bruxa de evora

20.09.2018 Views

nessas feiras com comediantes, elegia-se o "rei dos tolos", um camponês bem feio e ridículo que era coroado e acompanhado em cortejo pelo povo. Os cântaros de vinho desciam pelas bocas. E a liturgia do asno e do porco era representada pelos comediantes. Caras pintadas, trapos coloridos, eles representavam a comédia popular. A Igreja suportava essas festas, pois acalmavam o povo. O riso era geral. E nessa hora o aldeão perdia o medo do diabo e das bruxas. O diabo era muitas vezes personagem das comédias. Pobre diabo bobo! Não era o diabo apresentado nas igrejas: era um folgazão, um palhaço de carnaval. Sonhava-se então com abundância, com o país da Cocanha, onde tudo era ouro. Os simples farreavam, bebiam e cantavam; e lá estava a Bruxa, festiva, com seu mocho às costas. A velha Bruxa ria, desdentada, riso solto como o vento nas pedras de Lisboa, e bebia vinho e comia pão doce. O mesmo pão doce e o vinho com que os camponeses faziam magias nesses dias de muito riso. O folguedo dos camponeses era grande. A feira era uma gritaria alegre e colorida que descarregava os humores. Jovens monges passavam rindo, dizendo juntos poemas jocosos, sentindo-se livres também. Era tempo de alegria. As trevas se dissipavam...

nessas feiras com comediantes, elegia-se o "rei dos tolos", um camponês<br />

bem feio e ridículo que era coroado e acompanhado em cortejo pelo povo.<br />

Os cântaros <strong>de</strong> vinho <strong>de</strong>sciam pelas bocas. E a liturgia do asno e do porco<br />

era representada pelos comediantes. Caras pintadas, trapos coloridos, eles<br />

representavam a comédia popular. A Igreja suportava essas festas, pois<br />

acalmavam o povo. O riso era geral. E nessa hora o al<strong>de</strong>ão perdia o medo<br />

do diabo e das <strong>bruxa</strong>s. O diabo era muitas vezes personagem das comédias.<br />

Pobre diabo bobo! Não era o diabo apresentado nas igrejas: era um<br />

folgazão, um palhaço <strong>de</strong> carnaval. Sonhava-se então com abundância, com<br />

o país da Cocanha, on<strong>de</strong> tudo era ouro.<br />

Os simples farreavam, bebiam e cantavam; e lá estava a Bruxa, festiva,<br />

com seu mocho às costas. A velha Bruxa ria, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>ntada, riso solto como o<br />

vento nas pedras <strong>de</strong> Lisboa, e bebia vinho e comia pão doce. O mesmo pão<br />

doce e o vinho com que os camponeses faziam magias nesses dias <strong>de</strong><br />

muito riso.<br />

O folguedo dos camponeses era gran<strong>de</strong>. A feira era uma gritaria alegre e<br />

colorida que <strong>de</strong>scarregava os humores. Jovens monges passavam rindo,<br />

dizendo juntos poemas jocosos, sentindo-se livres também. Era tempo <strong>de</strong><br />

alegria. As trevas se dissipavam...

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