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Whiz 5ª Edição

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A aproximação dos gêneros<br />

aconteceu também em diversos<br />

outros momentos da história, com<br />

o movimento hippie, por exemplo.<br />

A liberdade que o movimento<br />

buscava permitia que mulheres<br />

e homens dividissem suas roupas,<br />

criando um estilo unissex<br />

para a época. Durante os anos<br />

posteriores, Yves Saint Laurent,<br />

ao incorporar a ideia, produziu<br />

o Le Smoking e o mundo viu ícones<br />

como Mick Jagger e David Bowie<br />

quebrarem paradigmas ao fazerem<br />

o mesmo.<br />

Era isso. Para a época, o unissex era<br />

o termo utilizado para as roupas<br />

que poderiam vestir tanto o gênero<br />

masculino como o feminino,<br />

mas como tudo muda, a palavra<br />

atualmente pode ser considerada<br />

ultrapassada. Uma vez que a questão<br />

de gênero apresenta pluralidade,<br />

existe agora um termo mais atual,<br />

que além de abranger os mais<br />

variados sexos, propõe a inexistência<br />

dos gêneros, principalmente<br />

quando se fala de moda.<br />

O plurissex apresenta a ideia de que<br />

a moda deveria ser feita para pessoas,<br />

ou seja, sem ser definida por certo<br />

e errado. Com o surgimento<br />

desse pensamento, diversas marcas<br />

tentaram produzir coleções que<br />

atendessem a essa expectativa.<br />

A primeira a se destacar foi a inglesa<br />

Selfridges, que há pouco tempo<br />

cancelou as divisões entre<br />

masculino e feminino.<br />

A Zara também quis proporcionar<br />

uma nova experiência e lançou<br />

recentemente a coleção batizada<br />

de Ungenered, peças que poderiam<br />

ser utilizadas por qualquer pessoa,<br />

independente do gênero com o qual<br />

ela se identifica. Mas seria essa<br />

a solução?<br />

Para Bruno Henrique, 19 anos,<br />

dono de uma loja virtual que adere<br />

a essa proposta, essa nova revolução<br />

da moda é totalmente necessária<br />

e a concepção de ser sem gênero<br />

vai muito além. “É totalmente<br />

necessária essa revolução. O nogender<br />

(sem gênero) ultrapassa a linha<br />

do Unissex que já vimos há algum<br />

tempo. Não é o pijama ou aquela<br />

roupa que você pode usar em casa<br />

mesmo sendo menina ou menino.<br />

É além disso. É poder estar<br />

confortável aonde quiser e como<br />

quiser, como se sente em relação<br />

ao que você é. Ainda temos<br />

um grande caminho a percorrer,<br />

a indústria da moda está começando<br />

a digerir a ideia do sem gênero. ”<br />

A linha do consumidor está<br />

mudando: “eu gosto e eu uso”<br />

é o novo lema, e as marcas<br />

ainda estão tentando entender<br />

e se adaptar a isso gradualmente.<br />

Neste ano, quando a C&A buscou<br />

caminhar pela neutralidade em sua<br />

coleção “Tudo lindo e misturado”,<br />

colocou um homem usando<br />

um vestido floral em sua campanha.<br />

Grande avanço. Mas ao que parece<br />

se restringiu apenas a propaganda,<br />

dado que nas lojas tudo continuava<br />

da mesma maneira de sempre.<br />

Foi a partir de 2011 que a discussão<br />

acerca dos gêneros ficou mais<br />

evidente quando a modelo trans<br />

Andreja Pejic desfilou a coleção<br />

feminina de Jean Paul Gaultier<br />

e a masculina de Marc Jacobs.<br />

Na ocasião, Andreja surgiu de menino<br />

e menina, dependendo da ocasião,<br />

gerando assim um debate que<br />

perdura até os dias de hoje, mas<br />

é evidente que se tem um longo<br />

caminho a seguir.<br />

Para aqueles que optam pela<br />

neutralidade como Bruno,<br />

precisam enfrentar um outro<br />

fator: o preconceito. “Eu me sinto<br />

cada dia mais feliz e livre para<br />

poder usar o que eu quiser, sem<br />

ter receio ou vergonha de mim.<br />

Geralmente em lugares de grande<br />

massa, as pessoas sempre me olham<br />

estranho. Tem quem gosta e elogia,<br />

e tem quem fica rindo”, diz Bruno.<br />

Quando perguntado se algum dia<br />

a sociedade estará evoluída a ponto<br />

de ser isenta de preconceitos, completa<br />

dizendo que “a sociedade caminha para<br />

a evolução e acredito sim que em<br />

um futuro próximo estaremos<br />

cada vez mais nos desconstruindo<br />

e melhorando nossa forma de lidar<br />

com o próximo.”<br />

Unissex<br />

Nascido nos anos 1960, esse termo<br />

abrange tudo aquilo que pode ser<br />

usado por ambos os sexos feminino<br />

e masculino.<br />

Plurissex<br />

Atualmente utilizado, compreende<br />

a ideia de uma mesma moda para<br />

todos os gêneros e/ou a inexistência<br />

desses.<br />

Cross- dressing<br />

Estilo que remete à expressão de<br />

gênero oposto ao seu próprio.<br />

Ex: homens vestindo roupas<br />

socialmente ditas femininas.<br />

Androginia<br />

Fusão de características masculinas<br />

e femininas atribuídas à personalidade<br />

da pessoa.<br />

Agênero<br />

Identidade de indivíduos que não se<br />

identificam com nenhum gênero.<br />

Genderfluid<br />

Identidade de indivíduos que<br />

transitam entre os gêneros e/ou<br />

expressam-nos simultaneamente.<br />

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