20.09.2018 Views

Whiz 4ª Edição

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

porque nao<br />

porque sim<br />

T.C: A figura “negra” foi criada. Virou<br />

um estereótipo. E não vai ser quebrado<br />

com você gritando na rua, fazendo<br />

mimimi, tendo intolerância. Isso vai ser<br />

quebrado a partir do momento que não<br />

precisar mais ser quebrado. Por exemplo,<br />

consciência negra é feriado. Existe<br />

um dia em especifico para reforçar a<br />

importância, e não precisa disso, porque<br />

no dia que a sociedade colocar que são<br />

importantes, assim como os outros,<br />

acabou o problema. O politicamente<br />

correto cria ideologias falsas, que lesam<br />

as pessoas, as relações que elas criam.<br />

A moral é relativista. A gente vive a<br />

hipermodernidade, a sociedade é liquida.<br />

É uma terapia coletiva. O politicamente<br />

correto é um falso moralismo, mas serve<br />

em algumas campanhas. O politicamente<br />

saudável serve.<br />

G.F: O politicamente correto vem<br />

porque a sociedade não tem senso de<br />

humor, ninguém tem tolerância para<br />

nada. A sociedade vem lidando com<br />

o preconceito há muito tempo, e por<br />

que agora tem que ser diferente? Os<br />

movimentos estão muito mais radicais. As<br />

pessoas estão sem paciência, a sociedade é<br />

imediata. Ninguém quer ouvir a opinião<br />

do outro, as coisas são mal interpretadas.<br />

Antes uma ofensa se limitava a duas<br />

pessoas, hoje, tem umas cinquenta para<br />

falar mal e dar opinião. A linha entre<br />

respeito e a ofensa é muito tênue.<br />

D.S: O preconceito está nos olhos de<br />

quem vê. Não é porque eu não concordo<br />

com uma opinião, que eu tenho que odiar<br />

a pessoa. Você não pode criticar, porque<br />

aí você está desmoralizando, ofendendo.<br />

Eu acho assim, você pode brincar, mas<br />

tem assuntos que são mais sérios, que<br />

precisam de respeito.<br />

M:O mundo está fresco. É muito não me<br />

toque. O politicamente correto acontece<br />

porque ele é uma consequência da<br />

internet. As pessoas falam e não querem<br />

ouvir. Já existia isso antes, mas elas não<br />

tinham coragem nem espaço para dizer o<br />

que pensavam.<br />

B.K: Pra começar eu não acho o termo<br />

certo, já que ele sempre é falado de forma<br />

negativa. Quem é a favor dele nunca o<br />

usa. O “politicamente correto” propõe<br />

que as minorias sejam respeitadas. Não<br />

tem nada de negativo nisso. Acho que,<br />

para opinar sobre isso, a gente deveria<br />

pensar quem é autor e quem é alvo<br />

da piada. Quem é mais zoado pelo<br />

“politicamente incorreto”? Minorias<br />

(minorias sociais, não numéricas- no<br />

caso, mulheres, homossexuais, negros,<br />

gordos etc). Quem mais faz as piadas<br />

que ofendem essas classes? Pessoas que<br />

não se encaixam nessas características. Eu<br />

nunca vi um stand up de um comediante<br />

famoso zoando heterossexual, falando<br />

mal de branco (além de alguns poucos<br />

comediantes negros dos EUA), tirando<br />

sarro de gente magra. As piadas são<br />

claramente direcionadas para humilhar<br />

e rebaixar pessoas que já são rebaixadas<br />

socialmente. Esse tipo de piada só<br />

mantém a sociedade como está:<br />

preconceituosa. Não existe isso de “só<br />

piada”, até porque quem defende esse<br />

tipo de coisa costuma pertencer a uma<br />

classe que não é alvo. Brancos e héteros<br />

não têm que opinar sobre isso. Eles<br />

nunca são o alvo, eles são os protagonistas.<br />

Eles nunca sentiram na pele o que é ter<br />

uma característica física ou financeira sua<br />

tratada com descaso, escárnio, nojo...<br />

Quem defende o “politicamente<br />

correto” está em busca de respeito, de<br />

ser tratado de igual para igual. Não é<br />

privilégio um negro querer que pare de<br />

fazer piada com ele, uma vez que não<br />

se faz piada com branco. Uma mulher<br />

querer que pare de fazer piada que diz que<br />

mulher é fútil não está em busca de um<br />

tratamento especial, só quer ser tratada<br />

como os homens. Nenhuma minoria<br />

está tentando acabar com o humor, nós<br />

só queremos que o humor seja feito de<br />

uma forma que não ofenda, humilhe,<br />

rebaixe ou crie estereótipos de pessoas e/<br />

ou classes sociais que já sofrem com esse<br />

tipo de coisa há anos, e estão lutando pelo<br />

fim do preconceito. Toda piada desse<br />

cunho tem tom pejorativo e parte de um<br />

preconceito anterior a ela. Continuar<br />

com o “politicamente incorreto” é<br />

fazer manutenção do preconceito, mas<br />

trocando o nome por “humor”.<br />

J.R: O que eu entendo por politicamente<br />

correto é respeito e consciência de que<br />

não é porque você acredita em alguma<br />

coisa, que aquilo vai ser pensado por<br />

todo mundo. Mas isso é mais difícil para<br />

pessoas que são privilegiadas. Imagina em<br />

sua vida inteira você acreditar que tem o<br />

direito de falar mal de gordo, de negro,<br />

indígena, baiana, e chega um monte de<br />

gente com uma pedra na mão falando<br />

“Não, você não pode fazer isso”! Essas<br />

pessoas vão se revoltar, dizer que essas<br />

coisas não ofendem as minorias, que é só<br />

humor, e que o politicamente correto ta<br />

deixando o mundo chato.<br />

Porque não fazemos piada com homem<br />

branco? Porque ele é dominador.<br />

Politicamente correto vem para<br />

desconstruir piadas que a vida toda<br />

fizeram as pessoas se sentirem um lixo.<br />

E as pessoas que se sentem ofendidas<br />

pelo politicamente correto, deveriam<br />

repensar. Toda vez que você for fazer<br />

uma piada você tem que pensar que<br />

você não está sozinho no mundo. Toda<br />

vez que você abrir sua boca você tem que<br />

pensar isso. Felizmente já foi o tempo<br />

que a gente podia falar qualquer coisa.<br />

“<br />

As pessoas estão sem<br />

paciência, a sociedade<br />

é imediata. Ninguém<br />

quer ouvir a opinião do<br />

outro, as coisas são mal<br />

interpretadas.Antes<br />

uma ofensa se limitava a<br />

duas pessoas, hoje, tem<br />

umas cinquenta para<br />

falar mal e dar opinião.<br />

A linha entre respeito é<br />

ofensa é muito tênue”<br />

REVISTA WHIZ 4º EDIÇÃO 9

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!