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O ANHANGUERA ED_19_SETEMBRO_2018

Tietê - O Personagens de promessas ainda não cumpridas.

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<strong>SETEMBRO</strong> DE <strong>2018</strong> | O <strong>ANHANGUERA</strong><br />

Cenário<br />

3<br />

Tietê: Ainda poluído, mas com soluções prometidas pelos candidatos<br />

Por Veridiano Peixoto<br />

Entra governo, sai governo<br />

e a situação do Rio Tietê<br />

parece não ter uma solução<br />

breve. O maior rio do estado,<br />

com uma extensão de<br />

1.136 quilômetros entre sua<br />

nascente em Salesopólis, e<br />

sua foz em Itapura, divisa<br />

com o estado do Mato Grosso,<br />

ainda apresenta índices<br />

de poluição muito acentuados.<br />

De acordo com o relatório<br />

da SOS Mata Atlântica<br />

de 2017, (a entidade divulga<br />

anualmente os dados) a<br />

mancha de poluição do<br />

Tietê foi de 130 quilômetros,<br />

considerado praticamente<br />

morto entre o trecho de<br />

Itaquaquecetuba, zona leste<br />

da capital até Cabreúva.<br />

Por dia são despejadas mais<br />

de 500 toneladas de poluição<br />

no rio. O número é quase o<br />

dobro de 2013, quando foram<br />

identificados 71 quilômetros<br />

de poluição, que posteriormente<br />

foi agravada pela crise<br />

hídrica de 2014, a qual reduziu<br />

drasticamente os investimentos<br />

de R$ 516 milhões para R$<br />

378 milhões na despoluição<br />

do rio, além da baixa vazão das<br />

águas que contribuiu significativamente<br />

para o aumento<br />

da poluição.<br />

Projeto Tietê<br />

Em <strong>19</strong>92 uma grande<br />

mobilização idealizada pela<br />

SOS Mata Atlântica e Rádio<br />

Eldorado colheram mais 1,2<br />

milhões de assinaturas em<br />

prol da limpeza das águas<br />

do Tietê. A iniciativa resul-<br />

tou no chamado “Projeto<br />

Tietê”, que foi lançado com<br />

financiamento do BID (Banco<br />

Interamericano de Desenvolvimento)<br />

e do BNDES<br />

(Banco Nacional de Desenvolvimento<br />

Econômico e<br />

Social) sob a gestão do então<br />

governador, Antônio<br />

Fleury Filho (na ocasião do<br />

antigo PMDB), o qual afirmou<br />

que beberia água do<br />

Tietê ao fim da iniciativa prevista<br />

para 2005. Passados<br />

mais de 25 anos e investimentos<br />

na ordem de US$ 2,7 bilhões,<br />

a situação do Tietê está<br />

longe daquela prometida<br />

pelo ex-governador Fleury.<br />

Mas por que não<br />

deu certo?<br />

Em um levantamento realizado<br />

pela BBC Brasil, a<br />

solução recai em maiores<br />

investimentos na captação<br />

e tratamento de esgoto de<br />

uma população que ultrapassa<br />

22 milhões de pessoas.<br />

“Muitas pessoas têm<br />

uma ideia equivocada de<br />

que limpar o rio é pegar a<br />

água ali que está suja e trata-la.<br />

Recentemente teve um<br />

projeto de flotação para tirar<br />

a sujeira que estava na<br />

água, e isso não funciona”<br />

diz José Carlos Mierzwa,<br />

professor do Departamento<br />

de Engenharia Hidráulica<br />

e Ambiental da Escola<br />

Politécnica da Universidade<br />

de São Paulo (USP), que<br />

ainda explicou que a limpeza<br />

de um rio passa pela interrupção<br />

de poluentes nele<br />

“Se você manejar corretamente<br />

o esgoto, o que está<br />

ali vai embora e o rio se limpa<br />

“sozinho”, afirma.<br />

Ações<br />

A maior parte dos detritos<br />

despejados no rio Tietê é de<br />

origem doméstica, o que exigiu<br />

prioridade de obras na<br />

captação e tratamento desse<br />

esgoto. A primeira etapa<br />

foi idealizada e implantada<br />

pela Sabesp entre <strong>19</strong>95 e<br />

<strong>19</strong>98, com a inauguração de<br />

três Estações de Tratamento<br />

de Esgotos (ETE’s) e a<br />

ampliação da ETE de Barueri<br />

com custo de US$ 1,1 bilhão.<br />

Na segunda etapa, iniciada<br />

em 2002 e concluída em<br />

2008, foram investidos US$<br />

400 milhões com a implantação<br />

de 36 quilômetros de<br />

interceptadores, 110 quilômetros<br />

de coletores troncos,<br />

1,2 mil quilômetros de redes<br />

coletoras e 290 mil ligações<br />

O que dizem os candidatos?<br />

fotos: Divulgação<br />

Rio Tietê em Pirapora do Bom Jesus<br />

domiciliares. Somadas as<br />

duas etapas, os resultados<br />

segundo a Sabesp aumentou<br />

a coleta de esgoto na<br />

RMSP de 70% para 84% e o<br />

tratamento de 24% para<br />

70%, beneficiando 8,5 milhões<br />

de pessoas. A terceira<br />

etapa, iniciada em 2010 e<br />

com término previsto para<br />

2020, tem foco na ampliação<br />

do sistema de coleta e tratamento<br />

de esgoto na Bacia<br />

do Alto Tietê (RMSP), com<br />

investimento estimado de<br />

US$ 2 bilhões. Com as três<br />

etapas concluídas serão<br />

alcançadas 87% de cobertura<br />

de captação de esgoto<br />

e 84% no tratamento de<br />

foto: Leandro Crudo – AO<br />

águas residuais. Desta forma,<br />

se alcançarão as condições<br />

para preparar a quarta<br />

etapa do Programa (Tietê IV)<br />

que ampliará a capacidade<br />

de tratamento de águas residuais<br />

em 3m³/seg, abrangendo<br />

as ETEs Parque<br />

Novo Mundo e São Miguel<br />

Paulista, bem como a ampliação<br />

da fase sólida da ETE<br />

Barueri para 16m³/seg, além<br />

da construção de 200 quilômetros<br />

de redes coletoras e<br />

160 quilômetros de Interceptadores<br />

e Coletores tronco,<br />

abrangendo também os<br />

municípios da Região Oeste<br />

(Barueri, Carapicuíba,<br />

Itapevi, Jandira, Osasco e<br />

Santana de Parnaíba).<br />

foto: Veridiano Peixoto - AO<br />

Trecho do Rio em Cabreúva: Mancha de poluição chega a 130 km<br />

A menos de um mês para<br />

o primeiro turno das eleições<br />

que escolherá os deputados<br />

e o próximo governador<br />

do estado, o Anhanguera<br />

encaminhou a seguinte<br />

pergunta. “Caso eleito,<br />

qual sua ação prioritária<br />

para a despoluição total do<br />

Rio Tietê?” para os principais<br />

candidatos. O atual governador<br />

e candidato, Márcio<br />

França (PSB) destacou<br />

o que já foi feito (afirmou<br />

que o tratamento do rio<br />

Tietê está em 85% concluído)<br />

e declarou a necessidade<br />

de adesão dos municípios<br />

à rede da Sabesp “As<br />

ações estão focadas em não<br />

poluir e não no despolir”,<br />

contudo, não explicou<br />

como se dará a integração,<br />

ressaltando apenas que a<br />

buscará, “Nossa grande tarefa<br />

é fazer com que todos<br />

esses municípios integrem<br />

o sistema Sabesp e, no nos-<br />

so governo, queremos fazer<br />

esta integração. ”Já o candidato<br />

Paulo Skaf (MDB) também<br />

considerou um processo<br />

de integração entre estado<br />

e municípios primordial,<br />

“Minha ação prioritária para<br />

despoluir o rio será o aumento<br />

da coleta e tratamento<br />

de esgoto, além do combate<br />

ao despejo irregular. Enquanto<br />

não se universalizar<br />

o tratamento de esgoto da<br />

SABESP e das outras concessionárias<br />

de saneamento,<br />

o Tietê continuará poluído.<br />

Não adianta limpar o rio, se<br />

as empresas de saneamento<br />

continuarem (sic) jogando<br />

esgoto, é como passar aspirador<br />

na sala e alguém ir jogando<br />

pó de serragem logo<br />

atrás. Vamos investir em coleta<br />

e tratamento, tendo como<br />

alvo a universalização dos<br />

serviços”. João Dória (PSDB)<br />

enfatizou parcerias junto à<br />

iniciativa privada para realizar<br />

grandes intervenções de<br />

reurbanização nas áreas contíguas<br />

do rio. “ O objetivo é<br />

reinseri-lo no cotidiano da<br />

sociedade. Vamos dar continuidade<br />

ao projeto de<br />

despoluição realizado pela<br />

Sabesp, dando ênfase principalmente<br />

à região metropolitana<br />

de São Paulo, que é<br />

onde se concentra o trecho<br />

mais poluído. Fazendo parcerias<br />

com a iniciativa privada<br />

e também com grandes municípios<br />

como Guarulhos, segunda<br />

maior cidade de Estado<br />

em termos populacionais, que<br />

tem empresa de saneamento<br />

própria e índice de tratamento<br />

de esgoto muito aquém do necessário”,<br />

afirmou Dória. A pergunta<br />

também foi enviada à assessoria<br />

do Partido dos Trabalhadores<br />

(PT), mas até o fechamento<br />

desta edição não<br />

houve uma resposta do candidato<br />

Luiz Marinho.

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