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Por isso a <strong>bruxa</strong> sumia. Doentes diziam que ela voava numa vassoura...<br />
outros, que ela apenas corria para longe!<br />
ENCANTARIAS DA BRUXA DE ÉVORA<br />
A <strong>bruxa</strong>ria e os ritos da <strong>de</strong>usa-mãe estiveram presentes em todas as<br />
civilizações, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre. Os babilônios, por exemplo, cultuavam Ishtar,<br />
<strong>de</strong>usa da lua; a ela ofereciam sacrifícios e imploravam a fertilida<strong>de</strong>. Os<br />
egípcios adoravam Isis e Hathor para que houvesse fertilida<strong>de</strong> nas margens<br />
do Nilo. Demetér foi adorada pelos gregos, e Vénus, pelos romanos. Todas<br />
essas <strong>de</strong>usas tinham um filho, muitas vezes com chifres, meio animal e<br />
meio homem, protetor das florestas. Esse <strong>de</strong>us chifrudo foi a base para a<br />
criação da imagem do <strong>de</strong>mônio que surgiu na Ida<strong>de</strong> Média.<br />
No <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> quase dois mil anos <strong>de</strong> migrações, as tribos celtas levaram<br />
essa <strong>de</strong>usa e seu filho para a Europa. Assim, na Ida<strong>de</strong> Média (476 a 1453),<br />
as <strong>bruxa</strong>s continuaram essa tradição. Possuíam conhecimento <strong>de</strong> ervas,<br />
talismãs, vidência, curas, e faziam oito festas durante o ano. A mais<br />
importante <strong>de</strong>las era a <strong>de</strong> Samhain, também conhecida como Halloween, a<br />
31 <strong>de</strong> outubro, que celebrava as colheitas; havia também a festa da<br />
primavera, a primeiro <strong>de</strong> maio; a da <strong>de</strong>usa-<strong>bruxa</strong> das adivinhações, em<br />
agosto; e a dos <strong>de</strong>uses dos bosques, por exemplo.<br />
Essas solenida<strong>de</strong>s eram vistas pelos cristãos como festas diabólicas; mas a<br />
Bruxa <strong>de</strong> Évora não era uma herética. Era uma mulher que conhecia as<br />
rezas, os <strong>de</strong>uses, a gran<strong>de</strong>-mãe e seu filho chifrudo, a adivinhação, as<br />
pragas, as invocações, e o modo <strong>de</strong> fazer uso <strong>de</strong>las. Apesar <strong>de</strong> tudo, ela<br />
continuava ligada à <strong>de</strong>u-sa-mãe e aos ritos que fizeram <strong>de</strong> suas ancestrais<br />
as guardiãs <strong>de</strong> um conhecimento mágico, propiciador <strong>de</strong> proveitosa<br />
harmonia com os <strong>de</strong>uses que se manifestam nas forças da natureza.<br />
Certa vez, ela estava junto à Sé quando chegou um príncipe, ataviado com<br />
todos os recursos da arte e do luxo próprios da época: túnica comprida e