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muito interessante. Mas a Bruxa <strong>de</strong> Évora não morreu na fogueira. Virou<br />
assombração... dizem que sumiu, transformando-se em fantasma...<br />
PEREGRINOS E PAGADORES DE PROMESSAS<br />
A Bruxa <strong>de</strong> Évora viveu no tempo do rei Afonso Henriques, o primeiro rei<br />
<strong>de</strong> Portugal, quando o reino usufruía em parte dos conhecimentos misteriosos<br />
dos Cruzados que chegavam da Terra Santa cheios <strong>de</strong> relíquias que<br />
vendiam a preços altíssimos, enriquecendo então.<br />
Em Portugal, como em toda a Europa medieval, apesar das condições <strong>de</strong><br />
trabalho que prendiam os homens às suas próprias localida<strong>de</strong>s, estes tornavam-se<br />
muitas vezes viajantes. Os soberanos, em especial, viajavam<br />
constantemente, indo várias vezes à Terra Santa.<br />
Peregrinos cristãos <strong>de</strong> todas as camadas sociais viajavam em busca <strong>de</strong><br />
lugares santos e <strong>de</strong> relíquias dos santos. Muitos partiam para Jerusalém,<br />
enfrentan¬do infiéis mouros, turcos e árabes, enfrentando a fome e as<br />
epi<strong>de</strong>mias, em busca <strong>de</strong> coisas divinas, que eram vendidas na Europa por<br />
gran<strong>de</strong>s somas: bentinhos, escapulários, pedaços da Cruz <strong>de</strong> Cristo 10 , panos<br />
que enrolaram múmias usados como remédios, pedaços <strong>de</strong> sandálias <strong>de</strong><br />
santos martirizados e panos que haviam envolvido objetos santos. Eles<br />
também podiam contemplar o lugar exato on<strong>de</strong> o compasso <strong>de</strong> Deus se<br />
<strong>de</strong>teve e girou ao <strong>de</strong>screver o círculo do mundo.<br />
Outros peregrinos, <strong>de</strong> Portugal principalmente, iam a Santiago <strong>de</strong><br />
Compostela; e outros, ainda, a Roma. Todos levavam armas, pois os<br />
muçulmanos atacavam-nos nos caminhos. E levavam cruzes e amuletos,<br />
conchas (símbolo do peregrino) e comida. Iam a pé ou a cavalo.<br />
Atravessavam pontes (e era necessário pagar para passar por elas). Músicos<br />
mascarados, com car-roções e roupas espalhafatosas, também viajavam.<br />
Eles divertiam os seus companheiros <strong>de</strong> viagens: usavam máscaras <strong>de</strong><br />
animais e tocavam violas. E como não existiam estalagens, muitas vezes<br />
eles todos - peregrinos, músicos, vendilhões, espertos comerciantes - dormiam<br />
no mato, acesas as fogueiras e abertas as garrafas <strong>de</strong> vinho.