Revista São Francisco - Edição 04
Produzida pela equipe de Comunicação e Marketing do Grupo São Francisco, a Revista São Francisco traz assuntos que interessam todos os tipos de público. Nela você vai ter acesso a notícias, dicas e muito entretenimento.
Produzida pela equipe de Comunicação e Marketing do Grupo São Francisco, a Revista São Francisco traz assuntos que interessam todos os tipos de público. Nela você vai ter acesso a notícias, dicas e muito entretenimento.
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
A<br />
Organização Mundial da<br />
Saúde (OMS) define violência<br />
como “o uso de força física<br />
ou poder, em ameaça ou na<br />
prática, contra si próprio, outra pessoa<br />
ou contra um grupo ou comunidade<br />
que resulte ou possa resultar<br />
em sofrimento, morte, dano psicológico,<br />
desenvolvimento prejudicado<br />
ou privação”.<br />
O conceito de violência é ampliado<br />
pela palavra “poder” e, assim,<br />
a definição passa a incluir os<br />
maus-tratos psicológicos, como<br />
ameaças, difamação, intimidação,<br />
discriminação, desrespeito, insultos,<br />
injúrias, rejeição, humilhação,<br />
cobranças exageradas e ciúme excessivo.<br />
Esses comportamentos<br />
controladores fazem com que a vítima<br />
passe a se menosprezar e ferem<br />
profundamente sua autoestima.<br />
Quando alguém é exposto repetidas<br />
vezes a tais situações, os sentimentos<br />
decorrentes dos abusos<br />
sofridos geram feridas que permanecem<br />
em sua vida psíquica, inscritas<br />
na memória e constantemente<br />
revividas com emoções intensas,<br />
deixando marcas traumáticas.<br />
RESIGNAÇÃO E SUBMISSÃO<br />
Embora as pessoas afetadas comumente<br />
apresentem sentimentos<br />
crônicos de tristeza, frustração,<br />
infelicidade, descontentamento e<br />
mal-estar, é raro que elas tenham<br />
a consciência de que sofrem este<br />
tipo furtivo de violência e podem<br />
até mesmo demonstrar uma aceitação<br />
resignada, acostumando-se à<br />
situação e achando que aquilo não<br />
importa.<br />
Desta forma, tudo o que tem valor<br />
para a vítima é banalizado. Às vezes,<br />
isso é mascarado por piadas e outras<br />
atitudes socialmente aceitas, podendo<br />
ser sutis e difíceis de serem reco-<br />
nhecidas e, assim, contribuindo para<br />
que os abusos continuem.<br />
Ao contrário da agressão física,<br />
tal abuso não deixa marcas<br />
concretas e, devido a isso, produz<br />
consequências psicológicas e sem<br />
evidências imediatas. Esse tipo de<br />
violência é uma das mais difíceis de<br />
serem identificadas e notificadas,<br />
apesar de ser a mais comum.<br />
Na verdade, qualquer outro<br />
tipo de abuso (físico, sexual ou<br />
por abandono/ omissão) envolve<br />
também a presença de violência<br />
psicológica e, muitas vezes, essa<br />
agressão acaba evoluindo para<br />
a força física. As consequências<br />
mais drásticas para as vítimas<br />
destes casos são o abuso de álcool,<br />
drogas e até o suicídio.<br />
Estar apaixonada pelo agressor<br />
pode ser outro agravante, visto que<br />
o sentimento de amor pode superar<br />
o medo ou desgosto pelo abuso<br />
sofrido. E mesmo que reconheça<br />
estar sendo submetida à violência<br />
psicológica, as convenções sociais<br />
e sentimentos de vergonha e culpa<br />
forçam a pessoa a manter-se em<br />
silêncio.<br />
Assim, raramente a vítima busca<br />
ajuda externa, com tendência a<br />
aceitar e mesmo buscar justificativas<br />
para as atitudes do agressor.<br />
Muitas vezes, as vítimas são acusadas,<br />
inclusive culturalmente, e<br />
temem ser responsáveis pela situação<br />
que vivem, sentindo-se sem<br />
condições ou desesperançosas<br />
para ousarem rebelar-se e fazer<br />
algo a respeito.<br />
PESSOAS E AMBIENTES MAIS<br />
PROPENSOS<br />
Cabe salientar que não apenas a<br />
mulher, mas, qualquer pessoa mais<br />
propensa à vulnerabilidade (como<br />
crianças, adolescentes, idosos e<br />
incapazes) está sujeita a sofrer violência<br />
psicológica.<br />
Além disto, apesar de mais<br />
frequente no âmbito das relações<br />
íntimas e familiares, ela não se<br />
restringe ao ambiente doméstico,<br />
podendo ocorrer também em escolas,<br />
locais de trabalho e mesmo em<br />
instituições sociais e médicas destinadas<br />
ao cuidado do público.<br />
Considerando-se que a violência<br />
não é apenas um problema<br />
individual, mas também relacional,<br />
comunitário e social, muitos são<br />
os esforços para preveni-la e ela é<br />
considerada uma questão de saúde<br />
pública, exigindo ações que envolvem<br />
diversos setores, como saúde,<br />
educação, serviço social, justiça e<br />
política.<br />
COMO AJUDAR<br />
Quando se trata de auxiliar quem diretamente<br />
sofre este tipo de violência,<br />
o primeiro passo é mostrar que<br />
ela precisa de ajuda. Para tanto, será<br />
necessário ajudá-la a reconhecer<br />
que vive uma situação que extrapola<br />
os limites do normal ou natural,<br />
quebrando a reação mais comum<br />
do ser humano diante de ameaças:<br />
o isolamento.<br />
O silêncio e a introspecção<br />
diante do sofrimento tornam a<br />
pessoa prisioneira de si mesma, à<br />
medida que a impedem de buscar<br />
novas perspectivas e soluções. O<br />
auxílio de um psicólogo é o princípio<br />
deste cuidado e, portanto, fundamental<br />
para que tais dores possam<br />
ser trabalhadas.<br />
O encontro terapêutico irá propiciar<br />
desenvolvimento da capacidade<br />
de sentir, pensar e agir - o que<br />
pode significar o início da adoção<br />
de atitudes para o enfrentamento<br />
da violência psicológica e promoção<br />
de transformações.<br />
| 11