bruxa de evora
nessas feiras com comediantes, elegia-se o "rei dos tolos", um camponês bem feio e ridículo que era coroado e acompanhado em cortejo pelo povo. Os cântaros de vinho desciam pelas bocas. E a liturgia do asno e do porco era representada pelos comediantes. Caras pintadas, trapos coloridos, eles representavam a comédia popular. A Igreja suportava essas festas, pois acalmavam o povo. O riso era geral. E nessa hora o aldeão perdia o medo do diabo e das bruxas. O diabo era muitas vezes personagem das comédias. Pobre diabo bobo! Não era o diabo apresentado nas igrejas: era um folgazão, um palhaço de carnaval. Sonhava-se então com abundância, com o país da Cocanha, onde tudo era ouro. Os simples farreavam, bebiam e cantavam; e lá estava a Bruxa, festiva, com seu mocho às costas. A velha Bruxa ria, desdentada, riso solto como o vento nas pedras de Lisboa, e bebia vinho e comia pão doce. O mesmo pão doce e o vinho com que os camponeses faziam magias nesses dias de muito riso. O folguedo dos camponeses era grande. A feira era uma gritaria alegre e colorida que descarregava os humores. Jovens monges passavam rindo, dizendo juntos poemas jocosos, sentindo-se livres também. Era tempo de alegria. As trevas se dissipavam...
- Page 2 and 3: A BRUXA DE ÉVORA MARIA HELENA FARE
- Page 4 and 5: Maria Helena Farelli A BRUXA DE ÉV
- Page 6 and 7: Demetér, Ísis, Ishtar voam nos ar
- Page 8 and 9: PORTUGAL ENTRE REI CATÓLICO E CREN
- Page 10: adoravam a falecida rainha Mafalda,
- Page 13 and 14: muito interessante. Mas a Bruxa de
- Page 16 and 17: Ele gritou. Chispas voaram da fogue
- Page 18 and 19: tiveram dessas escolas. O califa Al
- Page 21 and 22: criada na Ibéria; por isso, ela fa
- Page 23: Nas imediações de Coimbra o rei c
- Page 26 and 27: Por isso a bruxa sumia. Doentes diz
- Page 28: do céu como um cometa, junto à ba
- Page 31 and 32: imaginação da gente da Idade Méd
- Page 34 and 35: A Bruxa de Évora dizia que, quando
- Page 36: O caldeirão mágico era o instrume
- Page 39 and 40: largos mantos de brocado presos por
- Page 41: Os padres, logo depois dos penitent
- Page 46 and 47: Mas as trevas voltavam nos dias de
- Page 48 and 49: À luz do lume, a Bruxa fazia sua r
- Page 50: Brasil era noite negra. Vi presság
- Page 53 and 54: seu mocho, seu bode voador, seu dra
- Page 57 and 58: O LIVRO DE ORAÇÕES DA BRUXA DE É
- Page 59 and 60: Faz-se essa reza por sete dias, mes
- Page 61 and 62: FEITIÇOS DA BRUXA DE ÉVORA FEITI
- Page 64 and 65: FEITIÇO DE AMOR DA BRUXA DE ÉVORA
- Page 66 and 67: ESCONJURO CONTRA ESPÍRITOS MAUS "E
- Page 68 and 69: ovos que, segundo ela, protegiam a
- Page 70: que jogarei no riacho mais próximo
- Page 73 and 74: "Gire, gire, gire, seja, seja muito
- Page 75 and 76: sobra dos fios, faça uma alça fir
- Page 77 and 78: las afastadas das suas plantações
- Page 79 and 80: Também é bom escrever o nome da n
- Page 81 and 82: BIBLIOGRAFIA BROOKESMITH, PETER. Se
nessas feiras com comediantes, elegia-se o "rei dos tolos", um camponês<br />
bem feio e ridículo que era coroado e acompanhado em cortejo pelo povo.<br />
Os cântaros <strong>de</strong> vinho <strong>de</strong>sciam pelas bocas. E a liturgia do asno e do porco<br />
era representada pelos comediantes. Caras pintadas, trapos coloridos, eles<br />
representavam a comédia popular. A Igreja suportava essas festas, pois<br />
acalmavam o povo. O riso era geral. E nessa hora o al<strong>de</strong>ão perdia o medo<br />
do diabo e das <strong>bruxa</strong>s. O diabo era muitas vezes personagem das comédias.<br />
Pobre diabo bobo! Não era o diabo apresentado nas igrejas: era um<br />
folgazão, um palhaço <strong>de</strong> carnaval. Sonhava-se então com abundância, com<br />
o país da Cocanha, on<strong>de</strong> tudo era ouro.<br />
Os simples farreavam, bebiam e cantavam; e lá estava a Bruxa, festiva,<br />
com seu mocho às costas. A velha Bruxa ria, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>ntada, riso solto como o<br />
vento nas pedras <strong>de</strong> Lisboa, e bebia vinho e comia pão doce. O mesmo pão<br />
doce e o vinho com que os camponeses faziam magias nesses dias <strong>de</strong><br />
muito riso.<br />
O folguedo dos camponeses era gran<strong>de</strong>. A feira era uma gritaria alegre e<br />
colorida que <strong>de</strong>scarregava os humores. Jovens monges passavam rindo,<br />
dizendo juntos poemas jocosos, sentindo-se livres também. Era tempo <strong>de</strong><br />
alegria. As trevas se dissipavam...