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largos mantos <strong>de</strong> brocado presos por firmais <strong>de</strong> pedras preciosas e com<br />
gran<strong>de</strong>s rosários <strong>de</strong> contas à cintura, diziam: "O diabo tem muitos nomes,<br />
Satã ou Lúcifer, e aqui em Évora ele tem uma amiga, a <strong>bruxa</strong> que voa<br />
montada nos bo<strong>de</strong>s e nas vassouras. Para ele, ela canta e dança e faz orgias.<br />
Faz feitiços e até seu gato é seu amante, é um diabinho do sexo."<br />
VISÕES E FANTASMAGORIAS EM TEMPOS DE FESTA<br />
No livro negro da <strong>bruxa</strong> há passagens em que ela conta sobre o ritual das<br />
festas mágicas e populares. Muitas coisas <strong>de</strong>sse livro foram retiradas, e<br />
outras foram acrescentadas; por isso, não sabemos se suas informações<br />
estão corretas. Amon, por exemplo, era o nome <strong>de</strong> um <strong>de</strong>us egípcio e<br />
aparece aqui como <strong>de</strong>mônio; Baalzebul, famoso <strong>de</strong>us da Suméria, virou<br />
Belzebu. Assim, muita coisa está ainda oculta nesta área. Mas as<br />
<strong>de</strong>scrições <strong>de</strong> algumas cerimônias são exatas, como a do sabá, a reunião <strong>de</strong><br />
feiticeiros e a<strong>de</strong>ptos.<br />
Era costume em Portugal as feiticeiras, seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes e amigos<br />
reunirem-se nas vésperas dos dias <strong>de</strong> São Jorge, Natal e São Cipriano, nas<br />
encruzilhadas dos prados. Iam cozinhar poções mágicas. Esses encontros<br />
tiveram sua origem nas festas realizadas pelos pré-cristãos. O cristianismo<br />
<strong>de</strong>clarou esses atos como coisa diabólica, mas os ritos continuaram. As<br />
mulheres sábias carregavam ramos e adornavam os animais com grinaldas<br />
em honra do <strong>de</strong>us com chifres, rei da natureza. Os chifres do gado eram<br />
adornados com guirlandas <strong>de</strong> flores para que os animais <strong>de</strong>ssem cria.<br />
Muitas vezes faziam um bolo gostoso, para todos comerem juntos. Na<br />
massa do bolo se colocava uma moeda; quem a encontrasse, ficaria rico<br />
rapidamente.<br />
Nas noites <strong>de</strong> lua, a fumaça das fogueiras enchia o ar <strong>de</strong> fantasmagorias e<br />
todos dançavam. A mandragora, planta mágica, era usada em pomadas que<br />
untavam o corpo dos a<strong>de</strong>ptos, junto com outras ervas como alecrim e<br />
azevinho. Todos tomavam do vinho <strong>de</strong> ervas que era distribuído em