros. Ao passar pelas<br />
cadeias de desintegração, formam-se, com<br />
o tempo, substâncias radioactivas adicionais.<br />
Estes resíduos têm de ser armazenados de<br />
forma segura e durante um período muito<br />
longo a fim de evitar danos para o ser humano<br />
e a natureza. Resíduos altamente radioactivos<br />
têm de ser armazenados em lugar seguro, no<br />
mínimo durante um milhão de anos. Resíduos<br />
de radioactividade média requerem menos<br />
tempo de armazenamento, resíduos de baixa<br />
radioactividade quase já não requerem medidas<br />
de protecção. Mas também estes têm de ser<br />
armazenados a longo prazo e de forma segura.
A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong> | 35<br />
Fontes<br />
AG Energiebilanzen e.V. (2017):<br />
Energieverbrauch in Deutschland im Jahr 2016.<br />
Agora <strong>Energiewende</strong> (2017): Agorameter –<br />
Stromerzeugung und Stromverbrauch.<br />
Auswärtiges Amt (2015): Rede von Frank-<br />
Walter Steinmeier zur Eröffnung des Berlin<br />
Energy Transition Dialogue 2015.<br />
BMWi und BMBF: Energiespeicher –<br />
Forschung für die <strong>Energiewende</strong>.<br />
Bundesamt für Strahlenschutz (2016):<br />
Kernkraftwerke in Deutschland:<br />
Meldepflichtige Ereignisse seit Inbetriebnahme.<br />
Bundesministerium für Umwelt, Naturschutz,<br />
Bau und Reaktorsicherheit (2015):<br />
Atomenergie – Strahlenschutz.<br />
Bundesministerium für Umwelt, Naturschutz<br />
und nukleare Sicherheit (2018): Klimaschutz<br />
in Zahlen.<br />
Bundesministerium für Wirtschaft und<br />
Energie (2014): Die Energie der Zukunft.<br />
Erster Fortschrittsbericht zur <strong>Energiewende</strong>.<br />
Bundesministerium für Wirtschaft und<br />
Energie (2014): Zweiter Monitoring-Bericht<br />
„Energie der Zukunft“.<br />
Bundesministerium für Wirtschaft und<br />
Energie (2015): Die Energie der Zukunft.<br />
Fünfter Monitoringbericht zur <strong>Energiewende</strong>.<br />
Bundesministerium für Wirtschaft und<br />
Energie (2015): Eckpunkte Energieeffizienz.<br />
Bundesministerium für Wirtschaft und<br />
Energie (2015): Erneuerbare Energien<br />
in Zahlen. Nationale und Internationale<br />
Entwicklung im Jahr 2014.<br />
Bundesministerium für Wirtschaft und<br />
Energie (2015): EU-Energieeffizienz-Richtlinie.<br />
Bundesministerium für Wirtschaft und<br />
Energie (2016): Bruttobeschäftigung durch<br />
erneuerbare Energien in Deutschland und<br />
verringerte fossile Brennstoffimporte durch<br />
erneuerbare Energien und Energieffizienz.<br />
Bundesministerium für Wirtschaft und<br />
Energie (2016): Energiedaten: Gesamtausgabe.<br />
Stand November 2016.<br />
Bundesministerium für Wirtschaft und<br />
Energie (2016): Erneuerbare Energien auf<br />
einen Blick.<br />
Bundesministerium für Wirtschaft und<br />
Energie (2017): Energieeffizienz zahlt sich für<br />
deutsche Haushalte aus.<br />
Bundesministerium für Wirtschaft und<br />
Energie (2018): Energie der Zukunft – Sechster<br />
Monitoringbericht zur <strong>Energiewende</strong>.<br />
Bundesnetzagentur (2015): EEG-Fördersätze<br />
für PV-Anlagen. Degressions- und Vergütungssätze<br />
Oktober bis Dezember 2015.<br />
Bundesnetzagentur (2017): EEG in Zahlen.<br />
Bundesnetzagentur; Bundeskartellamt (2016):<br />
Monitoringbericht 2016.<br />
Bundesregierung (2015): Die Automobilindustrie:<br />
eine Schlüsselindustrie unseres<br />
Landes.<br />
Bundesverband CarSharing (2018):<br />
Aktuelle Zahlen und Daten zum CarSharing in<br />
Deutschland.<br />
Bundesverband der Energie- und Wasserwirtschaft<br />
(2014): Stromnetzlänge entspricht<br />
45facher Erdumrundung.<br />
Bundesverband der Energie- und Wasserwirtschaft<br />
e.V. (2016): BDEW zum Strompreis der<br />
Haushalte. Strompreisanalyse Mai 2016.<br />
Council of European Energy Regulators (2015):<br />
CEER Benchmarking Report 5.2 on the<br />
Continuity of Electricity Supply – Data update.<br />
BSW-Solar (2018): Meilenstein der Energie -<br />
wende: 100.000ster Solarstromspeicher<br />
installiert.<br />
Deutsche Energie Agentur GmbH (2012):<br />
Der dena-Gebäudereport 2012. Statistiken<br />
und Analysen zur Energieeffizienz im<br />
Gebäudebestand.<br />
Deutsche Energie Agentur GmbH (2018):<br />
Der dena-Gebäudereport 2018. Statistiken<br />
und Analysen zur Energieeffizienz im<br />
Gebäudebestand.<br />
Deutsche Energie-Agentur (2013): Power to<br />
Gas. Eine innovative Systemlösung auf dem<br />
Weg zur Marktreife.<br />
Deutsche Energie-Agentur (2015):<br />
Pilotprojekte im Überblick.<br />
Deutscher Bundestag (2011): Novelle des<br />
Atomenergiegesetzes 2011.<br />
DGRV – Deutscher Genossenschafts- und<br />
Raiffeisenverband e.V. (2014): Energiegenossenschaften.<br />
Ergebnisse der Umfrage<br />
des DGRV und seiner Mitgliedsverbände.<br />
EnBW (2015): Pumpspeicherkraftwerk Forbach<br />
– So funktioniert ein Pumpspeicherkraftwerk.<br />
Energy Information Administration (2018):<br />
International Energy Statistics.<br />
entsoe (2014): 10-year Network Development<br />
Plan 2014.<br />
European Environment Agency (2016):<br />
Annual Euro pean Union greenhouse gas<br />
inventory 1990-2014.
36 | A <strong>Energiewende</strong> <strong>alemã</strong><br />
Filzek, D., Göbel, T., Hofmann, L. et al. (2014):<br />
Kombikraftwerk 2 Abschlussbericht.<br />
GWS (2013) Gesamtwirtschaftliche Effekte<br />
energie- und klimapolitischer Maßnahmen der<br />
Jahre 1995 bis 2012.<br />
Heinrich-Böll-Stiftung (2018):<br />
Energieatlas 2018.<br />
IEA (2016): World Energy Outlook 2016<br />
Summary, November 2016.<br />
Intergovernmental Panel on Climate Change<br />
(2014): Climate Change 2014. Synthesis Report.<br />
International Renewable Energy Agency (2015):<br />
Renewable Power Generation Costs in 2014.<br />
IRENA (2015): Renewable power generation<br />
cost in 2014.<br />
KfW (2015): Energieeffizient bauen und<br />
sanieren. KfW-Infografik.<br />
Kraftfahrt-Bundesamt (2018): Fahrzeugbestand<br />
in Deutschland.<br />
Merkel, A. (2015): Rede von Bundeskanzlerin<br />
Merkel zum Neujahrsempfang des Bundesverbands<br />
Erneuerbare Energie e.V. (BEE) am<br />
14. Januar 2015.<br />
Ratgeber Geld sparen (2015):<br />
Kühlschrank A+++ Ratgeber und Vergleich.<br />
Stand November 2015.<br />
REN21 (2017): Renewables 2017. Global Status<br />
Report. 2017.<br />
Statistische Ämter des Bundes und der Länder<br />
(2014): Gebiet und Bevölkerung – Haushalte.<br />
Statistisches Bundesamt (2017):<br />
Bevölkerungsstand.<br />
Statistisches Bundesamt (2018):<br />
Bruttoinlandsprodukt 2017 für Deutschland.<br />
Statistisches Bundesamt (2015): Preise.<br />
Erzeugerpreise gewerblicher Produkte<br />
(Inlandsabsatz) Preise für leichtes Heizöl,<br />
schweres Heizöl, Motorenbenzin und<br />
Dieselkraftstoff. Lange Reihen.<br />
Statistisches Bundesamt (2015): Umsätze<br />
in der Energie-, Wasser- und Entsorgungswirtschaft<br />
2013 um 1,6% gesunken.<br />
Statistisches Bundesamt: Umweltökonomische<br />
Gesamtrechnungen, Werte für 2015 unter<br />
https://www.destatis.de/<br />
trend:reseach Institut für Trend- und<br />
Marktforschung, Leuphana Universität<br />
Lüneburg (2013): Definition und Marktanalyse<br />
von Bürgerenergie in Deutschland.<br />
Umweltbundesamt (2015): Emissionsberichterstattung<br />
Treibhausgase Emissionsentwicklung<br />
1990-2013 – Treibhausgase.<br />
Umweltbundesamt (2015): Nationale Trendtabellen<br />
für die deutsche Berichterstattung<br />
atmosphärischer Emissionen 1990-2013.<br />
Umweltbundesamt (2015): Presseinfo 14/2015:<br />
UBA-Emissionsdaten 2014 zeigen Trendwende<br />
beim Klimaschutz.<br />
Umweltbundesamt (2016): Treibhausgas-<br />
Emissionen in Deutschland.<br />
Umweltbundesamt (2016): UBA-Emissionsdaten<br />
für 2015 zeigen Notwendigkeit für<br />
konsequente Umsetzung des Aktionsprogramms<br />
Klimaschutz 2020.<br />
Umweltbundesamt/Arbeitsgemeinschaft<br />
Energiebilanzen (2018):<br />
Indikator Energieverbrauch.<br />
Zetsche, D. (2009): Rede auf dem World<br />
Mobility Forum in Stuttgart, Januar 2009.
© dpa/Catrinus Van Der Veen<br />
Referências<br />
Publicado por<br />
Auswärtiges Amt<br />
Werderscher Markt 1<br />
10117 Berlim<br />
Tel. : +49 30 1817-0<br />
www.diplo.de<br />
Redacção/Projecto gráfico<br />
Edelman.ergo GmbH, Berlim<br />
Diamond media GmbH, Neunkirchen-Seelscheid