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A aproximação dos gêneros<br />
aconteceu também em diversos<br />
outros momentos da história, com<br />
o movimento hippie, por exemplo.<br />
A liberdade que o movimento<br />
buscava permitia que mulheres<br />
e homens dividissem suas roupas,<br />
criando um estilo unissex<br />
para a época. Durante os anos<br />
posteriores, Yves Saint Laurent,<br />
ao incorporar a ideia, produziu<br />
o Le Smoking e o mundo viu ícones<br />
como Mick Jagger e David Bowie<br />
quebrarem paradigmas ao fazerem<br />
o mesmo.<br />
Era isso. Para a época, o unissex era<br />
o termo utilizado para as roupas<br />
que poderiam vestir tanto o gênero<br />
masculino como o feminino,<br />
mas como tudo muda, a palavra<br />
atualmente pode ser considerada<br />
ultrapassada. Uma vez que a questão<br />
de gênero apresenta pluralidade,<br />
existe agora um termo mais atual,<br />
que além de abranger os mais<br />
variados sexos, propõe a inexistência<br />
dos gêneros, principalmente<br />
quando se fala de moda.<br />
O plurissex apresenta a ideia de que<br />
a moda deveria ser feita para pessoas,<br />
ou seja, sem ser definida por certo<br />
e errado. Com o surgimento<br />
desse pensamento, diversas marcas<br />
tentaram produzir coleções que<br />
atendessem a essa expectativa.<br />
A primeira a se destacar foi a inglesa<br />
Selfridges, que há pouco tempo<br />
cancelou as divisões entre<br />
masculino e feminino.<br />
A Zara também quis proporcionar<br />
uma nova experiência e lançou<br />
recentemente a coleção batizada<br />
de Ungenered, peças que poderiam<br />
ser utilizadas por qualquer pessoa,<br />
independente do gênero com o qual<br />
ela se identifica. Mas seria essa<br />
a solução?<br />
Para Bruno Henrique, 19 anos,<br />
dono de uma loja virtual que adere<br />
a essa proposta, essa nova revolução<br />
da moda é totalmente necessária<br />
e a concepção de ser sem gênero<br />
vai muito além. “É totalmente<br />
necessária essa revolução. O nogender<br />
(sem gênero) ultrapassa a linha<br />
do Unissex que já vimos há algum<br />
tempo. Não é o pijama ou aquela<br />
roupa que você pode usar em casa<br />
mesmo sendo menina ou menino.<br />
É além disso. É poder estar<br />
confortável aonde quiser e como<br />
quiser, como se sente em relação<br />
ao que você é. Ainda temos<br />
um grande caminho a percorrer,<br />
a indústria da moda está começando<br />
a digerir a ideia do sem gênero. ”<br />
A linha do consumidor está<br />
mudando: “eu gosto e eu uso”<br />
é o novo lema, e as marcas<br />
ainda estão tentando entender<br />
e se adaptar a isso gradualmente.<br />
Neste ano, quando a C&A buscou<br />
caminhar pela neutralidade em sua<br />
coleção “Tudo lindo e misturado”,<br />
colocou um homem usando<br />
um vestido floral em sua campanha.<br />
Grande avanço. Mas ao que parece<br />
se restringiu apenas a propaganda,<br />
dado que nas lojas tudo continuava<br />
da mesma maneira de sempre.<br />
Foi a partir de 2011 que a discussão<br />
acerca dos gêneros ficou mais<br />
evidente quando a modelo trans<br />
Andreja Pejic desfilou a coleção<br />
feminina de Jean Paul Gaultier<br />
e a masculina de Marc Jacobs.<br />
Na ocasião, Andreja surgiu de menino<br />
e menina, dependendo da ocasião,<br />
gerando assim um debate que<br />
perdura até os dias de hoje, mas<br />
é evidente que se tem um longo<br />
caminho a seguir.<br />
Para aqueles que optam pela<br />
neutralidade como Bruno,<br />
precisam enfrentar um outro<br />
fator: o preconceito. “Eu me sinto<br />
cada dia mais feliz e livre para<br />
poder usar o que eu quiser, sem<br />
ter receio ou vergonha de mim.<br />
Geralmente em lugares de grande<br />
massa, as pessoas sempre me olham<br />
estranho. Tem quem gosta e elogia,<br />
e tem quem fica rindo”, diz Bruno.<br />
Quando perguntado se algum dia<br />
a sociedade estará evoluída a ponto<br />
de ser isenta de preconceitos, completa<br />
dizendo que “a sociedade caminha para<br />
a evolução e acredito sim que em<br />
um futuro próximo estaremos<br />
cada vez mais nos desconstruindo<br />
e melhorando nossa forma de lidar<br />
com o próximo.”<br />
Unissex<br />
Nascido nos anos 1960, esse termo<br />
abrange tudo aquilo que pode ser<br />
usado por ambos os sexos feminino<br />
e masculino.<br />
Plurissex<br />
Atualmente utilizado, compreende<br />
a ideia de uma mesma moda para<br />
todos os gêneros e/ou a inexistência<br />
desses.<br />
Cross- dressing<br />
Estilo que remete à expressão de<br />
gênero oposto ao seu próprio.<br />
Ex: homens vestindo roupas<br />
socialmente ditas femininas.<br />
Androginia<br />
Fusão de características masculinas<br />
e femininas atribuídas à personalidade<br />
da pessoa.<br />
Agênero<br />
Identidade de indivíduos que não se<br />
identificam com nenhum gênero.<br />
Genderfluid<br />
Identidade de indivíduos que<br />
transitam entre os gêneros e/ou<br />
expressam-nos simultaneamente.<br />
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