Fisiologia do Exercicio_2006.pdf - Pilates Sorocaba
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FISIOLOGIA<br />
DO EXERCÍCIO<br />
FISIOLOGIA<br />
FISIOLOGIA<br />
DO EXERCÍCIO<br />
FISIOLOGIA<br />
DO EXERCÍCIO<br />
FISIOLOGIA<br />
DO EXERCÍCIO<br />
FISIOLOGIA<br />
DO EXERCÍCIO<br />
GIA<br />
ÍCIO<br />
OGIA<br />
CÍCIO<br />
OLOGIA<br />
ERCÍCIO<br />
Revista Brasileira de<br />
FISIOLOGIA<br />
DO EXERCÍCIO<br />
Brazilian Journal of Exercise Physiology<br />
Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício<br />
FISIOLOGIA<br />
DO EXERCÍCIO<br />
FISIOLOGIA<br />
DO EXERCÍCIO<br />
www.atlanticaeditora.com.br<br />
FISIOLOG<br />
DO EXERCÍC<br />
FISIOLOGIA FISIOLOG<br />
DO EXERCÍCIO<br />
DO EXERCÍ<br />
• FISIOLOGIA<br />
Efeitos da flexibilidade sobre<br />
a força muscular<br />
•<br />
DO<br />
Pliometria EXERCÍCIO<br />
na reabilitação de atletas<br />
FISIOLOGIA<br />
DO EXERCÍCIO<br />
FISIOLOGIA<br />
DO EXERCÍCIO<br />
FARMACOLOGIA<br />
FISIOLOGIA<br />
FISIOLOG<br />
DO EXERCÍ<br />
FISIOLOGIA<br />
DO EXERCÍCIO<br />
FISIOLOGIA<br />
DO EXERCÍCIO<br />
FISIOLOGIA<br />
DO EXERCÍCIO<br />
CARDIORRESPIRATÓRIO<br />
ISSN 16778510<br />
• Treinamento de resistência, capacidade<br />
cardiorrespiratória e gordura corporal<br />
TREINAMENTO<br />
ELETROMIOGRAFIA<br />
• Músculos extensores da perna<br />
de joga<strong>do</strong>ras de voleibol<br />
FISIOL<br />
DO EXER<br />
FISIOL<br />
• Recursos ergogênicos e praticantes<br />
DO EXERCÍCIO de musculação DO EXERCÍCIO DO EXER<br />
FISIOLOGIA<br />
BIOLOGIA<br />
DO EXERCÍCIO FISIOLOGIA FISIOLO<br />
DO • Testosterona, cortisol e exercício físico EXERC<br />
DO EXERCÍCIO<br />
TRABALHO<br />
• Exercício físico FISIOLOGIA<br />
na empresa<br />
DO EXERCÍCIO<br />
volume 05 - número 01 • Jan/Dez 2006
Editorial<br />
Carta ao leitor, Prof. Dr. Paulo Tarso Veras Farinatti ..................................................................................................... 3<br />
Artigos Originais<br />
Análise da atividade eletromiográfi ca <strong>do</strong>s músculos extensores da perna de joga<strong>do</strong>ras<br />
de voleibol feminino, Sergio Henrique Borin, Rinal<strong>do</strong> Roberto de Jesus Guirro,<br />
Marcos Vanucci, Rubens Falleiros, Valéria Palauro ......................................................................................................... 4<br />
Quantifi can<strong>do</strong> a pliometria na reabilitação de atletas,<br />
Gustavo Rebello Soares.................................................................................................................................................. 9<br />
Análise das capacidades físicas em indivíduos adultos sedentários e treina<strong>do</strong>s,<br />
Alexandre de Souza e Silva, Regiane Albertini, Maricilia Silva Costa ............................................................................ 15<br />
Respostas cardiovasculares agudas da pressão positiva expiratória (EPAP)<br />
em indivíduos adultos jovens e o impacto no duplo-produto: um estu<strong>do</strong> piloto,<br />
Mauricio de Sant’ Anna Junior, Alexandra Maia, Rafael Gama da Cruz,<br />
Pedro Paulo da Silva Soares, Adalgiza Mafra Moreno ................................................................................................... 21<br />
Consumo de recursos ergogênicos farmacológicos por praticantes<br />
de musculação das academias de Santa Maria, RS, Cati Reckelberg Azambuja,<br />
Daniela Lopes <strong>do</strong>s Santos ............................................................................................................................................ 27<br />
Série simples versus séries múltiplas: efeitos sobre o treinamento e destreinamento<br />
da força máxima em mulheres jovens, Marcelo Rangel de Araújo,<br />
Alexandre Hideki Okano, Runer Augusto Marson, Edilson Serpeloni Cyrino, Fábio Yuzo Nakamura ......................... 34<br />
Programa de Exercício Físico na Empresa (PEFE): um estu<strong>do</strong> com trabalha<strong>do</strong>res<br />
de informática, Josenei Braga <strong>do</strong>s Santos, Antônio Renato P. Moro ............................................................................ 42<br />
Revisões<br />
Efeitos agu<strong>do</strong>s da fl exibilidade sobre a força muscular, José Eduar<strong>do</strong> Lattari<br />
Rayol Prati, Sergio Eduar<strong>do</strong> de Carvalho Macha<strong>do</strong> ..................................................................................................... 50<br />
As relações <strong>do</strong>s hormônios testosterona e cortisol com o exercício físico,<br />
Marcelo Rangel de Araújo ........................................................................................................................................... 56<br />
Estu<strong>do</strong> de caso<br />
O treinamento de resistência com pesos em circuito de intensidade<br />
moderada melhora a capacidade cardiorrespiratória e diminui gordura corporal,<br />
Roberto Pacheco da Silva, Antonio Coppi Navarro ..................................................................................................... 62<br />
Resumos<br />
Revista Brasileira de<br />
FISIOLOGIA<br />
DO EXERCÍCIO<br />
Brazilian Journal of Exercise Physiology<br />
Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício<br />
Índice<br />
volume 5 número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Anais <strong>do</strong> IV Workshop em <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício – UFSCar e I Congresso<br />
Paulista da Sociedade Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício ........................................................................................... 68<br />
Normas de Publicação .................................................................................................................................. 79
2<br />
Rio de Janeiro<br />
Rua da Lapa, 180/1103<br />
20021-180 – Rio de Janeiro – RJ<br />
Tel/Fax: (21) 2221-4164 / 2517-2749<br />
E-mail: atlantica@atlanticaeditora.com.br<br />
www.atlanticaeditora.com.br<br />
São Paulo<br />
Rua Teo<strong>do</strong>ro Sampaio, 2550/cj 15<br />
Pinheiros – 05406-200 – São Paulo – SP<br />
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Recife<br />
Monica Pedrosa Miranda<br />
Rua Dona Rita de Souza, 212<br />
52061-480 – Recife – PE<br />
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Assinaturas<br />
1 ano – R$ 175,00<br />
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Recife: (81) 3444-2083<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Revista Brasileira de<br />
FISIOLOGIA<br />
DO EXERCÍCIO<br />
Brazilian Journal of Exercise Physiology<br />
Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício<br />
Antonio Carlos Gomes (PR)<br />
Antonio Cláudio Lucas da Nóbrega (RJ)<br />
Dartagnan Pinto Guedes (PR)<br />
Emerson Silami Garcia (MG)<br />
Fernan<strong>do</strong> Pompeu (RJ)<br />
Francisco Martins (PB)<br />
Jacques Vanfraechem (BEL)<br />
Luiz Fernan<strong>do</strong> Kruel (RS)<br />
Martim Bottaro (DF)<br />
Editor Chefe<br />
Paulo de Tarso Veras Farinatti<br />
Conselho Editorial<br />
Sociedade Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício<br />
Corpo Diretivo: Paulo Sérgio C. Gomes (Presidente), Vilmar Baldissera, Patrícia Brum, Pedro Paulo da Silva Soares,<br />
Paulo Farinatti, Marta Pereira, Fernan<strong>do</strong> Augusto Pompeu<br />
Editor executivo<br />
Dr. Jean-Louis Peytavin<br />
jeanlouis@atlanticaeditora.com.br<br />
Publicidade e marketing<br />
Rio de Janeiro:<br />
René C. Delpy Jr<br />
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(21) 2221-4164<br />
Gerência de vendas e assinaturas<br />
Djalma Peçanha<br />
djalma@atlanticaeditora.com.br<br />
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Rosane Rosen<strong>do</strong> (RJ)<br />
Sebastião Gobbi (SP)<br />
Steven Fleck (USA)<br />
Yagesh N. Bhambhani (CAN)<br />
Vilmar Baldissera (SP)<br />
Editora Assistente<br />
Guillermina Arias<br />
Editoração e arte<br />
Cristiana Ribas<br />
Atendimento ao assinante<br />
Vanessa Busson<br />
atlantica@atlanticaeditora.com.br<br />
Redação e administração<br />
To<strong>do</strong> o material a ser publica<strong>do</strong> deve<br />
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correio ou por email aos cuida<strong>do</strong>s de:<br />
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Atlântica Editora edita as revistas Fisioterapia Brasil, Enfermagem Brasil, Neurociências, Nutrição Brasil e MN-Metabólica.<br />
I.P. (Informação publicitária): As informações são de responsabilidade <strong>do</strong>s anunciantes.<br />
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Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades liga<strong>do</strong> à<br />
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<strong>do</strong> valor <strong>do</strong> produto ou das asserções de seu fabricante.
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Apresentamos o volume 5 da Revista Brasileira de<br />
<strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício (RBFEx), correspondente ao ano<br />
de 2006. Para este volume manteve-se a mesma estratégia<br />
a<strong>do</strong>tada para o perío<strong>do</strong> de 2005, qual seja, concentrar os<br />
artigos disponíveis em uma só encadernação. No entanto,<br />
preservaram-se os três números que deveriam ser publica<strong>do</strong>s<br />
naquele ano. Tal opção deu-se pela necessidade de<br />
se retomar, o mais rapidamente possível, a periodicidade<br />
da revista, ao mesmo tempo em que não se queria deixar<br />
solução de continuidade. Assim, o leitor que desejar fazer<br />
um histórico da RBFEx encontrará volumes completos<br />
referentes ao perío<strong>do</strong> que vai de 2002 a 2006.<br />
A partir <strong>do</strong> volume 6 (ano de 2007) os três números<br />
serão publica<strong>do</strong>s em separa<strong>do</strong> de forma quadrimestral,<br />
como era feito na origem <strong>do</strong> periódico. Os três números<br />
<strong>do</strong> volume 6 encontram-se fecha<strong>do</strong>s; assim, espera-se que a<br />
periodicidade da RBFEx seja defi nitivamente regularizada<br />
até o fi m de 2008.<br />
Após essa fase inicial, ambiciona-se aumentar a quantidade<br />
de números correspondentes a um volume, tornan<strong>do</strong><br />
a revista trimestral, o que certamente facilitará seu processo<br />
de indexação. Planeja-se, igualmente, ampliar a abrangência<br />
da revista, crian<strong>do</strong>-se seções voltadas especifi camente para<br />
as questões da fi siologia em suas diferentes especializações<br />
(básica, aplicada, treinamento físico, saúde, nutrição etc).<br />
Editorial<br />
Carta ao Leitor<br />
Atualmente presente no Qualis da área como de categoria<br />
Nacional C, pretende-se que tais providências a conduzam<br />
a uma classifi cação superior em prazo breve.<br />
Da mesma forma, estamos reestruturan<strong>do</strong> a revista<br />
internamente. Um <strong>do</strong>s passos nesse senti<strong>do</strong> é aumentar o<br />
corpo de revisores, tornan<strong>do</strong> o processo de avaliação por<br />
pares mais ágil. O questionário de avaliação <strong>do</strong>s artigos está<br />
sen<strong>do</strong> reformula<strong>do</strong>, de maneira a otimizar o tempo <strong>do</strong>s<br />
pareceristas e fazer com que os julgamentos <strong>do</strong>s manuscritos<br />
sejam mais objetivos. O apoio e a estrutura da Editora<br />
Atlântica vem sen<strong>do</strong> fundamental para a concretização de<br />
to<strong>do</strong>s esses planos.<br />
Como não poderia deixar de ser, contamos com a<br />
colaboração <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res que fazem da fi siologia<br />
<strong>do</strong> exercício sua área de atuação a fi m de que a RBFEx<br />
possa se tornar um veículo efi ciente e de qualidade para<br />
a divulgação de seus trabalhos. Convidamos a to<strong>do</strong>s para<br />
enviarem seus resulta<strong>do</strong>s de pesquisa à revista, bem como<br />
artigos de revisão e resumos de teses e dissertações.<br />
Como se pode notar, há muito a fazer. Esperamos<br />
poder contar com o maior número possível de colegas<br />
nessa empreitada!<br />
Prof. Dr. Paulo Tarso Veras Farinatti<br />
Editor-Chefe da RBFEx<br />
3
4<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Artigo original<br />
Análise da atividade eletromiográfica <strong>do</strong>s músculos<br />
extensores da perna de joga<strong>do</strong>ras de voleibol feminino<br />
Analysis of electromyographic activity of leg extensor muscles<br />
of female volleyball players<br />
Sergio Henrique Borin*, Rinal<strong>do</strong> Roberto de Jesus Guirro**, Marcos Vanucci***, Rubens Falleiros***,Valéria Palauro***<br />
*Mestran<strong>do</strong> em Fisioterapia na Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), Piracicaba, SP, **Professor da Pós-Graduação<br />
em Fisioterapia da UNIMEP, ***Fisioterapeuta, UNIMEP<br />
Resumo<br />
Na prática clínica, observa-se o crescimento de lesões esportivas,<br />
decorrentes de desequilíbrios musculares. O objetivo deste trabalho<br />
foi analisar a atividade eletromiográfi ca (EMG) <strong>do</strong>s músculos <strong>do</strong><br />
quadríceps femoral, numa contração isométrica voluntária máxima<br />
de extensão da perna em <strong>do</strong>is ângulos distintos. Foram analisadas<br />
12 joga<strong>do</strong>ras de voleibol e 12 sedentárias. Para análise da EMG<br />
utilizou-se a envoltória (EN) <strong>do</strong> sinal, analisa<strong>do</strong>s através <strong>do</strong> teste de<br />
Wilcoxon (p < 0,05). Os resulta<strong>do</strong>s da EN intragrupos evidenciaram<br />
que o recrutamento de to<strong>do</strong>s os músculos foi maior a 90 º em<br />
relação à 30 º , independente da <strong>do</strong>minância e grupo. Já intergrupos,<br />
os resulta<strong>do</strong>s demonstraram ocorrer diferenças no recrutamento das<br />
atletas quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s com as sedentárias, sen<strong>do</strong> os músculos<br />
VMO, VLO, RF e VLL tanto 30 º como 90 º , independente da <strong>do</strong>minância.<br />
Os resulta<strong>do</strong>s Intragrupos demonstram que o músculo<br />
VMO foi mais ativo, segui<strong>do</strong> <strong>do</strong> VLO, RF e VLL, para sedentárias<br />
e VMO, VLL e RF e VLO no grupo atletas.<br />
Palavras-chave: eletromiografia, treinamento, desequilíbrios<br />
musculares, fisioterapia.<br />
Introdução<br />
Na prática clínica, têm-se observa<strong>do</strong> cada vez mais freqüente<br />
o aparecimento de lesões principalmente relacionadas<br />
à atividade esportiva em atletas de alto nível. Alguns autores<br />
reportam em seus estu<strong>do</strong>s que a incidência de lesão na arti-<br />
Abstract<br />
In the practical clinic, it was observed an increase of sports<br />
lesions, caused by muscle disequilibrium. Th e objective of this<br />
work was to analyze the electromyographic activity (EMG) of the<br />
muscles of quadriceps femoral, in a maximal voluntary isometric<br />
contraction of leg extension in two distinct angles. 12 volleyball<br />
players and 12 sedentary female players had been analyzed. For<br />
analysis of EMG it was used an envoltori (EN) signal, which was<br />
analyzed through Wilcoxon test (p > 0.05). Th e results of the intragroups<br />
EN demonstrated that the recruitment of all muscles was<br />
bigger than 90º in relation to 30º, independent of <strong>do</strong>minance and<br />
group. In relation to intergroups, the results showed that diff erences<br />
in the recruitment of the athletes occur when compared with the<br />
sedentary ones, the muscles VMO, VLO, RF and VLL at 30º as<br />
well as 90º were independent of <strong>do</strong>minance. Th e Intragroups results<br />
demonstrate that muscle VMO was more active, followed by VLO,<br />
RF and VLL, for sedentary and VMO, VLL and RF and VLO in<br />
the athlete group.<br />
Key-words: eletromyographic muscle, training, muscle<br />
disequilibrium, physical therapy.<br />
culação <strong>do</strong> joelho gira em torno de 30% a 40% em joga<strong>do</strong>ras<br />
de voleibol [1,2]. Este quan<strong>do</strong> pratica<strong>do</strong> em nível competitivo<br />
envolve maiores cargas de treinamento técnico-tático e altas<br />
demandas de condicionamento físico, que soma<strong>do</strong>s contribuem<br />
com o desenvolvimento de lesões <strong>do</strong> sistema músculo<br />
esquelético <strong>do</strong>s membros inferiores.<br />
Recebi<strong>do</strong> em 12 de agosto de 2006; aceito em 15 de outubro de 2006.<br />
Endereço para correspondência: Sergio Henrique Borin, Av. Ipiranga, 1034/11, 13400-485 Piracicaba SP, Tel: (19) 3402-4740, Email:<br />
sehborin@unimep.br
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Das anormalidades que envolvem a articulação <strong>do</strong> joelho,<br />
o desequilíbrio muscular no aparelho extensor da articulação<br />
fêmoro-patelar tem si<strong>do</strong> identifi ca<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s<br />
mais comuns.<br />
A prática esportiva leva a especializações musculares que<br />
podem gerar alterações nas forças que atuam nas articulações<br />
poden<strong>do</strong> causar alterações estáticas (como problemas posturais)<br />
e dinâmicas (alterações na estabilidade articular ou<br />
coordenação motora) [3].<br />
O voleibol, por ser um esporte que utiliza muito o salto<br />
vertical, tem como conseqüência uma sobrecarga na articulação<br />
<strong>do</strong> joelho, poden<strong>do</strong> ocorrer desequilíbrios na musculatura<br />
extensora, principalmente pela solicitação exacerbada<br />
<strong>do</strong>s músculos que compõem o quadríceps femoral [4]. A<br />
sobrecarga não se restringe a articulação <strong>do</strong> joelho, sen<strong>do</strong><br />
observada em todas as articulações <strong>do</strong>s membros inferiores<br />
pelo fato de os músculos exercerem movimentos concêntricos<br />
e excêntricos.<br />
Trabalhos físicos envolven<strong>do</strong> exercícios de sobrecarga ou<br />
overtraining podem desenvolver desequilíbrios musculares<br />
alteran<strong>do</strong> a biomecânica normal da articulação <strong>do</strong> joelho [5].<br />
Por isso, indivíduos fi sicamente ativos, mas que são submeti<strong>do</strong>s<br />
a sobrecargas constantes, poderão desenvolver algum<br />
desequilíbrio biomecânico [6].<br />
Várias técnicas que visam à recuperação funcional da<br />
articulação <strong>do</strong> joelho bem como trabalhos de prevenção de<br />
lesões vem sen<strong>do</strong> desenvolvidas. Consistem basicamente em<br />
exercícios de cadeia cinética aberta (CCA) e cadeia cinética<br />
fechada (CCF), que segun<strong>do</strong> Bynnum et al. [7] a CCF tem<br />
si<strong>do</strong> reconhecidamente como mais segura e funcional <strong>do</strong><br />
que os de CCA. O treinamento de hipertrofi a muscular<br />
no voleibol também concentra o seu trabalho em cadeias<br />
cinéticas, mas sempre procuran<strong>do</strong> direcioná-lo para a especifi<br />
cidade <strong>do</strong> movimento que o atleta realiza no seu gesto<br />
esportivo [8].<br />
Segun<strong>do</strong> Willians [9], os exercícios com carga (principalmente<br />
o excêntrico) são considera<strong>do</strong>s um <strong>do</strong>s tipos mais<br />
lesivos ao músculo devi<strong>do</strong> ao aumento de tensão excessiva<br />
na linha Z <strong>do</strong>s sarcômeros. Nesse contexto, muitos estu<strong>do</strong>s<br />
relatam que o trabalho de reforço muscular deve respeitar a<br />
especifi cidade <strong>do</strong> movimento <strong>do</strong> gesto esportivo em conjunto<br />
com treinamento muscular, de forma que haja um mecanismo<br />
de proteção e prevenção para lesões decorrentes da sobrecarga<br />
articular impostas pelo esporte [10].<br />
Nesse senti<strong>do</strong>, o trabalho de condicionamento muscular<br />
localiza<strong>do</strong> em atletas deve ser muito bem elabora<strong>do</strong>, para que<br />
não ocorra sobrecarga nas articulações, ou mesmo desenvolva<br />
desequilíbrios musculares [11].<br />
Com isso, a eletromiografi a (EMG) tem si<strong>do</strong> utilizada<br />
como instrumento cinesiológico para estu<strong>do</strong> da função muscular,<br />
sen<strong>do</strong> empregada no estu<strong>do</strong> da atividade muscular e no<br />
estabelecimento <strong>do</strong> papel de diversos músculos em atividades<br />
específi cas.<br />
Por esse contexto, o músculo quadríceps femoral tem si<strong>do</strong><br />
amplamente pesquisa<strong>do</strong> através da EMG, principalmente no<br />
que diz respeito à articulação fêmoro-patelar. No entanto, a<br />
participação <strong>do</strong> músculo VMO, como base de tratamento<br />
conserva<strong>do</strong>r da síndrome fêmoro-patelar, precisa ser mais<br />
bem estudada, assim como o seu desequilíbrio por fatores<br />
não traumáticos, a participação e a contribuição <strong>do</strong> músculo<br />
reto femoral no equilíbrio, e, ainda, a estabilidade na articulação<br />
<strong>do</strong> joelho [12]. Vários estu<strong>do</strong>s limitam-se a pesquisar<br />
patologias na articulação fêmoro-patelar, sen<strong>do</strong> poucos os<br />
trabalhos que correlacionam a articulação <strong>do</strong> joelho com a<br />
atividade mioelétrica na população desportiva, para identifi car<br />
se o esporte pratica<strong>do</strong> em alto nível leva a modifi cações na<br />
musculatura exigida [13].<br />
Frente ao exposto, o objetivo deste estu<strong>do</strong> é analisar a<br />
atividade eletromiográfi ca <strong>do</strong>s músculos extensores da perna<br />
de atletas praticantes de voleibol <strong>do</strong> sexo feminino, em cadeia<br />
cinética aberta (CCA), nos ângulos de 90º e 30º de fl exão de<br />
joelho, nos membros <strong>do</strong>minante e não <strong>do</strong>minante, comparan<strong>do</strong><br />
com um grupo controle de mulheres jovens sedentárias,<br />
observan<strong>do</strong> o comportamento <strong>do</strong> reto femoral perante os<br />
demais músculos componentes <strong>do</strong> quadríceps femoral.<br />
Materiais e méto<strong>do</strong>s<br />
Amostra<br />
Foram estudadas 24 voluntárias adultas, sen<strong>do</strong> 12 atletas<br />
da equipe de voleibol feminino, categoria adulta, da cidade de<br />
Piracicaba, na faixa etária entre 18 e 20 anos (18,58 ± 0,79).<br />
Esse grupo foi denomina<strong>do</strong> grupo atletas. E outras 12 mulheres<br />
para ser um grupo controle eram sedentárias, na faixa<br />
de 18 a 22 anos (20,6 ± 1,30), chama<strong>do</strong> grupo sedentárias.<br />
Todas as 24 voluntárias não apresentavam patologias que<br />
envolvessem a articulação coxo-femoral e <strong>do</strong> joelho.<br />
Como critério de inclusão para o grupo atletas, as voluntárias<br />
não poderiam apresentar:<br />
• história de disfunção músculo-esquelética e fraturas, na<br />
articulação fêmoro-patelar, quadril e tornozelo, por um<br />
perío<strong>do</strong> mínimo de seis meses;<br />
• não ter realiza<strong>do</strong> qualquer tipo de cirurgia, por um perío<strong>do</strong><br />
mínimo de seis meses;<br />
• não apresentar distúrbios endócrino-metabólicos, alterações<br />
posturais importantes e retrações musculares severas.<br />
Em relação ao grupo sedentárias, além <strong>do</strong>s critérios de<br />
inclusão impostos ao grupo atletas, foi acresci<strong>do</strong> o fato de que<br />
não poderiam ter realiza<strong>do</strong> qualquer tipo de atividade física<br />
regular num perío<strong>do</strong> mínimo de seis meses.<br />
To<strong>do</strong>s os voluntários envolvi<strong>do</strong>s na pesquisa assinaram um<br />
termo de consentimento formal de participação na pesquisa,<br />
de acor<strong>do</strong> com o Conselho Nacional de Saúde (resolução<br />
196/96). O projeto foi analisa<strong>do</strong> e aprova<strong>do</strong> pelo comitê de<br />
ética da Unimep.<br />
5
6<br />
Eletromiografia<br />
A atividade Eletromiográfi ca (EMG) foi obtida usan<strong>do</strong><br />
um módulo condiciona<strong>do</strong>r de sinais, modelo MCS 1000<br />
– V2 (LYNX®) com 16 canais de entrada, conecta<strong>do</strong>s a um<br />
conversor analógico ⁄ digital, interfacea<strong>do</strong> com um microcomputa<strong>do</strong>r<br />
Phentium 133 MHz padrão. Para o sinal eletromiográfi<br />
co, os canais foram calibra<strong>do</strong>s com um ganho de<br />
100 vezes, freqüência de corte de 10 Hz no fi ltro passa alta e<br />
500 Hz no fi ltro passa baixa, com freqüência de amostragem<br />
de 1000Hz. Para aquisição e armazenamento <strong>do</strong>s sinais foi<br />
utiliza<strong>do</strong> o software Aqda<strong>do</strong>s 4.6 (LYNX®), que permite tratamento<br />
<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s após aquisição além de compatibilidade<br />
para formatos universais.<br />
A atividade elétrica <strong>do</strong>s músculos vasto medial oblíquo<br />
(VMO), vasto lateral oblíquo (VLO), reto femoral (RF) e<br />
vasto lateral longo (VLL) foram obti<strong>do</strong>s extensores por meio<br />
de eletro<strong>do</strong>s bipolar de superfície (LYNX®) com ganho de<br />
20 vezes. Para localização <strong>do</strong> ponto motor <strong>do</strong>s músculos<br />
extensores da perna, utilizou-se um aparelho de estimulação<br />
elétrica transcutânea (TENS marca KLD®) com freqüência<br />
varian<strong>do</strong> de 5 a 100 Hz, e largura de pulso de 10 a 200 μs,<br />
com as intensidades máxima de 60 mA.<br />
Primeiramente as voluntárias permaneceram sentadas<br />
com o tronco apoia<strong>do</strong> no encosto da mesa, com articulação<br />
coxo-femoral a 90º e joelho a 30º ou a 90º, dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
sorteio.<br />
A coleta <strong>do</strong>s sinais foi realizada por um perío<strong>do</strong> de<br />
quatro segun<strong>do</strong>s, previamente determina<strong>do</strong> no software<br />
AqDa<strong>do</strong>s®, sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> três CIVM para cada ângulo.<br />
O início da captação <strong>do</strong>s sinais ocorria após <strong>do</strong>is segun<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong> início da CIVM. Esse tempo de <strong>do</strong>is segun<strong>do</strong>s foi<br />
para garantir que o voluntário estava realizan<strong>do</strong> a CIVM<br />
de forma uniforme durante to<strong>do</strong> o tempo de captação. O<br />
início da contração foi determina<strong>do</strong> por coman<strong>do</strong> verbal<br />
<strong>do</strong> examina<strong>do</strong>r, sen<strong>do</strong> manti<strong>do</strong> durante to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> de<br />
captação. Eram segui<strong>do</strong>s intervalos de um minuto entre<br />
cada contração.<br />
Análise estatística<br />
Foi realizada a análise exploratória <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s pelo programa<br />
SAS - JMP (Statistical Analisys Sistem), na qual se<br />
aplicou o teste de normalidade de Shapiro-Wilk para todas<br />
as variáveis estatísticas consideradas <strong>do</strong>s diferentes grupos<br />
experimentais. Os da<strong>do</strong>s não apresentaram normalidade, por<br />
isso foram analisa<strong>do</strong>s através <strong>do</strong> teste das ordens assinaladas<br />
de Wilcoxon. Em to<strong>do</strong>s os cálculos foi fi xa<strong>do</strong> o nível crítico<br />
de 5% (p < 0,05)<br />
As variáveis analisadas foram envoltória <strong>do</strong> sinal eletromiográfi<br />
co <strong>do</strong>s músculos VMO, VLO, VLL e RF <strong>do</strong> movimento<br />
de extensão da perna, nos ângulos de 30 º e 90 º de fl exão de<br />
joelho nos membros <strong>do</strong>minante e não <strong>do</strong>minante, <strong>do</strong>s grupos<br />
atletas e sedentárias.<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Resulta<strong>do</strong>s<br />
Resulta<strong>do</strong>s intragrupos<br />
Os resulta<strong>do</strong>s estatísticos da envoltória (EN) <strong>do</strong> grupo<br />
atletas, no exercício de contração isométrica de extensão de<br />
joelho <strong>do</strong>s membros <strong>do</strong>minante e não <strong>do</strong>minante, demonstraram<br />
que houve um aumento signifi cativo (p < 0,05) <strong>do</strong>s<br />
músculos VLO, VMO, RF e VLL no ângulo de 90 º em relação<br />
ao ângulo de 30 º , no grupo atletas.<br />
Tabela I - Médias, desvios-padrões <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s da Envoltória (EM<br />
em μV) <strong>do</strong>s músculos Vasto Medial Oblíquo (VMO), Vasto Lateral<br />
Oblíquo (VLO), Reto Femoral (RF) e Vasto Lateral Longo (VLL)<br />
na contração isométrica voluntária máxima (CIVM) de extensão<br />
da perna nos ângulos de 30 º e 90 º de fl exão joelho, nos membros<br />
<strong>do</strong>minante e não <strong>do</strong>minante, <strong>do</strong> grupo atletas (n = 12).<br />
Atletas Membro <strong>do</strong>minante Membro não <strong>do</strong>minante<br />
EN(μV) 30º 90º 30º 90º<br />
VLO 48,1±2,7 84,6* ± 3,6 29,0 ± 1,0 63,9* ± 2,6<br />
VMO 131,6±6,0 228,2* ± 9,1 148,9 ± 6,9 237,7* ± 6,4<br />
RF 67,9±2,8 89,2 *± 3,5 68,7 ± 2,9 90,5* ± 3,1<br />
VLL 87,3±3,0 134,6* ± 5,0 98,5 ± 4,2 148,5*± 4,1<br />
*p < 0,05 em relação a 30 º <strong>do</strong> respectivo membro<br />
Envoltória (EN) <strong>do</strong> grupo sedentárias<br />
Com relação a envoltória (EN) <strong>do</strong> grupo Sedentárias no<br />
exercício de contração isométrica de extensão de joelho <strong>do</strong>s<br />
membros <strong>do</strong>minante e não <strong>do</strong>minante, mostraram que houve<br />
um aumento signifi cativo (p < 0,05) da atividade eletromiográfi<br />
ca <strong>do</strong>s músculos VLO, VMO, RF e VLL no ângulo<br />
de 90 º e em relação ao ângulo de 30 º , no grupo sedentárias<br />
(Tabela IV).<br />
Tabela II - Média, desvio-padrão <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s da Envoltória (EM<br />
em μV) <strong>do</strong>s músculos Vasto Medial Oblíquo (VMO), Vasto Lateral<br />
Oblíquo (VLO), Reto Femoral (RF) e Vasto Lateral Longo (VLL)<br />
na contração isométrica voluntária máxima (CIVM) de extensão<br />
da perna nos ângulos de 30 º e 90 º de fl exão joelho, nos membros<br />
<strong>do</strong>minante e não <strong>do</strong>minante, <strong>do</strong> grupo sedentárias (n = 12).<br />
Sedentárias<br />
Membro <strong>do</strong>minante Membro não <strong>do</strong>minante<br />
EN (μV) 30º 90º 30º 90º<br />
VLO 62,9 ± 2,5 104,4* ± 5,9 52,0 ± 2,6 88,7* ± 5,3<br />
VMO 71,9 ± 3,4 113,9* ± 7,6 83,9 ± 4,0 141,7* ± 8,0<br />
RF 45,4 ± 1,4 56,3*± 5,5 40,2 ± 1,6 49,9* ± 3,6<br />
VLL 49,3 ± 1,7 55,3*± 1,6 40,1 ± 1,2 46,0* ± 2,3<br />
*p < 0,05 em relação a 30º <strong>do</strong> respectivo membro.<br />
Resulta<strong>do</strong>s intergrupos<br />
Envoltória (EN) entre os grupos atletas e sedentárias<br />
A amplitude <strong>do</strong> sinal eletromiográfi co analisa<strong>do</strong> pela sua
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
envoltória (EN intergrupos), demonstrou diferença signifi -<br />
cativa entre os ângulos de 30º e 90º, <strong>do</strong> membro <strong>do</strong>minante<br />
e não <strong>do</strong>minante, quan<strong>do</strong> comparada entre os grupos. Os<br />
resulta<strong>do</strong>s demonstram um recrutamento crescente no estímulo<br />
das unidades motoras, sen<strong>do</strong> o músculo VMO em maior<br />
atividade nos <strong>do</strong>is grupos e, segui<strong>do</strong> <strong>do</strong> VLO, VLL e RF a 30º<br />
e VLO, RF e VLL a 90º <strong>do</strong> membro <strong>do</strong>minante e a 30º e 90º<br />
<strong>do</strong> membro não <strong>do</strong>minante para o grupo sedentárias. Já no<br />
grupo das atletas, pode-se observar que ocorre uma inversão<br />
de recrutamento entre <strong>do</strong>is músculos em relação ao grupo<br />
sedentárias, no qual o VLL apresenta um valor da amplitude<br />
<strong>do</strong> sinal eletromiográfi co maior que o músculo VLO, tanto<br />
no membro <strong>do</strong>minante como no não <strong>do</strong>minante (Tabelas III<br />
e VI), a seqüência observada foi o músculo VMO, segui<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> VLL, RF, e por último o VLO.<br />
Tabela III - Médias e desvios-padrões da Envoltória (EN em μV)<br />
<strong>do</strong>s músculos vasto medial oblíquo (VMO), vasto lateral oblíquo<br />
(VLO), reto femoral (RF) e vasto lateral longo (VLL) na contração<br />
isométrica voluntária máxima (CIVM) de extensão da perna nos<br />
ângulos de 30 º e 90 º de fl exão joelho, nos membros <strong>do</strong>minante, <strong>do</strong><br />
grupo atletas e sedentárias (n = 12).<br />
Dominante<br />
EN(μV) 30ºatletas 30º<br />
sedentárias<br />
90º atletas 90º<br />
sedentárias<br />
VLO 48,1 ± 2,7 62,9* ± 2,5 84,6 ± 3,6 104,4* ± 5,9<br />
VMO 131,6± 6,0 71,9* ± 3,4 228,2 ± 9,1 113,9* ± 7,6<br />
RF 67,9 ± 2,8 45,4* ± 1,4 89,2 ± 3,5 56,3* ± 5,5<br />
VLL 87,3 ± 3,0 49,3* ± 1,7 134,6 ± 5,0 55,3* ± 1,6<br />
*p < 0,05 em relação as atletas no respectivo ângulo.<br />
Tabela IV - Médias e desvios-padrões da Envoltória (EN em μV)<br />
<strong>do</strong>s músculos vasto medial oblíquo (VMO), vasto lateral oblíquo<br />
(VLO), reto femoral (RF) e vasto lateral longo (VLL) na contração<br />
isométrica voluntária máxima (CIVM) de extensão da perna nos<br />
ângulos de 30 º e 90 º de fl exão joelho, nos membros não <strong>do</strong>minante,<br />
<strong>do</strong> grupo Atletas e Sedentárias (n = 12).<br />
Não <strong>do</strong>minante<br />
EN 30º atletas 30º 90º atletas 90º<br />
(μV)<br />
sedentárias<br />
sedentárias<br />
VLO 29,0 ± 1,0 52,0*# ± 2,6 63,9 ± 2,6 88,7*#±5,3<br />
VMO 148,9 ± 6,9 83,9* ± 4,0 237,7 ± 6,4 141,7* ± 8,0<br />
RF 68,7 ± 2,9 40,2* ± 1,6 90,5 ± 3,1 49,9* ± 3,6<br />
VLL 98,5 ± 4,2 40,1*•± 1,2 148,5 ± 4,1 46,0*• ± 2,3<br />
*p < 0,05 em relação às atletas no respectivo ângulo.<br />
Discussão<br />
A eletromiografi a cinesiológica é uma ferramenta importante<br />
e efi caz para estudar estímulos e respostas musculares,<br />
bem como qualquer alteração frente a atividades<br />
específi cas, sejam elas ocasionadas pela exigência esportiva<br />
ou patológica. Ela é capaz de determinar o início e o fi m<br />
da atividade muscular em um determina<strong>do</strong> exercício, bem<br />
como o nível de resposta muscular em relação ao esforço<br />
e o melhor posicionamento que ativa um determina<strong>do</strong><br />
músculo, visan<strong>do</strong> assim estabelecer metas e objetivos a<br />
serem alcança<strong>do</strong>s num programa de fortalecimento ou<br />
reabilitação, adequan<strong>do</strong> o exercício para cada indivíduo,<br />
sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> também como um importante feedback<br />
em algumas terapias [14].<br />
Por isso, este estu<strong>do</strong> coloca a importância da realização<br />
de uma avaliação eletromiográfi ca cinesiológica em atletas,<br />
que vise o maior conhecimento a respeito <strong>do</strong>s estabiliza<strong>do</strong>res<br />
dinâmicos da articulação fêmoro-patelar, bem como <strong>do</strong><br />
músculo biarticular com ações em duas articulações distintas<br />
que é o músculo reto femoral. Deve ser considera<strong>do</strong> ainda<br />
que a eletromiografi a permita analisar a atividade isolada de<br />
cada músculo, identifi can<strong>do</strong>, assim, possíveis desequilíbrios<br />
qual destes precisa ser trabalha<strong>do</strong>. Nesse contexto, o méto<strong>do</strong><br />
de eletromiografi a cinesiológica é de extrema importância<br />
para fi sioterapeutas, educa<strong>do</strong>res físicos e médicos para elaboração<br />
de programas de prevenção de lesão ou protocolos<br />
de treinamento.<br />
Com relação ao músculo reto femoral (RF), apesar de não<br />
ser um estabiliza<strong>do</strong>r dinâmico da articulação fêmoro-patelar,<br />
foi avalia<strong>do</strong> devi<strong>do</strong> à existência de poucos trabalhos que o<br />
correlacionam a exercícios de extensão de perna em grupo de<br />
atletas. Assim, a grande questão era como seria o padrão <strong>do</strong><br />
sinal eletromiográfi co de um músculo que realiza a extensão<br />
da perna e a fl exão <strong>do</strong> quadril, na CIVM nos ângulos de 30 º<br />
e 90 º num grupo de atletas e sedentárias frente aos outros<br />
músculos monoarticulares avalia<strong>do</strong>s.<br />
Com isso, buscou-se alguns trabalhos na literatura relaciona<strong>do</strong>s<br />
ao RF, como o de Alkner [15] que compararam a<br />
atividade elétrica <strong>do</strong>s músculos VMO, VL, RF, e bíceps femoral<br />
(BF) de extensão da perna em CCA e em CCF realiza<strong>do</strong>s<br />
num ângulo de 90 graus de fl exão, e a 20, 40, 60, 80 e 100%<br />
da contração voluntária máxima de 09 homens clinicamente<br />
normais. Não foram observadas diferenças signifi cativas entre<br />
a atividade elétrica <strong>do</strong>s músculos estuda<strong>do</strong>s entre os <strong>do</strong>is<br />
exercícios, o que indica uma atividade recíproca <strong>do</strong>s músculos<br />
envolvi<strong>do</strong>s nos <strong>do</strong>is modelos testa<strong>do</strong>s.<br />
Signorile et al. [16] avaliaram os músculos VMO, VL e<br />
RF de 23 indivíduos clinicamente normais em contrações<br />
isométricas de extensão com o joelho fl eti<strong>do</strong> a 5 º , 30 º e 90 º<br />
nas posições de rotação medial, neutra e lateral da perna. Os<br />
resulta<strong>do</strong>s revelaram que o músculo RF no ângulo de 90 º de<br />
fl exão da perna produziu maior atividade eletromiográfi ca <strong>do</strong><br />
que os demais músculos embora não tenha havi<strong>do</strong> diferenças<br />
signifi cativas entre as rotações. Em relação aos músculos<br />
VMO e VL, os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s foram semelhantes, com<br />
o ângulo de 90 graus de fl exão produzin<strong>do</strong> maior atividade<br />
eletromiográfi ca na posição neutra <strong>do</strong> que medial.<br />
No presente estu<strong>do</strong>, os resulta<strong>do</strong>s da EN <strong>do</strong> RF demonstraram<br />
que no grupo atletas o estímulo deste foi menor que<br />
os músculos VMO e VLL, sen<strong>do</strong> apenas maior que o VLO,<br />
independente <strong>do</strong> ângulo e da <strong>do</strong>minância. No grupo seden-<br />
7
8<br />
tárias, essa atividade eletromiográfi ca foi igual no ângulo<br />
de 30 º tanto para o membro <strong>do</strong>minante como para o não<br />
<strong>do</strong>minante. A 90 graus o RF foi inferior apenas ao músculo<br />
VMO. O mesmo não ocorre com o grupo das sedentárias, o<br />
qual apresentou um estímulo eletromiográfi co maior <strong>do</strong> RF<br />
em relação aos componentes laterais <strong>do</strong> quadríceps femoral.<br />
Essa menor estimulação no grupo atletas pode ser explica<strong>do</strong><br />
devi<strong>do</strong> ao tipo de exercícios que as voluntárias realizaram<br />
para a coleta, onde foi exigida a CIVM. Isso vai de acor<strong>do</strong><br />
com Pincivero et al. [17] que reportam em seu estu<strong>do</strong> no<br />
aparelho isocinético, que o RF tem uma velocidade de condução<br />
menor e características morfológicas diferentes (tipo I)<br />
<strong>do</strong>s músculos VMO, VLL e VLO. Os autores colocam que a<br />
intensidade da contração está diretamente relacionada com a<br />
solicitação <strong>do</strong> músculo. Os seus resulta<strong>do</strong>s demonstraram que<br />
em exercícios com intensidades leves de movimento isotônico<br />
concêntrico de extensão de joelho de 90 º a 0 º (10% a 30%<br />
força máxima) o RF tem uma solicitação maior que os músculos<br />
VL e VMO, nesta ordem. Em exercícios submáximos<br />
(70 a 80% da força máxima) encontra-se o músculo VL com<br />
uma solicitação maior que o VMO e RF respectivamente.<br />
Nos exercícios máximos (100% da força máxima) o músculo<br />
VMO obteve uma solicitação bem maior que o VL e RF.<br />
Isso também sugere que quan<strong>do</strong> a sedentária é exigida numa<br />
CIVM, principalmente se a exigência da força <strong>do</strong> membro é<br />
maior, como é o caso <strong>do</strong> ângulo de 30 graus; há necessidade<br />
de uma solicitação <strong>do</strong> RF em detrimento <strong>do</strong>s demais músculos<br />
laterais <strong>do</strong> quadríceps femoral.<br />
Conclusão<br />
Os resulta<strong>do</strong>s desta pesquisa, nas condições experimentais<br />
utilizadas, permitem concluir que o músculo VMO foi mais<br />
ativo que os músculos VLL, VLO e RF em to<strong>do</strong>s os ângulos<br />
estuda<strong>do</strong>s, tanto em atletas quanto em sedentárias. A atividade<br />
eletromiográfi ca <strong>do</strong>s músculos VMO, VLL e RF são maiores<br />
no grupo atletas que no grupo sedentárias.O músculo VLO<br />
tem um comportamento distinto no grupo sedentárias em relação<br />
principalmente ao VLL no grupo atletas, independente<br />
<strong>do</strong> ângulo e da <strong>do</strong>minância, sen<strong>do</strong> signifi cativo a 90 graus.<br />
Frente à discussão, propõe-se um estu<strong>do</strong> que avalie o<br />
treinamento específico das atletas de voleibol, tanto de<br />
condicionamento muscular quanto técnico-tático, visan<strong>do</strong><br />
buscar as possíveis causas encontradas neste estu<strong>do</strong>, referentes<br />
aos diferentes níveis de atividade eletromiográfi ca <strong>do</strong>s<br />
músculos estabiliza<strong>do</strong>res da patela, bem como alternância<br />
com o recrutamento <strong>do</strong> músculo reto femoral. Isso é de<br />
suma importância para os profi ssionais da área desportiva,<br />
seja ele médico, fi sioterapeuta, prepara<strong>do</strong>r físico, técnico ou<br />
supervisor de esporte.<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
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Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Artigo original<br />
Quantifican<strong>do</strong> a pliometria na reabilitação de atletas<br />
Quantifying the plyometric in athlete rehabilitation<br />
Gustavo Rebello Soares<br />
Acadêmico, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública Fundação Bahiana para o Desenvolvimento das Ciências, Salva<strong>do</strong>r, Bahia<br />
Resumo<br />
Objetivos: Identifi car os exercícios pliométricos para os membros<br />
inferiores e quantifi car sua forma de realização em relação ao tempo<br />
de treinamento, freqüência, quantidade de séries, quantidade de<br />
repetições, tempo de recuperação entre os exercícios e tempo de<br />
recuperação entre as séries. Materiais e méto<strong>do</strong>s: Este estu<strong>do</strong> realiza<br />
uma revisão da literatura de trabalhos, publica<strong>do</strong>s no perío<strong>do</strong> de<br />
1983 a 2004, que abordam os princípios neurofi siológicos da pliometria<br />
ou apresentam um programa de treinamento pliométrico.<br />
A forma para análise <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s utilizada foi a freqüência com<br />
que as variáveis dependentes e independentes foram citadas ou a<br />
média entre aqueles que as mencionaram. Resulta<strong>do</strong>s: Dez exercícios<br />
foram seleciona<strong>do</strong>s como os mais menciona<strong>do</strong>s nos trabalhos. O<br />
tempo de treinamento mais cita<strong>do</strong> foi de seis semanas, em três sessões<br />
semanais. Foi realizada, mais freqüentemente, uma única série de<br />
exercício, preconizan<strong>do</strong> o tempo como unidade para quantifi car<br />
sua realização. Foi quantifi ca<strong>do</strong> também o tempo de descanso entre<br />
os exercícios e entre as séries. Discussão e conclusão: A pliometria<br />
pode promover ganhos de força explosiva sen<strong>do</strong> realizada de forma<br />
criteriosa, seguin<strong>do</strong> os princípios aqui expostos. Desta forma, a<br />
fi sioterapia age para que o atleta recupere seu nível de desempenho<br />
de maneira mais rápida e segura possível.<br />
Palavras-chaves: pliometria, reabilitação, atleta.<br />
Introdução<br />
Em todas as práticas esportivas, os atletas estão sempre<br />
sujeitos a sofrer algum tipo de lesão durante uma competição<br />
ou treinamento, devi<strong>do</strong> à constante exposição a traumatismos.<br />
Logo, a reabilitação destes indivíduos constitui um campo bastante<br />
desafi a<strong>do</strong>r da medicina desportiva que tem como metas<br />
proteger e tratar o desportista de lesões, de reincidências e da<br />
Abstract<br />
Objective: To identify the plyometric exercises for the lower limbs<br />
and quantify them according to the time of training, frequency,<br />
number of series, number of repetitions, time of recovery between<br />
exercises and time of recovery between series. Method: Th is study is a<br />
review of literature published from 1983 to 2004, which approaches<br />
the neurophysiologic principles of plyometric or plyometric training<br />
programs. Th e contents were analyzed using the periodicity in which<br />
the dependent and independent variables were quoted or the mean<br />
of those which mentioned them. Results: Ten exercises were selected<br />
as the most quoted by the articles. Th e time of training most quoted<br />
was six weeks, three times a week. More frequently, only one series<br />
of exercises was <strong>do</strong>ne, and time was the best predictor to quantify<br />
the exercises comparing to repetition. Also, the resting time between<br />
the exercises and between the series was quantifi ed. Discussion and<br />
conclusion: When plyometric exercises are <strong>do</strong>ne in a very sensible<br />
way, according to the principles here exposed, it can aid the gaining<br />
of explosive power. Th erefore, physical therapy makes the athlete<br />
recover their level of performance in a faster and safer way.<br />
Key-words: plyometrics, rehabilitation, athlete.<br />
incapacidade permanente. Para isto, a fi sioterapia pode fazer<br />
uso da pliometria como um de seus recursos terapêuticos.<br />
A pliometria é um conjunto de exercícios volta<strong>do</strong>s para<br />
indivíduos que praticam atividade física, que unem força e<br />
velocidade <strong>do</strong> movimento, através das duas fases da contração<br />
muscular ativa (excêntrica/concêntrica), e visa obter resposta<br />
explosiva e reativa <strong>do</strong> músculo no menor tempo possível. Seu<br />
objetivo é melhorar a potência <strong>do</strong> músculo, facilitan<strong>do</strong> os<br />
Recebi<strong>do</strong> em 24 de novembro de 2005; aceito em 10 de maio de 2006.<br />
Endereço para correspondência: Gustavo Rebello Soares, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Av. Dom João VI, 274,<br />
40.290-000 Salva<strong>do</strong>r BA, Tel: (71)3276-8200, E-mail: grsoares@gmail.com<br />
9
10<br />
impulsos neurológicos, e aumentar a tensão muscular gerada<br />
no componente elástico <strong>do</strong> músculo.<br />
Esse tipo de exercício há muito tempo é utiliza<strong>do</strong> para melhorar<br />
a performance <strong>do</strong>s atletas, porém, só recentemente, passou<br />
a fazer parte da reabilitação física, mais precisamente na sua fase<br />
fi nal [1]. No passa<strong>do</strong>, esse programa era denomina<strong>do</strong> de treinamento<br />
de “choque” ou de salto. Somente em 1969 passou a ser<br />
chama<strong>do</strong> de pliometria, quan<strong>do</strong> foi descrito na Europa Oriental<br />
pelo russo Verkhoshanski [2]. O termo pliometria é deriva<strong>do</strong> da<br />
palavra grega pleythyein, que signifi ca “aumentar”, ou das raízes<br />
grega plio e metric, que signifi cam “maior” e “medida” [2].<br />
Um estu<strong>do</strong> examinou os efeitos de seis semanas de treinamento<br />
pliométrico nos mecanismos de aterrissagem de saltos e<br />
a força de atletas femininas [3]. Foram observadas a diminuição<br />
de 22% no pico de força de reação <strong>do</strong> solo e diminuição de<br />
50% <strong>do</strong>s movimentos de abdução e adução <strong>do</strong> joelho durante<br />
a aterrissagem. Em adição, observou-se aumento signifi cativo<br />
na força isocinética <strong>do</strong>s músculos isquiotibiais, na razão entre<br />
os isquiotibiais e o quadríceps e na altura <strong>do</strong> salto vertical. Os<br />
autores sugerem que esse treinamento tem efeito signifi cativo<br />
na estabilização <strong>do</strong> joelho e na prevenção de lesões sérias entre<br />
as atletas. Usan<strong>do</strong> o mesmo programa de treinamento, outro<br />
estu<strong>do</strong> analisou, prospectivamente, os efeitos da pliometria<br />
nas lesões sérias de joelho em atletas femininas [4]. Os autores<br />
demonstraram diminuição, estatisticamente signifi cante, da<br />
quantidade de lesões <strong>do</strong> joelho no grupo treina<strong>do</strong> em relação<br />
ao grupo controle.<br />
Tabela I - Exercícios pliométricos.<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Os exercícios pliométricos podem ser aplica<strong>do</strong>s tanto para<br />
os membros inferiores como para os membros superiores.<br />
Existem muitos estu<strong>do</strong>s experimentais que utilizam programas<br />
de treinamento pliométrico para os membros inferiores<br />
<strong>do</strong> corpo, entretanto, não há consenso <strong>do</strong>s seus benefícios<br />
por causa da falta de concordância a respeito de sua melhor<br />
aplicabilidade [2]. Em relação aos membros superiores, a<br />
pliometria ainda precisa ser mais estudada, pois os exercícios<br />
são conheci<strong>do</strong>s, mas há poucas pesquisas experimentais que<br />
comprovem sua efi cácia através da utilização de um programa<br />
de treinamento.<br />
Espera-se que este trabalho forneça um alicerce seguro<br />
e cientifi camente comprova<strong>do</strong> sobre o uso dessa técnica aos<br />
fi sioterapeutas, para que possam utilizá-la, mais freqüentemente,<br />
na reabilitação atlética.<br />
Assim, o objetivo desse estu<strong>do</strong> é identifi car os exercícios<br />
pliométricos, para os membros inferiores, utiliza<strong>do</strong>s nos programas<br />
de reabilitação e quantifi car sua forma de realização em<br />
relação a tempo de treinamento, freqüência, quantidade de<br />
séries, quantidade de repetições, tempo de recuperação entre<br />
os exercícios e tempo de recuperação entre as séries.<br />
Materiais e méto<strong>do</strong>s<br />
Este estu<strong>do</strong> realiza uma revisão da literatura tipo comparativa-descritiva<br />
realizada através de pesquisas nas fontes de<br />
da<strong>do</strong>s virtuais indexadas (Medline, Pubmed, Lilacs, Scielo,<br />
Exercício Variáveis Brown et Wilson et al, Hewett et al, Hewett et al, Spurrs et al, Wilkerson Irmischer Chimera et<br />
al, 1986 1996 [6] 1996 [3] 1999 [4] 2003 [7] et al, 2004 et al, al, 2004<br />
[5]<br />
[8] 2004 [9] [10]<br />
Depth Tempo de 12 semanas 8 semanas 6 semanas 6 semanas 6 semanas 6 semanas 6 semanas<br />
jump treinamento<br />
Freqüência 3x/semana 2x/semana 3x/semana 3x/semana 2 a 3x/semana<br />
3x/semana 2x/semana<br />
Wall<br />
jumps<br />
/ Ankle<br />
bounces<br />
Séries 3 séries 1a 4 séries 1 série 1 série 2 a 3 séries 1 série 1 série<br />
Repetições 10 rep. 8 rep. 5 a 10 rep. 5 a 10 rep. 6 a 10 rep. 5 a 10 rep. 20 a 40 rep.<br />
Recuperação<br />
(exercício)<br />
30’’ 30’’ 30’’ 120’’<br />
Recuperação<br />
(séries)<br />
Tempo de<br />
treinamento<br />
60’’ 180’’ 30’’<br />
6 semanas 6 semanas 6 semanas 9 semanas 6 semanas<br />
Freqüência 3x/semana 3x/semana 3x/semana 2x/semana 2x/semana<br />
Séries 1 série 1 série 1 série 3 séries 3 a 6 séries<br />
Repetições 20’’ a 30’’ 20’’ a 30’’ 20’’ a 30’’ 10 rep. 30’’<br />
Recuperação<br />
(exercício)<br />
30’’ 30’’ 30’’ 120’’<br />
Recuperação<br />
(séries)<br />
30’’
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Free Medical Journals, Capes, Web of Science) com as seguintes<br />
palavras-chaves em inglês: plyometric e plyometr*.<br />
Em adição, foram realizadas pesquisas nas bibliotecas da<br />
Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP),<br />
Universidade Católica de Salva<strong>do</strong>r (UCSAL), Universidade<br />
Federal da Bahia (UFBA) e na União Metropolitana de<br />
Ensino (UNIME).<br />
Foram incluí<strong>do</strong>s na pesquisa to<strong>do</strong>s os artigos, livros e<br />
periódicos encontra<strong>do</strong>s em português, inglês e espanhol,<br />
publica<strong>do</strong>s no perío<strong>do</strong> de 1983 a 2004, que abordavam os<br />
princípios neurofi siológicos da técnica ou explicavam um<br />
programa de treinamento pliométrico para os membros<br />
inferiores. Foram excluí<strong>do</strong>s os artigos que traziam um programa<br />
de treinamento pliométrico, mas não apresentavam as<br />
descrições <strong>do</strong>s exercícios e seus nomes não eram sufi cientes<br />
para se compreender plenamente os movimentos realiza<strong>do</strong>s<br />
durante a execução da atividade. Os artigos que tinham apenas<br />
a ilustração <strong>do</strong>s exercícios, sem identifi cação e sem descrições,<br />
também foram excluí<strong>do</strong>s. Em associação, os acha<strong>do</strong>s em outras<br />
línguas estrangeiras, que não as citadas anteriormente,<br />
foram automaticamente excluí<strong>do</strong>s.<br />
Tabela II - Síntese <strong>do</strong>s exercícios pliométricos.<br />
Exercícios Tempo de<br />
treinamento<br />
Wall jump /<br />
Ankle bounces<br />
Freqüência<br />
Séries 1ª semana<br />
2ª semana<br />
11<br />
Primeiramente, foram listadas todas as variáveis independentes<br />
(exercícios pliométricos) e suas variáveis dependentes<br />
(tempo de treinamento, freqüência, quantidade de séries,<br />
quantidade de repetições, tempo de recuperação entre os exercícios<br />
e tempo de recuperação entre as séries) <strong>do</strong>s trabalhos<br />
incluí<strong>do</strong>s (Tabela I). Em seguida, realizou-se a seleção <strong>do</strong>s<br />
exercícios cita<strong>do</strong>s em pelo menos 50% <strong>do</strong>s trabalhos. Dentre<br />
estes, foram escolhi<strong>do</strong>s as formas mais freqüentes de realização<br />
<strong>do</strong>s exercícios, sen<strong>do</strong> que, quan<strong>do</strong> as variáveis <strong>do</strong>s exercícios não<br />
eram descritas em ao menos 50% <strong>do</strong>s trabalhos, foi considerada<br />
a média aritmética dentre aqueles que a citavam.<br />
Resulta<strong>do</strong>s<br />
Foram seleciona<strong>do</strong>s 12 artigos e seis livros para o estu<strong>do</strong>.<br />
Dos 12 artigos, quatro foram utiliza<strong>do</strong>s para a observação<br />
<strong>do</strong>s princípios neurofi siológicos e oito para a observação <strong>do</strong>s<br />
exercícios e suas variáveis. Dos quatro artigos seleciona<strong>do</strong>s<br />
para análise <strong>do</strong>s princípios neurofi siológicos apenas <strong>do</strong>is<br />
foram utiliza<strong>do</strong>s, pois os demais faziam menção a um destes<br />
artigos analisa<strong>do</strong>s.<br />
3ª semana<br />
Repetições<br />
4ª semana<br />
5ª semana<br />
6ª semana<br />
Recuperação(exercícios)<br />
6 semanas 3x/semana 1 série 20 seg. 25 seg. 30 seg. 30 seg. 30 seg. 30 seg. 30 segun<strong>do</strong>s<br />
Tuck jump 6 semanas 3x/semana 1 série 20 seg. 25 seg. 30 seg. 30 seg. 30 segun<strong>do</strong>s<br />
Squat jump 6 semanas 3x/semana 1 série 10 seg. 15 seg. 20 seg. 20 seg. 25 seg. 25 seg. 30 segun<strong>do</strong>s<br />
Double leg cone<br />
jumps<br />
6 semanas 3x/semana 1 série 30 seg. 30 seg. 30 seg. 30 seg. 30 segun<strong>do</strong>s<br />
180° jumps 6 semanas 3x/semana 1 série 20 seg. 25 seg. 30 segun<strong>do</strong>s<br />
Bounding in<br />
place<br />
6 semanas 3x/semana 1 série 20 seg. 25 seg. 30 segun<strong>do</strong>s<br />
Scissor jump 6 semanas 3x/semana 1 série 30 seg. 30 seg. 30 segun<strong>do</strong>s<br />
Bounding for<br />
distance<br />
6 semanas 3x/semana 1 série 1 corrida 2 corridas 30 segun<strong>do</strong>s<br />
Single legged 6 semanas 3x/semana 1 série 5 rep./ 5 rep./ 5 rep./ 5 rep./ 30 segun<strong>do</strong>s<br />
hops<br />
perna perna perna perna<br />
Depth jump 6 semanas 3x/semana 1 série 5 rep. 10 rep. 30 segun<strong>do</strong>s<br />
Tabela III - Descrição <strong>do</strong>s exercícios pliométricos.<br />
Wall jump /<br />
Ankle bounces<br />
Recuperação<br />
(séries)<br />
Saltos com os <strong>do</strong>is tornozelos. O paciente posiciona-se com os <strong>do</strong>is joelhos levemente <strong>do</strong>bra<strong>do</strong>s e com os braços<br />
eleva<strong>do</strong>s atrás da cabeça. Em seguida, salta para cima e aterrisa com os de<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s pés (ponta <strong>do</strong>s pés). Repetir<br />
rapidamente.<br />
Tuck jump A partir da posição em pé (ereto), o paciente salta verticalmente o mais alto possível e leva ambos os joelhos para<br />
cima em direção ao tórax. Repetir rapidamente.<br />
Squat jump A partir da posição agachada, o paciente salta verticalmente o mais alto possível. Ao aterrissar, ele deve absorver o<br />
choque em posição agachada e repetir o salto rapidamente.<br />
Double leg<br />
cone jumps<br />
O paciente salta, com as duas pernas e pés juntos, de um la<strong>do</strong> para o outro por cima de cones, rapidamente.<br />
Deven<strong>do</strong> repetir também para frente e para trás.
12<br />
To<strong>do</strong>s os trabalhos confronta<strong>do</strong>s tratavam-se de estu<strong>do</strong>s<br />
experimentais cuja síntese, através da freqüência de citação, resultou<br />
na escolha de 10 exercícios. São eles: Wall jumps / Ankle<br />
bounces, Tuck jumps, Squat jump, Double leg cone jumps, 180°<br />
jumps, Bounding in place, Scissor jump, Bounding for distance,<br />
Single legged hops e Depth jump. Estes podem ser visualiza<strong>do</strong>s<br />
na Tabela II, assim como suas variáveis escolhidas. A descrição<br />
de cada uma dessas atividades encontra-se na Tabela III.<br />
Dentre os exercícios seleciona<strong>do</strong>s, também com base<br />
na freqüência de citação nos artigos, foram encontra<strong>do</strong>s os<br />
seguintes resulta<strong>do</strong>s para as variáveis dependentes pesquisadas:<br />
o tempo de treinamento para a atividade pliométrica foi<br />
de seis semanas e a freqüência de sua realização foi de três<br />
vezes semanais, em dias alterna<strong>do</strong>s, respeitan<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> de<br />
repouso de 48 horas entre as sessões.<br />
Quanto ao número de séries, foi pre<strong>do</strong>minante a utilização<br />
de apenas uma série para cada atividade selecionada. O volume<br />
com que foram realizadas variou de acor<strong>do</strong> com o exercício: 70%<br />
foram quantifi ca<strong>do</strong>s ten<strong>do</strong> o tempo (segun<strong>do</strong>s) como unidade<br />
de medida e 30% ten<strong>do</strong> o número de repetições ou de distância<br />
percorrida. Para os exercícios cujo volume foi basea<strong>do</strong> no tempo<br />
de execução, constatou-se que a quantidade de realização mais<br />
citada foi de 20 segun<strong>do</strong>s na primeira semana, 25 segun<strong>do</strong>s na<br />
segunda semana e 30 segun<strong>do</strong>s para a terceira e quarta semanas.<br />
Em relação a quinta e sexta semanas, somente <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s exercícios,<br />
dentre os escolhi<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong>, foram realiza<strong>do</strong>s utilizan<strong>do</strong> o<br />
tempo como unidade de medida. Por eles apresentarem valores<br />
diferentes quanto ao volume e por não ser possível verifi car a<br />
maior freqüência de citação, foi realiza<strong>do</strong> a média entre aqueles<br />
que os citaram. Logo, para a quinta e sexta semanas, os resulta<strong>do</strong>s<br />
apresentaram uma média de 27,5 segun<strong>do</strong>s, em cada uma das<br />
semanas, para o volume realiza<strong>do</strong>.<br />
Para o tempo de recuperação entre os exercícios foi mais<br />
continuamente cita<strong>do</strong> o intervalo de 30 segun<strong>do</strong>s. Para o<br />
tempo de recuperação entre as séries <strong>do</strong>s exercícios escolhi<strong>do</strong>s<br />
foi calculada, novamente, a média entre aqueles que a citaram,<br />
já que a maioria não fez menção a essa variável em seus<br />
estu<strong>do</strong>s. A partir desta análise, foram encontra<strong>do</strong>s os seguintes<br />
valores para os exercícios Wall jump, Double leg cone jumps,<br />
180° jumps e Depth jumps: 30 segun<strong>do</strong>s, 30 segun<strong>do</strong>s, 30<br />
segun<strong>do</strong>s e 90 segun<strong>do</strong>s, respectivamente. Estes valores não<br />
aparecem na tabela II, pois este foi construída apenas com<br />
base na freqüência de citação <strong>do</strong>s exercícios e suas variáveis<br />
em pelo menos 50% <strong>do</strong>s trabalhos.<br />
Discussão<br />
Com a realização deste estu<strong>do</strong> foi possível quantifi car<br />
os exercícios pliométricos aplica<strong>do</strong>s aos membros inferiores<br />
através da freqüência e da média com que eles e suas variáveis<br />
foram descritos nos artigos revisa<strong>do</strong>s. O que chamou mais<br />
atenção na pesquisa foi o fato da pliometria ser praticada,<br />
na maioria <strong>do</strong>s exercícios, ten<strong>do</strong> o tempo (segun<strong>do</strong>s) como<br />
unidade de medida para quantifi car as repetições a serem<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
executadas. Logo, diante <strong>do</strong>s acha<strong>do</strong>s expostos neste trabalho,<br />
espera-se ser possível empregar essa técnica, com mais segurança<br />
e efi cácia, nos programas de reabilitação atlética.<br />
Foram encontradas inúmeras variações para os exercícios<br />
pliométricos, porém, as atividades mais freqüentemente<br />
utilizadas foram as relatadas neste estu<strong>do</strong> (Wall jumps/Ankle<br />
bounces, Tuck jump, Squat jump, Double leg cone jump,<br />
180° jumps, Bounding in place, Scissor jump, Bounding for<br />
distance, Single legged hops, Depth jump). Isto não signifi ca<br />
que to<strong>do</strong>s os exercícios lista<strong>do</strong>s aqui, e somente eles, devam<br />
ser usa<strong>do</strong>s nos programas de reabilitação. A escolha das atividades<br />
depende <strong>do</strong> objetivo <strong>do</strong> tratamento, <strong>do</strong> grupo muscular<br />
que se deseja trabalhar e <strong>do</strong> esporte pratica<strong>do</strong> pelo atleta,<br />
pois cada modalidade esportiva apresenta formas e níveis de<br />
exigências diferentes. Por exemplo, para o joga<strong>do</strong>r de vôlei,<br />
os pliométricos apropria<strong>do</strong>s são aqueles que envolvem saltos<br />
em altura no mesmo lugar ou saltos em profundidade e não<br />
os saltos em distância, que, por sua vez, são mais apropria<strong>do</strong>s<br />
para os praticantes de atletismo.<br />
Quanto às variáveis, constatou-se que o tempo de treinamento<br />
mais utiliza<strong>do</strong> foi o de seis semanas. A escolha<br />
deste perío<strong>do</strong> pode ser fundamentada no fato de que para se<br />
desenvolver a capacidade de recrutamento das unidades motoras<br />
em altíssimas velocidades, visan<strong>do</strong> o ganho de potência<br />
muscular, pode ser necessário um perío<strong>do</strong> de treinamento<br />
mais longo [11].<br />
A freqüência semanal com que os treinamentos pliométricos<br />
foram mais emprega<strong>do</strong>s foi de três vezes por semana,<br />
em dias alterna<strong>do</strong>s. A freqüência de treinamento superior a<br />
duas ou três vezes por semana pode difi cultar a recuperação<br />
entre os exercícios e, desta forma, retardar as adaptações neuromusculares<br />
impostas pela atividade e o desenvolvimento da<br />
força [12]. Entretanto, não existe <strong>do</strong>cumentação sufi ciente<br />
que defi na a freqüência semanal ideal para a realização <strong>do</strong><br />
treinamento [13].<br />
O número de séries mais usa<strong>do</strong> para os exercícios seleciona<strong>do</strong>s<br />
foi de apenas uma série. Este procedimento é menos<br />
efetivo para o ganho de força <strong>do</strong> que se os exercícios fossem<br />
realiza<strong>do</strong>s com duas ou três séries, sen<strong>do</strong> a utilização de três<br />
séries ainda mais efi caz <strong>do</strong> que duas [12]. Em associação,<br />
a utilização de múltiplas séries de exercícios permite que o<br />
organismo humano seja capaz de se adaptar às cargas impostas<br />
e, por isso, para se obter novos ganhos de força é preciso<br />
submeter o corpo a estresses mais intensos, progressivamente<br />
[14]. Alguns fatores devem ser leva<strong>do</strong>s em consideração ao se<br />
escolher o número de séries, são eles: tamanho <strong>do</strong> músculo,<br />
grupo muscular, lesões associadas ao esporte e resulta<strong>do</strong>s<br />
espera<strong>do</strong>s <strong>do</strong> treinamento [14].<br />
O uso da série única aplica-se somente para os indivíduos<br />
que estão começan<strong>do</strong> o programa de treinamento [14].<br />
Antigamente, acreditava-se que para se obter os ganhos de<br />
força eram necessárias três séries <strong>do</strong>s exercícios, porém novos<br />
estu<strong>do</strong>s têm demonstra<strong>do</strong> que a utilização de apenas uma série<br />
é tão efi caz quanto três séries para o aumento <strong>do</strong> tamanho e da
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força musculares [15]. Isto permite que uma maior variedade<br />
de exercícios possa ser incluída nos programas de treinamento<br />
ao invés de menos exercícios de séries múltiplas, no mesmo<br />
perío<strong>do</strong> de tempo [15].<br />
Logo, diante da realização de menos exercícios de séries<br />
múltiplas e <strong>do</strong> fato das adaptações neurais <strong>do</strong> organismo só<br />
ocorrerem nos movimentos que são treina<strong>do</strong>s, o aprendiza<strong>do</strong><br />
motor, neste caso, fi ca limita<strong>do</strong> apenas a determina<strong>do</strong>s padrões<br />
de movimento. Por outro la<strong>do</strong>, ao utilizar somente uma série<br />
por exercício, mais atividades com forma e exigências diferentes<br />
podem ser acrescentadas aos programas de treinamento.<br />
Com isto, o aprendiza<strong>do</strong> motor, que sucede em virtude das<br />
adaptações neurais, vai ocorrer para as mais variadas situações<br />
e padrões de movimento, o que é mais adequa<strong>do</strong> diante das<br />
solicitações da prática esportiva.<br />
Em relação à quantidade de repetições (volume), 70%<br />
<strong>do</strong>s exercícios escolhi<strong>do</strong>s preconizaram a utilização <strong>do</strong> tempo<br />
(segun<strong>do</strong>s) como unidade de medida e 30% usaram o número<br />
de repetições ou de distância percorrida. Dentre os 70%, o<br />
tempo mais freqüentemente cita<strong>do</strong> variou de 20 a 30 segun<strong>do</strong>s,<br />
ao longo das seis semanas de treinamento.<br />
De acor<strong>do</strong> com a fórmula universal da física para o cálculo<br />
da velocidade, na qual a velocidade é igual ao deslocamento<br />
dividi<strong>do</strong> pelo tempo (V = d/t), a velocidade é diretamente<br />
proporcional ao deslocamento e inversamente proporcional<br />
ao tempo. Ou seja, para o indivíduo alcançar maior velocidade<br />
de movimento, ele deve percorrer a maior distância (no<br />
caso <strong>do</strong>s saltos, vertical e/ou horizontal) possível no menor<br />
tempo permiti<strong>do</strong>. Consideran<strong>do</strong> que o tempo para execução<br />
<strong>do</strong> movimento mais freqüentemente prescrito pelos artigos<br />
revisa<strong>do</strong>s foi de 20 a 30 segun<strong>do</strong>s, os atletas deverão realizar as<br />
atividades pliométricas neste tempo, visan<strong>do</strong> atingir o maior<br />
deslocamento <strong>do</strong> corpo com a maior velocidade possível.<br />
A relevância de tal afi rmação é que segun<strong>do</strong> as bases neurofi<br />
siológicas da pliometria quanto maior a velocidade gerada<br />
pelo exercício, maior será a ativação <strong>do</strong> refl exo miotático e o<br />
armazenamento de energia elástica pelo componente elástico<br />
<strong>do</strong> músculo, resultan<strong>do</strong> numa posterior contração muscular<br />
concêntrica vigorosa e explosiva [2]. O refl exo miotático e o<br />
armazenamento de energia, juntamente com a dessensibilização<br />
<strong>do</strong> Órgão Tendinoso de Golgi e a coordenação muscular,<br />
compõem os princípios que fundamentam a pliometria [2].<br />
Diante disso, quan<strong>do</strong> os exercícios preconizam o uso<br />
<strong>do</strong> número de repetições ou de distância percorrida como<br />
unidade de medida para o volume (30%), o atleta pode<br />
realizar as atividades tanto rapidamente quanto lentamente.<br />
Executan<strong>do</strong>-as lentamente, a ativação <strong>do</strong>s componentes neurofi<br />
siológicos da pliometria não irá ocorrer corretamente e,<br />
conseqüentemente, os efeitos espera<strong>do</strong>s desta técnica, provavelmente,<br />
não serão alcança<strong>do</strong>s. Portanto, sugere-se que esses<br />
exercícios devam ser adapta<strong>do</strong>s para que sejam realiza<strong>do</strong>s de<br />
acor<strong>do</strong> com o tempo de execução.<br />
O tempo de recuperação entre os exercícios e entre as<br />
séries está diretamente relaciona<strong>do</strong> à intensidade da atividade,<br />
13<br />
pois quanto maior a intensidade, maior será o metabolismo<br />
<strong>do</strong> organismo [16]. Logo, para que o exercício seja realiza<strong>do</strong><br />
é preciso que o corpo tenha tempo de normalizar seu metabolismo<br />
através <strong>do</strong> armazenamento de oxigênio e glicose no<br />
músculo e no sangue [16].<br />
Os resulta<strong>do</strong>s deste estu<strong>do</strong> demonstraram que o tempo<br />
de recuperação entre os exercícios mais utiliza<strong>do</strong>s foi de 30<br />
segun<strong>do</strong>s. No entanto, não foram encontradas quaisquer informações<br />
específi cas sobre esse intervalo. Conclui-se, então,<br />
que a aplicação dessa variável depende <strong>do</strong> objetivo traça<strong>do</strong>,<br />
<strong>do</strong> esporte pratica<strong>do</strong> pelo atleta e da sua resposta à atividade.<br />
Cabe ao fi sioterapeuta perceber e questionar seu cliente sobre<br />
a intensidade <strong>do</strong> exercício para que saiba se esse intervalo deve<br />
ser manti<strong>do</strong>, aumenta<strong>do</strong> ou reduzi<strong>do</strong>.<br />
Em relação ao tempo de recuperação entre as séries das<br />
atividades selecionadas, apenas os exercícios Wall jump/Ankle<br />
bounces, Double leg cone jumps, 180° jumps e Depth jump<br />
apresentaram, respectivamente, 30, 30, 30 e 90 segun<strong>do</strong>s de<br />
descanso entre as séries. São necessários 60 a 120 segun<strong>do</strong>s<br />
entre as séries para que haja a recuperação das fontes de<br />
energia oriundas <strong>do</strong> sistema <strong>do</strong> fosfagênio (ATP-CP), que<br />
são fundamentais para a realização <strong>do</strong> esforço máximo [14].<br />
Esse mesmo intervalo de descanso é necessário para que as<br />
reservas de energia sejam recuperadas antes da realização de<br />
uma nova série [17]. Entretanto, os valores encontra<strong>do</strong>s neste<br />
estu<strong>do</strong> não devem ser considera<strong>do</strong>s, uma vez que to<strong>do</strong>s os<br />
exercícios seleciona<strong>do</strong>s foram mais freqüentemente realiza<strong>do</strong>s<br />
com apenas uma série, não sen<strong>do</strong> necessário, portanto, tempo<br />
de recuperação entre as séries.<br />
To<strong>do</strong>s os exercícios e suas variáveis selecionadas foram<br />
cita<strong>do</strong>s neste trabalho. No entanto, em um programa prático<br />
de treinamento, as atividades desenvolvidas devem ser progressivas<br />
para que a sobrecarrega ideal seja imposta ao atleta e<br />
para que também sejam evitadas as adaptações <strong>do</strong> organismo<br />
aos exercícios. Essa evolução deve ser realizada de acor<strong>do</strong> com<br />
os objetivos <strong>do</strong> treinamento e com as respostas fi siológicas<br />
<strong>do</strong> paciente à sua realização. Ao longo das seis semanas de<br />
pliometria, os exercícios devem progredir de atividades simples<br />
para atividades complexas, como: passar de saltos com<br />
as duas pernas para apenas uma, de saltos verticais para<strong>do</strong>s<br />
para saltos em distância e em profundidade. Em adição, o<br />
volume executa<strong>do</strong> também deve evoluir ao longo das semanas,<br />
acrescentan<strong>do</strong> mais tempo na realização <strong>do</strong>s exercícios.<br />
O aumento da intensidade da pliometria também pode ser<br />
manipula<strong>do</strong> através da diminuição <strong>do</strong> tempo de recuperação<br />
entre os exercícios. Em associação, o fi sioterapeuta deve fazer<br />
uso da criatividade e da observação <strong>do</strong>s movimentos realiza<strong>do</strong>s<br />
na prática esportiva de seu paciente para indicar formas<br />
de exercícios o mais específi co e funcional possível. Por fi m,<br />
existem diversos cuida<strong>do</strong>s que devem ser toma<strong>do</strong>s para a<br />
realização segura, correta e efi caz da pliometria, sen<strong>do</strong> estes<br />
muito bem descritos na literatura [13].<br />
A limitação deste estu<strong>do</strong> refere-se à ausência de pesquisas<br />
que utilizem a pliometria como conduta terapêutica na
14<br />
reabilitação <strong>do</strong>s membros inferiores em atletas. Isto porque<br />
os artigos encontra<strong>do</strong>s destinavam-se a abordar os exercícios<br />
pliométricos apenas como uma forma de aperfeiçoar o desempenho<br />
de desportistas saudáveis e, alguns poucos, a sua<br />
efi cácia na prevenção de lesões. Portanto, diante da escassez de<br />
material referente à utilização da pliometria na reabilitação <strong>do</strong><br />
quadrante inferior, sugere-se que novos estu<strong>do</strong>s experimentais<br />
sejam realiza<strong>do</strong>s para que seja possível verifi car os efeitos da<br />
pliometria na reabilitação.<br />
Conclusão<br />
Pode-se concluir que a pliometria, quan<strong>do</strong> realizada<br />
de forma criteriosa, seguin<strong>do</strong> princípios como os cita<strong>do</strong>s e<br />
discuti<strong>do</strong>s neste artigo, é capaz de promover ganhos de força<br />
muscular explosiva de forma consistente e progressiva. Isto<br />
em virtude de sua capacidade de adaptar e treinar o sistema<br />
neuromuscular e não através de mudanças morfológicas <strong>do</strong>s<br />
músculos. A fi sioterapia, ao fazer uso da pliometria como um<br />
de seus recursos terapêuticos, deve agir de forma facilita<strong>do</strong>ra,<br />
reabilitan<strong>do</strong> o atleta, de maneira mais rápida e segura possível,<br />
para que ele recupere seu nível de desempenho igual ou<br />
superior ao esta<strong>do</strong> pré-lesão.<br />
Agradecimentos<br />
Agradeço a Prof. Ana Lúcia Góes pela sua assessoria científi<br />
ca a esse estu<strong>do</strong>, pelo incentivo e empenho em me orientar,<br />
e sua acessibilidade e confi ança no meu trabalho.<br />
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Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Artigo original<br />
Análise das capacidades físicas em indivíduos<br />
adultos sedentários e treina<strong>do</strong>s<br />
Analysis of physical capacities in sedentary<br />
and trained adult individuals<br />
Alexandre de Souza e Silva*, Regiane Albertini**, Maricilia Silva Costa***<br />
*Educa<strong>do</strong>r Físico, Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento, UNIVAP, **Fisioterapeuta, Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento,<br />
UNIVAP, ***Professora, Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento, UNIVAP<br />
Resumo<br />
Introdução: O envelhecimento é um processo de mudanças que<br />
levam to<strong>do</strong>s os seres vivos a passarem por perdas progressivas das<br />
suas capacidades funcionais, conduzin<strong>do</strong> a um grande risco de se<br />
tornarem sedentários. Objetivo: O objetivo deste estu<strong>do</strong> foi analisar<br />
as diferenças nas capacidades físicas entre grupos de indivíduos:<br />
treina<strong>do</strong>s e sedentários. Méto<strong>do</strong>s: Participaram <strong>do</strong> grupo de estu<strong>do</strong><br />
34 indivíduos, classifi ca<strong>do</strong>s como treina<strong>do</strong>s e sedentários. Os indivíduos<br />
foram avalia<strong>do</strong>s através <strong>do</strong>s testes de fl exibilidade, força,<br />
IMC e RCQ. Resulta<strong>do</strong>s: Foi observa<strong>do</strong> que os indivíduos treina<strong>do</strong>s<br />
apresentaram maior pico de torque, tanto para perna direita,<br />
quanto para perna esquerda. Este resulta<strong>do</strong> foi observa<strong>do</strong> tanto em<br />
movimento de fl exão quanto em extensão. O teste de fl exibilidade<br />
indicou um melhor desempenho deste parâmetro em indivíduos<br />
treina<strong>do</strong>s (24,8 ± 11,8), quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s com o grupo de indivíduos<br />
sedentários (17,5 ± 5,1). As medidas de PAS e a PAD em<br />
indivíduos treina<strong>do</strong>s mostrou melhores resulta<strong>do</strong>s em relação aos<br />
valores obti<strong>do</strong>s <strong>do</strong> grupo de indivíduos sedentários. Conclusão: Os<br />
indivíduos treina<strong>do</strong>s apresentaram melhores resulta<strong>do</strong>s em força<br />
muscular e fl exibilidade, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s com os indivíduos<br />
Sedentários. Estes resulta<strong>do</strong>s indicam que a atividade física se mostra<br />
de grande importância para a manutenção das capacidades físicas<br />
e da qualidade de vida.<br />
Palavras-chave: dinamômetro isocinético, atividade física, i<strong>do</strong>sos.<br />
15<br />
Abstract<br />
Introduction: Th e aging is a process of changes that lead all human<br />
beings to a progressive decline in their functional capacities, and<br />
at great risk of becoming sedentary. Objective: Th is study aimed to<br />
analyze diff erences in physical capacities between two groups: trained<br />
and sedentary. Methods: Th e sample was composed by 34 individuals,<br />
classifi ed as trained and sedentary. Th ey were evaluated through<br />
fl exibility, strength, BMI and WHR tests. Results: It was observed<br />
that the trained individuals showed larger peak torque, both for the<br />
right and left leg. Th is result was observed in fl exion and stretching<br />
movements. Th e fl exibility test indicated better performance in<br />
trained individuals (24.8 ± 11.8), when compared with sedentary<br />
group (17.5 ± 5.1). Blood pressure of trained individuals showed<br />
better results than the sedentary group. Conclusion: Th e trained<br />
individuals showed better results in muscle strength and fl exibility,<br />
when compared with sedentary group. Th ese results demonstrate<br />
that physical activity is of great importance for the maintenance of<br />
physical capacities and quality of life.<br />
Key-words: isokinetic dynamometer, physical activity, elderly.<br />
Recebi<strong>do</strong> em 15 de julho de 2006; aceito em 12 de outubro de 2006.<br />
Endereço para correspondência: Maricilia Silva Costa, Instituto Pesquisa & Desenvolvimento, Av. Shishima Hifumi 2911, 12244-000<br />
São José <strong>do</strong>s Campos SP, Tel:(12)3947-1125, E-mail: mscosta@univap.br
16<br />
Introdução<br />
A senilidade ou envelhecimento é, geralmente, acompanha<strong>do</strong><br />
pelo declínio acentua<strong>do</strong> nas capacidades <strong>do</strong> sistema<br />
motor [1-3]. Estas mudanças incluem o declínio da força, a<br />
redução na magnitude de respostas refl exas, a diminuição na<br />
velocidade de reações rápidas, o aumento na instabilidade<br />
postural e controle diminuí<strong>do</strong>, decréscimo <strong>do</strong> controle de<br />
força submáxima e a redução das capacidades manipulativas<br />
[4-10].<br />
Este comprometimento da função motora, associa<strong>do</strong><br />
ao processo de envelhecimento, afeta diretamente a vida de<br />
indivíduos i<strong>do</strong>sos, diminuin<strong>do</strong> as suas habilidades em tarefas<br />
simples, como caminhar. Assim, difi cultan<strong>do</strong> a realização de<br />
atividades da vida diária, comprometen<strong>do</strong> a qualidade de vida<br />
e a saúde mental desta população [11].<br />
De acor<strong>do</strong> com Faria Junior et al. [12], com o declínio<br />
gradual das aptidões físicas e o impacto <strong>do</strong> envelhecimento<br />
e das <strong>do</strong>enças, o i<strong>do</strong>so tende a trocar seus hábitos de vida e<br />
rotinas diárias por atividades e formas de ocupação pouco<br />
ativas. Os efeitos associa<strong>do</strong>s à inatividade e à má adaptabilidade<br />
são bastante sérios. Estes efeitos podem acarretar na<br />
redução no desempenho físico, na habilidade motora, na<br />
capacidade de concentração, de reação e de coordenação,<br />
geran<strong>do</strong>, assim, processos de autodesvalorização, apatia,<br />
insegurança, perda da motivação, isolamento social e a<br />
solidão.<br />
Alguns estu<strong>do</strong>s revelam que cerca de 40% <strong>do</strong>s indivíduos<br />
com 65 anos ou mais de idade necessitam de algum tipo de<br />
ajuda para realizar, pelo menos, uma tarefa como: fazer compras,<br />
cuidar das fi nanças, preparar refeições e limpar a casa.<br />
Uma parcela menor (10%) requer auxílio para realizar tarefas<br />
básicas como tomar banho, vestir-se, ir ao banheiro, alimentar-se,<br />
sentar e levantar de cadeiras. Estes da<strong>do</strong>s remetem à<br />
preocupação por mais de 6 milhões de i<strong>do</strong>sos gravemente<br />
fragiliza<strong>do</strong>s no Brasil, segun<strong>do</strong> Pesquisa Nacional por Amostra<br />
de Domicílios de 2001 [13].<br />
O emprego da atividade física para indivíduos mais velhos,<br />
como forma de promoção <strong>do</strong> estilo de vida, proporciona melhora<br />
no desenvolvimento <strong>do</strong>s padrões de saúde e de qualidade<br />
de vida [14,15]. Um programa de treinamento de resistência<br />
(PTR) é de grande importância para estes indivíduos, pois<br />
ocorrem ganhos na força muscular, poden<strong>do</strong> melhorar as<br />
atividades aeróbicas e, ainda, evitar as quedas [14,16-18].<br />
O objetivo <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> foi analisar as diferenças<br />
nas capacidades físicas entre grupos de indivíduos, Treina<strong>do</strong>s<br />
e Sedentários.<br />
Méto<strong>do</strong>s<br />
Indivíduos<br />
Participaram <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> 34 indivíduos, de ambos os sexos,<br />
com idades entre 45 e 75 anos, com peso de 68,8 ± 10,55 kg<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
e altura de 157,7 ± 5,89 cm. Os indivíduos foram dividi<strong>do</strong>s<br />
em <strong>do</strong>is grupos, sedentários (S) n = 14 e treina<strong>do</strong>s (T) n =<br />
20. To<strong>do</strong>s os voluntários assinaram o termo de consentimento<br />
livre e esclareci<strong>do</strong>; aprova<strong>do</strong> pelo comitê de ética em pesquisa<br />
(protocolo n° L200/2005/CEP). Foi considera<strong>do</strong> como<br />
critério de exclusão qualquer <strong>do</strong>r e/ou distúrbio no sistema<br />
osteo-mio-articular.<br />
Os indivíduos <strong>do</strong> grupo Treina<strong>do</strong>(T) praticaram vôlei<br />
adapta<strong>do</strong> três vezes na semana, com a duração de duas horas<br />
por dia e, ainda, realizaram um programa de treinamento<br />
de resistência duas vezes na semana, com a duração de uma<br />
hora por dia. Este protocolo de treinamento foi pratica<strong>do</strong><br />
durante 24 meses. O grupo de Sedentários (S) foi composto<br />
por indivíduos que não praticavam atividades físicas por mais<br />
de 36 meses.<br />
Méto<strong>do</strong>s de análise<br />
Para calcular o IMC <strong>do</strong>s indivíduos foi utiliza<strong>do</strong> o seguinte<br />
cálculo: IMC = Peso/(altura) 2 , e a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s os critérios da<br />
Organização Mundial de Saúde para classifi car os indivíduos<br />
[7,19,20].<br />
Como forma de análise <strong>do</strong> risco de desenvolvimento<br />
de <strong>do</strong>ença coronariana, foi utilizada a RCQ, consideran<strong>do</strong><br />
como pontos de referência para as medidas, a última costela<br />
(perímetro da cintura) e a protuberância glútea (perímetro<br />
<strong>do</strong> quadril)[19,21,22].<br />
A pressão arterial foi aferida antes da realização <strong>do</strong>s testes<br />
de fl exibilidade e de força muscular. O indivíduo foi posiciona<strong>do</strong><br />
senta<strong>do</strong>, e permaneceu em repouso por 5 minutos<br />
antes de ser aferida a pressão.<br />
A fl exibilidade foi mensurada no banco de Wells e Dillon<br />
[23,24]. Os indivíduos realizaram três repetições <strong>do</strong> movimento<br />
sem estímulo verbal e a maior marca foi considerada<br />
como resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> teste.<br />
Para análise da força muscular, <strong>do</strong>s músculos extensores<br />
e fl exores <strong>do</strong> joelho, foi utiliza<strong>do</strong> o dinamômetro isocinético<br />
(Modelo- Biodex Multi-Joint System Inc). Os indivíduos<br />
foram orienta<strong>do</strong>s a executar o movimento de fl exão e extensão<br />
de joelho [25].<br />
Os indivíduos foram fi xa<strong>do</strong>s com cinto na cadeira <strong>do</strong> Biodex,<br />
com o encosto a 85° 26 . O eixo de rotação <strong>do</strong> dinamômetro<br />
foi alinha<strong>do</strong> com o epicôndilo femural e a carga de resistência<br />
colocada a 2 cm <strong>do</strong> maléolo interno [26,27].<br />
Inicialmente, os indivíduos realizaram 3 repetições para se<br />
familiarizarem com o equipamento e, então, após um intervalo<br />
de 5 minutos, o teste foi executa<strong>do</strong>. Durante o teste, foram<br />
solicitadas cinco (5) repetições a uma velocidade angular de<br />
60°/s, com 5 minutos de repouso entre a perna direita e esquerda.<br />
Os indivíduos foram encoraja<strong>do</strong>s a desenvolverem o<br />
máximo de força por meio de estímulos verbais e visuais [26].<br />
O protocolo seria interrompi<strong>do</strong> caso o voluntário apresentasse<br />
qualquer desconforto.
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Análise estatística<br />
Os testes de cada indivíduo no BIODEX foram coleta<strong>do</strong>s e<br />
transporta<strong>do</strong>s para o programa EXCEL para identifi car o pico<br />
de torque de cada indivíduo. A análise estatística foi realizada<br />
utilizan<strong>do</strong> o programa ORIGIN, empregan<strong>do</strong> a análise de<br />
variância ANOVA com p < 0,05 para signifi cância.<br />
Resulta<strong>do</strong>s<br />
Os resulta<strong>do</strong>s de Pico de Torque em movimentos de extensão<br />
estão mostra<strong>do</strong>s nas Figuras 1 e 2. Pode-se notar que os<br />
indivíduos treina<strong>do</strong>s apresentaram maior pico de torque, tanto<br />
para perna direita, quanto para perna esquerda. Este resulta<strong>do</strong><br />
se apresenta mais evidente observan<strong>do</strong> o deslocamento da<br />
curva de Gauss para a direita, em indivíduos treina<strong>do</strong>s, mostran<strong>do</strong><br />
as diferenças signifi cativas entre os grupos: treina<strong>do</strong><br />
(PTPDE* 105,4 ± 29,5 e PTPEE* 108,8 ± 28,3) e sedentário<br />
(PTPDE* 74,6 ± 28,4 e PTPEE* 84,2 ± 28).<br />
Figura 1 - Pico de torque da perna direita.<br />
Figura 2 - Pico de torque da perna esquerda.<br />
Para o movimento de fl exão, o pico de torque, tanto da<br />
perna direita quanto esquerda foi maior no grupo treina<strong>do</strong><br />
(PTPDF -53,5 ± 14,4 e PTPEF -55,5 ±15,1) compara<strong>do</strong><br />
com o grupo sedentário (PTPDF -36 ± 15,7 e PTPEF -40,4<br />
± 14,3) (Figuras 3 e 4). Pode-se observar o deslocamento da<br />
curva de Gauss para a esquerda, uma vez que, o movimento<br />
de fl exão é determina<strong>do</strong> em valores negativos.<br />
Figura 3 - Pico de torque da perna direita.<br />
Figura 4 - Pico de torque da perna esquerda.<br />
17<br />
O teste de fl exibilidade mostrou um deslocamento da<br />
média para a direita, indican<strong>do</strong> um melhor desempenho deste<br />
parâmetro em indivíduos treina<strong>do</strong>s (24,8 ± 11,8), quan<strong>do</strong><br />
compara<strong>do</strong>s com o grupo de indivíduos sedentários (17,5 ±<br />
5,1) (Figura 5).<br />
Figura 5 - Flexibilidade.<br />
Ainda, quanto à fl exibilidade, analisan<strong>do</strong> a Tabela I; podemos<br />
observar que 79% <strong>do</strong>s indivíduos sedentários foram<br />
classifi ca<strong>do</strong>s como fracos no teste de fl exibilidade e 21% como<br />
regulares, ou seja, não houve nenhum indivíduo sedentário no<br />
teste que atingiu a classifi cação de médio, bom ou excelente.<br />
Entretanto, no grupo treina<strong>do</strong> 25% foram classifi ca<strong>do</strong>s como<br />
excelentes, 20% como médios, 10% como regulares e 45%<br />
como fracos, indican<strong>do</strong> um melhor desempenho quanto à<br />
fl exibilidade em indivíduos treina<strong>do</strong>s.
18<br />
Tabela I - Classifi cação <strong>do</strong> teste de fl exibilidade.<br />
Classificação Grupo treina<strong>do</strong> Grupo sedentário<br />
Fraco 45% 79%<br />
Regular 10% 21%<br />
Médio 20% 0%<br />
Bom 0% 0%<br />
Excelente 25% 0%<br />
Os resulta<strong>do</strong>s da Tabela II mostram que a PAS e a PAD<br />
em indivíduos treina<strong>do</strong>s apresentou diferenças signifi cativas<br />
em relação aos valores obti<strong>do</strong>s <strong>do</strong> grupo de indivíduos<br />
sedentários.<br />
Tabela II - Parâmetros <strong>do</strong> P.A.S. e P.A.D.<br />
Parametros<br />
Grupo (T) Grupo (S) p = DIF.<br />
P.A.S 122,7±11,4 132,1±13,2 0,03436 DS<br />
P.A.D 79,2±7,1 86,4±8,1 0,01046 DS<br />
Tabela *Grupo (T) = Grupo treina<strong>do</strong>; *Grupo (S) = Grupo sedentário;<br />
*P.A.S. = Pressão Arterial Sistólica; * P.A.D. = Pressão Arterial Diastólica;<br />
*DIF. = Diferença; *DS = Diferença significante.<br />
*PTPDE = Pico de torque da perna direita (extensão);<br />
*PTPEE = Pico de torque da perna esquerda (extensão);<br />
*PTPDF = Pico de torque da perna direita (fl exão);<br />
*PTPEF = Pico de torque da perna esquerda (fl exão)<br />
As fi guras 06 e 07 mostram que o IMC e o RCQ não<br />
apresentaram diferenças estatisticamente signifi cativas entre<br />
indivíduos sedentários e treina<strong>do</strong>s.<br />
Figura 06 - Índice de Massa Corpórea (IMC).<br />
Figura 07- Relação Cintura e Quadril (RCQ).<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Discussão<br />
O impacto <strong>do</strong> envelhecimento sobre as habilidades físicas<br />
é bastante discuti<strong>do</strong>, uma vez que, são descritas 2 linhas de<br />
estu<strong>do</strong>s. A primeira defende que não há redução da capacidade<br />
neuronal se não houver nenhum esta<strong>do</strong> patológico associa<strong>do</strong>,<br />
assim, seria importante manter as condições de saúde para<br />
manter as condições físicas. A segunda acredita que a redução<br />
da atividade neuronal é inevitável, entretanto, pode ser controlada<br />
e/ou minimizada através da atividade física [11].<br />
Nossos resulta<strong>do</strong>s mostraram que o grupo de indivíduos<br />
treina<strong>do</strong>s apresenta o torque de força muscular de extensores<br />
e fl exores de joelho maior que o grupo de indivíduos<br />
sedentários. Este resulta<strong>do</strong> está de acor<strong>do</strong> com os estu<strong>do</strong>s de<br />
Matsu<strong>do</strong> et al. [5] que em seu trabalho de revisão comenta<br />
sobre os efeitos da diminuição natural <strong>do</strong> desempenho físico,<br />
que podem ser atenua<strong>do</strong>s se forem desenvolvi<strong>do</strong>s com os i<strong>do</strong>sos<br />
programas de atividades físicas que visem a melhoria das<br />
capacidades motoras como: a força muscular, a fl exibilidade,<br />
a mobilidade articular e a resistência. Assim, concluin<strong>do</strong> que<br />
a atividade Física apresenta efeitos benéfi cos nos aspectos<br />
psicológicos, sociais e cognitivos, sen<strong>do</strong> fundamental para<br />
promoção de um envelhecimento saudável.<br />
A literatura apresenta diversos trabalhos mostran<strong>do</strong> que<br />
programas de treinamento resisti<strong>do</strong>s (PTR) aumentam o pico<br />
de torque de extensão e fl exão <strong>do</strong> joelho, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s<br />
o pré e o pós-teste em indivíduos que foram submeti<strong>do</strong>s<br />
ao treinamento [20,28-31,33-37]. Resulta<strong>do</strong>s semelhantes<br />
foram encontra<strong>do</strong>s no presente estu<strong>do</strong> consideran<strong>do</strong> que,<br />
os indivíduos que não praticavam nenhuma atividade física<br />
(sedentários) apresentaram pico de troque inferior aos treina<strong>do</strong>s.<br />
O aumento da força muscular após o PTR parece estar<br />
relaciona<strong>do</strong> com a adaptação neuromuscular, com possíveis<br />
mudanças neurais [38].<br />
Ide et al. [39] investigaram os efeitos de programas de<br />
treinamento aeróbico e os fatores que contribuem para a<br />
manutenção da atividade em população i<strong>do</strong>sa saudável,<br />
concluin<strong>do</strong> que os diferentes programas melhoram o condicionamento<br />
aeróbico, entretanto, a freqüência das atividades<br />
é o fator responsável pelo sucesso ou não <strong>do</strong> treinamento.<br />
Desta mesma maneira, os resulta<strong>do</strong>s benéfi cos encontra<strong>do</strong>s<br />
em nosso estu<strong>do</strong> podem ser atribuí<strong>do</strong>s por se tratar de uma<br />
atividade prazerosa (vôlei adapta<strong>do</strong>) aos indivíduos, o que<br />
proporciona assiduidade e continuidade.<br />
Barbosa et al. [40] analisaram os efeitos de 10 semanas de<br />
treinamento resisti<strong>do</strong> progressivo sobre a força de mulheres<br />
i<strong>do</strong>sas, observan<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s signifi cativos de 26% a 50%<br />
de aumento da força muscular. Em nosso estu<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os<br />
indivíduos já praticavam atividade por um tempo mínimo de<br />
24 meses, isto justifi ca a diferença encontrada entre os grupos,<br />
no que diz respeito à força e fl exibilidade.<br />
Raso et al. [41] observaram em seus estu<strong>do</strong>s que a interrupção<br />
de um programa de atividade física em uma população<br />
i<strong>do</strong>sa provoca redução da força muscular, especialmente a partir
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
da 8ª. semana de inatividade, mostran<strong>do</strong> que a atividade física<br />
deve ser contínua para que seus benefícios sejam manti<strong>do</strong>s.<br />
Province et al. [42] relatam que o exercício reduz o risco de<br />
queda em i<strong>do</strong>sos após programa de fl exibilidade com duração<br />
de 3 meses. Nossos resulta<strong>do</strong>s mostraram que os indivíduos<br />
treina<strong>do</strong>s apresentaram maior fl exibilidade, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s<br />
aos sedentários, desta forma, podemos sugerir que o<br />
treinamento também contribui para o incremento da fl exibilidade<br />
[5,40,43-46]. Assim, corroboran<strong>do</strong> com os resulta<strong>do</strong>s<br />
de Raso et al. [47], que relatam que i<strong>do</strong>sos envolvi<strong>do</strong>s com<br />
prática regular de corridas ou outra atividade física aeróbica<br />
apresentam menores taxas de mortalidade e invalidez <strong>do</strong> que<br />
pessoas i<strong>do</strong>sas com estilo de vida sedentário. Ainda, Ruskanen<br />
e Ruoppila [48] sugerem que o i<strong>do</strong>so envolvi<strong>do</strong> em programa<br />
de condicionamento físico desenvolve uma percepção positiva,<br />
ou seja, “sensação de bem estar”.<br />
Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s em relação à força de extensores e<br />
fl exores <strong>do</strong> joelho são bastante relevantes uma vez que, o aumento<br />
na força muscular <strong>do</strong>s músculos <strong>do</strong> joelho pode reduzir<br />
a pressão arterial durante as atividades de vida diária, permitin<strong>do</strong>,<br />
então, ao indivíduo maior independência e menor risco<br />
de lesão (quedas) [49]. Devemos, também, considerar que a<br />
força muscular <strong>do</strong> membro inferior, no caso os extensores e<br />
fl exores <strong>do</strong> joelho são representativos da capacidade funcional,<br />
incluin<strong>do</strong> atividades de andar, correr e levantar [25].<br />
Em nosso estu<strong>do</strong> observamos que os indivíduos treina<strong>do</strong>s<br />
apresentaram valores de pressão arterial (diastólica e sistólica)<br />
menores em comparação aos indivíduos sedentários, confi rman<strong>do</strong><br />
os resulta<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s na literatura, mostran<strong>do</strong> a<br />
diminuição da pressão arterial [20,50], <strong>do</strong> peso, <strong>do</strong> índice de<br />
massa corporal (IMC), maior de fl exibilidade e menor relação<br />
quadril e cintura (RCQ). Entretanto, no presente estu<strong>do</strong> não<br />
obtivemos diferença signifi cativa na RCQ e no IMC, resulta<strong>do</strong>s<br />
correspondentes aos acha<strong>do</strong>s por Kelley [51].<br />
Conclusão<br />
Desta forma, podemos sugerir que a atividade física infl uencia<br />
de maneira positiva nas capacidades físicas, como a força, a fl exibilidade<br />
e a pressão arterial que são de grande importância para a<br />
saúde, pois resultam em um envelhecimento com qualidade de<br />
vida. Entretanto, a literatura é escassa no que se refere a melhor<br />
forma de prescrever a atividade física e a forma de avaliar os benefícios<br />
de forma quantitativa correlaciona<strong>do</strong> com a qualitativa<br />
e, ainda, a difi culdade de se estabelecer grupos de estu<strong>do</strong> homogêneos<br />
para então concluir os reais efeitos da atividade Física.<br />
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Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Artigo original<br />
Respostas cardiovasculares agudas da pressão positiva<br />
expiratória (EPAP) em indivíduos adultos jovens<br />
e o impacto no duplo-produto<br />
Acute cardiovascular response of positive expiratory pressure (PEEP) in<br />
young adult individuals and the impact on rate pressure-product<br />
Mauricio de Sant’ Anna Junior*, Alexandra Maia**, Rafael Gama da Cruz***, Pedro Paulo da Silva Soares****, Adalgiza Mafra<br />
Moreno*****<br />
*Fisioterapeuta pelo UNIPLI / Pós-gradua<strong>do</strong> em Atividade Física e Promoção da Saúde - UNIVERSO / Mestran<strong>do</strong> em Ciências da<br />
Atividade Física - UNIVERSO / Fisioterapeuta <strong>do</strong> Hospital de Cardiologia PROCORDIS, **Acadêmica de Fisioterapia UNIPLI,<br />
*** Pós-gradua<strong>do</strong> em Atividade Física e Promoção da Saúde - UNIVERSO / Preceptor de Estágio da Clínica Escola de Fisioterapia<br />
<strong>do</strong> UNIPLI / Fisioterapeuta <strong>do</strong> Hospital de Cardiologia PROCORDIS, ****Professor <strong>do</strong> Curso de Pós-graduação em Atividade<br />
Física e Promoção da Saúde - UNIVERSO, *****Professora da disciplina da Fisioterapia aplicada à Cardiologia UNIPLI / UNI-<br />
VERSO / Responsável pelo Serviço de Fisioterapia <strong>do</strong> Hospital de Cardiologia PROCORDIS<br />
Resumo<br />
O objetivo <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> foi analisar as respostas cardiovasculares<br />
agudas da Pressão Positiva Expiratória Final (PEEP) com 08<br />
e 15 cm H O na modalidade EPAP e o impacto no Duplo-produto<br />
2<br />
(DP) de indivíduos adultos jovens com FR determinada (07 irpm).<br />
Foram avalia<strong>do</strong>s 19 indivíduos voluntários, com valor de PEEP<br />
defi ni<strong>do</strong> de forma ran<strong>do</strong>mizada, sen<strong>do</strong> a PA (Pressão Arterial), FC<br />
(Freqüência Cardíaca) e Borg verifi ca<strong>do</strong>s ao repouso, terceiro, sexto<br />
e nono minutos de realização <strong>do</strong> teste, além de primeiro, terceiro,<br />
sexto, e nono minutos após a utilização da EPAP. Em nosso estu<strong>do</strong><br />
a FC, PA, Borg e DP não apresentaram relevância estatística (p ><br />
0,05) tanto para PEEP de 08 como para 15 cm H O. Concluímos<br />
2<br />
que o EPAP não alterou signifi cativamente o DP de indivíduos<br />
adultos jovens em relação ao repouso, e as alterações que ocorrerem<br />
foram em virtude <strong>do</strong> tempo de utilização <strong>do</strong> EPAP e não devi<strong>do</strong><br />
ao valor de PEEP.<br />
Palavras-chave: fisioterapia, cardiologia, duplo – produto,<br />
pressão positiva expiratória.<br />
21<br />
Abstract<br />
Th e aim of this study was to analyze the acute cardiovascular<br />
response of positive end-expiratory pressure (PEEP) with 8 and 15<br />
cm H O in the PEP modality and the impact in the rate pressure-<br />
2<br />
product (PFP) of young adult individuals, with respiratory rate<br />
(RR) determined 07irpm. Nineteen volunteers were evaluated and<br />
PEEP values applied in ran<strong>do</strong>m order. Blood Pressure (BP), Heart<br />
Rate (HR) and Borg were measured at rest and during the third,<br />
sixth and nineth minutes of the test, as well as, using PEP at the<br />
fi rst, third, sixth, nineth minutes. In our study HR, BP, Borg and<br />
PFP did not show statistical relevance (p > 0,05) for PEEP of 8 for<br />
15 cm H O. We concluded that the PEP did not change the PFP<br />
2<br />
of young adult individuals at rest, and the alterations found, were<br />
due to PEP time used and not due to PEEP.<br />
Key-words: physical therapy, cardiology, rate pressure-product,<br />
positive expiratory pressure.<br />
Recebi<strong>do</strong> em 10 de março de 2006; aceito em 17 de novembro de 2006.<br />
Endereço para correspondência: Mauricio de Sant’ Anna Jr, Travessa Augusto Paulo nº 92, Santa Rosa, 24240-145 Niterói RJ,<br />
Tel:(21)81487094, E-mail: fisioenf@hotmail.com
22<br />
Introdução<br />
As <strong>do</strong>enças cardiovasculares representam um grande<br />
problema de Saúde Pública em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, acarretan<strong>do</strong><br />
um alto índice de morbidade e mortalidade, poden<strong>do</strong> chegar<br />
a 35% das causas de óbito em nosso país [1]. A Pressão<br />
Arterial (PA) e a Freqüência Cardíaca (FC) são parâmetros<br />
de fundamental importância, quan<strong>do</strong> falamos em avaliação<br />
e principalmente tratamento de pacientes, porta<strong>do</strong>res de<br />
qualquer tipo de patologia, seja ela de origem Ortopédica,<br />
Reumatológica, Neurológica, Oncológica, Cardiológica ou<br />
Respiratória. Em conjunto, essas duas variáveis nos traduzem<br />
o consumo estima<strong>do</strong> de oxigênio <strong>do</strong> miocárdio (MVO2),<br />
sen<strong>do</strong> representa<strong>do</strong> pelo Duplo - Produto (DP) também<br />
conheci<strong>do</strong> como Produto Freqüência-Pressão (PFP), através<br />
da formula DP = PAS x FC [2-5]. O I Consenso Nacional<br />
de Reabilitação Cardiovascular (5), descreve que os efeitos<br />
agu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> exercício podem dividir-se em imediatos e tardios,<br />
enquadran<strong>do</strong>-se as respostas cardiovasculares decorrentes da<br />
utilização da Pressão Positiva Expiratória (EPAP), no grupo<br />
<strong>do</strong>s efeitos agu<strong>do</strong>s imediatos.<br />
Gobel et al [6] demonstraram a importância <strong>do</strong> DP, como<br />
indica<strong>do</strong>r <strong>do</strong> MVO2, em pacientes porta<strong>do</strong>res de angina pectoris.<br />
Durante o exercício, encontramos também com destaque<br />
na literatura, a importância da verifi cação das variáveis PAS,<br />
FC, assim como DP, em exercícios contra a resistência [7-9].<br />
A PA, DP e principalmente FC também já tiveram seu comportamento<br />
descrito em grupo de pacientes, participantes de<br />
um programa de treinamento para tratamento de Insufi ciência<br />
Cardíaca [10,11].<br />
A Pressão Positiva Expiratória Final (PEEP), foi uma<br />
técnica aplicada como recurso para o tratamento <strong>do</strong> edema<br />
pulmonar agu<strong>do</strong> cardiogênico e posteriormente, em mea<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong>s anos 1960, ela foi utilizada como técnica de tratamento<br />
na Síndrome da Angustia Respiratória Aguda [12]. Dentre<br />
os efeitos fi siológicos da PEEP podemos destacar: melhora<br />
da complacência <strong>do</strong> sistema respiratório, aumento da Capacidade<br />
Residual Funcional (CRF), melhora da troca gasosa,<br />
diminuição <strong>do</strong> Débito Cardíaco (DC), aumento da pressão<br />
intratorácica, diminuição <strong>do</strong> retorno venoso ao tórax ocasionan<strong>do</strong><br />
diminuição da pré-carga <strong>do</strong> ventrículo esquer<strong>do</strong><br />
[12,13].<br />
A Pressão Positiva Expiratória (EPAP) é hoje uma alternativa<br />
terapêutica consagrada e utilizada por fi sioterapeutas em<br />
to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, tratan<strong>do</strong>-se de uma terapêutica simples, de<br />
baixo custo e com grande aplicação em patologias respiratórias,<br />
amplamente aproveitada em nosso meio científi co [14],<br />
sen<strong>do</strong> o aparelho composto por uma máscara ou bucal, válvula<br />
unidirecional e um gera<strong>do</strong>r de PEEP, geralmente uma válvula<br />
de spring loaded, ten<strong>do</strong> seus efeitos fi siológicos semelhantes<br />
aos da PEEP [14,15].<br />
Compreender e observar as respostas cardiovasculares<br />
agudas, decorrentes da utilização <strong>do</strong>s incentiva<strong>do</strong>res respiratórios<br />
utiliza<strong>do</strong>s como conduta fi sioterapêutica, auxilia em<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
uma prescrição mais fi dedigna. O objetivo <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong><br />
foi observar e comparar as respostas cardiovasculares agudas,<br />
decorrentes da utilização <strong>do</strong> EPAP, com PEEP de 08 e 15 cm<br />
H 2 O e Freqüência Respiratória (FR) controlada em indivíduos<br />
adultos jovens e o respectivo impacto no DP.<br />
Material e méto<strong>do</strong><br />
Amostra<br />
Participaram <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> 19 indivíduos, seleciona<strong>do</strong>s na<br />
Clinica Escola de Fisioterapia <strong>do</strong> Centro Universitário Plínio<br />
Leite (UNIPLI), na faixa etária de 18 a 35, com média de<br />
idade foi de 25,3 ± 3 anos. To<strong>do</strong>s os componentes da amostra<br />
foram voluntários e assinaram termo de consentimento, conforme<br />
resolução nº 196/96 <strong>do</strong> Conselho Nacional de Saúde<br />
<strong>do</strong> Brasil, para experimentos com humanos. Os participantes<br />
foram orienta<strong>do</strong>s a não ingerir café, mate e/ou bebida alcoólica<br />
por um perío<strong>do</strong> de 2 horas de antecedência ao teste.<br />
Critérios de exclusão<br />
Foram a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s como critérios de exclusão em nosso estu<strong>do</strong>:<br />
Pressão Arterial Sistólica (PAS) < 100 mmHg, Pressão<br />
Artéria Diastólica (PAD) < 60 mmHg, FC < 40 bpm (ao<br />
repouso), FR > 07 irpm (ao fi nal <strong>do</strong> teste), insufi ciência respiratória<br />
(no momento da realização <strong>do</strong> protocolo), porta<strong>do</strong>res<br />
de patologias endócrinas e metabólicas, alterações cognitivas<br />
que impeçam a realização <strong>do</strong> protocolo e impossibilidade de<br />
verifi cação da PA no Membro Superior Direito (MSD).<br />
Protocolo experimental<br />
Para realização <strong>do</strong> teste normatizou-se a execução de padrão<br />
ventilatório, na Capacidade Vital Lenta (CVL), sen<strong>do</strong><br />
a fase expiratória realizada na EPAP, durante 09’ (nove minutos),<br />
com verifi cação da PA e da FC, em repouso, terceiro,<br />
sexto e nono minuto de realização <strong>do</strong> teste (Pré, P3, P6 e<br />
P9), além de primeiro, terceiro, sexto e nono minuto após<br />
o término <strong>do</strong> teste (P10, P12, P15 e P18). A Escala de Borg<br />
(Tabela I) foi utilizada para que o indivíduo pudesse informar<br />
ao longo <strong>do</strong> teste, a sensação subjetiva de esforço a que estava<br />
submeti<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> o Borg verifi ca<strong>do</strong> juntamente com a PA e<br />
FC. Os testes foram realiza<strong>do</strong>s em <strong>do</strong>is dias diferentes, para<br />
que se pudesse utilizar valores distintos de PEEP (08 e 15<br />
cm H 2 O) sen<strong>do</strong> os valores ran<strong>do</strong>miza<strong>do</strong>s. Para maior compreensão<br />
foi realizada uma orientação prévia, não ocorren<strong>do</strong><br />
durante a execução <strong>do</strong> protoloco nenhum tipo de estímulo,<br />
coman<strong>do</strong> verbal e / ou feedback por parte <strong>do</strong> examina<strong>do</strong>r. A<br />
posição <strong>do</strong> corpo defi nida para realização <strong>do</strong> protocolo foi<br />
com o individuo senta<strong>do</strong>, apoia<strong>do</strong> em ísquios, com o tronco<br />
ereto, joelhos em posição de 90º e pés paralelos. A FR foi<br />
pré-determinada em no máximo 07 irpm durante o teste,<br />
sen<strong>do</strong> controlada pelo examina<strong>do</strong>r.
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Verificação da FC e da PA<br />
A verifi cação da FC, foi realizada com a utilização de freqüencímetro,<br />
da marca polar modelo S – 810, fabrica<strong>do</strong> na<br />
Finlândia no ano de 2001. A verifi cação da PA foi realizada<br />
através de medida indireta pelo méto<strong>do</strong> auscultatório, sen<strong>do</strong><br />
realizada no máximo duas aferições no MSD, estan<strong>do</strong> o<br />
MSD apoia<strong>do</strong> em uma mesa, a uma altura confortável, livre<br />
de roupas de mangas e relaxa<strong>do</strong>, o manguito cobriu 2/3 <strong>do</strong><br />
braço, sen<strong>do</strong> que a borda inferior <strong>do</strong> manguito fi cou 2 (<strong>do</strong>is)<br />
de<strong>do</strong>s acima da interlinha articular <strong>do</strong> cotovelo, sem que o<br />
estetoscópio tocasse o manguito O aparelho de PA utiliza<strong>do</strong><br />
foi da marca Oxigel Modelo Coluna de Mercúrio fabrica<strong>do</strong><br />
em São Paulo no ano de 2005.<br />
Análise estatística<br />
Os da<strong>do</strong>s foram codifi ca<strong>do</strong>s e inseri<strong>do</strong>s em uma planilha<br />
de Word Excel 6.0. Para análise estatística foi utiliza<strong>do</strong> o programa<br />
GraphPad Prism 4, para identifi car a associação entre<br />
as variáveis, através de ANOVA two-way sen<strong>do</strong> considera<strong>do</strong>s<br />
valores signifi cativos p < 0,05.<br />
Resulta<strong>do</strong>s<br />
Foram avalia<strong>do</strong>s 19 indivíduos na faixa etária de 18 a<br />
35, cuja média de idade foi de 25,3 ± 3 anos, sen<strong>do</strong> 09<br />
homens (42%) e 10 mulheres (58%), quanto à prática de<br />
atividade física 53% não realizam atividade física e 47%<br />
praticam atividade física, sen<strong>do</strong> que 22,3% realizam atividade<br />
física duas vezes por semana, 66,7% três vezes por<br />
semana e 11% quatro vezes por semana, nenhum componente<br />
da amostra era tabagista. A FR manteve uma média<br />
de 5,8 ± 0,75 irpm para PEEP de 08 cm H 2 O e 5,4 ± 0,60<br />
irpm para PEEP de 15 cm H 2 O. A FC apesar <strong>do</strong> aumento,<br />
durante a utilização <strong>do</strong> EPAP (Gráfi co 01), não obteve<br />
relevância estatística, apresentan<strong>do</strong> um p > 0,05 tanto<br />
para a PEEP de 08 como para de 15 cm H 2 O, sen<strong>do</strong> sua<br />
alteração infl uenciada diretamente pelo tempo de realização<br />
<strong>do</strong> EPAP e não pelo valor de PEEP utiliza<strong>do</strong>, tenden<strong>do</strong><br />
a retornar aos valores de repouso, no nono minuto após a<br />
sua utilização (P18).<br />
A PAS (Gráfi co 02) apresentou queda em relação ao<br />
repouso, tanto para PEEP de 08 ± 05 mmHg, como para<br />
de 15 cm H 2 O ± 07 mmHg, sen<strong>do</strong> esse efeito hipotensivo<br />
observa<strong>do</strong> com maior magnitude no primeiro minuto de<br />
recuperação (P10), para os <strong>do</strong>is valores de PEEP utiliza<strong>do</strong>s.<br />
Porém, as alterações na PAS, gerada pela utilização <strong>do</strong> EPAP,<br />
não foram signifi cativas estatisticamente (p > 0,05), sen<strong>do</strong><br />
atribuídas primariamente ao tempo de utilização <strong>do</strong> aparelho.<br />
A PAD (Gráfi co 03) apresentou variação semelhante<br />
para ambos os valores de PEEP ± 03 mmHg, sem relevância<br />
estatística (p > 0,05).<br />
23<br />
Gráfico 01 - Média da FC para PEEP de 08 e 15 cmH2O com<br />
FR de 07 irpm.<br />
Gráfico 02 - Média da PAS para PEEP de 08 e 15 cm H 2 O com<br />
FR de 07 irpm.<br />
Gráfico 03 - Média da PAD para PEEP de 08 e 15 cm H 2 O com<br />
FR de 07 ipm.<br />
O Borg (Gráfi co 04), não obteve relevância estatística<br />
(p > 0,05) tanto para PEEP de 08 como para 15 cm H 2 O,<br />
apresentan<strong>do</strong> um aumento na sensação subjetiva de esforço,<br />
no nono minuto de realização <strong>do</strong> protocolo (P9), retornan<strong>do</strong><br />
aos valores de repouso ao término da utilização <strong>do</strong> EPAP<br />
(P18). (Tabela I)
24<br />
Gráfico 04 - Média da Escala de Borg para PEEP de 08 e 15 cm<br />
H 2 O com FR de 07irpm.<br />
O DP (Gráfi co 05) que era o objeto de investigação de<br />
nosso estu<strong>do</strong>, também não apresentou relevância estatística<br />
(p > 0,05) tanto para PEEP de 08 como para de 15 cm H 2 O,<br />
e assim como a FC e PAS, sua alteração esteve diretamente<br />
ligada ao tempo de utilização <strong>do</strong> EPAP, não apresentan<strong>do</strong><br />
interação com o valor de PEEP utiliza<strong>do</strong>.<br />
Gráfico 05 - Média <strong>do</strong> DP para PEEP de 08 e 15 cm H 2 O com<br />
FR de 07irpm.<br />
Durante a realização <strong>do</strong> protocolo, ocorreram relatos<br />
de sintomas como vertigem e parestesia. (Tabela II). Com<br />
utilização de PEEP de 08 cm H 2 O 10% relataram parestesia<br />
em região orbicular <strong>do</strong>s lábios e outros 10% vertigem, já<br />
para PEEP de 15 cm H 2 O 21% relataram vertigem e 5,2%<br />
parestesia em região orbicular <strong>do</strong>s lábios.<br />
Tabela I - Escala de sensação subjetiva de esforço (Escala de Borg).<br />
Numeração Sensação de esforço<br />
06 Sem nenhum esforço<br />
07 – 08 Muito fácil<br />
09 – 10 Muito leve<br />
11 Leve<br />
12 – 13 Pouco intenso<br />
14 – 15 Intenso<br />
16 – 17 Muito intenso<br />
18 – 19 Extremamente intenso<br />
20 Máximo esforço<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Tabela II - Variáveis analisadas durante a utilização <strong>do</strong> EPAP com<br />
PEEP de 08 e 15 cm H O e FR de 07 irpm.<br />
2<br />
Variável PEEP de 08 cmH2O PEEP de 15 cmH2O<br />
Masculino 42% 42%<br />
Feminino 58% 58%<br />
Média de idade 25,3 ± 3 25,3 ± 3<br />
Média da FR 5,8 ± 0,75 5,4 ± 0,60<br />
FC p > 0,05 p > 0,05<br />
PAS p > 0,05 p > 0,05<br />
PAD p > 0,05 p > 0,05<br />
Borg p > 0,05 p > 0,05<br />
DP p > 0,05 p > 0,05<br />
Vertigem 10% 21%<br />
Parestesia 10% 5,2%<br />
Discussão<br />
O presente estu<strong>do</strong> teve como objetivo, observar e comparar<br />
as respostas cardiovasculares agudas decorrentes da<br />
utilização da EPAP com PEEP de 08 e 15 cm H 2 O e FR de<br />
07 irpm e o respectivo impacto no DP. Em nosso estu<strong>do</strong> a<br />
FC, DP e Borg tenderam a aumentar tanto para PEEP de<br />
08 como para de 15 cm H 2 O, já a PAS apresentou resulta<strong>do</strong><br />
inversamente proporcional ao das demais variáveis analisadas.<br />
Abordaremos a seguir a nossa interpretação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s<br />
obti<strong>do</strong>s neste trabalho, procuran<strong>do</strong> sempre que possível<br />
correlacioná-los, com os da<strong>do</strong>s descritos na literatura e principalmente<br />
as respostas <strong>do</strong> exercício respiratório através <strong>do</strong><br />
EPAP com o exercício aeróbio e resisti<strong>do</strong>.<br />
Embora os resulta<strong>do</strong>s demonstrem que a maior parte das<br />
variáveis tenderam a sofrer alterações em relação ao repouso,<br />
é de fundamental importância ressaltar que a PAS tendeu a<br />
diminuir, corroboran<strong>do</strong> com os resulta<strong>do</strong>s descritos na literatura<br />
em relação à queda da PA, em indivíduos porta<strong>do</strong>res<br />
de necessidades especiais, em decorrência da utilização de<br />
PEEP, principalmente em virtude <strong>do</strong> aumento da pressão<br />
intratorácica e redução <strong>do</strong> retorno venoso [12,16,17].<br />
Porém, devemos ressaltar que em nosso estu<strong>do</strong> apesar de a<br />
alteração da PAS não ter apresenta<strong>do</strong> relevância estatística,<br />
suas alterações foram relacionadas diretamente ao tempo de<br />
utilização <strong>do</strong> EPAP, <strong>do</strong> que o valor de PEEP utiliza<strong>do</strong>. O<br />
comportamento da PAD, não é bem elucida<strong>do</strong> na literatura,<br />
em virtude da utilização de PEEP tanto em indivíduos<br />
saudáveis como porta<strong>do</strong>res de necessidades especiais, em<br />
nosso estu<strong>do</strong> a PAD não apresentou alterações signifi cativas<br />
estatisticamente<br />
Na tentativa de realizar um processo de comparação entre<br />
os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s em nosso estu<strong>do</strong>, no qual era realiza<strong>do</strong><br />
um exercício respiratório, com da<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s na literatura,<br />
descreven<strong>do</strong> a resposta da PAS e PAD em exercícios aeróbios<br />
e exercícios resisti<strong>do</strong>s, a resposta da PAD foi similar aos<br />
apresenta<strong>do</strong>s em exercícios aeróbicos e de força, envolven<strong>do</strong><br />
contrações isotônicas, com variação pouco importante. Já a<br />
PAS tende a aumentar em ambos os tipos de exercício, porém
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
no exercício resisti<strong>do</strong> isso ocorre de forma mais discreta que<br />
nos exercícios aeróbios [9, 18,19].<br />
Os valores de normalidade da FC em repouso são de 60-<br />
100 bpm [3,20], durante o exercício a FC tende a aumentar<br />
de forma diretamente proporcional a intensidade <strong>do</strong> exercício<br />
e a captação de oxigênio [2,4,8,21]. Em atividades aeróbicas<br />
a FC apresenta valores maiores que em exercícios contra a<br />
resistência, em indivíduos normais [8,19] e em porta<strong>do</strong>res<br />
de necessidades especiais [11,19].<br />
Existe importante correlação entre o processo da respiração<br />
e o sistema cardiovascular (20,22), sabe-se que a FC pode<br />
ser alterada pela respiração, sen<strong>do</strong> esse processo denomina<strong>do</strong><br />
de Arritmia Sinusal Respiratória (ASR) [20]. Estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s<br />
por Ludwig em1841 e Hering em 1871 foram pioneiros<br />
na denominação da ASR, e demonstraram a interação entre<br />
as fl utuações da FC e movimentos respiratórios observa<strong>do</strong>s<br />
durante a respiração normal [23], porém encontram-se escassos<br />
na literatura estu<strong>do</strong>s que correlacionem as repercussões<br />
na FC decorrentes da utilização da EPAP. Em nosso estu<strong>do</strong><br />
a FC apresentou alterações tanto para PEEP de 08 como<br />
para de 15 cm H 2 O, porém essas alterações não obtiveram<br />
relevância estatística, sen<strong>do</strong> atribuídas muito mais ao tempo<br />
de utilização <strong>do</strong> EPAP <strong>do</strong> que ao valor de PEEP utiliza<strong>do</strong>.<br />
Uma das hipóteses que poderia justifi car o aumento da FC<br />
seria através <strong>do</strong> aumento da descarga simpática na tentativa<br />
de compensar a queda da PA [2,3].<br />
O DP é um méto<strong>do</strong> não invasivo, que apresenta correlação<br />
direta com o MVO2, sen<strong>do</strong> considera<strong>do</strong> um indica<strong>do</strong>r fi dedigno<br />
<strong>do</strong> trabalho realiza<strong>do</strong> pelo coração em exercício aeróbicos<br />
[6,24]; em exercícios contra a resistência o DP também representa<br />
um indica<strong>do</strong>r da sobrecarga cardíaca [9]. Estu<strong>do</strong>s como o<br />
de McCartney et al. [7] e Micheletti et al. [25] demonstraram<br />
que o exercício contra resistência pode ter repercussões no<br />
DP, tenden<strong>do</strong> a atenuá-lo para uma mesma carga de trabalho,<br />
sen<strong>do</strong> ambos os trabalhos realiza<strong>do</strong>s com grupo de indivíduos<br />
normais, porém existe a carência de relatos sobre o comportamento<br />
<strong>do</strong> DP durante a utilização da EPAP, principalmente<br />
em indivíduos porta<strong>do</strong>res de necessidades especiais como<br />
cardiopatas e pneumopatas. Em nosso estu<strong>do</strong>, observamos que<br />
o DP apesar de não apresentar relevância estatística, tendeu a<br />
aumentar durante a utilização <strong>do</strong> EPAP, retornan<strong>do</strong> a valores<br />
próximos ao de repouso no perío<strong>do</strong> de recuperação, ten<strong>do</strong> uma<br />
correlação muito mais intima com o tempo de utilização <strong>do</strong><br />
EPAP, <strong>do</strong> que com o valor de PEEP utiliza<strong>do</strong>.<br />
A Escala de Borg é um indica<strong>do</strong>r da sensação subjetiva de<br />
esforço [26-29], e em nosso estu<strong>do</strong> apresentou intima relação<br />
com a FC, sua alteração em relação ao repouso apesar de não<br />
ter relevância estatística, também foi diretamente relacionada<br />
ao tempo de utilização <strong>do</strong> EPAP, e não ao valor de PEEP<br />
utiliza<strong>do</strong>, assim como a FC, PAS e DP.<br />
Embora to<strong>do</strong>s os indivíduos tenham consegui<strong>do</strong> realizar o<br />
teste, alguns relataram sintomas como parestesia e vertigem,<br />
possivelmente em virtude da alcalose respiratória. A alcalose<br />
respiratória é um processo no qual ocorre a diminuição da<br />
25<br />
PaCO2, em relação aos valores de normalidade (35-45mmHg),<br />
ten<strong>do</strong> como possíveis causas: ansiedade, febre, <strong>do</strong>r, lesões <strong>do</strong><br />
sistema nervoso central, estimulação de receptores irritantes<br />
<strong>do</strong> parênquima pulmonar, poden<strong>do</strong> também ocorrer devi<strong>do</strong> a<br />
procedimentos de terapia respiratória de inspiração profunda<br />
e de expansão pulmonar agressiva. A parestesia é um sintoma<br />
indica<strong>do</strong>r de alcalose respiratória [2,30].<br />
O presente estu<strong>do</strong> apesar de realiza<strong>do</strong> com indivíduos<br />
adultos jovens, que não eram porta<strong>do</strong>res de nenhuma patologia<br />
cardiorrespiratória prévia, nos permite salientar que a<br />
utilização <strong>do</strong> EPAP com PEEP de 08 e 15 cm H 2 O e FR de<br />
07 irpm, não ultrapassou o DP de 30000, que é o ponto de<br />
corte para angina em indivíduos coronariopatas [3,8,31].<br />
Os resulta<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s descrevem as respostas cardiovasculares<br />
agudas, referentes a utilização da PEEP de 08 e 15<br />
cm H 2 O com FR controlada em 07 irpm, necessitan<strong>do</strong> de<br />
se conhecer as respostas cardiovasculares com outros valores<br />
de PEEP, além de FR aleatória e principalmente que novos<br />
estu<strong>do</strong>s sejam realiza<strong>do</strong>s em populações especiais e com utilização<br />
de grupo controle.<br />
Não poderíamos deixar de mencionar as limitações de<br />
nosso estu<strong>do</strong>, tais como o fato de não ter si<strong>do</strong> realizada a<br />
análise da Variabilidade da Freqüência Cardíaca (VFC), que<br />
é um méto<strong>do</strong> bem estabeleci<strong>do</strong> da avaliação geral <strong>do</strong> estímulo<br />
neural autonômico para o sistema cardiovascular, que permite<br />
analisar as fl utuações da freqüência cardíaca que ocorrem<br />
durante curtos ou longos perío<strong>do</strong>s, ten<strong>do</strong> a vantagem de<br />
possibilitar uma avaliação seletiva e não invasiva da função<br />
autonômica [32,33]; uma vez que o presente estu<strong>do</strong> utilizou<br />
como variável a FC e porque outros estu<strong>do</strong>s avançam no<br />
senti<strong>do</strong> de esclarecer os mecanismos envolvi<strong>do</strong>s na regulação<br />
da FC durante a utilização de PEEP, porém em indivíduos<br />
porta<strong>do</strong>res de necessidades especiais [32,33]. Podemos salientar<br />
também como limitação <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> a verifi cação da PA<br />
pelo méto<strong>do</strong> auscutatório, uma vez que o padrão ouro para<br />
verifi cação da PA é o méto<strong>do</strong> direto através de cateterismo<br />
intra-arterial, porém vários autores desaconselham a utilização<br />
da técnica para indivíduos saudáveis e assintomáticos, sen<strong>do</strong><br />
a fotoplestimografi a o méto<strong>do</strong> indireto mais efi caz para verifi<br />
cação da PA, já que possibilita a apresentação continua da<br />
PA, apesar de o méto<strong>do</strong> auscutatório subestimar os valores da<br />
PA, permitin<strong>do</strong> analisar os da<strong>do</strong>s com segurança [36].<br />
Conclusão<br />
As variáveis hemodinâmicas FC, PAS e DP tenderam a<br />
sofrer alterações durante a utilização da EPAP com PEEP de<br />
08 e 15 cm H 2 O, e FR de 7 irpm, assim como o Borg, devemos<br />
ressaltar que as respostas cardiovasculares agudas, oriundas da<br />
utilização <strong>do</strong> EPAP em indivíduos adultos jovens, apresentam<br />
correlação direta, com tempo de utilização <strong>do</strong> EPAP, diferentemente<br />
<strong>do</strong>s relatos encontra<strong>do</strong>s na literatura em indivíduos<br />
porta<strong>do</strong>res de necessidades especiais como cardiopatas e pneumopatas,<br />
cujas alterações, principalmente de PA são atribuídas
26<br />
ao valor de PEEP utiliza<strong>do</strong>, porém existe a necessidade que<br />
outros trabalhos sejam realiza<strong>do</strong>s no senti<strong>do</strong> de esclarecer as<br />
respostas cardiovasculares decorrentes da utilização <strong>do</strong> EPAP<br />
e <strong>do</strong>s demais incentiva<strong>do</strong>res respiratórios, colaboran<strong>do</strong> assim<br />
no preenchimento de uma lacuna, para que, em um futuro<br />
próximo, possamos verifi car essas repercussões em grupos de<br />
porta<strong>do</strong>res de necessidades especiais.<br />
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Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Artigo original<br />
Consumo de recursos ergogênicos farmacológicos<br />
por praticantes de musculação das academias<br />
de Santa Maria, RS<br />
Pharmacological ergogenic resources consumption among gymnastic<br />
academy performers in Santa Maria, RS<br />
Cati Reckelberg Azambuja*, Daniela Lopes <strong>do</strong>s Santos*<br />
*Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS<br />
Resumo<br />
O objetivo deste trabalho foi verifi car como ocorre o uso de<br />
recursos ergogênicos farmacológicos por praticantes de musculação<br />
das academias da cidade de Santa Maria, RS. A amostra estratifi cada<br />
proporcional constituiu-se de 236 indivíduos, escolhi<strong>do</strong>s aleatoriamente,<br />
de ambos os sexos, das academias de Santa Maria, RS. O<br />
instrumento de coleta de da<strong>do</strong>s foi um questionário, previamente<br />
valida<strong>do</strong>, composto por 22 questões sobre o uso de recursos ergogênicos<br />
farmacológicos, tipos mais utiliza<strong>do</strong>s, faixa etária, nível de<br />
escolaridade, renda, meto<strong>do</strong>logia a<strong>do</strong>tada para o treino, orientação,<br />
fi nalidade de uso, efeitos adversos e controle bioquímico. Os da<strong>do</strong>s<br />
foram analisa<strong>do</strong>s através de percentuais, médias e desvios padrão.<br />
A média de idade da amostra foi de 24,4 ± 7,04 anos, sen<strong>do</strong> que<br />
a maioria <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>s foi <strong>do</strong> sexo masculino (77,12%), com<br />
nível de escolaridade superior incompleto (36,44%) e sem renda<br />
própria (56,36%). Os resulta<strong>do</strong>s indicaram médio consumo de<br />
recursos ergogênicos (n = 10; 4,24%). Deca-Durabolin (60%),<br />
Durateston (50%) e Hemogenim (40%) foram as substâncias<br />
mais citadas, motiva<strong>do</strong>s pelo aumento no desempenho (60%) e<br />
de peso (50%), sen<strong>do</strong> que, 50% por vontade própria e 30% por<br />
indicação <strong>do</strong> professor da academia. A aquisição destes ocorreu<br />
em farmácias (50%) e através de professores (20%). A maioria <strong>do</strong>s<br />
usuários administrou a substância na forma injetável (50%) e oral<br />
(50%), com freqüência de uso diário (40%). Apesar de 80% <strong>do</strong>s<br />
entrevista<strong>do</strong>s que utilizaram ergogênicos terem conhecimento <strong>do</strong>s<br />
possíveis efeitos adversos, somente 10% realizaram exames bioquímicos<br />
de controle das alterações hormonais. Os efeitos colaterais<br />
relata<strong>do</strong>s foram irritação (50%), euforia e agressividade (40%); e a<br />
média <strong>do</strong> valor gasto mensalmente na aquisição de REF foi de R$<br />
236,50 ± 168,05.<br />
Palavras-chave: recursos ergogênicos, <strong>do</strong>pagem, musculação.<br />
27<br />
Abstract<br />
Th e aim of this paper is to verify how the use of pharmacological<br />
ergogenic resources occur when bodybuilder performers a<strong>do</strong>pt them<br />
in the gymnastic academies of Santa Maria, RS, Brazil. Th e ratio<br />
of the stratifi ed sample is constituted of 236 individuals, ran<strong>do</strong>mly<br />
chosen, both sexes, from Santa Maria, in RS – Brazil, gymnastic<br />
academies. Th e means through which data was collected was a<br />
previously validated questionnaire, containing 22 questions about<br />
the use of the pharmacological ergogenic resources, much a<strong>do</strong>pted<br />
types of those resources, age range, education level, income, training<br />
metho<strong>do</strong>logy used, orientation, usage target, adverse eff ects and<br />
biochemical control. Data was examined using percentage, averages<br />
and pattern defl ections. Sample average age was from 24.4 ± 7.04<br />
years, mostly men (77.12%), incomplete third grade education<br />
level (36.44%), who did not have their own income (56.36%).<br />
Th e results indicated medium consumption of ergogenic resources<br />
(n = 10; 4.24%). Most mentioned substances were Deca-Durabolin<br />
(60%), Durateston (50%) and Hemogenim (40%), mainly<br />
because of their eff ect in the performance increase (60%) and in<br />
weight (50%), and considering that 50% were choosing themselves<br />
those products while 30% were using those products after their<br />
being indicated by the coach. Th e purchasing of those products<br />
occurred through shopping them in the drugstores (50%) and<br />
through coaches (20%). Most users took the substance in the form<br />
of shots (50%) and orally (50%), of daily usage (40%). Among the<br />
sample group, 80% of the interviewed who were using ergogenics<br />
had known of the possible adverse eff ects and even so, only 10%<br />
took biochemical control testing on hormonal alterations. Th e side<br />
eff ects reported were irritation (50%), euphoria and aggressiveness<br />
(40%); and the monthly average expenditure in the acquisition of<br />
pharmacological ergogenic resource was of R$ 236.50±168.05 (R$<br />
= Reais, Brazilian currency).<br />
Key-words: ergogenic resources, <strong>do</strong>ping, bodybuilder.<br />
Recebi<strong>do</strong> em 12 de dezembro de 2005; aceito em 20 de maio de 2006.<br />
Endereço para correspondência: Cati Reckelberg Azambuja, Rua Araújo Viana, 111/303, 97015-040 Santa Maria RS, Tel: (55) 3028-<br />
0078, E-mail:cati.reckelberg@pop.com.br
28<br />
Introdução<br />
A busca pelo corpo perfeito, tão evidencia<strong>do</strong> pela mídia;<br />
a falta de organização em relação às atividades diárias e conseqüentemente<br />
a ilusão de resulta<strong>do</strong>s rápi<strong>do</strong>s e facilita<strong>do</strong>s; e a<br />
necessidade de melhor desempenho em competições são apenas<br />
alguns <strong>do</strong>s motivos que tem leva<strong>do</strong> as pessoas a utilizarem<br />
meios ilícitos para alcançar seus objetivos físicos [1].<br />
A crescente comercialização observada no meio esportivo<br />
aumentou a pressão sobre o atleta para alcançar o seu rendimento<br />
máximo a curto prazo [2]. No caso de atletas de alto<br />
nível, o uso de drogas transcende a questão da saúde individual.<br />
As drogas que favorecem o desempenho nas diversas<br />
modalidades são consideradas, eticamente, indesejáveis e,<br />
portanto, ilícitas, independentemente de produzirem danos<br />
para a saúde [3]. O American College of Sports Medicine -<br />
ACSM apóia princípios éticos e deplora o uso de esteróides<br />
anabólicos androgênicos pelos atletas.<br />
Mais preocupante <strong>do</strong> que este fato, é o de que os freqüenta<strong>do</strong>res<br />
de academias têm dividi<strong>do</strong> com os atletas os percentuais<br />
de uso destas drogas que, em sua maioria, são substâncias<br />
de procedência duvi<strong>do</strong>sa, muitas vezes, manipuladas sem<br />
cuida<strong>do</strong>s adequa<strong>do</strong>s de higiene, proporcionan<strong>do</strong>, inclusive,<br />
<strong>do</strong>enças infecto-contagiosas [4,5].<br />
Os recursos ergogênicos farmacológicos, condena<strong>do</strong>s pelo<br />
Comitê Olímpico Internacional - COI, são drogas destinadas<br />
a funcionar como hormônios ou neurotransmissores encontra<strong>do</strong>s<br />
naturalmente no corpo humano. Eles podem intensifi -<br />
car a potência física, afetar a força mental e o limite mecânico,<br />
o que tem desperta<strong>do</strong> preocupação, visto que o consumo vem<br />
persistin<strong>do</strong> e seu uso é considera<strong>do</strong> como <strong>do</strong>ping [6].<br />
A utilização de substâncias químicas com o propósito da<br />
<strong>do</strong>pagem traz conseqüências nocivas para quem faz uso destas.<br />
O exercício e os estresses físico e emocional causam alterações<br />
bioquímicas e funcionais importantes que podem modifi car<br />
o efeito da substância [7].<br />
Portanto, este estu<strong>do</strong> buscou averiguar como ocorre o uso<br />
de recursos ergogênicos farmacológicos - REF nos praticantes<br />
de musculação das academias de Santa Maria, RS.<br />
Recursos ergogênicos farmacológicos<br />
Ergogênicos são aquelas substâncias ou fenômenos que<br />
melhoram o desempenho de um atleta [8]. Os recursos ergogênicos<br />
farmacológicos fazem parte da Toxicologia Social<br />
que, segun<strong>do</strong> Oga [9] é a área da Toxicologia que estuda os<br />
efeitos nocivos decorrentes <strong>do</strong> uso não médico de fármacos<br />
ou drogas, causan<strong>do</strong> danos não somente ao indivíduo, mas<br />
também a sociedade.<br />
Por fármaco entende-se uma substância de estrutura química<br />
defi nida que, quan<strong>do</strong> em contato ou introduzida em<br />
um sistema biológico, modifi ca uma ou mais de suas funções.<br />
Droga é a matéria prima de origem mineral, vegetal ou animal<br />
que contém um ou mais fármacos [10].<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Poucas são as substâncias disponíveis no merca<strong>do</strong>, que<br />
realmente possuem propriedades ergogênicas ou capazes de<br />
produzir fenômenos supostamente ergogênicos [11]. Para que<br />
uma substância seja legitimamente classifi cada como ergogênica,<br />
é necessário a comprovação da melhora no desempenho<br />
pela mesma [8].<br />
Segun<strong>do</strong> Silva [2], as substâncias consideradas de uso<br />
proibi<strong>do</strong> são agrupadas de acor<strong>do</strong> com suas propriedades<br />
farmacológicas. A lista <strong>do</strong> COI contém os seguintes grupos:<br />
(i) estimulantes; (ii) analgésicos narcóticos; (iii) hormônios<br />
peptídicos e análogos; (iv) bloquea<strong>do</strong>res beta adrenérgicos;<br />
(v) diuréticos e (vi) esteróides anabólicos.<br />
Estimulantes são todas as substâncias utilizadas voluntariamente<br />
com a fi nalidade de obtenção de esta<strong>do</strong>s altera<strong>do</strong>s<br />
de consciência, caracteriza<strong>do</strong>s por euforia decorrente da estimulação<br />
<strong>do</strong> Sistema Nervoso Central – SNC [12] e podem<br />
causar aumento da pressão arterial e da freqüência cardíaca,<br />
propensão a arritmias cardíacas, espasmos coronariano e<br />
isquemia miocárdica em pessoas suscetíveis, distúrbios <strong>do</strong><br />
sono, tremores, agitação e falta de coordenação motora. Os<br />
analgésicos narcóticos são indica<strong>do</strong>s, terapeuticamente, para<br />
analgesia profunda, o que pode auxiliar os praticantes anônimos<br />
de atividades físicas e atletas que utilizam a morfi na<br />
e a heroína como recurso ergogênico. Porém, entre os vários<br />
potenciais riscos para a saúde <strong>do</strong>s usuários, encontram-se a<br />
inibição perigosa da <strong>do</strong>r em atletas, o que pode agravar muito<br />
uma lesão instalada; risco de dependência física e síndrome<br />
de abstinência ocasionada pela cessão <strong>do</strong> uso da substância<br />
[13].<br />
Hormônios Peptídicos e Análogos têm como função principal<br />
alterar as velocidades de reações celulares específi cas de<br />
‘células alvo’ também específi cas” [3]. Essa modifi cação pode<br />
ser conseguida através da alteração da velocidade da síntese<br />
protéica intracelular, da mudança <strong>do</strong> ritmo da atividade enzimática,<br />
da modifi cação <strong>do</strong> transporte através da membrana<br />
plasmática e pela indução da atividade secretória.<br />
Os Bloquea<strong>do</strong>res Beta Adrenérgicos, como agente de <strong>do</strong>pagem,<br />
são utiliza<strong>do</strong>s para reduzir o tremor muscular e o<br />
estresse principalmente, nas modalidades esportivas de pouca<br />
atividade física e que exigem precisão e exatidão para a sua<br />
prática [2]. A ação destes fármacos pode depreciar os sistemas<br />
nervoso central, cardiovascular, endócrino, respiratório<br />
e digestivo [14].<br />
Diuréticos são substâncias sintéticas, com estruturas químicas<br />
bastante variadas e que, na sua maioria, atuam diretamente<br />
nos rins sobre a função tubolar, aumentan<strong>do</strong> a formação da<br />
urina. Consideran<strong>do</strong> que os rins desempenham uma função<br />
fundamental para a manutenção da homeostase, torna-se<br />
evidente a grande importância <strong>do</strong>s diuréticos como possíveis<br />
agentes tóxicos [7].<br />
Contu<strong>do</strong>, dentre os recursos ergogênicos farmacológicos,<br />
os esteróides anabólicos ocupam o lugar principal. Seu potente<br />
efeito anabolizante associa<strong>do</strong> à prática de exercícios com pesos,<br />
acena com a promessa <strong>do</strong> record para o atleta e <strong>do</strong> “corpo
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
perfeito” para o praticante de musculação que possui objetivos<br />
estéticos. Infelizmente, cada vez mais o efeito terapêutico <strong>do</strong>s<br />
anabolizantes é desvirtua<strong>do</strong> a ponto da própria concepção<br />
leiga <strong>do</strong> seu nome ser associada a um perigo iminente, o que<br />
de fato se justifi ca em decorrência <strong>do</strong>s abusos cometi<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>s<br />
episódios trágicos freqüentemente relata<strong>do</strong>s [15].<br />
Materiais e méto<strong>do</strong>s<br />
A coleta de da<strong>do</strong>s ocorreu entre os meses de setembro<br />
e novembro de 2004, sen<strong>do</strong> que a amostra estratifi cada<br />
proporcional constituiu-se de 236 indivíduos, escolhi<strong>do</strong>s<br />
aleatoriamente, de ambos os sexos, das academias inscritas<br />
no Departamento de Estágios de Centro de Educação Física<br />
e Desportos da Universidade Federal de Santa Maria. O<br />
instrumento utiliza<strong>do</strong> para avaliar o objetivo proposto foi<br />
um questionário, previamente valida<strong>do</strong>, composto por 22<br />
questões sobre o uso de recursos ergogênicos farmacológicos,<br />
tipos mais utiliza<strong>do</strong>s, faixa etária, nível de escolaridade, renda,<br />
meto<strong>do</strong>logia a<strong>do</strong>tada para o treino, orientação, fi nalidade de<br />
uso, efeitos adversos e controle bioquímico, acompanha<strong>do</strong><br />
de termo de consentimento livre e esclareci<strong>do</strong>. A análise <strong>do</strong>s<br />
da<strong>do</strong>s foi realizada através de estatística descritiva [16] para determinação<br />
da média aritmética, desvio padrão e percentuais<br />
e de forma qualitativa, conforme os objetivos da pesquisa.<br />
Resulta<strong>do</strong>s e discussão<br />
Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s por meio <strong>do</strong> instrumento de pesquisa<br />
indicaram que os praticantes de musculação das academias<br />
de Santa Maria (RS), que participaram desta pesquisa, tinham<br />
idade entre 15 e 53 anos, com média de 24,4 ± 7,04. Constatou-se<br />
que 70,34% tinham entre 15 e 24 anos. No estu<strong>do</strong><br />
realiza<strong>do</strong> com freqüenta<strong>do</strong>res de academias no RS, verifi cou-se<br />
que 77,5% encontravam-se na faixa etária entre 16 e 25 anos<br />
[17]. Já, a pesquisa nas academias de Vitória (ES), encontrou<br />
a média de 27,5 anos entre os alunos pesquisa<strong>do</strong>s [18].<br />
O perfi l da amostra aponta ainda, que a maioria <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>s<br />
era <strong>do</strong> sexo masculino. A característica de freqüenta<strong>do</strong>res<br />
de academias de ginástica <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul é,<br />
essencialmente <strong>do</strong> sexo feminino (62,11%) [17]. Entretanto,<br />
é importante ressaltar que este estu<strong>do</strong> restringiu-se aos alunos<br />
das salas de musculação da cidade de Santa Maria (RS).<br />
Apesar de ter aumenta<strong>do</strong> o número de mulheres adeptas, a<br />
especulação de que a musculação pode masculinizá-las ainda<br />
persiste.<br />
A maioria <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>s não possuía renda própria<br />
(56,36%), o que é condizente com o grau de escolaridade<br />
assinala<strong>do</strong> por 36,44% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s - Ensino Superior<br />
Incompleto, o que permite inferir que a maioria <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>s<br />
eram estudantes universitários. Em segun<strong>do</strong> e terceiro<br />
lugar, respectivamente, fi caram os Ensinos Médio Completo<br />
e Superior Completo. Este da<strong>do</strong> encontra-se em conformidade<br />
com a média da idade verifi cada e com a informação<br />
29<br />
de que a maioria não possuía renda própria. Outro da<strong>do</strong><br />
interessante, é que 66 indivíduos (27,96%) possuíam Ensino<br />
Superior Completo, <strong>do</strong>s quais, 24 (10,16%) algum nível de<br />
Pós-Graduação.<br />
Verifi cou-se que a maioria <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s praticava<br />
musculação há menos de um ano. Porém, identifi cou-se<br />
um grupo com maior adesão, no qual 35,08% o faziam<br />
há mais de <strong>do</strong>is anos. No estu<strong>do</strong> de Rufi no et al. [17],<br />
encontrou-se um grupo fl utuante, com até 6 meses de<br />
tempo de prática, de 70,63%. A adesão aos programas de<br />
musculação pode sofrer infl uência direta de vários fatores,<br />
como, por exemplo, o desejo de alcançar os objetivos propostos<br />
a curto prazo.<br />
A amostra optou pela musculação, como exercício físico,<br />
com a intenção de promover a saúde e em função da estética.<br />
Isso indica que a amostra preocupava-se com a aparência física,<br />
mas não ignorava as questões relacionadas à saúde e qualidade<br />
de vida. A mesma relação entre estética e qualidade de vida<br />
foi observada no estu<strong>do</strong> de Rufi no et al. [17]. Pesquisas têm<br />
demonstra<strong>do</strong> que tanto homens como mulheres tem grande<br />
interesse em modifi car o corpo e, assim, a musculação contribui<br />
signifi cativamente [19].<br />
Outra questão importante refere-se à visão de promoção da<br />
saúde e melhor qualidade de vida, veiculada pela mídia, muitas<br />
vezes, de forma equivocada, confundida com parâmetros<br />
puramente estéticos, o que pode deformar estes conceitos.<br />
Destaca-se que entre os outros motivos relaciona<strong>do</strong>s, os<br />
que se referem ao alívio <strong>do</strong> estresse diário e de tensões profi<br />
ssionais, bem como preparação específi ca para esportes. O<br />
exercício físico se constitui em importante agente repressor<br />
<strong>do</strong> estresse. Pesquisa<strong>do</strong>res sugerem que o efeito positivo <strong>do</strong><br />
exercício físico na diminuição <strong>do</strong> estresse pode estar relaciona<strong>do</strong><br />
ao aumento da concentração de en<strong>do</strong>rfi na no sangue<br />
devi<strong>do</strong> à secreção desta substância pela glândula pituitária<br />
durante o exercício físico [20].<br />
O principal objetivo menciona<strong>do</strong> pelos alunos, praticantes<br />
de musculação, foi a hipertrofi a muscular (50%), segui<strong>do</strong><br />
pela defi nição muscular (48,73%). Como esta amostra foi<br />
composta 77,12% por pessoas <strong>do</strong> sexo masculino, justifi ca-se<br />
um percentual tão alto para os <strong>do</strong>is objetivos mais cita<strong>do</strong>s,<br />
visto que, a preferência masculina está relacionada à visão de<br />
corpos fortes e musculosos [21]. Cabe ressaltar que das 60<br />
marcações atribuídas ao emagrecimento, 75% foram feitas<br />
por mulheres.<br />
Os treinos de musculação aconteciam 5 ou mais dias por<br />
semana (61,47%), com prevalência de 5 vezes na semana<br />
(27,97%), provavelmente porque a amostra pesquisada, na<br />
maioria, estudantes, possuía maior disponibilidade de tempo<br />
para praticar exercícios físicos. Dantas [22] recomenda, para<br />
programas de treinamento de sedentários e para a manutenção<br />
das condições de saúde, a freqüência de três a cinco vezes por<br />
semana, pois considera esta, uma faixa sufi ciente de treinabilidade<br />
das qualidades físicas, ao mesmo tempo que o risco de<br />
lesões se mantém em níveis aceitáveis.
30<br />
Verifi cou-se que os treinos de musculação eram dividi<strong>do</strong>s<br />
em rotinas diferentes (68,64%), preferencialmente em A e B,<br />
em dias alterna<strong>do</strong>s de prática. Sobre este aspecto, <strong>do</strong>is pontos<br />
devem ser analisa<strong>do</strong>s: rotinas diferentes, em dias alterna<strong>do</strong>s<br />
permitem não sobrecarregar o número de horas destinadas ao<br />
treino e, também, a permitir intervalos de recuperação de 48<br />
horas para os grupos musculares trabalha<strong>do</strong>s [22].<br />
O alongamento é uma parte da sessão de treinamento na<br />
musculação, assim como em qualquer outra modalidade e a<br />
amostra tinha o hábito de realizá-los. Segun<strong>do</strong> Dantas [22], a<br />
hipertrofi a muscular e a hipertonicidade resultantes <strong>do</strong> treinamento<br />
de musculação, se não forem trabalhadas complementarmente,<br />
por meio de alongamento e fl exionamento, poderão<br />
provocar uma diminuição <strong>do</strong> arco articular de alguns movimentos.<br />
Entretanto, Tubino [23] declara que “deve-se evitar a<br />
aplicação, logo após as sessões de musculação, de exercícios de<br />
fl exibilidade que impliquem em estiramentos musculares fortes,<br />
pois haverá um grande risco de tensões nas fi bras musculares”.<br />
Portanto, é oportuna a diferenciação entre fl exionamento, em<br />
que pode haver um razoável risco de distensão e, alongamento,<br />
o qual atua com níveis de segurança mais confi áveis.<br />
Os resulta<strong>do</strong>s deste trabalho, também indicaram que<br />
4,24% (n = 10) alunos <strong>do</strong> grupo estuda<strong>do</strong> utilizavam recursos<br />
ergogênicos farmacológicos. Segun<strong>do</strong> pesquisa realizada nas<br />
academias de Goiânia (GO), 9% de desportistas consumiam<br />
REF, com pre<strong>do</strong>minância <strong>do</strong>s Esteróides Anabolizantes<br />
Androgênicos - EAA, sen<strong>do</strong> considera<strong>do</strong>, pelos autores, um<br />
percentual eleva<strong>do</strong> de usuários [24]. Em Porto Alegre (RS),<br />
Conceição et al. [25] constataram em seu estu<strong>do</strong>, que 24,3%<br />
<strong>do</strong>s praticantes de musculação das academias desta capital<br />
faziam uso de EAA. Em outro estu<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong> nas academias<br />
Americanas encontrou-se de 4 a 11% de usuários de algum<br />
tipo de anabolizante, o que demonstrou, segun<strong>do</strong> Yesalis et<br />
al. [26], um alto consumo destas substâncias.<br />
Importante ressaltar que o percentual de usuários de REF<br />
encontra<strong>do</strong> nesta pesquisa localiza-se no limite inferior <strong>do</strong><br />
que pode ser considera<strong>do</strong> alto. Portanto, basea<strong>do</strong> nos percentuais<br />
de outros estu<strong>do</strong>s, concluí-se que o consumo destas<br />
substâncias, pelos praticantes de musculação das academias<br />
de Santa Maria (RS) encontra-se num padrão que pode ser<br />
considera<strong>do</strong> de médio para alto.<br />
Ressalta-se, ainda, que em apenas 5 academias (41,67%)<br />
foram detecta<strong>do</strong>s sujeitos que utilizavam REF. Tal acha<strong>do</strong><br />
permite inferir que há academias que estão mais predispostas<br />
a esta prática. Outro detalhe a ser destaca<strong>do</strong>, refere-se aos<br />
percentuais individuais de cada estrato onde foram acha<strong>do</strong>s<br />
questionários positivos para o uso de REF, representan<strong>do</strong> de<br />
0,5 a 20% da amostra individual, o que pode ser considera<strong>do</strong><br />
um alto percentual em algumas delas.<br />
O pequeno número de usuários de REF impossibilitou<br />
o emprego de teste estatístico para avaliar signifi cativamente<br />
a faixa etária onde se concentrou o maior consumo <strong>do</strong> produto.<br />
Entretanto, contatou-se que este grupo possuía idade<br />
entre 23 e 44 anos, com média de 29 ± 7,47, sen<strong>do</strong>, to<strong>do</strong>s,<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
<strong>do</strong> sexo masculino. No Brasil, o consumi<strong>do</strong>r preferencial de<br />
EAA, encontra-se entre 18 e 34 anos de idade e, em geral, é<br />
<strong>do</strong> sexo masculino [21].<br />
O nível de escolaridade entre os usuários concentrou-se no<br />
Ensino Superior Completo (50%), diferentemente <strong>do</strong> percentual<br />
encontra<strong>do</strong> na amostra total deste estu<strong>do</strong> e da pesquisa<br />
de Araújo et al., [24] relatan<strong>do</strong> que os usuários de EAA, entre<br />
os praticantes de musculação das academias de Goiânia (GO)<br />
possuíam, na maioria, Ensino Fundamental ou Médio.<br />
Analisan<strong>do</strong>-se a renda individual, constatou-se que 80%<br />
(n = 8) <strong>do</strong>s usuários recebia entre 3 e 6 salários mínimos.<br />
Diante destes da<strong>do</strong>s, infere-se que os usuários de REF<br />
possuíam independência fi nanceira, o que lhes permitiu<br />
comprometer, mensalmente, entre R$ 24,00 a 580,00, com<br />
média de R$ 236,50 ± 168,05 <strong>do</strong>s seus salários, na aquisição<br />
<strong>do</strong>s produtos.<br />
O tempo de prática de musculação <strong>do</strong>s usuários de REF,<br />
acompanha a tendência da amostra total, porém, é mais homogênea.<br />
Há de se destacar que 90% encontram-se na faixa<br />
que compreende até 3 anos de prática, <strong>do</strong>s quais 30% no grupo<br />
com menos de 1 ano de prática, que pode ser considera<strong>do</strong><br />
como fl utuante, enfatizan<strong>do</strong> que muitos usuários utilizam-se<br />
de REF para alcançar os objetivos a curto prazo.<br />
A maioria <strong>do</strong>s usuários mencionou ter opta<strong>do</strong> pela musculação,<br />
como exercício físico, com fi ns estéticos (50%).<br />
Verifi cou-se que o objetivo principal <strong>do</strong>s usuários de recursos<br />
ergogênicos era hipertrofi a muscular (70%). Estes da<strong>do</strong>s,<br />
analisa<strong>do</strong>s de forma simultânea, reforçam a idéia de que cada<br />
dia mais as pessoas acreditam que ergogênicos nutricionais e<br />
farmacológicos podem ser usa<strong>do</strong>s, de forma indiscriminada,<br />
como parte <strong>do</strong> treinamento físico. Conforme Courtine [1], as<br />
últimas décadas ascenderam a valorização <strong>do</strong> corpo e ditaram<br />
o modelo “ideal” de físico, desprezan<strong>do</strong> o aspecto saúde, na<br />
obtenção <strong>do</strong> mesmo. O registro crescente de consumo de substâncias<br />
ergogênicas, principalmente entre jovens, demonstra<br />
que não há limites para a aquisição de padrões estéticos.<br />
Quanto à freqüência de treino, 90% <strong>do</strong>s usuários de<br />
recursos realizavam as rotinas de musculação, mais <strong>do</strong> que 4<br />
dias na semana. Segun<strong>do</strong> Dantas [22], levan<strong>do</strong>-se em consideração<br />
que o objetivo principal da maioria <strong>do</strong>s usuários era<br />
a hipertrofi a, verifi ca-se que a freqüência semanal de treinos<br />
encontrava-se em conformidade com os princípios científi cos<br />
<strong>do</strong> treinamento desportivo. Santos & Santos [18] encontraram<br />
em seu estu<strong>do</strong> 56% de praticantes com freqüência<br />
semanal de 5 vezes.<br />
Também pode-se perceber que 90% <strong>do</strong>s usuários de<br />
recursos ergogênicos dividiam as sessões em rotinas diferentes<br />
(A e B ou A, B e C) em dias alterna<strong>do</strong>s de prática,<br />
caracterizan<strong>do</strong>, desta forma estrutura de treinos mais avança<strong>do</strong>s<br />
e intensos, condizentes com o objetivo de hipertrofi a<br />
e a freqüência de mais de 4 dias na semana, verifi ca<strong>do</strong>s<br />
anteriormente [27].<br />
Os usuários de REF às vezes realizavam alongamentos<br />
(70%) quan<strong>do</strong> praticavam a musculação. Como argumenta<strong>do</strong>
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
anteriormente, a problemática conceitual, meto<strong>do</strong>lógica e<br />
fi siológica entre alongamento e fl exionamento, repercute de<br />
forma negativa entre aqueles que realizam exercícios físicos<br />
com a intenção hipertrófi ca, ressaltan<strong>do</strong>-se que, segun<strong>do</strong><br />
Guiselini [28], músculos muito encurta<strong>do</strong>s podem exercer<br />
uma pressão muito grande em partes <strong>do</strong> corpo mais suscetíveis<br />
à tensões.<br />
Os REF mais cita<strong>do</strong>s, entre os usuários, foram os classifi<br />
ca<strong>do</strong>s no grupo de EAA – Hemogenim, Deca-Durabolin e<br />
Durateston, segui<strong>do</strong>s por Winstrol e Testosterona, (Tabela I). O<br />
estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> por Iriart & Andrade [21], em Salva<strong>do</strong>r (BA),<br />
verifi cou a pre<strong>do</strong>minância <strong>do</strong> uso de Testosterona e Nandrolona,<br />
além da combinação de Testosterona e Estradiol. Segun<strong>do</strong><br />
Araújo et al. [24], <strong>do</strong>s 17 usuários de EAA das academias de<br />
Goiânia (GO), 66% utilizavam Hemogenim e Testosteron.<br />
Tabela I - Distribuição da freqüência e percentagem de usuários,<br />
segun<strong>do</strong> o tipo de REF usa<strong>do</strong> pelos praticantes de musculação das<br />
academias de Santa Maria (RS), 2004.<br />
Recurso Ergogênico Farmacológico f %*<br />
Deca-Durabolin 6 60.00<br />
Durateston 5 50.00<br />
Hemogenim 4 40.00<br />
Winstrol 3 30.00<br />
Testosterona 3 30.00<br />
Cocaína 2 20.00<br />
Ecstasy 3 30.00<br />
* A soma <strong>do</strong>s percentuais não totaliza 100% por ter si<strong>do</strong> permiti<strong>do</strong> a<br />
marcação de mais de uma opção.<br />
A Tabela II demonstra que as formas de administração<br />
mais utilizadas foram as oral e injetável. Iriart & Andrade [21]<br />
relataram no seu estu<strong>do</strong> que a via de administração injetável<br />
é preferida por ser mais barata e produzir efeito imediato.<br />
Foi verifi ca<strong>do</strong> também, que 70% <strong>do</strong>s usuários da amostra<br />
fazem uso combina<strong>do</strong> de REF, na tentativa de potencializar<br />
os efeitos anabólicos e, muitas vezes, minimizar os efeitos<br />
androgênicos e adversos [4].<br />
Tabela II - Distribuição da freqüência e percentagem de usuários,<br />
segun<strong>do</strong> a forma de administração de REF usa<strong>do</strong> entre os praticantes<br />
de musculação das academias de Santa Maria (RS), 2004.<br />
Formas de Administração REF f %*<br />
Oral 5 50.00<br />
Injetável 5 50.00<br />
Supositório 2 20.00<br />
Adesivo 1 10.00<br />
*A soma <strong>do</strong>s percentuais não totaliza 100% por ter si<strong>do</strong> permiti<strong>do</strong> a<br />
marcação de mais de uma opção<br />
Quanto à freqüência de uso <strong>do</strong>s ergogênicos, na Tabela<br />
III, verifi ca-se que houve pre<strong>do</strong>minância da aplicação diária<br />
e semanal que, reforçada pela combinação de uso oral e injetável,<br />
segun<strong>do</strong> Lise et al. [4] caracterizaram a meto<strong>do</strong>logia<br />
31<br />
“mista”. Foi identifi ca<strong>do</strong> entre os pesquisa<strong>do</strong>s, um que a<strong>do</strong>tava<br />
o “ciclo” (cycling), o qual usava o EAA por 8 semanas<br />
consecutivas e, após um intervalo não defi ni<strong>do</strong>, retomava a<br />
administração.<br />
Tabela III - Distribuição <strong>do</strong> número e percentagem de usuários,<br />
segun<strong>do</strong> a freqüência de uso de REF pelos praticantes de musculação<br />
das academias de Santa Maria (RS), 2004.<br />
Freqüência de Uso REF n %<br />
Somente em Dias de Treino 1 10.00<br />
Diário 4 40.00<br />
Semanal 3 30.00<br />
Quinzenal 1 10.00<br />
Não Defini<strong>do</strong> 1 10.00<br />
Total 10 100.00<br />
Observou-se que a grande maioria das pessoas que relatou<br />
o uso de recursos ergogênicos, especifi camente os EAA, afi rmou<br />
que a motivação se deu pelo aumento no desempenho<br />
(60%) e <strong>do</strong> peso corporal (50%). A utilização de anabolizantes<br />
está associada àqueles que possuem neurose pelo corpo e<br />
são, freqüentemente, compulsivos pelo exercício e desejam<br />
resulta<strong>do</strong>s a curto prazo [19].<br />
Possivelmente, o aumento de peso corporal, associa<strong>do</strong> ao<br />
uso de esteróides anabolizantes, está relaciona<strong>do</strong> à sínteses de<br />
proteínas no músculo esquelético, principalmente devi<strong>do</strong> a<br />
regulação da transcrição <strong>do</strong> RNA ribossômico, quan<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong><br />
por perío<strong>do</strong>s curtos; porém, estes efeitos, provavelmente,<br />
se perdem ou diminuem após algumas semanas, ou mesmo<br />
pelo uso continua<strong>do</strong> da droga [29].<br />
Entre as respostas para o resulta<strong>do</strong> que os usuários observaram,<br />
pode-se citar: “Estou mais forte!”; “ganhei peso e<br />
aumentei a massa muscular”; “a recuperação é mais rápida”;<br />
“estou mais defi ni<strong>do</strong>”. Diante dessas afi rmações é cabível a<br />
citação de Iriart & Andrade [21]: “O anabolizante é visto<br />
então, como uma droga poderosa que permite ao organismo<br />
trabalhar mais rapidamente, proporcionan<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s quase<br />
mágicos, e recompensan<strong>do</strong> imediatamente o suor despendi<strong>do</strong><br />
na malhação”.<br />
Quan<strong>do</strong> questiona<strong>do</strong>s sobre quem orientou o uso <strong>do</strong>s<br />
produtos - REF, as informações concentraram-se em por<br />
vontade própria (50%) e por orientação médica (30%).<br />
Oportuno esclarecer, que o percentual verifi ca<strong>do</strong> na indicação<br />
de REF por médicos, não representam signifi cativamente a<br />
realidade <strong>do</strong>s profi ssionais desta área, que desempenham suas<br />
atividades na cidade de Santa Maria (RS). No estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong><br />
por Araújo et al. [24], a fonte mais utilizada para indicação<br />
de anabolizantes foram o professor (11%) e por intermédio<br />
de amigos (11%). Segun<strong>do</strong> o trabalho realiza<strong>do</strong> por Rocha<br />
& Pereira [30], 63% receberam orientação para o consumo,<br />
<strong>do</strong>s quais 41% por profi ssionais da saúde e 59% através de<br />
professores, amigos e leitura sobre o assunto.<br />
A aquisição destas substâncias ocorreu, preferencialmente,<br />
em farmácias (50%) e através <strong>do</strong> professor da academia (20%).
32<br />
Outra importante ressalva faz-se necessária, visto que verifi cou-se<br />
que nem to<strong>do</strong>s os instrutores de musculação das academias de<br />
Santa Maria (RS), são profi ssionais forma<strong>do</strong>s em educação física.<br />
Pesquisas têm demonstra<strong>do</strong> que, além <strong>do</strong>s farmacológicos, recursos<br />
ergogênicos nutricionais tem si<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>s por instrutores e<br />
professores das academias [24,18,31]. Segun<strong>do</strong> o Código de Ética<br />
<strong>do</strong> Conselho Federal de Educação Física - CONFEF [32], esta<br />
prática caracteriza exercício irregular da profi ssão e demonstra<br />
uma atitude antiética destes profi ssionais.<br />
Os usuários de REF também foram questiona<strong>do</strong>s quanto<br />
aos problemas relaciona<strong>do</strong>s à ingestão <strong>do</strong>s produtos avalia<strong>do</strong>s.<br />
Foram relata<strong>do</strong>s, principalmente, irritação, euforia e agressividade<br />
(Tabela IV). Lise et al. [4] consideram a euforia e a<br />
irritação, como efeitos adversos comuns. Segun<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong> de<br />
Araújo et al. [24], os usuários de anabolizantes referiram-se à<br />
euforia (81%) e aumento de cravos e espinhas (94%).<br />
Tabela IV - Distribuição da freqüência e percentagem <strong>do</strong>s efeitos<br />
adversos causa<strong>do</strong>s pelo uso de REF por praticantes de musculação<br />
das academias de Santa Maria (RS), 2004.<br />
Efeito Adverso f %*<br />
Irritação 5 50.00<br />
Euforia 4 40.00<br />
Agressividade 4 40.00<br />
Hálito forte 4 40.00<br />
Cãimbras 2 20.00<br />
Tremores 2 20.00<br />
* A soma <strong>do</strong>s percentuais não totaliza 100% por ter si<strong>do</strong> permiti<strong>do</strong> a<br />
marcação de mais de uma opção.<br />
A maioria <strong>do</strong>s usuários (80%) afi rmou ter conhecimento<br />
sobre os possíveis efeitos colaterais que costumam ocorrer. Apesar<br />
de alarmante, este da<strong>do</strong> confi rma os acha<strong>do</strong>s discuti<strong>do</strong>s anteriormente:<br />
usuários com maior grau de escolaridade e independência<br />
fi nanceira, deixaram-se iludir pelos benefícios ergogênicos imediatos,<br />
para alcançar objetivos puramente estéticos, menosprezan<strong>do</strong><br />
os potenciais riscos para a saúde, a qualquer tempo.<br />
Entretanto, segun<strong>do</strong> Iriart & Andrade [21], no estu<strong>do</strong><br />
realiza<strong>do</strong> entre jovens de um bairro popular de Salva<strong>do</strong>r (BA),<br />
foi observa<strong>do</strong> que “de maneira geral, os fi siculturistas entrevista<strong>do</strong>s<br />
não demonstraram bom nível de informação sobre<br />
os danos causa<strong>do</strong>s à saúde pelos anabolizantes que utilizam”.<br />
Ressalta-se a falta de informação em relação às propriedades<br />
farmacológicas <strong>do</strong>s EAA, o conhecimento informal através de<br />
experiências próprias ou de amigos e a tolerância aos sintomas<br />
mais comuns que não refl etem os efeitos a longo prazo.<br />
Confi rman<strong>do</strong> o exposto anteriormente e, apesar <strong>do</strong>s usuários<br />
terem afi rma<strong>do</strong> possuir conhecimento sobre os efeitos<br />
adversos causa<strong>do</strong>s pelo uso de REF, 90% destes não realizam<br />
exames bioquímicos para controlar as possíveis alterações<br />
metabólicas, demonstran<strong>do</strong> que talvez este conhecimento<br />
restrinja-se aos efeitos mais comuns e menos preocupantes.<br />
Apesar de não ser objeto de estu<strong>do</strong> desta pesquisa, é importante<br />
registrar que 3,39% (n = 8) informaram o uso de suplementos<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
nutricionais, demonstran<strong>do</strong> o desconhecimento, por parte <strong>do</strong>s<br />
usuários, <strong>do</strong> tipo de recurso ergogênico que utilizavam.<br />
Os Recursos Ergogênicos Nutricionais - REN cita<strong>do</strong>s<br />
foram Creatina, L-Carnitina, Albumina, Proteína de Soja<br />
Texturizada e Levedura de Cerveja, motiva<strong>do</strong>s por melhora de<br />
desempenho e pela vontade de emagrecer. Foi verifi ca<strong>do</strong> que<br />
a indicação ocorreu por vontade própria, através de amigos<br />
e familiares e por informações obtidas por meio de publicações<br />
especializadas. A grande maioria relatou que adquiriu os<br />
produtos em lojas <strong>do</strong> ramo e em farmácias. A administração<br />
acontecia na forma oral, líqui<strong>do</strong>s, cápsulas e em pó, diariamente<br />
ou somente em dias de treino. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s<br />
com o uso de REN foram diversos, desde emagrecimento,<br />
maior disposição para treinar e aumento de massa muscular,<br />
até o não reconhecimento de nenhum efeito. Os usuários de<br />
REN afi rmaram possuir conhecimento sobre os efeitos adversos,<br />
porém, o único relata<strong>do</strong> foi cefaléia esporádica e não<br />
realizam exames bioquímicos de controle. Em relação ao gasto<br />
mensal na aquisição <strong>do</strong>s suplementos, verifi cou-se que estes<br />
encontram-se numa faixa de valores bem inferior a <strong>do</strong>s REF,<br />
concentran<strong>do</strong>-se em aproximadamente, R$ 20,00.<br />
Perspectivas de aplicação<br />
Os da<strong>do</strong>s produzi<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong> permitem concluir que<br />
o uso de recursos ergogênicos farmacológicos por praticantes<br />
de musculação nas academias de Santa Maria, RS é considera<strong>do</strong><br />
de médio para alto quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> às pesquisas<br />
consultadas, representan<strong>do</strong> 4,24% da amostra estudada.<br />
Entre os recursos ergogênicos farmacológicos mais utiliza<strong>do</strong>s,<br />
os Esteróides Anabolizantes Androgênicos ganharam<br />
destaque, sen<strong>do</strong>, o Deca-Durabolin, Hemogenin e Durateston,<br />
os mais cita<strong>do</strong>s.<br />
To<strong>do</strong>s os usuários eram <strong>do</strong> sexo masculino e, a maioria<br />
deles, tinha idade entre 23 e 28 anos, nível de escolaridade<br />
superior, renda até 6 salários mínimos e comprometiam entre<br />
R$ 136,00 e R$ 248,00 mensais na aquisição <strong>do</strong>s REF.<br />
A estética foi a maior motivação entre os usuários para<br />
praticar a musculação. O tempo de treino variou até três anos,<br />
sen<strong>do</strong> a hipertrofi a, o principal objetivo. A maior parte <strong>do</strong>s<br />
usuários treinava de quatro a seis dias por semana, em rotinas<br />
subdivididas e, às vezes, incluíam alongamentos à sessão.<br />
Melhor desempenho físico foi o motivo que levou os<br />
usuários a utilizarem os REF, por vontade própria, adquiri<strong>do</strong>s,<br />
principalmente, em farmácias.<br />
A administração ocorria nas formas oral e injetável, diariamente,<br />
e verifi cou-se alguns relatos positivos de resulta<strong>do</strong>s.<br />
Contu<strong>do</strong>, os usuários de REF admitiram terem conhecimento<br />
sobre os efeitos colaterais e não realizarem exames bioquímicos<br />
de controle. Euforia, irritação e agressividade foram os efeitos<br />
adversos mais assinala<strong>do</strong>s.<br />
Diante da pouca literatura encontrada sobre o consumo<br />
de REF entre os praticantes de exercícios físicos brasileiros,<br />
faz-se necessário a realização de outros trabalhos para identi-
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
fi car com maior precisão o consumo destas substâncias pelos<br />
freqüenta<strong>do</strong>res de academias de ginástica.<br />
Considera-se de suma importância, divulgação das conseqüências<br />
<strong>do</strong> uso de REF e orientação das pessoas diretamente<br />
envolvidas na prática esportiva, visto que o consumo deste<br />
tipo de substância, apresenta-se signifi cativa.<br />
Conclusão<br />
O uso <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s recursos ergogênicos no esporte de alto<br />
rendimento desencadeou um processo que representa atualmente<br />
uma das grandes preocupações na área das Ciências <strong>do</strong> Esporte,<br />
tanto no que diz respeito no combate ao <strong>do</strong>ping, como também,<br />
no âmbito <strong>do</strong> uso indiscrimina<strong>do</strong> de drogas e suplementos nutricionais<br />
com objetivos puramente estéticos [15].<br />
Nos círculos esportivos, afi rma Silva [2], as informações<br />
leigas prevalecem sobre as farmacológicas, fazen<strong>do</strong> com que<br />
a <strong>do</strong>pagem seja caracterizada pelo uso não medicinal de fármacos.<br />
Dada a falta de informação sobre os efeitos nocivos<br />
<strong>do</strong> uso de recursos ergogênicos farmacológicos, bem como, a<br />
facilidade de sua obtenção por freqüenta<strong>do</strong>res de academias,<br />
observa-se consumo abusivo dessas substâncias [31].<br />
Além disso, no Brasil, estu<strong>do</strong>s que abordem o uso de anabolizantes<br />
são escassos, não existin<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s epidemiológicos<br />
que indiquem a extensão <strong>do</strong> consumo dessas substâncias<br />
[21]. Campanhas publicitárias e educacionais que alertem<br />
sobre esse problema fazem-se necessárias, pois a intervenção<br />
educacional pode ser um instrumento efetivo no combate ao<br />
uso dessas substâncias por a<strong>do</strong>lescentes.<br />
Williams & Branch [33] alertam que “considerações éticas<br />
impedem o estu<strong>do</strong> de regimes com mega<strong>do</strong>ses de Esteróide<br />
Anabolizante Androgênico - EAA”, resultan<strong>do</strong>, para maior<br />
compreensão das conseqüências para a saúde <strong>do</strong> uso destas<br />
substâncias, na necessidade de continuar as pesquisas através<br />
de relatos informais, estu<strong>do</strong>s de casos clínicos e estu<strong>do</strong>s de<br />
controles de casos epidemiológicos.<br />
Portanto, este trabalho tem por fi nalidade, contribuir para<br />
o avanço <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s sobre o uso de recursos ergogênicos<br />
farmacológicos por praticantes de musculação, alertan<strong>do</strong> e<br />
informan<strong>do</strong> sobre os reais efeitos destas substâncias, buscan<strong>do</strong><br />
desta maneira mostrar o desequilíbrio existente entre riscos<br />
para saúde e benefícios ergogênicos.<br />
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34<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Artigo original<br />
Série simples versus séries múltiplas: efeitos sobre<br />
o treinamento e destreinamento da força máxima<br />
em mulheres jovens<br />
Single vs multiple sets: effects on the maximal strength training<br />
and detraining in young women<br />
Marcelo Rangel de Araújo*, Alexandre Hideki Okano**, Runer Augusto Marson***,Edilson Serpeloni Cyrino****, Fábio Yuzo<br />
Nakamura*****<br />
* Centro de Educação Física e Desportos. Universidade Estadual de Londrina – Londrina/PR., **Grupo de Estu<strong>do</strong> e Pesquisa em<br />
Metabolismo, Nutrição e Exercício. Centro de Educação Física e Desportos. Universidade Estadual de Londrina, Faculdade de Educação<br />
Física. Universidade de Campinas – Campinas/SP, ***Laboratório de Biomecânica. Instituto de Biociências. Departamento de<br />
Educação Física. Universidade Estadual Paulista – Rio Claro/SP, **** Centro de Educação Física e Desportos. Universidade Estadual<br />
de Londrina – Londrina/PR, Grupo de Estu<strong>do</strong> e Pesquisa em Metabolismo, Nutrição e Exercício. Centro de Educação Física e<br />
Desportos. Universidade Estadual de Londrina, ***** Centro de Educação Física e Desportos. Universidade Estadual de Londrina<br />
– Londrina/PR, Grupo de Estu<strong>do</strong> e Pesquisa em Metabolismo, Nutrição e Exercício. Centro de Educação Física e Desportos. Universidade<br />
Estadual de Londrina, Laboratório de Biodinâmica. Instituto de Biociências. Departamento de Educação Física. Universidade<br />
Estadual Paulista – Rio Claro/SP<br />
Resumo<br />
O objetivo <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> foi comparar os efeitos da utilização<br />
de série simples ou de séries múltiplas em programas de<br />
treinamento com pesos com duração de oito semanas sobre a força<br />
máxima, bem como sobre o destreinamento subseqüente dessa<br />
capacidade neuromuscular por um perío<strong>do</strong> de dez semanas, em<br />
mulheres. Para isso, foram familiarizadas com um primeiro teste<br />
de força máxima (1-RM) nos exercícios: supino, puxada nas costas,<br />
extensão e fl exão de joelho. Após 2 dias de descanso, as 19 voluntárias<br />
foram reavaliadas em sua força máxima (1-RM). Depois, foram<br />
divididas em <strong>do</strong>is grupos: um que treinou através de três séries os<br />
exercícios de membros inferiores e através de apenas uma série os<br />
exercícios de membros superiores (3I-1S), e outro grupo que fazia<br />
o inverso (1I-3S). Ambos treinaram com uma freqüência de três<br />
sessões semanais, com cargas que permitiam a realização de 10 a<br />
12-RM, as quais eram ajustadas de acor<strong>do</strong> com a evolução <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />
de treinamento. A força máxima de ambos os grupo melhorou após<br />
quatro semanas de treinamento (P < 0,05), sem aumentos adicionais<br />
nas quatro semanas seguintes nos quatro exercícios (P > 0,05). O<br />
perío<strong>do</strong> de destreinamento de dez semanas não ocasionou qualquer<br />
redução na 1 RM. Em nenhum momento houve diferença entre os<br />
grupos na expressão da força máxima. Com isso, concluiu-se que o<br />
treinamento com pesos, basea<strong>do</strong> na aplicação de série única, resultou<br />
em um ganho de força máxima equivalente ao de três séries. Em<br />
adição, ambos os grupos tiveram retenção total da força máxima<br />
após perío<strong>do</strong> relativamente longo de destreinamento.<br />
Palavras-chave: série simples, séries múltiplas, força muscular,<br />
uma repetição máxima (1 RM).<br />
Abstract<br />
Th e purpose of this study was to compare the eff ect of using<br />
single-set or three-set in programs of strength training with duration<br />
of 8 weeks on the maximum strength, as well as on the subsequent<br />
detraining of this capacity neuromuscular for a period of 10 weeks,<br />
in women. For this, after to be made familiarization for a fi rst test<br />
one-repetition maximum (1-RM) in the exercises: chest press, lat<br />
pull <strong>do</strong>wn, leg extension and leg curl. Th e 19 volunteers had been<br />
Recebi<strong>do</strong> em 15 de junho de 2005; aceito em 20 de agosto de 2006.<br />
Endereço para correspondência: Marcelo Rangel de Araújo,Centro de medidas e avaliação física, Av. Olávio Gomes, 381, 12211-<br />
420 São José <strong>do</strong>s Campos SP, Tel: (12) 3941-6813, E-mail: marcelora@pop.com.br
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
reevaluated in its maximum strength (1-RM) after 2 days of rest.<br />
Later, they had been divided in two groups: one that trained through<br />
three set the exercises of <strong>do</strong>wn-body and through only one set the<br />
exercises of upper-body (3DB-1UB), and another group that made<br />
the inverse one (1DB-3UB). Both had trained with a frequency of<br />
three weekly sessions, with loads that allowed the accomplishment<br />
of 10 12-RM, which were adjusted in accordance with the evolution<br />
of the training state. Th e strength of both the group improved<br />
4 weeks of training after (P < 0,05), without increases adds in the<br />
four following weeks in the four exercises (P > 0,05). Th e period of<br />
Introdução<br />
Carpinelli e Otto [1] realizaram uma revisão de estu<strong>do</strong>s<br />
destina<strong>do</strong>s a comparar a efetividade de programas de treinamento<br />
com pesos utilizan<strong>do</strong> série simples ou séries múltiplas<br />
na melhora da força máxima de diferentes tipos de exercícios<br />
resisti<strong>do</strong>s. Eles mostraram que dentre os 35 trabalhos analisa<strong>do</strong>s,<br />
33 não encontraram diferenças signifi cantes entre<br />
a série simples e as séries múltiplas como indutores deste<br />
tipo de adaptação <strong>do</strong> sistema neuromuscular. Este estu<strong>do</strong><br />
meta-analítico sintetiza o esforço de diversos pesquisa<strong>do</strong>res<br />
no senti<strong>do</strong> de determinar a relação <strong>do</strong>se-resposta associada<br />
ao volume de treinamento com pesos. Nesse contexto, os<br />
exercícios quantifi ca<strong>do</strong>s são emprega<strong>do</strong>s como <strong>do</strong>se e as modifi<br />
cações na aptidão física e/ou no esta<strong>do</strong> geral de saúde são<br />
ti<strong>do</strong>s como resposta. Dessa forma, busca-se uma relação ótima<br />
entre custo e benefício para os propósitos <strong>do</strong> indivíduo que<br />
está se submeten<strong>do</strong> a um programa de treinamento. Outras<br />
variáveis como intensidade, tipo de contração, e freqüência das<br />
sessões de treinamento também têm si<strong>do</strong> investigadas como<br />
<strong>do</strong>se [2,3], embora com menos ênfase <strong>do</strong> que o volume. Doses<br />
excessivas no treinamento com pesos podem resultar em lesões<br />
por estresse das estruturas músculo-esqueléticas, ao passo que<br />
sobrecargas subestimadas para a capacidade funcional <strong>do</strong><br />
indivíduo podem falhar em estimular a melhora necessária<br />
ou desejada nos níveis de força muscular [3].<br />
Poucos estu<strong>do</strong>s têm atesta<strong>do</strong> a superioridade de programas<br />
de treinamento resisti<strong>do</strong> com séries múltiplas de exercício sobre<br />
um grupamento muscular específi co em relação aos realiza<strong>do</strong>s<br />
com a utilização de apenas uma série [4]. No entanto, Rhea et<br />
al. [5] argumentam que isso se deve ao tratamento estatístico<br />
convencionalmente emprega<strong>do</strong>. Sua meta-análise baseada no<br />
procedimento eff ect size (ES) estabelece que há vantagens comparativas<br />
na utilização de um volume maior de treinamento<br />
ao invés de apenas uma série, e que o número ótimo de séries<br />
para provocar adaptações neuromusculares depende <strong>do</strong> nível<br />
de treinamento da amostra populacional pesquisada [3]. Essa<br />
conclusão foi extraída a partir de resulta<strong>do</strong>s de estu<strong>do</strong>s que,<br />
em sua formulação original, demonstravam a equivalência nos<br />
ganhos adaptativos das séries múltiplas em relação à simples.<br />
35<br />
detraining of 10 weeks did not cause any reduction in the 1 RM.<br />
At no moment it had diff erence between the groups in the expression<br />
of the maximum strength. With this, one concluded that the<br />
exercise resistance based in the single-set application resulted in a<br />
increase of maximum strength equivalent to the one of three-set.<br />
In addition, both the groups had after had total retention of the<br />
maximum strength relatively long periods of detraining.<br />
Key-words: single-set, three-set, muscle strength, one-repetition<br />
maximum (1-RM).<br />
Levan<strong>do</strong> em consideração o conhecimento acumula<strong>do</strong><br />
no estabelecimento da relação <strong>do</strong>se-resposta relacionada ao<br />
volume de treinamento com pesos, o Colégio Americano de<br />
Medicina <strong>do</strong> Esporte (ACSM) [6] se posicionou, em 1990,<br />
a favor de que apenas uma série de 8-12 repetições de oito<br />
a dez exercícios resisti<strong>do</strong>s diferentes, com freqüência de<br />
duas vezes por semana, seria sufi ciente para induzir ganhos<br />
signifi cativos de força e de massa isenta de gordura. Esta<br />
recomendação mínima deveria ser seguida por to<strong>do</strong>s os<br />
adultos saudáveis envolvi<strong>do</strong>s em programas de condicionamento<br />
físico. Ela poderia ser expandida com a evolução <strong>do</strong><br />
programa de treinamento para um número maior de séries.<br />
A posição [7] foi ratifi cada em 1998 e posteriormente surgiu<br />
uma proposta específi ca para a prescrição de treinamento<br />
com pesos [8].<br />
O destreinamento, processo contrário ao treinamento,<br />
resulta da redução ou interrupção <strong>do</strong> treinamento, ou da<br />
redução de uma ou mais variáveis associadas ao mesmo, como<br />
intensidade, volume ou freqüência das sessões. Paralelo a esse<br />
processo há retrocesso das modifi cações adaptativas promovidas<br />
pelo treinamento que, em geral, ocorre a uma taxa menor<br />
<strong>do</strong> que durante sua fase de aquisição [9,10].<br />
Levan<strong>do</strong>-se em consideração a escassez de estu<strong>do</strong>s destina<strong>do</strong>s<br />
a elucidar as adaptações neuromusculares ao treinamento<br />
com pesos e perdas associadas ao destreinamento em mulheres<br />
[11], procurou-se, neste trabalho, comparar os ganhos de força<br />
máxima de moças jovens mediante a participação em sessões<br />
de treinamentos compostas de série simples e múltiplas, em<br />
quatro diferentes aparelhos, bem como verifi car a retenção <strong>do</strong><br />
ganho de força após perío<strong>do</strong> de destreinamento. A hipótese<br />
deste estu<strong>do</strong> era a de que os ganhos de força máxima seriam<br />
semelhantes em resposta aos <strong>do</strong>is volumes de treinamento,<br />
confi rman<strong>do</strong> os acha<strong>do</strong>s reuni<strong>do</strong>s por Carpinelli e Otto [1], e<br />
de que a retenção dessa capacidade também seria equivalente<br />
nas duas situações. A confi rmação dessa hipótese favoreceria<br />
a utilização da série simples como indutor de ganho de<br />
força e retenção da mesma em médio prazo, pois trabalhos<br />
mostram que sessões mais curtas de treinamento melhoram<br />
a aderência ao programa em relação às mais longas (séries<br />
múltiplas) [12].
36<br />
Materiais e méto<strong>do</strong>s<br />
Sujeitos<br />
Foram inicialmente voluntárias para participar deste<br />
estu<strong>do</strong> 24 mulheres jovens, estudantes universitárias, sem<br />
experiência com treinamento com pesos nos seis meses que<br />
antecederam o início desta investigação. Elas assinaram termo<br />
de consentimento informa<strong>do</strong> após reunião de esclarecimentos<br />
sobre os riscos e benefícios associa<strong>do</strong>s à participação, com <strong>do</strong>is<br />
<strong>do</strong>s responsáveis pela pesquisa. As participantes foram aleatoriamente<br />
divididas em <strong>do</strong>is grupos experimentais. Ambos<br />
foram submeti<strong>do</strong>s a programas estrutura<strong>do</strong>s de treinamento<br />
com pesos, assim como foram avalia<strong>do</strong>s periodicamente<br />
em relação ao nível de força máxima alcança<strong>do</strong>, inclusive<br />
após perío<strong>do</strong> de destreinamento. Um <strong>do</strong>s grupos realizou o<br />
programa que incluía três séries para exercícios de membros<br />
inferiores (extensão e fl exão de joelhos) e apenas uma série<br />
de exercícios de membros superiores (supino e puxada nas<br />
costas). Esse grupo foi denomina<strong>do</strong> 3I-1S. O outro grupo,<br />
que fazia justamente o contrário, foi denomina<strong>do</strong> 1I-3S. Das<br />
24 voluntárias no início <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, 19 o concluíram, sen<strong>do</strong><br />
11 <strong>do</strong> grupo 3I-1S (idade: 21,2 ± 6,8 anos; estatura: 162,5<br />
± 10,0 cm; massa corporal: 52,5 ± 3,9 kg) e oito <strong>do</strong> grupo<br />
1I-3S (idade: 20,8 ± 6,3 anos; estatura: 165,5 ± 7,8 anos;<br />
massa corporal: 56,0 kg ± 4,3 kg). Nenhuma das desistências<br />
foi ocasionada por lesão decorrente <strong>do</strong>s programas ou testes<br />
de força propostos.<br />
Teste de força máxima (1-RM)<br />
Foram utiliza<strong>do</strong>s, neste teste de desempenho neuromuscular,<br />
procedimentos adapta<strong>do</strong>s de outros autores [13]. Em<br />
primeiro lugar, cada uma das participantes realizava duas<br />
séries de aquecimento em uma carga percebida como aproximadamente<br />
50% da carga entendida como máxima, ou seja,<br />
que poderia ser levantada uma única vez (1 RM). Após breve<br />
descanso, os levantamentos seguintes foram feitos através de<br />
duas repetições, com incrementos de carga visan<strong>do</strong> o alcance<br />
de 1 RM. O intervalo entre as tentativas foi de no mínimo<br />
cinco minutos. A carga em que a participante realizava com<br />
sucesso uma repetição, mas falhava em conseguir a segunda,<br />
era considerada 1 RM. Durante cada tentativa de se atingir<br />
1-RM, havia incentivo verbal por parte <strong>do</strong> investiga<strong>do</strong>r que<br />
realizava a avaliação.<br />
To<strong>do</strong>s os quatro exercícios emprega<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong> tiveram<br />
sua 1 RM determinada em uma única sessão de testes<br />
obedecen<strong>do</strong> a seguinte ordem: supino, extensão de joelho,<br />
puxada nas costas e fl exão de joelho. Esses testes foram<br />
realiza<strong>do</strong>s em cinco momentos: (1) familiarização – com o<br />
objetivo de que as participantes se habituassem aos esforços<br />
musculares máximos; (2) pré-treino – realiza<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is dias<br />
após a familiarização, com o objetivo de detectar supostas<br />
adaptações na força máxima gerada pelo próprio teste de<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
familiarização servin<strong>do</strong> então como um valor de base para<br />
comparações com etapas posteriores; (3) 4ª semana de treinamento<br />
– com o objetivo de detectar adaptações na força<br />
máxima; (4) 8ª semana de treinamento – idem; (5) 10ª semana<br />
de destreinamento – com o objetivo de verifi car a magnitude<br />
<strong>do</strong> decréscimo da força.<br />
Programa de treinamento<br />
O perío<strong>do</strong> total de treinamento com pesos de ambos os<br />
grupos, que ocorreu de forma simultânea, teve duração de oito<br />
semanas. Foram três sessões semanais, tanto para 3I-1S quanto<br />
para 1I-3S. A aderência a essa freqüência semanal foi bastante<br />
alta, pois todas as participantes cumpriram a programação<br />
inicialmente traçada para os grupos. Portanto, o número<br />
total de sessões de treinamento para cada indivíduo foi de<br />
24. Recomendava-se um dia de descanso entre as sessões,<br />
para permitir boa recuperação da musculatura envolvida. Em<br />
todas as sessões, to<strong>do</strong>s os quatro exercícios eram realiza<strong>do</strong>s,<br />
com um número de repetições por série de 10-12 RM. O<br />
intervalo recomenda<strong>do</strong> entre séries era de 90 segun<strong>do</strong>s. Entre<br />
os exercícios, solicitou-se não ultrapassar de três minutos. O<br />
número de séries por exercício, que era a variável manipulada<br />
experimentalmente, dependia <strong>do</strong> grupo ao qual o indivíduo<br />
pertencia (uma ou três). Dessa forma, de acor<strong>do</strong> com o desenho<br />
experimental a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> nesta investigação, a única variável<br />
de treino manipulada para verifi cação de efeitos adaptativos<br />
localiza<strong>do</strong>s no sistema neuromuscular foi o volume. Os programas<br />
de treinamento, bem como os testes de 1 RM, foram<br />
supervisiona<strong>do</strong>s por um <strong>do</strong>s investiga<strong>do</strong>res.<br />
Previamente a cada sessão de treinamento, as participantes<br />
realizavam aquecimento leve no cicloergômetro por dez<br />
minutos, segui<strong>do</strong>s de exercícios de alongamento também<br />
leves, ou seja, sem exigir amplitudes articulares máximas. Não<br />
houve pré-determinação na ordem de execução <strong>do</strong>s exercícios<br />
resisti<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> de livre escolha individual.<br />
Conforme menciona<strong>do</strong>, o número de repetições máximas<br />
a<strong>do</strong>tadas como alvo para cada série de exercício resisti<strong>do</strong> foi<br />
de dez a 12. Na medida em que o número de 12 repetições<br />
era ultrapassa<strong>do</strong> em determina<strong>do</strong> exercício, automaticamente<br />
a carga era acrescida de forma a manter o número de repetições<br />
por série dentro <strong>do</strong> espectro previamente estabeleci<strong>do</strong>.<br />
Foi solicita<strong>do</strong> que as participantes não modifi cassem seus<br />
hábitos relaciona<strong>do</strong>s à atividade física e alimentação durante<br />
a vigência <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>. Nenhuma das participantes relatou<br />
qualquer modifi cação.<br />
Tratamento estatístico<br />
Os valores de força máxima medida pela 1 RM, bem<br />
como a evolução temporal das cargas de treinamento, foram<br />
analisadas através de ANOVA two way para medidas repetidas,<br />
ten<strong>do</strong> o grupo (3I-1S e 1I-3S) como variável independente<br />
e o tempo (semanas) como variável dependente. O teste post
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
hoc de Scheff é, para comparações múltiplas, foi utiliza<strong>do</strong> para<br />
a identifi cação das diferenças entre as médias. Foi a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong><br />
também o procedimento de regressão linear para estabelecer<br />
a equação que descreveria o aumento da carga de treinamento<br />
ao longo das semanas, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong>-se os valores médios de cada<br />
grupo, para to<strong>do</strong>s os exercícios, com o intuito de se determinar<br />
a taxa média de aumento da carga por semana de participação<br />
nos programas de treinamento resisti<strong>do</strong>. O nível de signifi cância<br />
foi pré-fi xa<strong>do</strong> em P < 0,05, para todas as análises.<br />
Resulta<strong>do</strong>s<br />
A Tabela I contém os valores médios alcança<strong>do</strong>s pelos<br />
grupos 3I-1S e 1I-3S no teste de 1 RM nos diferentes perío<strong>do</strong>s<br />
deste estu<strong>do</strong>. Os índices de força máxima encontra<strong>do</strong>s em<br />
ambos os grupos nos quatro aparelhos durante a familiarização<br />
não foram diferentes (P > 0,05) <strong>do</strong>s valores registra<strong>do</strong>s no<br />
pré-treino. O pré-treino foi a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> como valor de referência<br />
prévio ao programa de treinamento para efeito de verifi cação<br />
da evolução dessa capacidade em momentos distintos dentro<br />
<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de treinamento e destreinamento, indica<strong>do</strong>res da<br />
adaptação e desadaptação neuromuscular, respectivamente.<br />
Após as primeiras quatro semanas de treinamento, verifi<br />
cou-se aumento signifi cante (P < 0,05) da força máxima<br />
determinada em 1 RM nos quatro aparelhos, para ambos os<br />
grupos. A análise estatística não revelou qualquer diferença<br />
entre os grupos 3S-1I e 1I-3S (P > 0,05) nesse momento <strong>do</strong><br />
programa. Ao fi nal da oitava semana, a qual marcava o fi nal<br />
das sessões de treinamento, a força máxima em to<strong>do</strong>s os<br />
exercícios continuava superior ao pré-treino (P < 0,05). Entretanto,<br />
não diferiu da 1 RM registrada após a quarta semana<br />
(P > 0,05). Ou seja, da metade para o fi nal <strong>do</strong> programa de<br />
treinamento com pesos utiliza<strong>do</strong> neste estu<strong>do</strong>, a força máxima<br />
estabilizou em to<strong>do</strong>s os exercícios. Na oitava semana, novamente,<br />
não se observou qualquer diferença nesse indica<strong>do</strong>r<br />
de aptidão neuromuscular entre os grupos que treinavam por<br />
meio de série simples e séries múltiplas (P > 0,05).<br />
Em termos percentuais, os ganhos de força máxima entre<br />
o início e o fi nal <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de treinamento para o grupo<br />
3I-1S foram de: 20% na extensão de joelhos, 33% na fl exão<br />
de joelhos, 21% no supino e de 15% na puxada nas costas.<br />
Para o grupo 1I-3S, os incrementos de força foram de: 20%<br />
37<br />
na extensão de joelhos, 24 % na fl exão de joelhos, 20% no<br />
supino e de 13% na puxada nas costas.<br />
Após 10 semanas <strong>do</strong> término <strong>do</strong> programa, perío<strong>do</strong> em<br />
que as participantes se mantiveram inativas com o objetivo de<br />
causar destreinamento da força máxima, não houve redução<br />
signifi cante (P > 0,05) da carga de 1 RM em qualquer <strong>do</strong>s<br />
exercícios, sen<strong>do</strong> esta redução de apenas 1,7% na extensão de<br />
pernas, 5,9% na fl exão de perna, 7,1% no supino e 2,3% na<br />
puxada alta por trás para o grupo3I-1S e 2,8% para extensão<br />
de pernas, 4,9% na fl exão de pernas, 7,1% supino e 2,3% na<br />
puxada alta nas costas para o grupo1I-3S. Tampouco houve<br />
diferenças entre os grupos no nível de força máxima manifestada<br />
nos quatro aparelhos nesse momento <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> (Tabela I).<br />
Ao contrário da força máxima, as cargas prescritas para os<br />
quatro aparelhos nas sessões de exercícios resisti<strong>do</strong>s evoluíram<br />
de forma linear ao longo <strong>do</strong> tempo, sem demonstrar qualquer<br />
tendência de estagnação nas oito semanas de treinamento. A<br />
fi gura 1 demonstra esse comportamento para ambos os grupos<br />
em relação às cargas utilizadas nos exercícios para membros<br />
inferiores. A carga utilizada na extensão de joelhos aumentou<br />
tanto no grupo 3I-1S quanto no grupo 1I-3S da primeira para a<br />
quarta semana (P < 0,05), como também da quarta para a oitava<br />
semana (P < 0,05). No entanto, em nenhum desses momentos<br />
houve diferença signifi cante entre os grupos (P > 0,05). Padrão<br />
semelhante foi observa<strong>do</strong> para a evolução temporal das cargas de<br />
treinamento de fl exão de joelhos, com a ressalva de que na primeira<br />
semana o grupo 3I-1S iniciou o programa contra resistências<br />
signifi cativamente maiores (P < 0,05). No entanto, ao longo da<br />
quarta e oitava semanas, elas se igualaram (P < 0,05).<br />
Figura 1 - Evolução temporal das cargas de treinamento (intensidade)<br />
para os exercícios com pesos para membros inferiores <strong>do</strong>s<br />
grupos 3I-1S e 1I-3S.<br />
Tabela I - Valores médios (± DP) da força muscular obtida nos aparelhos para os grupos: 3I-1S e 1I-3S nas diferentes fases <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>.<br />
Grupo Familiarização Pré-Treino 4 Semanas* 8 Semanas Destreino<br />
Extensão <strong>do</strong> Joelho 3I-1S 29,6 ± 4,6 31,6 ± 6,8 35,8 ± 5,9* 37,9 ± 6,4 37,4 ± 5,6<br />
1I-3S 31,5 ± 6,8 33,6 ± 5,6 38,3 ± 6,3* 40,0 ± 7,3 39,6 ± 7,9<br />
Flexão <strong>do</strong> Joelho 3I-1S 28,4 ± 5,6 28,5 ± 6,2 35,0 ± 6,6* 37,9 ± 6,9 36,1 ± 7,1<br />
1I-3S 28,4 ± 5,7 30,0 ± 5,1 34,4 ± 6,4* 37,1 ± 5,6 35,1 ± 4,3<br />
Supino 3I-1S 30,8 ± 4,7 31,1 ± 4,3 36,0 ± 4,2* 37,8 ± 4,3 35,3 ± 5,0<br />
1I-3S 33,6 ± 4,8 34,3 ± 4,6 39,3 ± 6,5* 41,0 ± 5,4 37,9 ± 5,0<br />
Puxada nas Costas 3I-1S 30,0 ± 3,7 30,1 ± 3,9 33,8 ± 3,9* 34,9 ± 4,0 34,6 ± 4,3<br />
1I-3S 31,5 ± 4,1 33,0 ± 4,5 35,4 ± 6,3* 37,4 ± 6,2 37,0 ± 5,3
38<br />
A Figura 2 ilustra o aumento linear semanal das cargas nos<br />
exercícios de membros superiores. Novamente, em ambos os<br />
grupos, a quarta semana foi mais pesada em termos de sobrecarga<br />
imposta pelos exercícios <strong>do</strong> que a primeira semana, e a<br />
oitava mais intensa que a quarta semana. No exercício supino,<br />
em nenhum <strong>do</strong>s momentos os grupos 3I-1S e 1I-3S diferiram<br />
entre si (P > 0,05). Por outro la<strong>do</strong>, no exercício de puxada nas<br />
costas, nos três momentos analisa<strong>do</strong>s, o grupo 1I-3S treinou<br />
contra resistências mais elevadas que o grupo 3I-1S.<br />
Figura 2 - Evolução temporal das cargas de treinamento (intensidade)<br />
para os exercícios com pesos para membros superiores <strong>do</strong>s grupos<br />
3I-1S (A) e 1I-3S (B).<br />
As equações que caracterizam o aumento linear das cargas<br />
de treinamento em to<strong>do</strong>s os aparelhos, para os <strong>do</strong>is grupos,<br />
estão listadas na Tabela 2. Pode-se observar que, em média, a<br />
taxa de incremento semanal de cargas nos aparelhos a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s<br />
neste estu<strong>do</strong>, os quais mobilizam grandes volumes de massa<br />
muscular, localiza-se entre 1 a 1,5 kg. Os eleva<strong>do</strong>s valores de<br />
R 2 (> 0,995) encontra<strong>do</strong>s atestam o bom ajuste <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s<br />
à função linear. Deve-se enfatizar que o número alvo de<br />
repetições por série neste trabalho foi fi xa<strong>do</strong> em 10-12 RM,<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
independentemente <strong>do</strong> regime (volume) de treinamento<br />
a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>. Dessa forma, havia um critério bastante claro para<br />
determinar o momento <strong>do</strong> incremento de carga.<br />
Tabela II - Equações referentes à evolução temporal das cargas de<br />
treinamento (intensidade) para os exercícios com pesos para membros<br />
inferiores e superiores. CT – carga de treinamento; ST – semana<br />
de treinamento<br />
Grupo Exercício Equação R2<br />
3I-1S<br />
1I-3S<br />
Discussão<br />
Extensão de<br />
joelhos<br />
CT = 1,369*ST + 19,305 0,997<br />
Flexão de<br />
joelhos<br />
CT = 1,452*ST + 16,101 0,998<br />
Supino CT = 1,321*ST + 20,906 0,999<br />
Puxada nas<br />
costas<br />
CT = 1,096*ST + 18,192 0,997<br />
Extensão de<br />
joelhos<br />
CT = 1,128*ST + 20,049 0,997<br />
Flexão de<br />
joelhos<br />
CT = 1,075*ST + 18,612 0,995<br />
Supino CT = 1,311*ST + 21,366 0,998<br />
Puxada nas<br />
costas<br />
CT = 1,163*ST + 20,513 0,993<br />
Vários são os mecanismos postula<strong>do</strong>s para o aumento da<br />
capacidade contrátil e da tensão máxima gerada pela musculatura<br />
esquelética em resposta ao treinamento com pesos. Em<br />
geral, conjugam-se fatores neurais de adaptação e hipertrofi a<br />
muscular como principais responsáveis pela melhora da força.<br />
As primeiras três a cinco semanas de treinamento com pesos<br />
são marcadas pelas adaptações neurais (mais rápidas), enquanto<br />
que as modifi cações teciduais <strong>do</strong>s músculos (mais lentas)<br />
são pre<strong>do</strong>minantes em fases mais adiantadas <strong>do</strong> processo<br />
de aperfeiçoamento da força [14]. Pela duração <strong>do</strong> presente<br />
estu<strong>do</strong>, é bastante provável que as adaptações neurais tenham<br />
pre<strong>do</strong>mina<strong>do</strong>. Elas incluem: (a) aumento da amplitude da ativação<br />
<strong>do</strong>s músculos exercita<strong>do</strong>s através de coman<strong>do</strong>s motores<br />
centrais; (b) aumento da freqüência de disparos das unidades<br />
motoras; (c) maior sincronização das unidades motoras e;<br />
(d) melhora no padrão de inibição recíproca da ativação <strong>do</strong>s<br />
músculos antagonistas ao movimento pretendi<strong>do</strong> [4,14].<br />
Mais recentemente, Akima et al. [15] mostraram, através da<br />
técnica de obtenção de imagens por ressonância magnética,<br />
que a área <strong>do</strong> quadríceps da coxa ativada após duas semanas<br />
de treinamento isocinético de extensão de joelhos era superior<br />
ao perío<strong>do</strong> prévio ao treinamento, durante a realização<br />
de testes isocinéticos (60-240°.s -1 ) e isométricos. Áreas previamente<br />
inativas <strong>do</strong> vasto lateral, vasto intermédio e vasto<br />
medial passaram a contribuir na geração de torque após o<br />
perío<strong>do</strong> de treinamento. A área total <strong>do</strong> músculo quadríceps<br />
não foi alterada. Esse aumento na área contrátil útil constitui,
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
portanto, uma das adaptações neurais adicionais provocadas<br />
pelos treinos resisti<strong>do</strong>s de curto e médio prazo.<br />
Entretanto, estu<strong>do</strong> de Staron et al. [10] evidenciou um<br />
aumento da área de secção transversa de fi bras musculares<br />
individuais pertencentes a todas as sub-populações dessas<br />
células em músculos das extremidades inferiores de mulheres<br />
treinadas sob regime bastante similar ao <strong>do</strong> nosso trabalho.<br />
O fato que chama a atenção é que a duração <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> foi de<br />
apenas seis semanas. Ou seja, a hipertrofi a pode ser detectada<br />
em curto perío<strong>do</strong> de tempo e pode contribuir efetivamente<br />
para o ganho de força nas sessões iniciais de um programa de<br />
treinamento com pesos. Hipertrofi a acentuada também foi<br />
reportada em estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> com homens, submeti<strong>do</strong>s a<br />
treinamento contra resistência isocinética, por 60 dias [16].<br />
O incremento na área de secção transversa da musculatura<br />
da coxa submetida aos exercícios de extensão de joelho foi<br />
de 8,5%.<br />
Independentemente <strong>do</strong>s mecanismos causais (neurais<br />
ou hipertrófi co), que neste estu<strong>do</strong> não puderam ser discrimina<strong>do</strong>s,<br />
o fato é que tanto o grupo 3I-1S quanto o 1I-3S<br />
alcançaram ganhos expressivos de força máxima, sobretu<strong>do</strong><br />
durante o primeiro mês de treinamento com pesos. Durante<br />
o mês subseqüente, não houve aumentos adicionais nessa<br />
capacidade provavelmente por não ter periodiza<strong>do</strong> o programa<br />
de treinamento para os 2 grupos, apesar das cargas de treinamento<br />
continuarem se elevan<strong>do</strong> de forma linear. Ambos os<br />
grupos, compostos de mulheres sem experiência prévia recente<br />
com treinamento com pesos, não diferiram com relação aos<br />
níveis de força máxima atingi<strong>do</strong>s em quaisquer momentos<br />
desta investigação.<br />
A ausência de vantagem no uso de séries múltiplas em<br />
comparação com série simples no aumento da força máxima,<br />
ao que parece, não se restringe a amostras populacionais<br />
previamente não treinadas em exercícios contra resistências.<br />
Segun<strong>do</strong> Hass et al. [17] praticantes recreacionais de levantamento<br />
com pesos, que vinham treinan<strong>do</strong> há pelo menos<br />
um ano, com uma série de 8-12 RM para cada aparelho de<br />
um circuito, não obtinham qualquer vantagem no aumento<br />
da força ou da resistência muscular ao adicionarem mais<br />
duas séries de cada exercício em sua rotina. Sua evolução<br />
nessas capacidades funcionais musculares era semelhante a<br />
de um outro grupo que manteve sua rotina de séries simples.<br />
De acor<strong>do</strong> com os autores, a vantagem comportamental na<br />
prescrição de série única reside no fato desse tipo de treino<br />
demandar menos tempo para ser cumpri<strong>do</strong> e promover maior<br />
aderência <strong>do</strong>s praticantes. Ostrowski et al. [18] corroboraram<br />
esses acha<strong>do</strong>s em um grupo de praticantes de treinamento<br />
com pesos ainda mais experiente, com um a quatro anos de<br />
prática nessa modalidade. Os ganhos de força e de potência<br />
muscular de membros inferiores e superiores, assim como o<br />
ganho de massa muscular, foi semelhante entre aqueles que<br />
executavam três, seis ou 12 séries semanais de cada um <strong>do</strong>s<br />
20 exercícios propostos pelos pesquisa<strong>do</strong>res, por um perío<strong>do</strong><br />
de dez semanas.<br />
39<br />
Em contraste, estu<strong>do</strong> recente de Rhea et al. [19], utilizan<strong>do</strong><br />
número de repetições máximas inferiores ao <strong>do</strong> presente<br />
estu<strong>do</strong> (4-8 RM), mostraram que para o exercício de leg press<br />
houve um aumento signifi cante de 1 RM de indivíduos que<br />
treinaram através de três séries em relação a uma série, e que no<br />
supino, essa diferença se aproximou <strong>do</strong> nível de signifi cância<br />
a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> (P = 0,07), em 12 semanas de treinamento. Estu<strong>do</strong><br />
também recente de Paulsen et al. [20] apresentou resulta<strong>do</strong>s<br />
similares em seis semanas de treinamento. O grupo que treinou<br />
por meio de três séries de 7 RM obteve aumentos mais<br />
expressivos de força em relação ao grupo que treinou apenas<br />
uma série em três aparelhos diferentes para membros inferiores<br />
(21% vs. 14%). Essas diferenças não se reproduziram nos<br />
membros superiores. Em conjunto, esses estu<strong>do</strong>s, compara<strong>do</strong>s<br />
ao nosso, parecem indicar que séries múltiplas produzem<br />
respostas adaptativas melhores, desde que a intensidade seja<br />
maior que a <strong>do</strong> presente trabalho (10-12 RM vs. 4-8 RM).<br />
Ainda, os membros inferiores parecem ser mais sensíveis à<br />
manipulação <strong>do</strong> volume de treinamento. Essa sensibilidade<br />
pôde ser notada no presente estu<strong>do</strong>, embora, estatisticamente<br />
não signifi cativo, o grupo (1S-3I) obteve ganhos superiores<br />
de 9% na (1RM) na fl exão de joelho, compara<strong>do</strong> ao grupo<br />
de(3S-1I). Esses fenômenos foram parcialmente confi rma<strong>do</strong>s<br />
em estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> com mulheres [11]. O grupo que treinou<br />
através de três séries de 6-9 RM obteve maior incremento na<br />
1 RM de exercícios para membros inferiores e superiores que<br />
o grupo que treinou através de apenas uma série, duas vezes<br />
por semana, por seis semanas. A faixa de repetições máximas<br />
utilizadas no referi<strong>do</strong> estu<strong>do</strong> pode ter si<strong>do</strong> responsável pelo<br />
contraste com relação aos acha<strong>do</strong>s mostra<strong>do</strong>s por nós, já que<br />
ela impunha maior intensidade de trabalho.<br />
Um aspecto importante quan<strong>do</strong> analisamos os benefícios<br />
da manipulação <strong>do</strong> volume de treinamento em atletas<br />
constitui-se no fato de que, atualmente, têm se verifi ca<strong>do</strong> um<br />
aumento no número de jogos a serem disputa<strong>do</strong>s pelos atletas<br />
durante a temporada o que indica a necessidade de modifi -<br />
cações nos sistemas de preparação, reduzin<strong>do</strong> os perío<strong>do</strong>s<br />
destina<strong>do</strong>s ao condicionamento físico [4]. Assim, a a<strong>do</strong>ção de<br />
sessões de treinamento resisti<strong>do</strong>s com baixo volume, ou seja,<br />
série única, constitui-se numa estratégia bastante interessante.<br />
Vale ressaltar que, de mo<strong>do</strong> geral, os estu<strong>do</strong>s que investigaram<br />
os efeitos da manipulação <strong>do</strong> volume de treinamento a<strong>do</strong>taram<br />
perío<strong>do</strong>s inferiores a quatro meses o que não refl ete<br />
a realidade de um sistema de preparação física usualmente<br />
a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> entre os atletas.<br />
Com base nessa informações, Kraemer et al. [4] investigaram<br />
os efeitos <strong>do</strong>s treinamentos com pesos empregan<strong>do</strong> os<br />
regimes de treinamento periodiza<strong>do</strong> e de série simples sobre<br />
o desempenho físico e composição corporal durante nove<br />
meses em tenistas colegiais. Nos primeiros quatro meses de<br />
treinamento, tanto o sistema de periodização quanto o de série<br />
simples acarretaram em aumentos nos níveis de força máxima<br />
<strong>do</strong>s membros inferiores e superiores. A partir deste perío<strong>do</strong>,<br />
apenas o treinamento periodiza<strong>do</strong> resultou em incremento
40<br />
na força constante até o nono mês <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de preparação.<br />
Esse resulta<strong>do</strong> ajuda a explicar em parte a estabilização da<br />
força máxima medida pela 1-RM a partir da quarta semana de<br />
treinamento <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> o qual não foi periodiza<strong>do</strong>.<br />
Analisan<strong>do</strong> de forma integrada os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s trabalhos<br />
supracita<strong>do</strong>s, to<strong>do</strong>s eles suscitam uma questão. O nível de<br />
fadiga muscular (associa<strong>do</strong> ao volume de séries de treinamento)<br />
representa ou não um estímulo para o aumento da força<br />
máxima? Quanto a isso, Rooney et al. [21] administraram<br />
treinamentos mais fatigantes, em um grupo, através de sessões<br />
convencionais de levantamentos com pesos (6 RM), <strong>do</strong> que<br />
em outro grupo, no qual eram permitidas pausas entre as repetições.<br />
Demonstraram que o grupo que treinou sem pausas<br />
e, conseqüentemente, com maior esta<strong>do</strong> de fadiga, aumentou<br />
mais acentuadamente a 1 RM <strong>do</strong> que o grupo que treinou<br />
sob condições menos fatigantes. As alterações fi siológicas<br />
agudas tidas como possíveis responsáveis pelas adaptações<br />
mais signifi cativas sob condição de fadiga muscular seriam:<br />
maior ativação de unidades motoras, depleção de fosfagênios<br />
ou acúmulo de metabólitos como lactato e IMP [ 21]. Seguin<strong>do</strong><br />
outra linha, estu<strong>do</strong> de Folland et al. [8] demonstrou<br />
exatamente o inverso, ou seja, que sessões mais fatigantes de<br />
treinamento resisti<strong>do</strong> não confi guraram melhores adaptações<br />
em termos de manifestação da força máxima. Os resulta<strong>do</strong>s de<br />
nosso estu<strong>do</strong> parecem se alinhar mais com Folland et al. [8],<br />
pois, uma das conseqüências lógicas <strong>do</strong> aumento <strong>do</strong> volume<br />
de treinamento dentro de uma única sessão, sem modifi cação<br />
da intensidade, seria a fadiga muscular mais expressiva.<br />
Uma das evidências que corrobora a fadiga mais pronunciada<br />
na realização de séries múltiplas em relação à série<br />
simples foi publicada por Craig e Kang [22]. De acor<strong>do</strong> com<br />
seus resulta<strong>do</strong>s, a utilização de duas séries de agachamento a<br />
75 ou a 90% da 1 RM, com três minutos de pausa entre elas,<br />
resultou em maior acúmulo de lactato sangüíneo e elevação<br />
na liberação <strong>do</strong> hormônio de crescimento (GH) <strong>do</strong> que em<br />
uma situação onde foi aplicada apenas uma série. Os mesmos<br />
padrões de respostas hormonais foram verifi ca<strong>do</strong>s por<br />
Mulligan et al. [23] e Gotshalk et al. [24]. Portanto, ao que<br />
parece, a suposta maior liberação de GH durante as sessões<br />
de treinamento com séries múltiplas no presente estu<strong>do</strong>, não<br />
resultou em vantagens para desenvolvimento de força máxima<br />
em relação aos grupos, isso se deve ao fato de que os <strong>do</strong>is grupos<br />
realizaram séries simples e séries múltiplas, ten<strong>do</strong> libera<strong>do</strong><br />
quantidades equivalentes de (GH) nos <strong>do</strong>is grupos.<br />
O destreinamento induzi<strong>do</strong> por dez semanas de inatividade<br />
neste estu<strong>do</strong> não foi efetivo em provocar a regressão<br />
signifi cativas, da força máxima alcançada nos quatro exercícios<br />
durante o perío<strong>do</strong> de treinamento de oito semanas. Esse<br />
padrão foi observa<strong>do</strong> em ambos os grupos (3S-1I e 1S-3I).<br />
Porém, esses resulta<strong>do</strong>s estão em discordância com relação<br />
ao relato de Narici et al. [16], no qual a cinética de perda<br />
da força e das adaptações neuromusculares durante 40 dias<br />
de destreinamento era similar à cinética de aquisição dessas<br />
mesmas variáveis em 60 dias de treinamento contra resistência<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
isocinética para os extensores de joelho. As adaptações neurais<br />
registradas pela ativação eletromiográfi ca máxima <strong>do</strong>s músculos<br />
envolvi<strong>do</strong>s no exercício constituíam a maior contribuição<br />
para o aumento da força máxima, ao passo que, durante o<br />
destreinamento, foram também as que mais sofriam prejuízos<br />
em termos de magnitude e de velocidade em função <strong>do</strong> tempo.<br />
As adaptações hipertrófi cas possuíam menor e mais lenta<br />
participação nos efeitos <strong>do</strong> treinamento, e também regrediam<br />
de forma menos acentuada no destreinamento.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, foi reporta<strong>do</strong>, por Gondin et al. [25] que<br />
5 semanas de destreinamento não foram sufi cientes para provocar<br />
regressão na força <strong>do</strong>s músculos sóleo e gastrocnemios<br />
registradas pela ativação eletromiográfi ca, adquirida em 5<br />
semanas de treinamento através de eletroestimulações neuromuscular.<br />
Assim também, de forma semelhante ao presente<br />
estu<strong>do</strong>, a 1 RM de exercícios de membros superiores não<br />
sofreu decréscimo signifi cante em homens que vinham treinan<strong>do</strong><br />
com pesos há pelo menos <strong>do</strong>is anos, ao interromperem<br />
os treinos por seis semanas [17]. No entanto, a manutenção<br />
<strong>do</strong>s níveis de força máxima em perío<strong>do</strong> de dez semanas de<br />
destreinamento nas mulheres investigadas neste estu<strong>do</strong> não<br />
é um acha<strong>do</strong> comum, já que a maior parte <strong>do</strong>s trabalhos na<br />
literatura pertinente registra perdas em perío<strong>do</strong>s semelhantes<br />
de inatividade [16,26,27].<br />
Conclusão<br />
Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong> indicam que a realização<br />
de séries múltiplas (três séries) em sessões de treinamento<br />
com pesos, parece não constituir uma vantagem comparativa<br />
na indução <strong>do</strong> aumento da força máxima em relação à realização<br />
de série simples, em mulheres jovens, treinadas por um<br />
perío<strong>do</strong> de oito semanas. Esse acha<strong>do</strong> parece estar atrela<strong>do</strong> à<br />
escolha da intensidade <strong>do</strong>s treinos. Além disso, a interrupção<br />
<strong>do</strong> treinamento por dez semanas não parece resultar em perda<br />
substancial de força máxima, medida pela 1 RM, seja essa força<br />
induzida por sessões de séries simples ou múltiplas.<br />
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Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Artigo original<br />
Programa de Exercício Físico na Empresa (PEFE):<br />
um estu<strong>do</strong> com trabalha<strong>do</strong>res de informática<br />
Physical Exercise Program in workplace (PEPW):<br />
a study with computer science employees<br />
Josenei Braga <strong>do</strong>s Santos*, Antônio Renato P. Moro**<br />
Prof. Educação Física, Laboratório de Biomecânica – BIOMEC/CDS/UFSC, ** Prof. Centro de Desportos (UFSC), Laboratório de<br />
Biomecânica – BIOMEC/CDS/UFSC<br />
Resumo<br />
Esta pesquisa objetivou desenvolver e verifi car os efeitos de um<br />
Programa de Exercício Físico na Empresa (PEFE) em trabalha<strong>do</strong>res<br />
de um centro de informática em Florianópolis/SC. Participaram da<br />
amostra 25 trabalha<strong>do</strong>res na faixa etária de 37 a 59 anos de idade. A<br />
pesquisa obedeceu a três momentos: pré-teste: avaliação <strong>do</strong> índice<br />
de massa corporal (IMC) através <strong>do</strong> protocolo da World Health<br />
Organization (WHO), fl exibilidade através <strong>do</strong> banco de Wells e<br />
Dillon associa<strong>do</strong> a fotogametria digital, força muscular através <strong>do</strong><br />
dinamômetro manual, postura corporal através <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> Portland<br />
State University associa<strong>do</strong> a fotogrametria digital e aplicação de<br />
questionários sócio-demográfi co e características ergonômicas <strong>do</strong><br />
posto de trabalho; intervenção: aplicação de 39 aulas com duração de<br />
15 minutos, durante um perío<strong>do</strong> de três meses; e pós-teste, mesmas<br />
ações <strong>do</strong> pré-teste, mais a avaliação qualitativa <strong>do</strong>s participantes. Os<br />
resulta<strong>do</strong>s evidenciaram participação de 60,89% durante o PEFE,<br />
nos testes físicos o IMC permaneceu inaltera<strong>do</strong>, num valor médio<br />
de 25 kg/m2 em ambos os momentos, incremento de 6% no teste de<br />
força, 4% no teste de fl exibilidade, com contribuição na mudança<br />
de fl exão <strong>do</strong> quadril em 13° graus, 4,62% na avaliação da postura<br />
corporal e na avaliação <strong>do</strong>s ângulos posturais não detectou-se desvios<br />
importantes. Quanto aos postos de trabalho, percebeu-se que<br />
os mesmos apresentaram requisitos ergonômicos. Já na avaliação<br />
qualitativa <strong>do</strong> programa, observou-se que houve diminuição das<br />
queixas de ordem músculo-esqueléticas. Portanto, concluiu-se que<br />
o PEFE melhorou as variáveis corporais em termos de aptidões<br />
músculo-esqueléticas e reduziu as consultas ambulatoriais.<br />
Palavras-chave: exercício físico, ginástica laboral, trabalha<strong>do</strong>res<br />
de informática.<br />
Abstract<br />
Th is study aimed to develop and to verify the eff ects of a Physical<br />
Exercise Program in the workplace (PEFE) with 25 employees (aged<br />
37 to 59 years) at a computer science center in Florianópolis, SC.<br />
Th e study was divided into three phases: (a) pre- and post-examination<br />
which consisted of the measurement of the body mass index<br />
(BMI) using the World Health Organization protocol, (b) fl exibility<br />
by the seat-and-reach test using the Wells’ and Dillon’s box using<br />
digital photogrametry, (c) strength by manual dynamometry, (d)<br />
body posture using the Portland State University method and digital<br />
photogrametry and (e) questionnaires for data on sociodemographic<br />
variables and ergonomic characteristics of the workstation. Th e<br />
intervention was composed by 39 fi fteen-minute classes, during<br />
a period of three months. Th e post-examination also included a<br />
qualitative evaluation of the program. Th e results showed that PEFE<br />
participation of 60.89% of the employees. Th e BMI did not vary<br />
between evaluations and the mean value was 25 kg.m -2 . Th ere was<br />
an increase of 6% in strength, 4% in fl exibility due to a hip fl exion<br />
change of 13 degrees and 4.62% in body posture. No signifi cant<br />
posture angular deviation was observed. Th e workstations presented<br />
ergonomic requirements and as qualitative evaluation of the<br />
program, there were fewer complaints on skeletal muscle disorders.<br />
Th erefore, it was concluded that PEFE improved skeletal muscle<br />
fi tness and reduced medication appointments for the employees.<br />
Key-words: physical exercise, exercises program at the workplace,<br />
computer science employees.<br />
Recebi<strong>do</strong> em 10 de maio de 2006; aceito em junho de 2006.<br />
Endereço para correspondência: Josenei Braga <strong>do</strong>s Santos, R. Prof. Bento Águi<strong>do</strong> Vieira, 340/102, 88036-410 Florianópolis SC, Email:<br />
joergo@pop.com.br
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Introdução<br />
Com o passar <strong>do</strong>s tempos, os meios de trabalho foram<br />
sen<strong>do</strong> modifi ca<strong>do</strong>s e estrutura<strong>do</strong>s de mo<strong>do</strong> a deixar o trabalha<strong>do</strong>r<br />
mais sedentário, principalmente, quan<strong>do</strong> se tratan<strong>do</strong><br />
de atividades em terminais informatiza<strong>do</strong>s. Com isto, a saúde<br />
<strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r foi fi can<strong>do</strong> cada vez mais suscetível a uma série<br />
de tensões musculares, vícios e constrangimentos posturais<br />
advin<strong>do</strong> dessa condição.<br />
Devi<strong>do</strong> a estas rápidas evoluções no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho<br />
e pelo avanço tecnológico, inúmeras empresas estão sen<strong>do</strong><br />
pressionadas pelo merca<strong>do</strong>, o que exige um aumento de<br />
produtividade, alia<strong>do</strong> a maior qualidade em seus produtos<br />
ou serviços. Esse corre-corre nas empresas acaba por acarretar<br />
aos seus funcionários inúmeras <strong>do</strong>enças ocupacionais e, por<br />
conseqüência, tendem a encarar altíssimos índices de absenteísmo,<br />
que lhes corroem signifi cativamente a produtividade<br />
e os lucros.<br />
In<strong>do</strong> ao encontro destas situações advindas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
trabalho, Silva [1] explica que é no trabalho que passamos a<br />
maior parte das nossas vidas e que seus refl exos se estendem,<br />
de forma acentuada, sobre o nosso bem estar mesmo quan<strong>do</strong><br />
não estamos trabalhan<strong>do</strong>. Com isto, se usarmos os benefícios<br />
da Atividade Física (AF) como parte <strong>do</strong> tempo destina<strong>do</strong> ao<br />
trabalho podemos melhorar nosso bem estar, grau de satisfação<br />
profi ssional, reduzir diretamente o risco das <strong>do</strong>enças crônico-degenerativas,<br />
além de servir como elemento promotor de<br />
mudanças com relação a fatores de risco para inúmeras outras<br />
<strong>do</strong>enças como, por exemplo, os efeitos nocivos <strong>do</strong> estresse e<br />
o melhor equilíbrio das tensões próprias <strong>do</strong> viver.<br />
Uma das soluções empregadas para a resolução deste<br />
problema é a implementação <strong>do</strong>s Programas de Ginástica<br />
Laboral (PGL) nas organizações, que segun<strong>do</strong> Gonçalves,<br />
Silveira e Rombaldi [2], Bergamaschi, Deustch e Ferreira [3],<br />
Martins e Martins [4], Santos [5] e Casagrande [6], é meio<br />
de intervenção que atua sobre a saúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r e seus<br />
efeitos estão mais volta<strong>do</strong>s para a redução <strong>do</strong>s acidentes de<br />
trabalho, melhora da qualidade de vida de seus funcionários,<br />
redução <strong>do</strong>s casos de Lesões por Esforços Repetitivos (LER),<br />
atualmente chamada de Distúrbios Osteomusculares Relacionadas<br />
ao Trabalho (DORT), prevenção da fadiga muscular<br />
e articular, correção de vícios posturais, diminuição <strong>do</strong> absenteísmo<br />
e incidências de <strong>do</strong>enças ocupacionais, aumento<br />
da auto-estima e disposição para o trabalho e melhora da<br />
consciência corporal.<br />
Segun<strong>do</strong> Moro e Avila [7], os trabalha<strong>do</strong>res mais comumente<br />
acometi<strong>do</strong>s deste tipo de <strong>do</strong>enças, geralmente são<br />
aqueles que usam da coluna como alavanca para levantar<br />
cargas e aqueles que realizam trabalhos sedentários, ou seja,<br />
quase sempre relaciona<strong>do</strong> com a postura sentada.<br />
Para muitos entendi<strong>do</strong>s em AF, a resistência cardiorespiratória<br />
é o componente mais importante quan<strong>do</strong> relacionada<br />
à saúde em geral. No entanto, outros componentes se fazem<br />
importantes quan<strong>do</strong> falamos de aptidão músculo-esqueléti-<br />
43<br />
ca como é o caso da fl exibilidade, força muscular e postura<br />
corporal.<br />
Com isto, esta pesquisa surgiu da necessidade de se criar<br />
e desenvolver um Programa de Exercício Físico na Empresa<br />
(PEFE) que possibilitasse a conscientização <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r sobre<br />
a importância de um estilo de vida ativo onde ele pudesse<br />
perceber a importância da prevenção de <strong>do</strong>enças ocupacionais,<br />
visan<strong>do</strong> bem estar, prevenção e promoção da saúde, melhora<br />
das aptidões músculo-esqueléticas, melhora da qualidade de<br />
vida na realização de suas atividades, melhora nas condições<br />
de trabalho (posto de trabalho), aumento da produtividade<br />
e, consequentemente, promoção humana de cada indivíduo<br />
dentro e fora <strong>do</strong> seu ambiente de trabalho.<br />
Para tanto, formulamos o seguinte problema: quais os<br />
efeitos de um PEFE volta<strong>do</strong> para prevenção e promoção<br />
da saúde em trabalha<strong>do</strong>res de um centro de informática da<br />
Região de Florianópolis?<br />
Objetivos específicos<br />
• Avaliar o posto de trabalho e as condições físicas destes<br />
trabalha<strong>do</strong>res;<br />
• Verifi car a postura corporal mais a<strong>do</strong>tada por estes trabalha<strong>do</strong>res<br />
e classifi cá-las;<br />
• Fazer uma avaliação qualitativa <strong>do</strong> PEFE após o seu<br />
desenvolvimento junto aos trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> centro de<br />
informática.<br />
Material e méto<strong>do</strong>s<br />
Trata-se de uma pesquisa com caráter experimental, ou<br />
seja, é uma pesquisa que determina o objeto de estu<strong>do</strong>, relacionan<strong>do</strong>-o<br />
com as variáveis (força, fl exibilidade e postura<br />
corporal), de mo<strong>do</strong> a conceituar as formas de observação e<br />
controle [5]. Contu<strong>do</strong>, esta pesquisa por não ter si<strong>do</strong> realizada<br />
em laboratório e por isso não ter controle total das variáveis<br />
pode se dizer que sua melhor caracterização seria tratá-la como<br />
quase-experimental.<br />
Para desenvolvimento deste estu<strong>do</strong>, tomou-se como referência<br />
desenvolver um PEFE sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> no Centro de<br />
Informática e Automação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Santa Catarina, na<br />
cidade de Florianópolis, durante um perío<strong>do</strong> de seis meses<br />
com 25 trabalha<strong>do</strong>res (idade entre 37 a 59 anos), que tinham<br />
em média 20 anos de profi ssão e 13 anos de experiência na<br />
atividade onde a posição sentada era a postura mais utilizada<br />
(postura estática).<br />
Para o desenvolvimento <strong>do</strong> PEFE, a<strong>do</strong>tou-se como critério<br />
elaborar três etapas:<br />
1ª. Etapa (Pré-teste)<br />
• Aplicação de um questionário elabora<strong>do</strong> para atender às necessidades<br />
da investigação, composto por 18 perguntas referentes<br />
à jornada de trabalho, atividades diárias, aspectos sócio-demogáfi<br />
cos e condições físicas em geral <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res.
44<br />
• Instrumentos e protocolos que foram emprega<strong>do</strong>s:<br />
a) índice de massa corporal (IMC) segun<strong>do</strong> classifi cação<br />
da World Health Organization [8];<br />
b) fl exibilidade - teste de sentar e alcançar (TSA) proposto<br />
por Wells e Dillon [9] e análise da variação de ângulo com<br />
demarcação de <strong>do</strong>is pontos anatômicos (espinha ilíaca anterosuperior<br />
e trocânter maior <strong>do</strong> fêmur);<br />
Figura 1 - Foto utilizada no TSA com demarcação de pontos anatômicos<br />
para estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> ângulo <strong>do</strong> quadril no teste de fl exibilidade.<br />
c) força muscular - teste de preensão manual (dinamômetro<br />
JAMAR);<br />
Figura 2 - Dinamômetro de preensão manual utiliza<strong>do</strong> para o<br />
teste de força e a demostração <strong>do</strong> procedimento utiliza<strong>do</strong> para a<br />
coleta de da<strong>do</strong>s.<br />
d) postura corporal - avaliação <strong>do</strong>s possíveis desvios da<br />
postura corporal através <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> Portland State University<br />
(PSU) proposto por Althoff , Heyden e Robertson<br />
[10,11] - Anexo 1 - e demarcação de 21 pontos anatômicos<br />
para análise <strong>do</strong>s ângulos da postura corporal com auxílio da<br />
fotogametria digital.<br />
Figura 3 - Sujeito com seus respectivos pontos anatômicos demarca<strong>do</strong>s<br />
para análise da postura corporal por fotografi a.<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Quadro 1 - Pontos anatômicos demarca<strong>do</strong>s.<br />
• Região Dorsal<br />
Vértex da cabeça, processo espinhoso da C7 (D e E), ângulo<br />
acromial da escápula (D e E), ângulo inferior da escápula (D<br />
e E), processo espinhoso da toráccica T12, espinha ilíaca antero-superior<br />
(D e E), trocânter maior <strong>do</strong> fêmur (D e E), prega<br />
poplítea (D e E), cabeça da fíbula (D e E), maléolo lateral (D<br />
e E) e inserção <strong>do</strong> tendão calcâneo (D e E).<br />
• Região Lateral<br />
Côndilo da mandíbula (E), ângulo superior lateral da escápula<br />
(E), espinha ilíaca antero-superior (E), trocânter maior <strong>do</strong><br />
fêmur (E), cabeça da fíbula (E), maléolo lateral (E).<br />
(D) Direito (E) Esquer<strong>do</strong><br />
• Para realização <strong>do</strong>s testes utilizou-se uma sala localizada no<br />
ambulatório médico da própria empresa, onde forrou-se<br />
uma parede com um teci<strong>do</strong> preto para facilitar a aquisição<br />
das imagens e a captação <strong>do</strong>s pontos anatômicos, bem<br />
como, prendeu-se um fi o de prumo no teto da parede para<br />
obter o nivelamento entre o chão e o avalia<strong>do</strong>.<br />
• Com relação a vestimenta, os homens estavam de sunga e<br />
as mulheres de maiô para melhor identifi cação <strong>do</strong>s pontos<br />
anatômicos;<br />
• O instrumento de medida utiliza<strong>do</strong> para medida da massa<br />
corporal e estatura foi uma balança com Toesa de marca<br />
Arja, com uma resolução de 100 gramas para o peso e de<br />
½ centímetro para a estatura.<br />
• Para aquisição das imagens a<strong>do</strong>tou-se uma câmera fotográfi<br />
ca digital Kodak Science modelo DC-40, com resolução<br />
de 756 pixels de largura por 504 de altura para o estu<strong>do</strong><br />
da postura assumida pelos funcionários no atual posto de<br />
trabalho, captação de imagens da avaliação postural (posicionada<br />
a 2,67m <strong>do</strong> avalia<strong>do</strong>), de fl exibilidade no TSA e<br />
análise da posição sentada (posicionada a 2m <strong>do</strong> avalia<strong>do</strong>),<br />
onde para o nivelamento da câmera em relação ao chão<br />
utilizou-se um tri-pé marca Vanguard modelo VT 421;<br />
• Para o tratamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, análise das fotografi as (imagens),<br />
utilizou-se o programa Corel PHOTO-PAINT<br />
10® que é um programa de edição de imagens baseadas<br />
em bitmap que permite tratar, analisar e criar imagens ou<br />
criar gráfi cos originais. Para que se pudesse obter a melhor<br />
visualização <strong>do</strong> ponto anatômico a ser analisa<strong>do</strong> e calcula<strong>do</strong><br />
(ângulo), a<strong>do</strong>tou-se como critério trabalhar com uma<br />
resolução de zoom de 1200%.<br />
2ª Etapa (Intervenção)<br />
• Palestras de conscientização sobre ergonomia: postura,<br />
posição sentada e utilização <strong>do</strong> ambiente de trabalho;<br />
• Aplicação de 39 aulas (exercícios físicos) durante a jornada<br />
de trabalho (forma compensatória), realiza<strong>do</strong> no auditório<br />
da própria empresa, três vezes por semana durante um<br />
perío<strong>do</strong> de 3 meses, onde cada aula tinha duração de 15<br />
minutos e cada exercício físico tinha duração de 30 segun<strong>do</strong>s<br />
visan<strong>do</strong> aumento da mobilidade articular;
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
• A base da intervenção estava voltada para a melhora das<br />
seguintes variáveis corporais: a) força muscular – que é a<br />
capacidade de gerar tensão nos músculos esqueléticos num<br />
só esforço poden<strong>do</strong> ser exercida contra uma resistência, sem,<br />
contu<strong>do</strong> vencê-la ou ser vencida por ela, Monteiro [12],<br />
Nieman [13] e Santarém [14]; b) fl exibilidade – qualidade<br />
física responsável pela execução voluntária de movimentos<br />
de grande amplitude (movimentação articular), ou sob forças<br />
externas dentro <strong>do</strong>s limites morfológicos, sem o risco de provocar<br />
lesão em torno das articulações, Nahas [15], Weineck<br />
[16], Dantas [17], Nieman [13] e Achour-Júnior [18]; e c)<br />
postura corporal – posição assumida pelo sujeito, quer seja<br />
por meio da ação integrada <strong>do</strong>s músculos operan<strong>do</strong> para<br />
atuarem contra a força da gravidade, ou quan<strong>do</strong> mantida<br />
durante inatividade muscular, pois elas são mantidas ou<br />
adaptadas como resulta<strong>do</strong> de coordenação neuromuscular,<br />
com os músculos envolvi<strong>do</strong>s sen<strong>do</strong> inerva<strong>do</strong>s através de um<br />
complica<strong>do</strong> mecanismo refl exo. Estímulos aferentes (externos)<br />
surgem de várias fontes ao longo <strong>do</strong> corpo, incluin<strong>do</strong><br />
articulações, ligamentos, músculos, pele, olhos e ouvi<strong>do</strong>s;<br />
sen<strong>do</strong> conduzi<strong>do</strong>s para o Sistema Nervoso Central (SNC)<br />
e neste nível coordena<strong>do</strong>s. A resposta efetora (interna) é <strong>do</strong><br />
tipo motor e os músculos antigravitacionais são os principais<br />
órgãos efetores, Oliver e Middleditch [19].<br />
3ª Etapa (Pós-teste)<br />
• Realização das mesmas medidas e mesmos testes efetua<strong>do</strong>s<br />
anteriormente, sen<strong>do</strong> que após acrescentou uma avaliação<br />
qualitativa <strong>do</strong>s participantes <strong>do</strong> PEFE.<br />
Resulta<strong>do</strong>s e discussão<br />
No que se referiu aos mobiliários destes trabalha<strong>do</strong>res,<br />
80% possuíam mobiliário com requisitos ergonômicos, ou<br />
seja, mesa com ajuste de altura, cadeira confortável, com apoio<br />
para os braços, apoio para os pés e para o tecla<strong>do</strong>, proteção<br />
de tela e mouse-pad.<br />
Figura 4 - Foto <strong>do</strong> posto de trabalho utiliza<strong>do</strong> por uma trabalha<strong>do</strong>ra<br />
durante o desenvolvimento de sua atividade.<br />
Com relação a atividades físicas, segun<strong>do</strong> afi rmações recebidas<br />
através da aplicação <strong>do</strong> questionário, eles responderam<br />
que praticavam de duas a três vezes por semana com uma<br />
duração mínima de 30 minutos.<br />
45<br />
Já quanto ao grau de aderência (freqüência) <strong>do</strong>s participantes<br />
junto ao PEFE, houve uma participação satisfatória<br />
60,89%, haven<strong>do</strong> algumas desistências a cada mês onde <strong>do</strong>s<br />
25 trabalha<strong>do</strong>res que iniciaram o programa 16 fi nalizaram<br />
todas as etapas como pode ser visualiza<strong>do</strong> na Tabela I:<br />
Tabela I - Freqüência de participação no PEFE.<br />
1º Mês (%) 2º Mês (%) 3º Mês (%)<br />
Média 75,47 59,61 47,59<br />
DP 13,83 15,77 19,30<br />
Se compara<strong>do</strong> com outros estu<strong>do</strong>s, isto refl ete a realidade<br />
<strong>do</strong>s PGL, pois em uma pesquisa realizada por Santos et al. [20]<br />
a adesão foi de 78%, Coimbra [21] conseguiu demonstrar<br />
que num perío<strong>do</strong> de três anos a média de participação foi de<br />
70,5%, e num estu<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong> por Martins e Waltortt<br />
[22] a participação de 28%.<br />
Portanto, pode-se afi rmar que nesta pesquisa, os principais<br />
fatores de não aderência total ao programa foram: a) falta de<br />
tempo por parte <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, em virtude de desenvolverem<br />
atividades dentro e fora da empresa; b) difi culdade<br />
no encaixe <strong>do</strong>s horários para realização <strong>do</strong>s programas, bem<br />
como, avaliações, isto, devi<strong>do</strong> ao acúmulo de atividades, excesso<br />
de carga de trabalho e participação em cursos ofereci<strong>do</strong>s<br />
pela empresa; c) desmotivação e desinteresse; d) <strong>do</strong>enças<br />
familiares; e) problemas de saúde (licenças médicas).<br />
Com relação aos efeitos físicos <strong>do</strong> PEFE, conseguiu-se<br />
observar os seguintes resulta<strong>do</strong>s:<br />
Tabela II - Resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> PEFE durante os seis meses.<br />
Variáveis Pré-teste Pós-teste Média Melhora<br />
Corporais<br />
(%)<br />
IMC (kg/m2 ) 24,96 24,5Varis 24,77 1,56<br />
(± 2,65) Corporaistran<strong>do</strong><br />
que<br />
os EFsvo<br />
e que teve<br />
grande 7<br />
(± 2,84)<br />
(± 2,75)<br />
Força (kg/f) 77,25 81,75 79,50 5,82<br />
(± 23,79) (± 26,24) (± 25,02)<br />
Flexibilidade 24,5 25,53 25,01 4,2<br />
(cm) (± 7,25) (± 7,99) (± 7,62)<br />
Postura (%) 81,08 84,83 82,95 4,62<br />
(± 10,70) (± 9,23) (± 9,96)<br />
Índice de massa corporal (IMC)<br />
No pré-teste o IMC apresentou o valor de 24,96 Kg/m 2<br />
(± 2,65) e no pós teste 24,57 Kg/m 2 (± 2,84), onde a média<br />
entre os <strong>do</strong>is momentos, permaneceu entre 24,77 Kg/m 2 (±<br />
2,75) o que foi classifi ca<strong>do</strong> como padrão normal, segun<strong>do</strong><br />
classifi cação da WHO [8].
46<br />
Se compara<strong>do</strong> com outros estu<strong>do</strong>s, estes valores não<br />
diferem muito <strong>do</strong> trabalho de Mendes et al. [23] frente a<br />
386 trabalha<strong>do</strong>res de uma empresa estatal, onde a média <strong>do</strong><br />
IMC para homens foi de 26,83 Kg/m 2 (± 3,89), acima <strong>do</strong><br />
valor normal e para mulheres 24,61 Kg/m 2 (± 4,17) dentro<br />
da normalidade.<br />
Dezan et al. [24], que em uma pesquisa realizada com 254<br />
homens porta<strong>do</strong>res e não porta<strong>do</strong>res de lombalgia, identifi cou<br />
uma média de IMC acima <strong>do</strong>s padrões de normalidade para<br />
as diferentes faixas etárias: a) 27 a 40 anos assintoma<strong>do</strong>s 27,1<br />
Kg/m 2 (± 4,3) e sintoma<strong>do</strong>s 26,9 Kg/m 2 (± 3,8) e b) 41 a 61<br />
anos assintoma<strong>do</strong>s 26,6 Kg/m 2 (± 4,6) e sintoma<strong>do</strong>s 26,7<br />
Kg/m2 (± 3,5).<br />
Moraes e Moro [25] frente a um trabalho realiza<strong>do</strong> com<br />
33 motoristas de ônibus, constatou que o valor médio <strong>do</strong><br />
IMC foi de 25,4 Kg/m 2 (± 3,5), e Souza et al. [26] que em<br />
um levantamento realiza<strong>do</strong> com 30 participantes de um<br />
programa de atividades físicas para industriários comprovou<br />
que, antes <strong>do</strong> programa o IMC era de 32,5 Kg/m 2 e após<br />
baixou para 21,8 Kg/m 2 .<br />
Mesmo saben<strong>do</strong> que esta variável não foi trabalhada, ou<br />
seja, o condicionante aeróbico não foi contempla<strong>do</strong> devi<strong>do</strong><br />
ao tempo reduzi<strong>do</strong>, notou-se que o PEFE não surtiu nenhum<br />
efeito sobre esta variável, mas conseguiu-se perceber que<br />
mesmo o exercício físico sen<strong>do</strong> orienta<strong>do</strong>, o fator idade deve<br />
ser leva<strong>do</strong> em consideração, assim como, o hábito alimentar<br />
ser controla<strong>do</strong> e modifi ca<strong>do</strong> e a duração (15 minutos) ser<br />
aumentada, pois os valores numéricos evidenciaram muito<br />
bem esta cultura a<strong>do</strong>tada pela maioria <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res que<br />
tinham como costume: a) permanecer boa parte de seu expediente<br />
na posição sentada por uma longa jornada de trabalho,<br />
b) situações repetitivas e monótonas, o que favorece para o<br />
relaxamento da musculatura ab<strong>do</strong>minal e <strong>do</strong>rsal da coluna,<br />
o aparecimento de <strong>do</strong>res ou até mesmo desconfortos nestas<br />
regiões e c) pelo fato de não possuírem um hábito regular<br />
de atividades físicas para poderem compensar o desgaste ou<br />
enfraquecimento destas musculaturas, demonstran<strong>do</strong> que, o<br />
auto-relato, nesta pesquisa, pode ser considera<strong>do</strong> como um<br />
falso indica<strong>do</strong>r da prática de atividade física.<br />
Força muscular<br />
A força muscular no pré-teste apresentou um valor de<br />
77,25 kg/f (± 23,79) e no pós-teste um valor de 81,75 kg/f<br />
(± 26,24), obten<strong>do</strong> nos <strong>do</strong>is momentos uma média 79,50<br />
kg/f (± 25,02), demonstran<strong>do</strong> que os trabalha<strong>do</strong>res estavam<br />
abaixo <strong>do</strong> padrão normal conforme classifi cação da Canadian<br />
Society for Exercise Phsysiology – CSEP [27].<br />
Mediante este fato, nesta variável, fi cou difícil criar uma<br />
discussão acerca deste assunto em virtude de não existirem<br />
trabalhos com esta temática, ou seja, que enfatizava a força<br />
muscular como um componente de melhora da saúde <strong>do</strong><br />
trabalha<strong>do</strong>r visan<strong>do</strong> a aptidão física (saúde), ten<strong>do</strong> em vista<br />
que, as pesquisas desenvolvidas até o momento abordam mais<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
a concepção <strong>do</strong> treinamento físico (performance) e a melhora<br />
de força muscular em i<strong>do</strong>sos (capacidade neuromuscular).<br />
Flexibilidade<br />
Para a fl exibilidade o valor <strong>do</strong> pré-teste foi de 24,5 cm (±<br />
7,25) e para o pós-teste foi de 25,53 cm (± 7,99) onde a média<br />
nos <strong>do</strong>is momentos permaneceu abaixo <strong>do</strong> normal 25,01<br />
cm (± 7,62) segun<strong>do</strong> a classifi cação da CSEP [27], in<strong>do</strong> ao<br />
encontro <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> Mendes et al. [23] onde neste<br />
teste os homens obtiveram uma média de 20,4 cm (± 9) e as<br />
mulheres 24,4 cm (± 11).<br />
Dezan et al. [24] através de uma pesquisa com 254 homens<br />
porta<strong>do</strong>res e não porta<strong>do</strong>res de lombalgia, identifi cou<br />
que a média manteve-se abaixo <strong>do</strong>s padrões de normalidade<br />
para as diferentes faixas etárias: a) 27 a 40 anos assintoma<strong>do</strong>s<br />
23,2 cm (± 9,5) e sintoma<strong>do</strong>s 17,6 cm (± 8,6) e b) 41 a<br />
61 anos assintoma<strong>do</strong>s 19,2 cm (± 10,9) e sintoma<strong>do</strong>s 21,9<br />
(± 10,8).<br />
Ribeiro-Júnior [28] em um trabalho com 263 homens<br />
praticantes e não praticantes de atividade física, conseguiu<br />
detectar que: os não-praticantes na faixa etária de 25 a 39 anos<br />
atingiram uma média de 20,92 cm (± 8,98), e os de 40 a 35<br />
uma média de 19,23 cm (± 11,05). Já para os praticantes na<br />
faixa etária de 25 a 39 anos a média foi de 25,73 cm (± 9,5)<br />
e nos de 40 a 55 anos a média foi de 20,8 cm (± 8,87).<br />
Já Moraes e Moro [25] identifi caram que o valor médio<br />
da fl exibilidade em motoristas de ônibus foi de 20,73 cm (±<br />
6,8) onde a maioria da amostra estava abaixo <strong>do</strong> considera<strong>do</strong><br />
normal, o que para esta autora, pode vir a ser em decorrência<br />
aos hábitos de vida diários, da falta de atividade física, da<br />
amplitude reduzida, <strong>do</strong>s vícios posturais, <strong>do</strong> sobrepeso e da<br />
fl acidez ab<strong>do</strong>minal, o que pode estar relaciona<strong>do</strong> com as<br />
longas horas de permanência na posição sentada no ambiente<br />
de trabalho, bem como, o sedentarismo.<br />
Isto mostra que a falta de uma atividade física ou exercício<br />
físico e a permanência na posição sentada por longas horas<br />
difi culta a mobilidade articular e muscular das regiões que<br />
são exigidas neste teste.<br />
Postura corporal pelo méto<strong>do</strong> PSU<br />
Para a postura corporal, o valor <strong>do</strong> índice de correção<br />
postural (ICP) no pré-teste indicou um valor de 81,08% (±<br />
10,70) e no pós-teste 84,83% (± 9,23) onde a média permaneceu<br />
em 82,95% (± 9,96), ou seja, apresentaram de um<br />
mo<strong>do</strong> geral uma boa postura.<br />
Com isso, pode-se afi rmar que esta pesquisa não difere<br />
<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s de Holderbaum, Can<strong>do</strong>tti e Pressi [29] cujo estu<strong>do</strong><br />
realiza<strong>do</strong> com 19 funcionários de limpeza o percentual<br />
encontra<strong>do</strong> apontou que 100% destes apresentavam, pelo<br />
menos, um tipo de desvio postural e de Queiroga e Michels<br />
[30] que <strong>do</strong>s 150 motoristas de ônibus 61% relataram <strong>do</strong>r<br />
músculo-esquelética em alguma região, ou seja, 8% região
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
da cabeça, 1% região peitoral, 69% coluna vertebral, 6%<br />
membros superiores e 16% membros inferiores.<br />
Já Moraes e Moro [25] conseguiram comprovar que, a<br />
coluna vertebral foi a região que apresentou o maior percentual<br />
81,7%, segui<strong>do</strong> da região <strong>do</strong> quadril 62,8% e região <strong>do</strong>s<br />
membros superiores 47,2%.<br />
Contu<strong>do</strong>, percebeu-se neste estu<strong>do</strong> que os trabalha<strong>do</strong>res<br />
apresentaram de um mo<strong>do</strong> geral, uma boa postura nos <strong>do</strong>is<br />
momentos, onde a RCP foi a região que evidenciou maior<br />
incidência de desvio. Isto pode ser explica<strong>do</strong>, pelo fato destes<br />
permanecerem um bom tempo nesta posição (posição estática),<br />
<strong>do</strong> tempo de trabalho nesta empresa (20 anos), <strong>do</strong> tempo<br />
de atividade na função (13 anos), <strong>do</strong> número eleva<strong>do</strong> de horas<br />
trabalhadas na frente <strong>do</strong> computa<strong>do</strong>r, aproximadamente (5<br />
horas/dia) e, provavelmente, <strong>do</strong> monitor ser de baixa polegada<br />
para o desenvolvimento de suas atividades (14 polegadas),<br />
o que cria uma maior solicitação da acuidade visual, maior<br />
solicitação da musculatura desta região, da articulação <strong>do</strong>s<br />
ombros e, principalmente, da musculatura <strong>do</strong>rsal.<br />
Portanto, mesmo notan<strong>do</strong> a boa postura <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res<br />
conforme o méto<strong>do</strong>, um fator que deve ser leva<strong>do</strong> em<br />
consideração, é o percentual individual que cada um recebeu<br />
por região, pois se for analisa<strong>do</strong> minuciosamente, um bom<br />
número está abaixo <strong>do</strong> escore diagnóstico máximo atribuí<strong>do</strong><br />
para cada região.<br />
Variação de ângulo no TSA<br />
Com relação a variação de ângulo para no TSA os valores<br />
apresenta<strong>do</strong>s foram os seguintes:<br />
Tabela III - Variação <strong>do</strong> ângulo <strong>do</strong> quadril no TSA (cm).<br />
Pré-teste Pós-teste<br />
AS (º) MR (º) Dif (º) AS (º) MR(º) Dif (º)<br />
Média 46,06 42,19 3,88 37,13 18,69 17,13<br />
DP 15,46 15,37 2,22 10,51 11,91 7,93<br />
AS – Altura Sentada; MR – Melhor Resulta<strong>do</strong>; Dif – Diferença; (º) – Ângulo:<br />
* Menor ângulo; ** Maior ângulo<br />
Como se pode observar, no TSA com demarcação de<br />
pontos anatômicos, a média da altura sentada no pré-teste<br />
foi de 46,06º (± 15,46), onde o melhor resulta<strong>do</strong> obteve uma<br />
média de 42,19º (± 15,37) com diferença de variação média<br />
entre 3,88º (± 2,22).<br />
Já no pós-teste, a média da altura sentada foi estimada<br />
em 37,13º (± 10,51), onde a média <strong>do</strong> melhor resulta<strong>do</strong><br />
foi 18,69º (± 11,91) com diferença de variação média entre<br />
17,13º (± 7,93). Ou seja, houve uma excelente redução nos<br />
valores e, conseqüentemente, melhora de fl exibilidade neste<br />
teste.<br />
Isto pode ser explica<strong>do</strong> pela ênfase de exercício físico que<br />
foi aplica<strong>do</strong> nesta região e, consciência corporal a<strong>do</strong>tada pelos<br />
participantes <strong>do</strong> programa durante o perío<strong>do</strong> de desenvolvimento<br />
<strong>do</strong> PEFE.<br />
47<br />
Ângulos da postura corporal por fotogametria digital<br />
(posição <strong>do</strong>rsal)<br />
Como pode ser observa<strong>do</strong>, nesta posição, cada região<br />
sofreu alguma alteração em relação ao trabalho que foi desenvolvi<strong>do</strong>.<br />
Já outras regiões permaneceram na mesma situação<br />
ou até mesmo aumentaram seus ângulos.<br />
Tabela IV - Ângulos por região na posição <strong>do</strong>rsal em graus (º).<br />
Pré-teste Pós-teste<br />
CabeOmQuaCabeOmQuaçabrodrilçabrodril Média 3,69 1,63 1,87 3,13 2,5 1,63<br />
DP 1,62 1,78 1,25 2,58 1,26 1,71<br />
(º) – Ângulo em graus; * Menor ângulo; ** Maior ângulo<br />
Na região da cabeça, percebeu-se que a média no pré-teste<br />
estava estipulada em 3,69º (± 1,62) e no pós-teste diminuiu<br />
para 3,13º (± 2,58). Na região <strong>do</strong> ombro a média no pré-teste<br />
apresentou uma diferença de valores, ou seja, de 1,63º (±<br />
1,78) passou para 2,5º (± 1,26) no pós-teste. Já na região <strong>do</strong><br />
quadril, a média fi cou estimada em 1,87º (± 1,25) no pré-teste<br />
e diminuiu para 1,63º (± 1,71) no pós-teste.<br />
Ângulos da postura corporal por fotogametria digital<br />
(posição lateral)<br />
O que se percebeu nesta posição foi um aumento de<br />
valores em (º) em cada região como pode ser visualiza<strong>do</strong><br />
abaixo:<br />
Tabela V - Ângulos por região na posição lateral (º).<br />
Pré-teste Pós-teste<br />
Cabeça Quadril Cabeça Quadril<br />
Média 30,50 4,81 32,88 7,75<br />
DP 7,26 3,35 9,45 6,06<br />
(º) – Ângulo em graus * Menor ângulo ** Maior ângulo<br />
Na região da cabeça a média fi cou estimada em 30,50º<br />
(± 7,26) no pré- teste e 32,88º (± 9,45) no pós-teste. Já na<br />
região <strong>do</strong> quadril, não foi diferente, pois a média fi cou estipulada<br />
em 4,81º (± 3,35) no pré-teste e passou para 7,75º<br />
(± 6,06) no pós-teste o que pode ser considera<strong>do</strong> como uma<br />
situação crítica.<br />
O que fi cou evidente neste méto<strong>do</strong> de avaliação por foto é<br />
que cada ponto anatômico deve estar muito bem demarca<strong>do</strong>,<br />
que cada região deva ser observada e calculada de maneira<br />
única e exclusiva para a obtenção de bons resulta<strong>do</strong>s no<br />
momento da análise, que o avalia<strong>do</strong> tenha real situação (esclarecimento)<br />
<strong>do</strong> trabalho que está sen<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong> com<br />
ele e, principalmente, que o avalia<strong>do</strong>r tenha total <strong>do</strong>mínio<br />
prático de anatomia humana, profi ssionalismo, conhecimento<br />
e experiência neste campo de atuação, relacionada ao contexto<br />
<strong>do</strong> trabalho.
48<br />
Em virtude de ser um novo méto<strong>do</strong> de avaliação da postura<br />
corporal, notou-se que este por sua vez, necessita de mais<br />
desenvolvimento para que se possa ter mais experiência na<br />
sua aplicação onde o ideal seria que esta avaliação fosse feita<br />
sem o uso de marca<strong>do</strong>res anatômicos.<br />
Contu<strong>do</strong>, conseguiu-se perceber também que os fatores<br />
que comprometem o diagnóstico clínico da postura corporal<br />
são: a) as diversas meto<strong>do</strong>logias utilizadas para avaliação da<br />
postura corporal, b) a fi nalidade que é utilizada ex: diagnóstico,<br />
padrões estéticos, etc. c) a falta de experiência de quem<br />
avalia e d) a falta de conhecimento sobre o assunto.<br />
Avaliação qualitativa <strong>do</strong> PEFE<br />
Nesta avaliação, fi cou evidente que no início <strong>do</strong> PEFE eles<br />
tinham insegurança, desconfi ança e desmotivação quanto ao<br />
sucesso <strong>do</strong> programa que estava sen<strong>do</strong> ofereci<strong>do</strong>. Com isto,<br />
percebeu-se que estes fatores podem estar intimamente interliga<strong>do</strong>s<br />
com experiências negativas vivenciadas em outros<br />
programas realiza<strong>do</strong>s na empresa, bem como, falta de integração<br />
com os participantes <strong>do</strong> programa e pressões internas. Já<br />
por outro la<strong>do</strong>, um ponto positivo que teve grande evidência<br />
foi a existência de uma melhora satisfatória quanto às respostas<br />
de queixas músculo-esqueléticas e diminuição de idas<br />
ao ambulatório para a realização de massagens, tratamentos<br />
médicos (stress, depressão e ansiedade).<br />
Conclusão<br />
Do ponto de vista da ergonomia, viu-se nos diversos<br />
postos de trabalho inerentes a atividade laboral <strong>do</strong> grupo<br />
avalia<strong>do</strong>, que o mobiliário utiliza<strong>do</strong> pelos trabalha<strong>do</strong>res possuíam<br />
requisitos ergonômicos preconiza<strong>do</strong> pela literatura.<br />
O ambiente em geral era confortável e o posto de trabalho<br />
possuía componentes reguláveis. Da mesma forma, trabalhavam<br />
cumprin<strong>do</strong> horários condizentes com a atividade<br />
de informática.<br />
Quanto ao grau de aderência houve uma participação<br />
satisfatória, onde to<strong>do</strong>s os trabalha<strong>do</strong>res puderam participar<br />
conforme sua necessidade e tempo disponível.<br />
No que se referiu às condições físicas, um bom número<br />
de trabalha<strong>do</strong>res melhoraram suas aptidões físicas demonstran<strong>do</strong><br />
que os exercícios físicos surtiram efeito. Neste estu<strong>do</strong><br />
a força muscular obteve um aumento que apresentou maior<br />
percentual de melhora 5,82% perante as outras variáveis,<br />
seguida da postura corporal 4,62%, fl exibilidade 4,2% e<br />
IMC 1,56%.<br />
Também observou-se que em apenas seis meses de desenvolvimento<br />
<strong>do</strong> PEFE, tanto as variáveis corporais como a<br />
percepção <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res foram melhoradas, demonstran<strong>do</strong><br />
que, qualquer programa desenvolvi<strong>do</strong> com trabalha<strong>do</strong>res<br />
com estes objetivos, os indica<strong>do</strong>res de melhoras físicas e/ou<br />
psicológicas sempre vão estar presentes.<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Agradecimentos<br />
Aos pesquisa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Laboratório de Biomecânica (BIO-<br />
MEC/CDS/UFSC) pelo apoio no desenvolvimento desta<br />
pesquisa.<br />
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Posição Dorsal Posição Lateral
50<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Revisão<br />
Efeitos agu<strong>do</strong>s da flexibilidade sobre a força muscular<br />
Acute effects of flexibility on muscle strength<br />
José Eduar<strong>do</strong> Lattari Rayol Prati*, Sergio Eduar<strong>do</strong> de Carvalho Macha<strong>do</strong>**<br />
*Mestran<strong>do</strong> em ciência da Motricidade Humana - Laboratório de Biociências da Motricidade Humana - LABIMH – UCB/RJ,<br />
**Mestran<strong>do</strong> em Saúde Mental - Laboratório de Mapeamento Cerebral e Integração Sensório-Motora – IPUB/UFRJ<br />
Resumo<br />
O objetivo <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> foi investigar na literatura a<br />
infl uência <strong>do</strong>s diferentes tipos de alongamento sobre a força muscular.<br />
Para a presente investigação foram seleciona<strong>do</strong>s 47 artigos<br />
específi cos sobre o referi<strong>do</strong> assunto. Os resulta<strong>do</strong>s demonstram<br />
que os protocolos de alongamento estático e passivo e facilitação<br />
neuromuscular proprioceptiva (FNP) apresentaram interferência<br />
negativa sobre a força em sua grande maioria, já os protocolos de<br />
alongamento dinâmico mostraram respostas positivas sobre a força.<br />
De acor<strong>do</strong> com a literatura revisada, sugere-se que o alongamento<br />
sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> preceden<strong>do</strong> uma atividade de força muscular acarreta<br />
em queda da força, isso pode variar de acor<strong>do</strong> com a intensidade e<br />
volume imposto e também o protocolo utiliza<strong>do</strong>.<br />
Palavras-chave: efeitos agu<strong>do</strong>s, flexibilidade, força, desempenho.<br />
Introdução<br />
A prática universal de exercícios de fl exibilidade tem si<strong>do</strong><br />
aceita com o objetivo de preparar o atleta ou o praticante de atividade<br />
física para um melhor desempenho, durante a realização<br />
da atividade, e também para minimizar o risco de lesões [1].<br />
Entretanto, existem evidências de que o alongamento<br />
agu<strong>do</strong> pode ser prejudicial para o desempenho da força.<br />
Avela et al. [2] e Fowles et al. [3] encontraram uma redução<br />
de 23,3% e 28%, respectivamente, no torque da força isomé-<br />
Abstract<br />
Th e aim of this study was to investigate in literature the infl uence<br />
of diff erent types on muscle strength. 47 articles related to<br />
this theme were selected. Th e results demonstrated that passive<br />
and static protocols and proprioceptive neuromuscular facilitation<br />
(PNF) showed negative interference on strength, on the other hand,<br />
the dynamic stretch protocol showed positive response on strength.<br />
According to the literature reviewed, it was suggested that stretching<br />
when performed before muscle strength activity may cause a<br />
decrease on strength. It can vary according to intensity and volume<br />
and also protocol used.<br />
Key-words: acute effects, stretching, strength, performance.<br />
trica máxima de fl exão plantar sobre articulação <strong>do</strong> tornozelo<br />
após os fl exores plantares serem submeti<strong>do</strong>s a exercícios de<br />
alongamento passivo.<br />
Algumas variáveis como o volume e a intensidade <strong>do</strong><br />
treinamento, podem infl uenciar na geração direta de força<br />
muscular após alongamento passivo. Alongamentos manti<strong>do</strong>s<br />
em um mesmo ângulo por 45 segun<strong>do</strong>s resultam em redução<br />
na tensão passiva (rigidez muscular) [4,5], e a intensidade<br />
imposta repetidamente pelo alongamento aumenta o comprimento<br />
muscular [6,7].<br />
Recebi<strong>do</strong> em 17 de novembro de 2005; aceito em 20 de julho de 2006.<br />
Endereço para correspondência: José Eduar<strong>do</strong> Lattari Rayol Prati, Rua Clementina, 45, 23040-020 Rio de Janeiro, RJ, Tel: (21) 9996-<br />
8366, E-mail: eduar<strong>do</strong>lattari@yahoo.com.br
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
No estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> por Shrier et al. [8], foi investiga<strong>do</strong><br />
se o alongamento proporciona melhorias no desempenho.<br />
Foram analisa<strong>do</strong>s 23 artigos, <strong>do</strong>s quais 22 deles indicaram<br />
que não houve nenhum benefício para a força isométrica,<br />
torque isocinético, e no salto em altura.<br />
No entanto, estu<strong>do</strong>s recentes [9-18] vem sugerin<strong>do</strong> que o<br />
alongamento pré-exercício pode temporariamente comprometer<br />
a habilidade de um músculo em produzir força.<br />
Duas hipóteses têm si<strong>do</strong> discutidas para tentar explicar o<br />
défi cit de força induzi<strong>do</strong> pelo alongamento [2,3,19-21,11,16-<br />
18]: 1) fatores mecânicos, como mudanças na rigidez muscular;<br />
e 2) fatores neuromusculares, como alterações nas<br />
estratégias de controle motor.<br />
Frente a estas possíveis evidências, o objetivo desse estu<strong>do</strong><br />
foi revisar e analisar da<strong>do</strong>s da literatura e apresentar evidências<br />
da infl uência <strong>do</strong>s diferentes tipos de alongamento sobre a<br />
força muscular.<br />
Méto<strong>do</strong>s<br />
Foi realizada uma busca por artigos relaciona<strong>do</strong>s ao tema<br />
nas bases de da<strong>do</strong>s Pubmed/Medline. Foram seleciona<strong>do</strong>s<br />
somente artigos em inglês, num total de 47, utilizan<strong>do</strong> como<br />
key-words: acute eff ects, static stretching, dynamic stretching,<br />
ballistic stretching, propioceptive neuromuscular facilitation<br />
and strength. Não foram estabeleci<strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s específi cos de<br />
publicação nem restrições aos delineamentos meto<strong>do</strong>lógicos<br />
<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s.<br />
Alongamento estático<br />
O alongamento estático envolve a manutenção de uma<br />
posição por um determina<strong>do</strong> tempo que pode ou não ser<br />
repetida diversas vezes [22]. A relação entre o alongamento<br />
estático e as diferentes manifestações da força tem apresenta<strong>do</strong><br />
resulta<strong>do</strong>s adversos na maioria <strong>do</strong>s casos, provocan<strong>do</strong> perda<br />
imediata da força muscular.<br />
Eurico et al. [23], em seu estu<strong>do</strong> sobre efeitos prévios<br />
<strong>do</strong> alongamento estático na força máxima no teste de 1 RM<br />
nos exercícios de supino e agachamento observou que após<br />
3 séries x 15 segun<strong>do</strong>s houve uma diminuição signifi cativa<br />
na produção de força máxima.<br />
Já o estu<strong>do</strong> de Wallmann et al. [24] demonstrou que a<br />
atividade elétrica no gastrocnêmio era aumentada, após o<br />
alongamento estático, após 3 séries de 30 segun<strong>do</strong>, porém<br />
apresentou uma queda na altura <strong>do</strong> salto vertical.<br />
Além disso, diversos estu<strong>do</strong>s têm examina<strong>do</strong> os efeitos <strong>do</strong><br />
alongamento estático na força isométrica máxima [2,3,20,25],<br />
concêntrica e no pico de torque isocinético [26], mostran<strong>do</strong><br />
que o alongamento pré-exercício reduz tanto a força isométrica<br />
[2,3,20,27] quanto a dinâmica [21,18,27,28].<br />
Church et al. [29] mostraram que rotinas de alongamento<br />
estático interferiram negativamente sobre o desempenho no<br />
salto vertical. Semelhantes são os acha<strong>do</strong>s de Young e Elliot<br />
51<br />
[18] que após 3 séries x 15 segun<strong>do</strong>s e 20 segun<strong>do</strong>s de intervalo<br />
observaram um fraco desempenho no salto em profundidade<br />
após rotinas de alongamento estático, o mesmo não<br />
ocorren<strong>do</strong> na contração voluntária máxima. Entretanto, essa<br />
queda de produção <strong>do</strong> pico torque da força pode diferenciar-se<br />
de acor<strong>do</strong> com a fase <strong>do</strong> movimento realiza<strong>do</strong>. Corroboran<strong>do</strong><br />
com os acha<strong>do</strong>s anteriores, Cramer et.al. [30] examinaram<br />
os efeitos agu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> alongamento estático no pico de torque<br />
(pico) e ângulo <strong>do</strong> pico durante ações voluntárias máximas<br />
isocinética excêntricas <strong>do</strong> músculo extensores <strong>do</strong> pé em 60 e<br />
180º s com alongamento (nos membros <strong>do</strong>minantes) e sem<br />
alongamento (não <strong>do</strong>minantes) em 13 mulheres. O protocolo<br />
utiliza<strong>do</strong> foi de 1 alongamento não assisti<strong>do</strong> e 3 não<br />
assisti<strong>do</strong>s. Tais resulta<strong>do</strong>s mostraram que não houve diferença<br />
signifi cativa em pré e pós-alongamento na força isocinética<br />
excêntrica máxima nos membros com e sem alongamento,<br />
sugerin<strong>do</strong> que os resulta<strong>do</strong>s podem ser altera<strong>do</strong>s pelo tipo<br />
de ação muscular.<br />
Segun<strong>do</strong> Unick [31], foi verifi ca<strong>do</strong> que após um protocolo<br />
de 4 diferentes alongamentos em 3 séries x 15 repetições e 20<br />
segun<strong>do</strong>s de intervalo, a potência muscular não foi prejudicada<br />
após 15 e 30 minutos, apresentan<strong>do</strong> um alto coefi ciente<br />
de correlação intra-classe de (>0,9) e (>0,9) respectivamente<br />
para testes de salto.<br />
Até mesmo no esporte, em especial no tênis, Knudson et<br />
al. [32] verifi caram que após a realização de um protocolo<br />
de 7 exercícios x 15 segun<strong>do</strong>s tanto para membros superiores<br />
quanto para membros inferiores, esse tipo de alongamento<br />
não prejudicou o desempenho no saque. Já Power et al. [33]<br />
mostraram que o alongamento estático diminuiu a contração<br />
voluntária máxima <strong>do</strong> quadríceps, porém a eletromiografi a e<br />
o salto vertical não tiveram mudanças signifi cativas. Como a<br />
perda signifi cativa ocorreu na contração voluntária máxima<br />
imagina-se que a causa seja de caráter misto entre fatores<br />
mecânicos e neurológicos.<br />
Alongamento passivo<br />
Este consiste num alongamento realiza<strong>do</strong> estaticamente,<br />
porém o trabalho de alongamento passivo envolve o uso da<br />
força externa aplicada por outra pessoa ou algum tipo de<br />
implemento, para movimentar um segmento corporal até<br />
o fi nal da amplitude de movimento [34]. Assim como o<br />
alongamento estático, este também vem apresentan<strong>do</strong> queda<br />
imediata na força.<br />
Em estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> Lattar et al. [35], verifi cou-se que a<br />
execução prévia de exercícios de alongamento passivo através<br />
de um protocolo de 3 séries X 10 segun<strong>do</strong>s, houve uma<br />
diminuição da força máxima acarretan<strong>do</strong> numa queda de<br />
rendimento no número de repetições máximas realizadas.<br />
Tal técnica de alongamento mostrou-se também inefi caz<br />
quan<strong>do</strong> realizada previamente ao treinamento de sprint, resultan<strong>do</strong><br />
em queda de desempenho [36]. Além disso, outros<br />
estu<strong>do</strong>s vêm indican<strong>do</strong> que a diminuição na ativação mus-
52<br />
cular pode parcialmente registrar a queda na força como um<br />
resulta<strong>do</strong> da aplicação <strong>do</strong> alongamento passivo nos músculos<br />
quadríceps femoral [20] e tríceps sural [2,3].<br />
O estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> por Galdino et al. [9] mostrou que<br />
após a realização de uma rotina de exercícios de fl exionamento<br />
passivo com um protocolo de 3 séries x 10 segun<strong>do</strong>s<br />
e 5 segun<strong>do</strong>s de intervalo resultou em uma diminuição de<br />
7,07% no valor médio entre o primeiro e segun<strong>do</strong> salto, sen<strong>do</strong><br />
esta diferença diminuída para 4,42% entre o 1º e o 3º salto,<br />
passan<strong>do</strong> para 5,89% no 4º salto e para 4,71% no 5º salto,<br />
to<strong>do</strong>s apresentan<strong>do</strong> diferença signifi cativa.<br />
Porém Knudson et al. [11] mostraram em seu estu<strong>do</strong><br />
que, após um protocolo de 3 séries x 15 segun<strong>do</strong>s, não houve<br />
nenhuma mudança signifi cativa na velocidade vertical <strong>do</strong><br />
salto ou nas durações das fases excêntricas e concêntricas<br />
em conseqüência <strong>do</strong> alongamento. Apesar de que 55% <strong>do</strong>s<br />
sujeitos obtiveram velocidades verticais mais baixas (27.5%)<br />
após alongamento, 45% <strong>do</strong>s sujeitos não tiveram nenhuma<br />
mudança (10%) em velocidades verticais mais altas (35%)<br />
após o alongamento, sugerin<strong>do</strong> que realizar alongamentos<br />
antes de atividades como o salto vertical resulta em diminuições<br />
pequenas no desempenho em alguns sujeitos. Para o<br />
autor, essas mudanças sugerem que a inibição neuromuscular<br />
pode ser o melhor mecanismo da perda <strong>do</strong> que mudanças na<br />
rigidez <strong>do</strong> músculo.<br />
Yamaguchi e Ishi [37] demonstraram em seu estu<strong>do</strong> que<br />
após 4 séries x 30 segun<strong>do</strong>s e 20 segun<strong>do</strong>s de intervalo, o trabalho<br />
de alongamento passivo resultou numa queda no pico<br />
da potência, pico da velocidade, queda na velocidade <strong>do</strong> pico<br />
de potência, aumento no tempo <strong>do</strong> pico torque realiza<strong>do</strong> sob<br />
diferentes condições de carga, sen<strong>do</strong> a 5%, 30% e 60% da<br />
contração isométrica voluntária máxima (CIVM). To<strong>do</strong>s esses<br />
acha<strong>do</strong>s foram verifi ca<strong>do</strong>s com contrações dinâmicas de resistência<br />
externa constante em exercícios de extensões de perna.<br />
O autor sugere que o alongamento relativamente extensivo (4<br />
x 30 segun<strong>do</strong>s) resulta na perda da potência muscular.<br />
Alongamento balístico (dinâmico)<br />
O alongamento balístico está, geralmente, associa<strong>do</strong> com<br />
movimentos de balançar, saltar, ricochetear e movimentos<br />
rítmicos [22]. Também denomina<strong>do</strong> como dinâmico é expresso<br />
pela máxima amplitude de movimentos obti<strong>do</strong>s pelos<br />
músculos motores <strong>do</strong> mesmo, volitivamente, de forma rápida<br />
[38]. Tal méto<strong>do</strong>, ao contrário <strong>do</strong>s anteriores vem apresentan<strong>do</strong><br />
aumento de performance na força.<br />
Parece que dentre as diferentes técnicas de alongamento,<br />
o alongamento dinâmico seja o único que não apresente<br />
resulta<strong>do</strong>s adversos sobre a força muscular. Yamaguchi e Ishi<br />
mostraram que 1 série x 30 segun<strong>do</strong>s poderia até mesmo promover<br />
melhorias sobre a força [39]. Nesse estu<strong>do</strong> a potência<br />
na extensão de joelho melhorou signifi cativamente.<br />
Unick et al. [31] corroboran<strong>do</strong> com estu<strong>do</strong> acima mostrou<br />
que após um protocolo de 4 diferentes alongamentos em 3<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
séries x 15 repetições e 20 segun<strong>do</strong>s de intervalo, a potência<br />
não era afetada 15 e 30 minutos após rotina de alongamento<br />
balístico em mulheres treinadas.<br />
Já o estu<strong>do</strong> de Fletcher [36] mostrou que o desempenho<br />
<strong>do</strong> sprint da corrida foi melhor sob condições de aplicação <strong>do</strong><br />
alongamento dinâmico. O autor sugere que para a maioria <strong>do</strong>s<br />
esportes que necessitam e otimizam desempenho no sprint<br />
sobre uma distância relativamente curta, um alongamento<br />
dinâmico (particularmente exercícios dinâmicos ativos, imitan<strong>do</strong><br />
aspectos específi cos <strong>do</strong> ciclo <strong>do</strong> sprint) é aconselhável<br />
ao invés de alongamentos estáticos.<br />
O alongamento dinâmico pode ser uma técnica efi caz para<br />
melhorar o desempenho <strong>do</strong>s esportes durante o aquecimento<br />
antes das atividades de potência [37]. Em atividades desportivas,<br />
como o basquete, somente a rotina de alongamentos<br />
balísticos demonstrou resulta<strong>do</strong>s positivos no salto vertical<br />
[40], o mesmo não ocorren<strong>do</strong> com diferentes rotinas de<br />
aquecimento. Até mesmo quan<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> com crianças,<br />
os exercício de caráter dinâmico obteve resulta<strong>do</strong>s melhores<br />
no salto vertical compara<strong>do</strong> com protocolos de alongamento<br />
estático [41].<br />
Facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP)<br />
A facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) pode<br />
ser defi nida como um méto<strong>do</strong> de promover ou acelerar o<br />
mecanismo neuromuscular através da estimulação <strong>do</strong>s proprioceptores<br />
[22]. Este méto<strong>do</strong> utiliza a infl uencia recíproca<br />
entre o fuso muscular e o Órgão Tendinoso de Golgi de um<br />
músculo entre si e com os <strong>do</strong> músculo antagonistas, para obter<br />
maiores amplitudes de movimento [38].<br />
Não muito diferente das técnicas de alongamentos<br />
estáticos e passivos, a técnica de facilitação neuromuscular<br />
proprioceptiva (FNP) tende a apresentar resulta<strong>do</strong>s negativos<br />
sobre as diferentes manifestações da força muscular.<br />
Church et al. [29] verifi caram que quan<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> um<br />
protocolo de 3 séries x 10 segun<strong>do</strong>s de isometria e estiramento<br />
passivo até o ponto de tensão (contraí relaxa agonista<br />
contraí), ocorreu uma queda no desempenho no salto vertical.<br />
Entretanto, os autores consideram que determinadas rotinas<br />
de aquecimento como a FNP deve ser evitada em movimentos<br />
que requerem grande geração de potência, tais como sprint e<br />
saltos, minimizan<strong>do</strong> a quantidade de alongamento executada<br />
antes da atividade.<br />
Marek [42] mostrou que esta após a realização de um<br />
protocolo de 4 x 5 segun<strong>do</strong>s de isometria máxima 30 segun<strong>do</strong>s<br />
de manutenção e 20 segun<strong>do</strong>s de intervalo, a técnica reduzia<br />
signifi cativamente o pico de torque, a potência e a eletromiografi<br />
a (EMG) em exercício isocinético de extensão de joelho<br />
a 60º e 300º s¹. O autor considera que a proporção <strong>do</strong> efeito<br />
correspondente as mudanças induzidas pelo alongamento<br />
foram pequenas, sugerin<strong>do</strong> a necessidade de considerar-se<br />
uma relação de risco-benefício ao incorporar as técnicas de<br />
FNP ao exercício.
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Entretanto, em um trabalho realiza<strong>do</strong> por Young e Elliot<br />
[18], verifi cou-se que após a realização de um protocolo de 3<br />
séries x 5 segun<strong>do</strong>s de contração isométrica, 15 segun<strong>do</strong>s de<br />
alongamento com 20 segun<strong>do</strong>s de intervalo, a FNP não afetou<br />
negativamente o desempenho no salto em profundidade e<br />
na contração voluntária máxima. Corroboran<strong>do</strong> com estu<strong>do</strong><br />
acima, Simão et al. [43] em sua pesquisa observou também<br />
que a FNP preceden<strong>do</strong> o exercício de supino não acarretou<br />
em perdas signifi cativas sobre a força muscular. Porém, o intervalo<br />
de descanso de 1 minuto para executar o teste de 1RM<br />
no supino possa ter si<strong>do</strong> um fator importante para não haver<br />
mudanças signifi cativas sobre a força. Além disso, segun<strong>do</strong><br />
o autor a ausência de modifi cações signifi cativas nas cargas<br />
máximas poderia, igualmente, estar associada ao incremento<br />
das cargas, talvez demasiadamente eleva<strong>do</strong> (5Kg), diminuin<strong>do</strong><br />
o poder discricionário das medidas. Talvez as combinações<br />
neuromusculares e armazenamento de energia elástica possam<br />
explicar até mesmo possíveis ganhos de força [44].<br />
Possíveis causas da perda da força muscular<br />
Dentre os motivos apresenta<strong>do</strong>s em vários estu<strong>do</strong>s, as principais<br />
causas são atribuídas a fatores neurais e mecânicos.<br />
a) Fatores mecânicos que interferem na força<br />
Evidências atuais indicam que, as diminuições da força se<br />
dão pelas mudanças relacionadas às propriedades mecânicas<br />
<strong>do</strong> músculo, tais como uma relação alterada <strong>do</strong> comprimento-tensão<br />
[19].<br />
Algumas variáveis como o volume e a intensidade <strong>do</strong><br />
treinamento, podem infl uenciar na geração direta de força<br />
muscular após alongamento. Alongamentos manti<strong>do</strong>s em<br />
um mesmo ângulo por 45 segun<strong>do</strong>s resultam em redução<br />
na tensão passiva (rigidez muscular) [4-6], e a intensidade<br />
imposta repetidamente pelo alongamento aumenta o comprimento<br />
muscular [6,7].<br />
A rigidez muscular reduzida pode afetar o comprimento<br />
das fi bras musculares solicitadas e moldadas, devi<strong>do</strong> a estas<br />
necessitarem de um grande tempo para encurtarem-se nos<br />
elementos em série [45], e aumentar o comprimento muscular<br />
pode alterar o fi no equilíbrio das propriedades musculares e<br />
a cinemática articular que combina com a produção de força<br />
em um da<strong>do</strong> ângulo articular [46]. Segun<strong>do</strong> Yamaguchi e Ishi<br />
[37] um alongamento induzi<strong>do</strong> contribui para uma mudança<br />
mecânica prejudican<strong>do</strong> na potência muscular.<br />
b) Fatores neurais que interferem na força<br />
O fator neural possui grande contribuição nos ganhos<br />
de fl exibilidade. Isso porque em condição aguda diminui<br />
a excitabilidade espinal reduzin<strong>do</strong> a tensão passiva sobre o<br />
músculo e em condições temporárias (crônicas) diminuin<strong>do</strong><br />
a atividade refl exa tônica [47].<br />
Assim, alguns estu<strong>do</strong>s atribuem que a perda da força<br />
ocorre devi<strong>do</strong> a uma inibição neural [20,48,49], complacência<br />
53<br />
aumentada da propriedade músculo-tendinosa que conduz<br />
a uma taxa reduzida da transmissão da força <strong>do</strong> músculo ao<br />
sistema esquelético [50,21,25,26]. Os decréscimos da força<br />
são mais afeta<strong>do</strong>s pela inibição <strong>do</strong> músculo <strong>do</strong> que pelas<br />
mudanças na elasticidade <strong>do</strong> músculo [20]. Porém, em um<br />
estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> por Wallmann et al. [24], foi demonstra<strong>do</strong><br />
que após a realização de alongamentos estáticos a atividade<br />
eletromiografi ca de superfície era aumentada no músculo gastrocnêmio,<br />
mesmo haven<strong>do</strong> queda na altura <strong>do</strong> salto vertical.<br />
O autor atribui que talvez este aumento na atividade elétrica<br />
no músculo compensou uma diminuição na rigidez <strong>do</strong> músculo.<br />
Nossa ciência ainda carece de maiores informações sobre<br />
os reais motivos da perda de força aguda sen<strong>do</strong> provocadas pela<br />
utilização de exercícios de alongamento. Segun<strong>do</strong> Schilling e<br />
Stone [51] as informações apresentadas sob os efeitos agu<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong> alongamento no desempenho muscular deixam ainda<br />
muitas perguntas não respondidas, especialmente <strong>do</strong> ponto<br />
de vista da força e potência no esporte.<br />
Conclusão<br />
Sugere-se que os exercícios de alongamento preceden<strong>do</strong> os<br />
de força podem resultar em respostas negativas sobre a força<br />
dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> protocolo utiliza<strong>do</strong>, de seu volume e sua<br />
intensidade. Sobre a aplicação de alongamentos preceden<strong>do</strong><br />
o treinamento de força, cabe aos profi ssionais considerar a relação<br />
custo-benefício <strong>do</strong> exercício. Já a realização de exercícios<br />
de alongamento que impliquem fortes estiramentos musculares,<br />
após o treinamento de força, devem ser evita<strong>do</strong>s, pois<br />
haverá um grande risco de lesões nas fi bras musculares [52].<br />
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Marcelo Rangel de Araújo<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Revisão<br />
As relações <strong>do</strong>s hormônios testosterona<br />
e cortisol com o exercício físico<br />
The relationship of testosterone and cortisol hormones<br />
with the physical exercise<br />
Gradua<strong>do</strong> bacharel em ciência <strong>do</strong> esporte - Universidade Estadual de Londrina (U.E.L.), Especialista em treinamento esportivo<br />
- Universidade Gama Filho (U.G.F.)<br />
Resumo<br />
A intenção deste trabalho é rever as relações <strong>do</strong> exercício físico,<br />
aeróbio e de força, perante as concentrações hormonais de testosterona<br />
e cortisol, aguda e cronicamente e, além disso, verifi car<br />
outros fatores não menos importantes como o ritmo circadiano a<br />
alimentação e a idade em função das concentrações hormonais e os<br />
exercícios físicos, não deixan<strong>do</strong> para trás é claro suas funções fi siológicas.<br />
Apesar das diversas controversas encontradas no presente<br />
estu<strong>do</strong>, as atividades periodizadas e de alta intensidade parecem<br />
estimular maiores liberações de testosterona e pouca liberação de<br />
cortisol, conseqüentemente potencializan<strong>do</strong> os níveis de força e hipertrofi<br />
a muscular. Todavia novos estu<strong>do</strong>s devem ser realiza<strong>do</strong>s com<br />
delineamentos mais adequa<strong>do</strong>s respeitan<strong>do</strong> as diversas interações<br />
que envolvem o treinamento físico.<br />
Palavras-chave: testosterona, cortisol, exercícios físicos.<br />
Introdução<br />
Biossíntese e regulação da testosterona<br />
A testosterona é o principal hormônio sexual masculino.<br />
Quan<strong>do</strong> suas concentrações circulantes estão baixas no organismo,<br />
o hipotálamo promove a liberação <strong>do</strong> fator libera<strong>do</strong>r da<br />
gona<strong>do</strong>tropina (GnRF). O GnRF estimula a liberação <strong>do</strong> hormônio<br />
luteinizante (LH), que por sua vez, estimula as células<br />
Abstract<br />
Th e aim of this work is to review the relationship of physical<br />
exercise, aerobic and resistance, in the presence of testosterone and<br />
cortisol concentration and, in addition, to verify other factors also<br />
important such as circadian rhythm, feeding and age in function of<br />
hormonal concentration and physical exercises as well as physiological<br />
functions. Although fi ndings remain controversial in this study,<br />
high intensity and periodic training seem to stimulate liberation of<br />
high testosterone levels and low cortisol levels, improving strength<br />
and muscle hypertrophy. New studies should be carried out with<br />
adequate methods for preserving diff erent interactions that involve<br />
the physical training.<br />
Key-words: testosterone, cortisol, physical exercises.<br />
de Leydig nos testículos a produzir e liberar testosterona [1].<br />
Uma pequena quantidade de testosterona é secretada também<br />
pelas glândulas supra-renais. A concentração plasmática de<br />
testosterona varia de 300 a 1.000ng/dl e a taxa de produção<br />
diária de 2,5 a 11mg [2]. Nas mulheres esse hormônio também<br />
é produzi<strong>do</strong> pelas glândulas supra-renais e ovários, porém<br />
em menor quantidades 0,25 a 1mg/dia [3].<br />
Recebi<strong>do</strong> em 12 de julho de 2006; aceito em 18 de novembro de 2006.<br />
Endereço para correspondência: Marcelo Rangel de Araújo, Rua Garibaldi 148, 101, 20511-330, Rio de Janeiro, RJ, E-mail:<br />
marcelora@pop.com.br
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Funções fisiológicas<br />
Suas funções são basicamente duas, denominadas anabólicas<br />
e androgênica. Pela função anabólica ele atua principalmente<br />
sobre as zonas de crescimento <strong>do</strong>s ossos e músculos, além de<br />
infl uenciar o desenvolvimento de praticamente to<strong>do</strong>s os órgãos<br />
<strong>do</strong> corpo humano. Pelo la<strong>do</strong> androgênico, ele é responsável pelo<br />
desenvolvimento das características sexuais masculinas (órgãos<br />
sexuais, produção de espermatozóide, barba, etc) [3].<br />
Biossíntese e regulação <strong>do</strong> cortisol<br />
O cortisol é o hormônio mais importante <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s<br />
glicocorticóides, ele é secreta<strong>do</strong> a partir de um estímulo<br />
estressante (atividade física ou contusão em alguma parte<br />
<strong>do</strong> corpo) que transmite impulsos nervosos ao hipotálamo<br />
no qual libera o fator libera<strong>do</strong>r de corticotropina (FLC) que<br />
chega a hipófi se anterior onde suas células secretam hormônio<br />
adrenocorticotrópico que fl ui pelo sangue até o córtex suprarenal<br />
onde será produzi<strong>do</strong> o cortisol [4].<br />
Funções fisiológicas<br />
O hormônio cortisol é conheci<strong>do</strong> pela sua função catabólica,<br />
ele exerce um papel importante no equilíbrio eletrolítico e<br />
no metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídeos e possui<br />
um potente efeito antiinfl amatório [4].<br />
Relações hormonais perante a idade<br />
A testosterona parece não estar sujeito a sofrer mudanças em<br />
sua concentração basal, até aproximadamente os 10 anos de idade,<br />
em que sua concentração se encontra por volta de 0,3(nmol/L), Já<br />
no começo da puberdade próximo aos 13 anos de idade, a testosterona<br />
tem um aumento signifi cativo chegan<strong>do</strong> a valores médios<br />
de 3,16(nmol/L), e na puberdade propriamente dita, entre 13 e<br />
14 anos a concentração de testosterona alcança valores médios<br />
de 12(nmol/L) [5]. Aos 14 anos de idade os garotos apresentam<br />
valores de cortisol e testosterona iguais a homens adultos saudáveis<br />
[6]. Com o envelhecimento, ocorre uma diminuição nas concentrações<br />
isoladas de testosterona livre e total. Após ]os 50 anos, a<br />
concentração sérica de testosterona apresenta diminuição de 1%ao<br />
ano [7]. Por outro la<strong>do</strong>, os níveis de cortisol tende a aumentar<br />
com o envelhecimento de mulheres, mas não necessariamente de<br />
homens, aumentan<strong>do</strong> também o catabolismo muscular [8].<br />
A redução nos níveis de testosterona livre e total está diretamente<br />
relacionada ao hipogonadismo, em homens com<br />
idade superior aos 50 anos [9].<br />
Comportamento <strong>do</strong>s hormônios perante o exercício<br />
físico e a alimentação<br />
A alimentação associada ao treinamento de força parece<br />
promover mudanças nas concentrações hormonais. Kra-<br />
57<br />
emer et al. [10] verifi caram que com a suplementação de<br />
carboidrato e proteína duas horas antes e imediatamente<br />
após o exercício favorecem a redução <strong>do</strong>s níveis de cortisol e<br />
testosterona sanguíneo após aproximadamente 15 minutos<br />
ao fi nal <strong>do</strong> treinamento. Por outro la<strong>do</strong>, os níveis de insulina<br />
aumentam consideravelmente após este perío<strong>do</strong>. Da mesma<br />
forma, Bloomer et al. [11] verifi caram esta mesma relação<br />
da insulina com a testosterona, quan<strong>do</strong> os grupos ingeriram<br />
uma refeição completa (carboidrato, gordura e proteína)<br />
ou somente uma bebida rica em carboidratos, ou somente<br />
uma suplementação constituída de proteína e carboidrato,<br />
imediatamente, 2 e 4 horas após a sessão de treinamento. O<br />
grupo que não ingeriu nenhum tipo de alimento manteve<br />
os níveis de testosterona altos, proporcionan<strong>do</strong> uma ótima<br />
relação testosterona/cortisol.<br />
Apesar <strong>do</strong> pequeno número de estu<strong>do</strong>s revisa<strong>do</strong>s, esses<br />
<strong>do</strong>is hormônios (insulina e testosterona) parece agirem inversamente,<br />
pois quan<strong>do</strong> um hormônio está em pico o outro<br />
está em baixa concentração na corrente sanguínea. Portanto,<br />
nestas condições, a presença da insulina parece ter maior<br />
importância para o anabolismo muscular, pois assim como a<br />
testosterona a insulina também é um hormônio anabólico e,<br />
além disso, a síntese muscular só ocorre perante a presença<br />
de açucares e principalmente de proteínas.<br />
Uma estratégia bastante interessante para controlar os<br />
níveis de cortisol em baixas concentrações durante o esta<strong>do</strong><br />
de repouso por até 24 horas após exercício de força, parece<br />
ser a suplementação de aci<strong>do</strong> ascórbico (1000mg) antes <strong>do</strong><br />
treinamento. Conseqüentemente proporcionan<strong>do</strong> uma diminuição<br />
<strong>do</strong> catabolismo protéico em repouso.<br />
Relações hormonais perante o exercício físico e o<br />
ritmo circadiano<br />
As concentrações sanguíneas de testosterona podem sofrer<br />
grandes alterações durante as horas <strong>do</strong> dia, como mostra a<br />
maioria <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s revisa<strong>do</strong>s por [12,10].<br />
As concentrações sanguíneas de testosterona têm seu pico<br />
por volta de 6:00h as 8:00h da manhã e sofre um declínio de<br />
até 35% durante o dia, antes de começar a aumentar novamente<br />
pelo meio da noite [13]. Porém, um treinamento de<br />
força intenso, realiza<strong>do</strong> pelo fi nal da tarde parece diminuir<br />
os níveis de (LH) em até 24% durante o perío<strong>do</strong> da noite,<br />
conseqüentemente diminuin<strong>do</strong> a produção de testosterona<br />
livre e total durante esse perío<strong>do</strong> [14].<br />
Assim como a testosterona, o cortisol também parece se<br />
alterar durante as horas <strong>do</strong> dia, apresentan<strong>do</strong> seu pico pelas<br />
primeiras horas da manhã. Logo ao despertar seus níveis<br />
vão declinan<strong>do</strong> progressivamente ao longo <strong>do</strong> dia, fi can<strong>do</strong><br />
bastante baixos durante a noite [15].<br />
Um estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> com sessões de treinamento de força,<br />
pelo perío<strong>do</strong> da manhã, demonstrou queda signifi cativa na<br />
concentração <strong>do</strong>s níveis de testosterona após os exercícios, mas<br />
quan<strong>do</strong> os mesmos atletas realizaram o mesmo treinamento
58<br />
no perío<strong>do</strong> da tarde, as concentrações nos níveis de testosterona<br />
aumentaram signifi cativamente [13]. Por outro la<strong>do</strong>,<br />
as menores concentrações alcançadas de cortisol, após uma<br />
sessão de exercícios de força, foram por volta das 17:00 horas,<br />
compara<strong>do</strong> com outros <strong>do</strong>is horários distintos de treinamento<br />
(7:00 e 24:00horas) [15].<br />
Desta forma pressupõe-se que o melhor horário para o<br />
treinamento de força seja pelo fi nal da tarde e inicio da noite,<br />
onde os níveis de cortisol aumentam em menor grau e a<br />
testosterona em maior grau, proporcionan<strong>do</strong> um bom esta<strong>do</strong><br />
para o anabolismo muscular .<br />
Porém, independentemente <strong>do</strong> ritmo circadiano <strong>do</strong>s<br />
hormônios testosterona e cortisol, Souissi et al. [16] destaca<br />
em seu estu<strong>do</strong> que os melhores resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s para a<br />
potência anaeróbia e picos de força máxima estão diretamente<br />
relaciona<strong>do</strong>s ao horário de treino com o horário de avaliação<br />
(testes) da capacidade física treinada. Se o treinamento é feito<br />
no perío<strong>do</strong> da manhã os resulta<strong>do</strong>s das avaliações (testes)<br />
serão melhores apresenta<strong>do</strong>s no perío<strong>do</strong> da manhã, quan<strong>do</strong><br />
compara<strong>do</strong>s com avaliações realizadas pelo perío<strong>do</strong> da tarde,<br />
e vice-versa. Por esse motivo os atletas ou prepara<strong>do</strong>res físicos<br />
devem planejar o treinamento de acor<strong>do</strong> com o horário de<br />
competição.<br />
Repostas hormonais agudas ao exercício aeróbio<br />
As respostas hormonais imediatamente após os exercícios<br />
aeróbicos podem variar de acor<strong>do</strong> com o grau de treinamento <strong>do</strong>s<br />
indivíduos, da intensidade, e principalmente da duração <strong>do</strong> exercício.<br />
Jürimäe et al [17] não verifi caram mudanças signifi cativas<br />
nos níveis de testosterona e cortisol em rema<strong>do</strong>res profi ssionais,<br />
após remarem, a 77% <strong>do</strong> limiar anaeróbio, por aproximadamente<br />
2 horas. Por outro la<strong>do</strong>, corre<strong>do</strong>res de elite acostuma<strong>do</strong>s a correr<br />
70km por semana mostraram signifi cativas reduções nos níveis<br />
de testosterona e testosterona livre após um teste aeróbio progressivo<br />
até o limiar anaeróbio, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> a indivíduos<br />
não treina<strong>do</strong>s submeti<strong>do</strong>s ao mesmo teste [18]. Entretanto, os<br />
níveis de cortisol tendem a sofrer maiores aumentos em homens<br />
não treina<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s a corre<strong>do</strong>res. Além disso, a<br />
dissipação <strong>do</strong> cortisol ocorre mais lentamente nos indivíduos<br />
não treina<strong>do</strong>s, após o exercício [19].<br />
Segun<strong>do</strong> Jacks et al. os níveis de cortisol, verifi ca<strong>do</strong> através<br />
da saliva só aumentam signifi cativamente após 59 minutos<br />
de atividade aeróbia em bicicleta ergométrica, apenas com<br />
intensidades altas (76% <strong>do</strong> pico de VO2).<br />
Em indivíduos não treina<strong>do</strong>s a testosterona pode sofrer aumentos<br />
signifi cativos com apenas 15 a 20 minutos de exercício<br />
aeróbio modera<strong>do</strong> [20]. Assim como os não treina<strong>do</strong>s, homens<br />
previamente treina<strong>do</strong>s acostuma<strong>do</strong>s a correr 16km por semana,<br />
tendem a sofrer aumentos signifi cativos nos níveis de testosterona<br />
imediatamente após 30 minutos de corrida a 80% <strong>do</strong><br />
VO2máx [21]. Da mesma forma Cositt at al. [22] verifi caram,<br />
em mulheres previamente treinadas, aumentos signifi cativos de<br />
testosterona, mas não de cortisol, após 40 minutos de corrida<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
a 75% da freqüência cardíaca máxima, porém não houve<br />
mudanças signifi cativas de testosterona e cortisol quan<strong>do</strong> as<br />
mesmas foram submetidas a treinamento de força.<br />
Apesar <strong>do</strong>s diferentes resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s, certamente<br />
pelos diferentes protocolos utiliza<strong>do</strong>s em cada um <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s,<br />
os aumentos tanto de testosterona quanto de cortisol parecem<br />
ser mais evidentes em indivíduos não treina<strong>do</strong>s ou previamente<br />
treina<strong>do</strong>s, principalmente quan<strong>do</strong> o esforço for intenso.<br />
Respostas hormonais crônicas ao exercício aeróbio<br />
Chatard et al. [23] analisou as concentrações basais de<br />
cortisol e DHEA antes de cada uma das 68 competições de<br />
uma ”temporada”, durante 37semanas de treinamento de<br />
natação, constatan<strong>do</strong> um aumento nos níveis de cortisol, mas<br />
não de DHEA conforme progredia o volume de treinamento,<br />
porém os níveis de cortisol não declinaram na fase de baixo<br />
volume (polimento). Para manter os níveis basais de cortisol<br />
reduzi<strong>do</strong> durante uma temporada de natação, Filho et al. [24]<br />
utilizaram uma técnica de relaxamento progressivo, duas vezes<br />
na semana em sessões de 20 a 30 minutos. Os resulta<strong>do</strong>s foram<br />
bem signifi cativos quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> ao grupo controle.<br />
Segun<strong>do</strong> Mcardle et al. [20] atletas profi ssionais que correm<br />
em média 64km semanais apresentam reduzi<strong>do</strong>s níveis<br />
de testosterona em repouso, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s a homens<br />
não corre<strong>do</strong>res da mesma faixa etária. Por outro la<strong>do</strong>, comparações<br />
feitas com corre<strong>do</strong>res de altíssimo volume semanal<br />
(94km), alto volume semanal (80km) e não corre<strong>do</strong>res to<strong>do</strong>s<br />
com a mesma faixa etária, não demonstraram diferenças<br />
signifi cativas nos níveis de testosterona total e testosterona<br />
livre em repouso. Da mesma forma, Kraemer et al. [25] não<br />
encontraram mudanças signifi cativas na concentração de<br />
testosterona após 12 semanas de treinamento aeróbio, mas a<br />
concentração de cortisol aumentou signifi cativamente após a<br />
quarta semana, declinan<strong>do</strong> após a oitava semana e voltan<strong>do</strong> a<br />
aumentar após a décima segunda semana. Porém, um estímulo<br />
de alta intensidade e alto volume parece reduzir os níveis basais<br />
de testosterona e cortisol. É o que demonstrou o estu<strong>do</strong> de<br />
Garcia et al. [26] realiza<strong>do</strong> após 3 semanas de competição de<br />
ciclismo onde foi percorri<strong>do</strong> um total de 3781km.<br />
Embora existam controvérsias entre os estu<strong>do</strong>s, o que<br />
parece evidente é que os níveis basais de testosterona não<br />
tendem a aumentar em repouso com o treinamento aeróbio<br />
em longo prazo. Já os níveis basais de cortisol tendem a oscilar<br />
mais em respostas agudas ao treinamento aeróbio, ora estan<strong>do</strong><br />
em altas concentrações ora em baixa.<br />
Respostas hormonais agudas ao treinamento de<br />
força<br />
Uma única sessão de exercícios de força tem demonstra<strong>do</strong><br />
signifi cativos aumentos na concentração de testosterona e<br />
cortisol após uma sessão de treinamento para homens [27,28,<br />
10,29] e mulheres [27,30].
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Segun<strong>do</strong> Hanson et al. [31] os aumentos agu<strong>do</strong>s de testosterona<br />
proporciona<strong>do</strong>s pelo treinamento de força, apresentam<br />
fortes correlações com o aumento da força isométrica, mas<br />
não da força máxima.<br />
Os níveis de testosterona parecem ser potencializa<strong>do</strong>s com<br />
méto<strong>do</strong>s de cargas máximas (90 a 100% de 1RM), envolven<strong>do</strong><br />
grandes grupamentos musculares e longos perío<strong>do</strong>s de descanso (3<br />
min) entre as séries [32-34]. Assim como a testosterona, os níveis<br />
de cortisol são potencializa<strong>do</strong>s com cargas sub-máximas (60%<br />
a75% de 1RM) e perío<strong>do</strong>s curtos de descansos (1min) [35,34].<br />
O número de séries, assim como o número de repetições<br />
emprega<strong>do</strong> dentro de uma sessão de treinamento, parece exercer<br />
maior infl uência sobre as concentrações sanguíneas de cortisol a<br />
de testosterona, pois quanto maior o número de séries e repetições,<br />
maiores quantidades de cortisol será produzi<strong>do</strong> pelo organismo<br />
sen<strong>do</strong> que os níveis de testosterona pouco se alteram em<br />
relação ao número de séries e repetições [35]. Da mesma forma<br />
Ostrowski et al. [36] relatam que um grande número de séries<br />
(12 séries: 4séries de supino reto, 4séries de supino declina<strong>do</strong><br />
e 4 séries de supino inclina<strong>do</strong>) para o mesmo grupo muscular,<br />
dentro de uma mesma sessão de treinamento, pode proporcionar<br />
uma troca na relação testosterona/cortisol. Por outro la<strong>do</strong>, apenas<br />
1 série por grupamento muscular não é tão efi ciente quanto 3<br />
séries, para estimular o aumento da relação testosterona/cortisol,<br />
imediatamente após a sessão de treinamento [28].<br />
Um treinamento de volume balancea<strong>do</strong> com alta intensidade<br />
parece ser a melhor estratégia para potencializar os níveis<br />
de testosterona e possivelmente diminuir os níveis de cortisol,<br />
imediatamente após o exercício. Porém, Fry et al. [37] não<br />
descartam a importância <strong>do</strong> alto volume de treinamento no<br />
inicio da preparação, tanto para atletas iniciantes como para<br />
atletas experientes.<br />
Em contradição, existem estu<strong>do</strong>s na literatura no qual o<br />
treinamento de força não proporcionou mudanças na concentração<br />
de testosterona após a sessão de treino tanto em<br />
homens [33,14] como em mulheres [38,34].<br />
Os resulta<strong>do</strong>s parecem ser confl itantes, pois os estu<strong>do</strong>s<br />
apresentam diferentes meto<strong>do</strong>logias principalmente envolven<strong>do</strong><br />
diferentes intensidades, que na maioria <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s não<br />
são máximas, possivelmente não proporcionan<strong>do</strong> mudanças<br />
signifi cativas nos níveis hormonais. Além disso, deve ser levada<br />
em consideração a variação fi siológica relativa à dieta, ritmos<br />
biológicos, estresse, <strong>do</strong>enças não endócrinas, problemas de coleta<br />
de amostras e interferências meto<strong>do</strong>lógicas que podem ser<br />
de várias origens e incluem anticorpos heterófi los, anticorpos<br />
endógenos anti-hormonais, entre outros [39].<br />
Respostas hormonais crônicas ao treinamento de<br />
força<br />
Pesquisas vêem demonstran<strong>do</strong> que os níveis basais de<br />
testosterona e cortisol parecem não se alterar em homens<br />
jovens com pouca experiência com treinamento de força<br />
[27,20,40,31], homens i<strong>do</strong>sos [41] e mulheres i<strong>do</strong>sas [42,43].<br />
59<br />
Por outro la<strong>do</strong>, alguns estu<strong>do</strong>s têm demonstra<strong>do</strong> um fator<br />
favorável para o anabolismo muscular mesmo sem ocorrer<br />
aumentos nos níveis basais de testosterona, através da queda<br />
nos níveis basais de cortisol sanguíneo em homens jovens [28]<br />
i<strong>do</strong>sos [44,45] e mulheres jovens [38], após a aderência ao<br />
treinamento de força de no mínimo 8 semanas.<br />
Embora Kraemer et al. [25] não tenham encontra<strong>do</strong> mudanças<br />
nos níveis basais de testosterona com um treinamento<br />
de força, ocorreram acréscimos signifi cativos de testosterona<br />
com treinamento aeróbio associa<strong>do</strong> com de força após 12<br />
semanas, mas negativamente o cortisol também teve um<br />
grande acréscimo.<br />
Porém, Kraemer et al. [45] verifi caram que 10 semanas de<br />
treinamento de força parece proporcionar aumentos basais signifi<br />
cativos de testosterona livre para homens de meia idade, com<br />
pouca experiência em treinamento de força, haven<strong>do</strong> também<br />
um pequeno decréscimo de cortisol. Da mesma forma, em outro<br />
artigo, os investiga<strong>do</strong>res encontraram aumentos signifi cativos de<br />
testosterona após 12 semanas de treinamento de força, usan<strong>do</strong> um<br />
programa em circuito de baixo volume e um outro periodiza<strong>do</strong> de<br />
alto volume, sen<strong>do</strong> que os níveis de testosterona continuaram a<br />
aumentar por mais 12 semanas, apenas para o grupo periodiza<strong>do</strong><br />
(Fig 1), sen<strong>do</strong> que no grupo circuito os níveis de cortisol não se<br />
alteraram em nenhum momento e no grupo periodiza<strong>do</strong> teve um<br />
decréscimo progressivo de cortisol durante as 24 semanas (Fig.2),<br />
proporcionan<strong>do</strong> uma ótima relação testosterona/cortisol.<br />
Figura 1 - Concentrações basais de testosterona durante 24 semanas<br />
de treinamento de força.<br />
Controle Circuito Periodiza<strong>do</strong><br />
Pré-Treino. 12 semanas. 24 semanas.<br />
Figura 2- Efeitos <strong>do</strong> treinamento circuito e periodiza<strong>do</strong>, nas<br />
concentrações basais de testosterona em mulheres jovens.*P
60<br />
Tsolakis et al. [46] também encontraram aumentos basais<br />
signifi cativos nas concentrações sanguíneos de testosterona em<br />
garotos de 11 a 14 anos de idade após 2 meses de treinamento.<br />
E surpreendentemente os níveis de testosterona alcança<strong>do</strong>s<br />
não diminuíram com mais 2 meses de destreino, quan<strong>do</strong><br />
compara<strong>do</strong> ao grupo controle.<br />
Segun<strong>do</strong> Fry at al. [37] duas semanas de treinamento de alta<br />
intensidade (100% de 1RM) realiza<strong>do</strong> por 6 dias na semana<br />
não alteram os níveis basais de testosterona proporcionan<strong>do</strong><br />
aumentos apenas imediatamente após o treino, mas esse tipo de<br />
treinamento proporcionou uma intensidade de 11% da força<br />
máxima caracterizan<strong>do</strong> overtraining. Por este motivo, Bompa<br />
[47] limita o treinamento de força máxima em 3 sessões semanais,<br />
por no máximo nove semanas consecutivas e com poucas<br />
sessões diárias de treinamento de força máxima, admitin<strong>do</strong><br />
desta forma signifi cativos aumentos na produção natural de<br />
testosterona, conseqüentemente aumentan<strong>do</strong> os níveis de força.<br />
É o que demonstra, também, o estu<strong>do</strong> feito por Fry et al. [37]<br />
com levanta<strong>do</strong>res de peso de elite e ama<strong>do</strong>res. Inicialmente os<br />
atletas realizavam de 3 a 4 sessões por dia de treinamento de<br />
força máxima, vin<strong>do</strong> a realizar posteriormente 1 a 2 sessões por<br />
dia, aumentan<strong>do</strong> signifi cativamente os níveis de testosterona<br />
em relação ao cortisol, e, além disso, os atletas de elite tiveram<br />
uma grande relação com desempenho na competição após<br />
reduzirem o volume de treinamento.<br />
A periodização <strong>do</strong> treinamento de força parece ser fundamental<br />
na modulação <strong>do</strong>s níveis hormonais, e conseqüentemente,<br />
na potencialização da força muscular.<br />
Conclusão<br />
As mudanças nos níveis de testosterona e cortisol induzidas<br />
pelo exercício físico ainda não estão bem esclarecidas; pois, as<br />
diversas interações (hora <strong>do</strong> dia, alimentação, tipo de exercício,<br />
esta<strong>do</strong> de treinamento <strong>do</strong> indivíduo, idade, esta<strong>do</strong> emocional,<br />
sexo etc.) que envolve o treinamento físico, difi cultam o entendimento<br />
das respostas hormonais perante o exercício físico. De<br />
qualquer mo<strong>do</strong>, a testosterona parece aumentar após sessões<br />
curtas e intensas de treinamento, principalmente de força,<br />
assim como o cortisol parece aumentar com sessões longas e<br />
intensas de treinamento, principalmente aeróbio. Além disso,<br />
programas periodiza<strong>do</strong>s de treinamento de força parecem ser a<br />
melhor estratégia para aumentar os níveis basais de testosterona<br />
e diminuir os níveis basais de cortisol, proporcionan<strong>do</strong>, assim,<br />
um esta<strong>do</strong> anabólico favorável em repouso. Em to<strong>do</strong> os caso<br />
novos estu<strong>do</strong>s devem ser realiza<strong>do</strong>s, consideran<strong>do</strong> principalmente<br />
populações i<strong>do</strong>sas, que difi cilmente sofrem alterações<br />
hormonais perante o exercício físico e o aumento da massa<br />
muscular raramente é signifi cativo.<br />
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49.
62<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Estu<strong>do</strong> de caso<br />
O treinamento de resistência com pesos em circuito<br />
de intensidade moderada melhora a capacidade<br />
cardiorrespiratória e diminui gordura corporal<br />
Resistance training at moderate intensity on the cardio-respiratory<br />
capacity and body composition<br />
Roberto Pacheco da Silva*, Antonio Coppi Navarro*<br />
*Programa de Pós-Graduação Lato-Sensu da Universidade Gama Filho – <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício: Prescrição de Exercício<br />
Resumo<br />
Verificou-se a influência <strong>do</strong> treinamento de resistência de<br />
intensidade moderada na capacidade cardiorrespiratória e gordura<br />
corporal. O estu<strong>do</strong> contou com 2 participantes <strong>do</strong> sexo feminino,<br />
que realizaram exercícios em musculação durante o perío<strong>do</strong> de 8<br />
semanas. A condição aeróbia <strong>do</strong>s sujeitos foi aferida pelo teste <strong>do</strong><br />
Queen´s College. A composição corporal foi avaliada pelo protocolo<br />
de Penroe, Nelson e Fisher. Para a <strong>do</strong>sagem das cargas de treinamento<br />
utilizou-se <strong>do</strong> teste de repetições, sen<strong>do</strong> estes compara<strong>do</strong>s à<br />
tabela de percentual de intensidade. Os testes foram repeti<strong>do</strong>s antes<br />
<strong>do</strong> treinamento e após 4 e 8 semanas e compara<strong>do</strong>s por estatística<br />
descritiva. Houve diminuição <strong>do</strong> peso corporal total de 1,1Kg<br />
(1,56%) e 4,40 Kg (4,17%) para os sujeitos A e B, respectivamente;<br />
diminuição <strong>do</strong> percentual de gordura de 2,1% e 3,17%; diminuição<br />
da massa gorda de 1,75 kg (7,46%) e 5,74 Kg (9,42%) e diminuição<br />
de Índice de Massa Corporal de 0,41 Kg/m2 (1,55%) e 1,72 Kg/m2 (4,18%). Observou-se igualmente melhora na capacidade cardiorrespiratória<br />
(sujeitos A e B): aumento em VO Máximo Absoluto<br />
2<br />
de 0,1 l/min (3,48%) e 0,19 l/min (5,49%) e aumento em VO2 Máximo Relativo de 2,64 ml/Kg/min (6,43%) e 3,26 ml/Kg/min<br />
(9,87%). Conclui-se que o treinamento com pesos, com intensidade<br />
moderada, pode diminuir a massa gorda e melhorar a capacidade<br />
aeróbia <strong>do</strong>s praticantes.<br />
Palavras-chave: treinamento, treinamento de resistência, Vo , 2<br />
emagrecimento.<br />
Abstract<br />
Th e study observed the infl uence of resistance training at<br />
moderate intensity on the cardio-respiratory capacity and body<br />
composition. Two subjects performed resistance exercise programs<br />
during 8 weeks. Th e aerobic capacity was measured by the<br />
Queen´s College Test and the body composition by the Penroe,<br />
Nelson and Fisher protocol. Th e training workload was defi ned<br />
by tests of maximum repetition. Th e tests were repeated at baseline<br />
and after 4 and 8 weeks. Th e results showed for subjects A<br />
and B, respectively: reduction in body weight of 1,1Kg (1.56%)<br />
and 4.40Kg (4.17%); reduction of body fat of 2.1% and 3.17%;<br />
reduction of the fat mass of 1.75kg (7.46%) and 5.74Kg (9.42%),<br />
and reduction of Body Mass Index of 0.41Kg/m 2 (1.55%) and<br />
1,72Kg/m 2 (4.18%). Th e absolute VO 2 max improved 0,1l/min<br />
(3.48%) and 0,19l/min (5.49%) and the relative VO 2 max increased<br />
of 2.64ml/Kgmin (6.43%) and 3.26ml/Kgmin (9.87%). In<br />
conclusion, resistance training can induce improvement in the<br />
aerobic capacity and body composition<br />
Key-words: training, resistance training, Vo 2 , reduction.<br />
Recebi<strong>do</strong> em 10 de abril de 2006; aceito em 20 de setembro de 2006.<br />
Endereço para correspondência: Roberto Pacheco da Silva, Rua 20 de Setembro 1104, 94150-010 Gravataí, RS, E-mail: robertofisio@hotmail.com
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Introdução<br />
A baixa aptidão cardiorrespiratória é considerada fator<br />
de risco para todas as causas que levam a óbito por <strong>do</strong>enças<br />
crônico-degenerativas, mas, principalmente por enfermidades<br />
relacionadas ao sistema cardiovascular [1]. Tal qual a obesidade<br />
está inclusa nestes fatores de risco para diversas patologias<br />
como, diabetes mellitus, hipertensão arterial e cardiopatias em<br />
geral, e devi<strong>do</strong> a isso, têm-se busca<strong>do</strong> meios para prevenir o<br />
estabelecimento de tais quadros.<br />
O exercício físico está afi rma<strong>do</strong> e reconheci<strong>do</strong> como um<br />
<strong>do</strong>s principais mecanismos para prevenção de tais situações,<br />
que possam vir a afl igir a população, não só pela sua capacidade<br />
de combater a obesidade, por inserir aumentos no<br />
gasto calórico total enquanto sua prática, e assim reduzir a<br />
massa gorda, mas por gerar diversas adaptações fi siológicas ao<br />
organismo favoráveis a melhora da saúde. Adaptações estas<br />
que incluem melhora na capacidade muscular, por ganhos<br />
de força e resistência, e capacidade cardiorrespiratória <strong>do</strong>s<br />
praticantes.<br />
Diversos são os tipos de exercícios que podem ser pratica<strong>do</strong>s<br />
para atingir os mesmos fi ns, e tão grande quanto,<br />
é o número de maneira que o profi ssional da área da saúde<br />
possui para prescrevê-lo de mo<strong>do</strong> a orientar de maneira<br />
segura e efi caz. Neste senti<strong>do</strong>, e neste estu<strong>do</strong> abordaremos a<br />
musculação, por possuir méto<strong>do</strong>s de treinamento fáceis de<br />
serem assimila<strong>do</strong>s e seguros de serem pratica<strong>do</strong>s, além <strong>do</strong><br />
baixo custo de maneira geral.<br />
Por isso, o presente estu<strong>do</strong> tem por objetivo quantifi car<br />
a participação <strong>do</strong> treinamento de resistência com pesos em<br />
musculação nos ganhos de capacidade aeróbica (melhora<br />
no sistema cardiorrespiratório) <strong>do</strong>s praticantes, e apresentar<br />
mecanismos através destes, para diminuir a massa gorda total,<br />
e assim reduzir os fatores de risco para a saúde e melhorar a<br />
qualidade de vida <strong>do</strong> praticante desse exercício.<br />
A estrutura e o funcionamento <strong>do</strong> sistema cardiorrespiratório<br />
O sistema cardiorrespiratório é uma combinação de <strong>do</strong>is<br />
sistemas fi siológicos distintos e interliga<strong>do</strong>s entre si; são eles:<br />
o sistema respiratório e o sistema cardiovascular. De acor<strong>do</strong><br />
com Powers e Howley [2], o sistema respiratório forma-se por<br />
um conjunto de estruturas que tem por fi nalidade o transporte<br />
de ar para dentro <strong>do</strong>s pulmões.<br />
As trocas gasosas ocorridas no sistema respiratório<br />
(O 2 \CO 2 ) são apenas possíveis por uma mecânica muscular<br />
complexa chamada de Ventilação. A ventilação está dividida<br />
em duas fases distintas: a fase da inspiração, na qual o ar é<br />
força<strong>do</strong> <strong>do</strong> ambiente externo para dentro <strong>do</strong>s pulmões, e<br />
a fase da expiração, em que o ar por sua vez é ejeta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
pulmões para meio.<br />
Nos estu<strong>do</strong>s de Robergs e Roberts [3], o oxigênio sangüíneo<br />
é transporta<strong>do</strong> através da ligação com a hemoglobina.<br />
63<br />
A hemoglobina é uma proteína encontrada nos eritrócitos<br />
(células vermelhas) e cada molécula tem a capacidade de<br />
transportar até quatro moléculas de oxigênio. O dióxi<strong>do</strong><br />
de carbono (CO ) é transporta<strong>do</strong> no sangue sob a forma de<br />
2<br />
- bicarbonato (HCO ), advin<strong>do</strong> <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> carbônico dissocia<strong>do</strong><br />
3<br />
- + em HCO + H . 3<br />
No músculo esquelético a Mioglobina têm a função de<br />
transporta<strong>do</strong>ra de O . Esta é uma molécula semelhante à<br />
2<br />
hemoglobina, mas possui afi nidade maior ao oxigênio e sua<br />
curva de dissociação encontra-se em um patamar mais eleva<strong>do</strong>.<br />
A mioglobina funciona como uma lançadeira intermediária de<br />
oxigênio para o interior da mitocôndria, sen<strong>do</strong> encontrada em<br />
grandes quantidades em fi bras de contração lenta. Os estoques<br />
de O conecta<strong>do</strong>s a mioglobina servem como uma espécie de<br />
2<br />
reserva de oxigênio ao músculo no perío<strong>do</strong> de transição <strong>do</strong><br />
repouso ao exercício, uma vez que leva algum tempo para<br />
o sistema cardiorrespiratório suprir a demanda de oxigênio<br />
necessário para a contração muscular [2].<br />
A aptidão cardiorrespiratória e VO 2<br />
A aptidão cardiorrespiratória está relacionada à capacidade<br />
de realizar um exercício dinâmico de intensidade moderada<br />
a alta com grandes grupos musculares por longos perío<strong>do</strong>s<br />
de tempo. A realização desse exercício depende <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />
funcional <strong>do</strong>s sistemas respiratório, cardiovascular e musculoesquelético<br />
[4].<br />
Segun<strong>do</strong> ACSM [4], o consumo máximo de oxigênio<br />
(VO 2máx. ) é a medida que mensura a aptidão respiratória, sen<strong>do</strong><br />
ela o produto <strong>do</strong> débito cardíaco pela diferença arteriovenosa<br />
de oxigênio. Portanto o VO 2máx. também expressa a capacidade<br />
funcional <strong>do</strong> coração.<br />
Para Lindstedt e Conley [5], o VO 2 depende de <strong>do</strong>is<br />
fatores: a quantidade usual de mitocôndria e a capilarização<br />
muscular para transporte. Sen<strong>do</strong> assim, o resulta<strong>do</strong> fi nal <strong>do</strong><br />
aumento <strong>do</strong> VO 2 é o aumento proporcional da capacidade<br />
mitocondrial de utilizar O 2 e da quantidade de capilares no<br />
músculo.<br />
Um programa de exercícios regulares produz signifi cativas<br />
adaptações no músculo esquelético tornan<strong>do</strong> evidente<br />
o aumento de sua capacidade oxidativa. Uma das maiores<br />
implicações na melhora <strong>do</strong> volume mitocondrial, através da<br />
atividade física, para a população sedentária, é a melhora na<br />
qualidade de vida, por explicitar um aumento em sua independência<br />
funcional [6].<br />
Segun<strong>do</strong> Bosco et al. [7], o exercício físico além <strong>do</strong>s<br />
benefícios fi siológicos como a melhora da função cardiorrespiratória<br />
possui efeitos benéfi cos a nível psicológico sobre o<br />
indivíduo, tais como: diminuição <strong>do</strong> estresse, diminuição <strong>do</strong><br />
tabagismo, etc. Levan<strong>do</strong> assim, a um ganho em qualidade de<br />
vida total e funcional.<br />
Para Foss apud Bosco et al. [7], afi rma que o exercício<br />
físico contribui para melhorar a distribuição de oxigênio<br />
na relação célula-capilar, em função da redução <strong>do</strong>
64<br />
hematócrito (aumento da volemia sangüínea) e elevação<br />
na plasticidade <strong>do</strong> eritrócito, ocasionan<strong>do</strong> melhoras na<br />
circulação sistêmica.<br />
Um programa de exercícios físicos estrutura<strong>do</strong>s e controla<strong>do</strong>s<br />
gera ganhos no transporte, captação e utilização de O 2<br />
no sistema cardiovascular [7].<br />
A composição corporal<br />
A obesidade pode ser considerada como o acúmulo de<br />
teci<strong>do</strong> gorduroso pelo corpo to<strong>do</strong>, causa<strong>do</strong> por <strong>do</strong>enças<br />
genéticas, endócrino-metabólicas ou por alterações nutricionais<br />
[8].<br />
Além disso, já foi <strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong> a associação de <strong>do</strong>enças<br />
cardiovasculares e distúrbios metabólicos a níveis eleva<strong>do</strong>s de<br />
adiposidade. Entretanto, os estu<strong>do</strong>s têm evidencia<strong>do</strong> que os<br />
exercícios físicos regulares, com objetivo de emagrecimento,<br />
diminuem a massa corporal total e minimizam a chance <strong>do</strong><br />
surgimento de tais <strong>do</strong>enças [9].<br />
Outro ponto importante para o surgimento de <strong>do</strong>enças<br />
metabólicas, também associadas aos níveis de gordura, é o envelhecimento.<br />
Segun<strong>do</strong> Ito apud Raso [9], o envelhecimento<br />
é caracteriza<strong>do</strong> por além da perda da massa corporal magra,<br />
o aumento da adiposidade.<br />
Com a idade uma grande quantidade de fi bras musculares<br />
é perdida, isto é defi ni<strong>do</strong> como sarcopenia; e signifi ca uma<br />
atrofi a muscular. Muitas vezes está relacionada a disfunções<br />
mitocondriais. A diminuição da capacidade oxidativa <strong>do</strong><br />
músculo pela idade aumenta o número de EROS (espécies<br />
reativas ao oxigênio), ou seja, radicais livres [6].<br />
Aproximadamente 1–20% <strong>do</strong> oxigênio capta<strong>do</strong> pela célula<br />
é transforma<strong>do</strong> em EROS, entretanto, o exercício físico de<br />
resistência (baixas intensidades e grandes volumes) possui a<br />
capacidade de aumentar a quantidade e qualidade mitocondrial,<br />
produzin<strong>do</strong> assim maior resistência à fadiga [6].<br />
Além disto, Meirelles e Gomes [10] ressaltam que as<br />
atividades contra resistência têm si<strong>do</strong> apontadas pelos<br />
estu<strong>do</strong>s como mecanismo de aumento <strong>do</strong> gasto energético<br />
total de um indivíduo. Tanto pelo próprio dispêndio para<br />
sua realização quanto em seu perío<strong>do</strong> de recuperação (efeito<br />
EPOC).<br />
O treinamento de musculação<br />
Segun<strong>do</strong> Uchida et al. [11], o músculo esquelético é um<br />
teci<strong>do</strong> com capacidade incrivelmente adaptativa aos estímulos<br />
(estresse) ofereci<strong>do</strong>s pelo treinamento físico. Treinamento que<br />
concerne em processos contínuos de contrações musculares,<br />
que perduram por determina<strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s de tempo. Toda<br />
célula tem a capacidade de adaptar-se, contan<strong>do</strong> que tal estímulo<br />
não esteja acima da sua potencialidade adaptativa. E<br />
isto não é diferente para o treinamento de força, que por sua<br />
vez, acarreta em mudanças tanto no ambiente interno quanto<br />
externo da fi bra muscular.<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Dentro das variáveis a serem combinadas para prescrição<br />
<strong>do</strong> exercício de força podemos citar algumas principais:<br />
o número de séries, os intervalos, o tipo de exercícios e a<br />
ordem <strong>do</strong>s mesmos dentro <strong>do</strong> treinamento. Sen<strong>do</strong> estes,<br />
dispostos em diferentes formas para atingir diferentes resulta<strong>do</strong>s<br />
[12].<br />
Tais mecanismos podem ser resumi<strong>do</strong>s em duas características<br />
principais <strong>do</strong> treinamento em musculação: volume<br />
e intensidade <strong>do</strong>s exercícios. Sen<strong>do</strong> que estas se encontram<br />
normalmente dispostas de forma inversamente proporcionais<br />
uma à outra, ou seja, quanto maior uma menor a outra e<br />
vice-versa.<br />
Neste senti<strong>do</strong> o volume de treinamento tem si<strong>do</strong> aponta<strong>do</strong><br />
pela literatura como a variável que acarreta o maior impacto<br />
sobre o gasto energético durante a realização da atividade,<br />
enquanto a intensidade de exercício atua diretamente sobre<br />
o EPOC [10].<br />
De acor<strong>do</strong> com a lei da especifi cidade, o treinamento de<br />
resistência muscular e o treinamento contínuo produzem<br />
adaptações diferentes ao músculo. Porém, um ponto em<br />
comum que estas distintas modalidades apresentam, ambas<br />
transformam fi bras <strong>do</strong> tipo IIb em fi bras <strong>do</strong> tipo IIa [13].<br />
De acor<strong>do</strong> com Tanaka e Swensen [13], o treinamento de<br />
resistência, em sedentários, eleva o limiar de lactato durante<br />
exercícios de ciclismo. E, em indivíduos sedentários e treina<strong>do</strong>s,<br />
exercícios de resistências em separa<strong>do</strong>s ou combina<strong>do</strong>s<br />
com ciclismo ou corrida, melhora a capacidade para realização<br />
para treinamentos contínuos.<br />
Campos et al. [14] realizou estu<strong>do</strong> com quatro grupos<br />
distintos realizan<strong>do</strong> treinamento em musculação; o primeiro<br />
com poucas repetições e alta carga (3-5 RMs), o segun<strong>do</strong> com<br />
moderadas repetições e carga (9-11 RMs), o terceiro com altas<br />
repetições e baixa carga (20-28 RMs) e o quarto como sen<strong>do</strong><br />
grupo controle. Atingiu como resulta<strong>do</strong>s: o grupo com altas<br />
repetições obteve o melhor ganho em capacidade aeróbica e<br />
aumento em tempo de exaustão no exercício; to<strong>do</strong>s os grupos<br />
diminuíram o número de fi bras IIb e aumentaram o número<br />
de fi bras IIa; o grupo que treinou com altas repetições obteve<br />
o maior ganho na capacidade aeróbica e elevação no tempo<br />
de exaustão ao exercício pela melhor adaptação à contrações<br />
prolongadas à nível submáximo de treinamento.<br />
Jacobs, Nash e Rusinowski [15] comprovaram ganhos<br />
em capacidade cardiorrespiratória, tempo de exercício para<br />
fadiga, força isométrica e força muscular concêntrica e<br />
excêntrica, em pessoas paraplégicas (lesão medular entre<br />
T5-L1) após <strong>do</strong>ze semanas de treinamento em circuito,<br />
com moderadas intensidades, volumes e curtos espaços<br />
para recuperação.<br />
Materiais e méto<strong>do</strong>s<br />
Sujeitos - Participaram da pesquisa <strong>do</strong>is sujeitos <strong>do</strong> sexo<br />
feminino, conforme respectivos perfi s são apresenta<strong>do</strong>s a<br />
seguir na Tabela I.
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Tabela I<br />
Sujeito A B<br />
Idade 35 anos 29 anos<br />
Peso 70 Kg 105,30 Kg<br />
Estatura 1,63 metros 1,60 metros<br />
FC Repouso 59 Bpm 83 Bpm<br />
Percentual gordura 33,48% 57,82%<br />
Peso gor<strong>do</strong> 23,46Kg 60,88Kg<br />
Peso magro 46,57Kg 40,75Kg<br />
IMC 26,4 Kg/m 2 41,13 Kg/m 2<br />
VO2 Máx Absoluto 2,87 l/min 3,46 l/min<br />
VO2 Máx Relativo 41 ml/Kg/min 33 ml/Kg/min<br />
Ambos sujeitos são moderadamente ativos, onde já vivenciavam<br />
trabalhos em musculação e estavam familiariza<strong>do</strong>s<br />
à rotina de exercícios e treinamentos. Ambos não possuem<br />
restrição médica em relação à atividade física proposta no<br />
trabalho e não alteraram seus hábitos alimentares. O sujeito<br />
B, apesar de negativo para <strong>do</strong>enças cardio-pulmores, até metade<br />
<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> destina<strong>do</strong> para a pesquisa era fumante, após<br />
o primeiro mês de treinamento aban<strong>do</strong>nou o uso <strong>do</strong> cigarro,<br />
o que pode ocasionar alteração nos da<strong>do</strong>s; porém, não foi<br />
possível constatar se tal hipótese é verdadeira.<br />
Materiais e méto<strong>do</strong>s<br />
Após a seleção <strong>do</strong>s sujeitos participantes da pesquisa foi<br />
realiza<strong>do</strong> questionamento sobre impedimento médico e<br />
disposição quanto à adesão ao procedimento a ser efetua<strong>do</strong>.<br />
Confi rma<strong>do</strong> isto, foram feitos testes para avaliação da composição<br />
corporal, capacidade aeróbica e força máxima.<br />
A massa corporal e a estatura foram aferidas utilizan<strong>do</strong>se<br />
de uma balança da marca Welmy, modelo R-110. Para<br />
identifi cação da composição corporal, utilizou-se o protocolo<br />
de Penroe, Nelson e Fisher (1985), com o qual foi possível<br />
aferir o percentual de gordura <strong>do</strong>s sujeitos avalia<strong>do</strong>s. O IMC<br />
foi aferi<strong>do</strong> e compara<strong>do</strong> conforme a tabela de referências <strong>do</strong><br />
American College of Sports Medicine [4]. Para verifi cação<br />
de VO 2 Máx, utilizou-se o Protocolo <strong>do</strong> Queen College, de<br />
McArdle et al., (1981) – Teste <strong>do</strong> Degrau; que de acor<strong>do</strong> com<br />
o estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> por Sousa e Pellegrinotti [16], é váli<strong>do</strong><br />
e pode predizer com fi dedignidade o VO 2 Máximo como<br />
servin<strong>do</strong> de parâmetro da avaliação cardiorrespiratória na<br />
ergometria.<br />
Para mensurar a força máxima <strong>do</strong>s indivíduos e, assim,<br />
projetar a intensidade de treinamento, foi utiliza<strong>do</strong> o teste<br />
de repetições máximas e comparadas à tabela de referência<br />
percentual conforme exposto por Uchida et al.[11], para<br />
assim delimitar carga máxima proporcional de 1 RM. Para<br />
tal foram testa<strong>do</strong>s os seguintes exercícios: supino, puxada<br />
pela frente, leg-press, extensão de joelhos, fl exão de joelhos<br />
e rosca direta. Os testes e treinamentos foram realiza<strong>do</strong>s em<br />
maquinário próprio para atividades físicas em musculação da<br />
marca World Sculptor, linha Active Line.<br />
65<br />
De acor<strong>do</strong> com as recomendações de Bean [17], os treinamentos<br />
em circuito e séries intervaladas em geral são ideais<br />
para pessoas que tem por fi nalidade aumentar o tônus muscular<br />
e melhorar a força de to<strong>do</strong>s os músculos. São exercícios<br />
em que se realizam séries ininterruptamente deixan<strong>do</strong> pouco<br />
ou nenhum tempo de intervalo entre eles, arranja<strong>do</strong> de forma<br />
a trabalhar diferentes grupos musculares consecutivamente,<br />
permitin<strong>do</strong> que se mantenha o treino continuamente sem<br />
fadigar um grupo muscular específi co, estimulan<strong>do</strong> mais a<br />
resistência <strong>do</strong> que a força muscular.<br />
Dias et al. [18], em estu<strong>do</strong>s com homens e mulheres saudáveis<br />
e moderadamente ativas, passan<strong>do</strong> por treinamentos<br />
em musculação, realizan<strong>do</strong> dez exercícios na freqüência de três<br />
vezes semanais, durante oito semanas, comprovou aumento<br />
de força muscular e aumento no somatório total das cargas<br />
levantadas. Neste mesmo estu<strong>do</strong>, pode-se observar que, apesar<br />
de os <strong>do</strong>is grupos apresentarem melhoras, as mulheres obtiveram<br />
ganhos mais signifi cativos ao longo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>.<br />
Com base nestes da<strong>do</strong>s, o perío<strong>do</strong> de treinamento <strong>do</strong><br />
presente estu<strong>do</strong> constou com o total de oito semanas de<br />
duração.<br />
Os sujeitos foram avalia<strong>do</strong>s ao início (0 semanas), no<br />
meio (4 semanas) e ao fi nal <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de treinamento (8<br />
semanas).<br />
O treinamento foi desenvolvi<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com a seguinte<br />
planifi cação:<br />
Mesociclo I: 13/03/06 - 07/04/06<br />
Microciclo I – Introdutório: (13/03/06 – 25/03/06) - Treinamento<br />
em circuito, 4 exercícios por estação; Intensidade de<br />
treino: 15 RMS (65% - 1 RM); FC média: 60 – 65% da máxima.<br />
Microciclo II – Condicionante: (27/03/06 – 31/03/06)<br />
- Séries em Bi-Set intervala<strong>do</strong> ativamente; Intensidade de<br />
treino: 15 RMS (65% - 1 RM); FC média: 70 – 80% da máxima.<br />
Microciclo III – Choque: (03/04/06 – 07/04/06) - Série<br />
em circuito, 5 exercícios por estação; Intensidade de treino:<br />
10 RMS (75% de 1 RM); FC média: >80% da máxima.<br />
Mesociclo II: 10/04/06 – 06/05/06<br />
Microciclo I – Regenerativo: (10/04/06 – 14/04/06) - Treinamento<br />
com intervalo ativo, Bi-set agonista e antagonista;<br />
Intensidade de treino: 15 RMS (65% de 1 RM); FC média: 60<br />
– 65% da máxima. Microciclo II – Condicionante: (17/04/06<br />
– 28/04/06) - Séries em Tri-Set, alterna<strong>do</strong> por grupo muscular,<br />
intervala<strong>do</strong> ativamente; Intensidade de treino: 15 RMS<br />
(65% - 1 RM); FC média: 70 – 80% da máxima. Microciclo<br />
III – Choque: (01/05/06 – 06/05/06) - Série em circuito, 5<br />
exercícios por estação; Intensidade de treino: 10 RMS (67<br />
– 75% de 1 RM); FC média: >80% da máxima.<br />
Para calcular a freqüência <strong>do</strong>s treinamentos cardíaca<br />
utilizou-se a fórmula de Karvonen et al., (1957). O monitoramento<br />
cardíaco, tanto nos testes quanto durante os treinos<br />
foram feitos utilizan<strong>do</strong>-se de monitor cardíaco marca Oregon,<br />
modelo HR 102.
66<br />
A cada sessão de treino os sujeitos realizavam dez minutos<br />
de caminhada em esteira para aquecimento geral, em freqüência<br />
cardíaca abaixo de 60% da máxima prevista.<br />
O sujeito A realizou exercícios na freqüência semanal de<br />
três vezes, enquanto o sujeito B realizou exercícios quatro<br />
vezes semanais.<br />
Resulta<strong>do</strong>s<br />
Na Tabela II e III, encontra-se o acompanhamento avaliativo<br />
para sujeitos A e B ao longo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de treinamento.<br />
Avaliação 1 (Início <strong>do</strong> macrociclo), Avaliação 2 (4 semanas),<br />
Avaliação 3 (fi nal <strong>do</strong> macrociclo – 8 semanas).<br />
Tabela II<br />
Sujeito A Avaliação 1 Avaliação 2 Avaliação 3<br />
Peso 70,20 69,50 69,10<br />
% Gordura 33,48 32,64 31,38<br />
Peso gor<strong>do</strong> 23,43 22,68 21,68<br />
IMC 26,41 26,22 26,00<br />
VO 2 Absoluto 2,87 2,95 2,97<br />
VO 2 Relativo 41,00 42,16 43,64<br />
Tabela III<br />
Sujeito B Avaliação 1 Avaliação 2 Avaliação 3<br />
Peso 105,30 101,90 100,90<br />
% Gordura 57,82 55,86 54,65<br />
Peso gor<strong>do</strong> 60,88 56,92 55,14<br />
IMC 41,13 39,80 39,41<br />
VO2 Absoluto 3,46 3,54 3,65<br />
VO2 Relativo 33,00 34,78 36,26<br />
Nas Tabelas II e III podemos observar como evolui o<br />
quadro geral <strong>do</strong>s sujeitos <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> em relação aos parâmetros<br />
avalia<strong>do</strong>s: peso (em Kg), % gordura, peso gor<strong>do</strong> (em Kg),<br />
IMC (Índice de Massa Corporal – em Kg/m 2 ), Vo 2 Absoluto<br />
(em ml/min) e Vo 2 Relativo (em ml/Kg/min).<br />
Tabela IV – Desvios <strong>do</strong> peso para sujeitos A e B.<br />
Sujeito A Avaliação 2 Avaliação 3 Total<br />
Peso 0,7 (0,99%) 0,4 (0,57%) 1,1 (1,56%)<br />
Sujeito B Avaliação 2 Avaliação 3 Total<br />
Peso 3,40 (3,2%) 1,0 (0,98%) 4,40 (4,17%)<br />
Tabela V – Desvios <strong>do</strong> percentual de gordura para sujeitos A e B.<br />
Sujeito A Avaliação 2 Avaliação 3 Total<br />
% Gordura 0,84 (2,5%) 1,26 (0,79%) 2,1 (6,27%)<br />
Sujeito B Avaliação 2 Avaliação 3 Total<br />
% Gordura 1,96 (3,38%) 1,21 (2,16%) 3,17 (5,48%)<br />
Tabela VI – Desvios <strong>do</strong> peso gor<strong>do</strong> para sujeitos A e B.<br />
Sujeito A Avaliação 2 Avaliação 3 Total<br />
Peso Gor<strong>do</strong> 0,75 (3,20%) 1,00 (4,40%) 1,75 (7,46%)<br />
Sujeito B Avaliação 2 Avaliação 3 Total<br />
Peso Gor<strong>do</strong> 3,96 (6,5%) 1,78 (3,12%) 5,74 (9,42%)<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Tabela VII - Desvios <strong>do</strong> IMC para sujeitos A e B.<br />
Sujeito A Avaliação 2 Avaliação 3 Total<br />
IMC 0,19 (0,71%) 0,22 (0,83%) 0,41 (1,55%)<br />
Sujeito B Avaliação 2 Avaliação 3 Total<br />
IMC 1,33 (3,23%) 0,39 (0,97%) 1,72 (4,18%)<br />
Tabela VIII - Desvios <strong>do</strong> VO 2 absoluto para sujeitos A e B.<br />
Sujeito A Avaliação 2 Avaliação 3 Total<br />
VO 2 Absoluto 0,08 (2,98%) 0,02 (0,67%) 0,1 (3,48%)<br />
Sujeito B Avaliação 2 Avaliação 3 Total<br />
VO 2 Absoluto 0,08 (2,31%) 0,11 (3,10%) 0,19 (5,49%)<br />
Tabela IX - Desvios <strong>do</strong> VO 2 relativo para sujeitos A e B.<br />
Sujeito A Avaliação 2 Avaliação 3 Total<br />
VO 2 Relativo 1,116 (2,82%) 1,48 (2,79%) 2,64 (6,43%)<br />
Sujeito B Avaliação 2 Avaliação 3 Total<br />
VO 2 Relativo 1,78 (5,39%) 1,48 (4,25%) 3,26 (9,87%)<br />
Discussão<br />
Diversos estu<strong>do</strong>s têm aponta<strong>do</strong> o exercício como um <strong>do</strong>s<br />
fatores principais para aquisição e manutenção da saúde,<br />
prevenin<strong>do</strong> <strong>do</strong>enças, utiliza<strong>do</strong> nos tratamentos de reabilitação<br />
e melhoria na performance de atletas e praticantes de atividades<br />
físicas. Corroboram com esta idéia [6,7] em seus estu<strong>do</strong>s<br />
sobre os efeitos fi siológicos no sistema cardiorrespiratório e<br />
adaptações musculares em praticantes de exercícios físicos.<br />
Meirelles e Gomes [10] relatam que o exercício é um real<br />
potencializa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> gasto energético tanto pelo seu consumo<br />
durante a prática quanto pelo efeito EPOC. Confi rman<strong>do</strong><br />
o que Hauser, Benetti e Rebelo [19] explanam em seus<br />
estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s com homens e mulheres, que o exercício<br />
com pesos aumentam efetivamente o gasto calórico total e<br />
ajudam na redução <strong>do</strong> percentual de gordura. Neste senti<strong>do</strong><br />
temos a Position Stand <strong>do</strong> ACSM [20], no qual refere que<br />
a intensidade <strong>do</strong> exercício infl ui na magnitude da mudança<br />
no sistema cardiorrespiratório, e que treinos de resistência são<br />
indica<strong>do</strong>s para emagrecimento, pois aumentam massa magra<br />
e potencializam perda de massa gorda.<br />
O presente estu<strong>do</strong> estratifi cou mudanças na morfologia<br />
corporal <strong>do</strong>s participantes, expon<strong>do</strong> mudanças na redução<br />
<strong>do</strong> peso corporal total, redução no IMC, diminuição no<br />
percentual de gordura e no peso bruto da gordura. Estes<br />
da<strong>do</strong>s vêm a confi rmar as evidências expostas por Winett e<br />
Carpinelli [21] que registram que exercícios físicos reduzem<br />
o risco de <strong>do</strong>ença relacionadas à obesidade central (gordura<br />
visceral). Ross et al. apud Winett e Carpinelli [21], relata<br />
40% na redução na gordura visceral em jovens obesos que<br />
seguiram dieta com restrição calórica e pequeno volume de<br />
exercícios de resistência.<br />
Brasil et al. [22] apontam em seus estu<strong>do</strong>s que o treinamento<br />
físico contra resistência apresenta benefícios em relação<br />
à composição corporal e a potência muscular em pessoas<br />
defi cientes de GH (hormônio <strong>do</strong> crescimento). Estu<strong>do</strong> este
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
realiza<strong>do</strong> com 11 pacientes defi citários de GH aumentaram a<br />
potência muscular e diminuíram somatório de <strong>do</strong>bras cutâneas<br />
após 12 semanas de treinamento. Neste mesmo parâmetro,<br />
encontramos os estu<strong>do</strong>s de Tanaka e Swensen [13] Campos<br />
et al. [14] os quais encontraram mudanças em fi bras musculares<br />
<strong>do</strong> tipo IIb para IIa após treinamento com resistências<br />
variadas, e comprovan<strong>do</strong> que estas mesmas intensidades,<br />
elevam limiar de lactato e melhoram capacidade aeróbica em<br />
atletas de corrida e ciclismo. Resulta<strong>do</strong>s estes semelhantes aos<br />
encontra<strong>do</strong>s por Jacobs, Nash e Rusinowski [15] os quais<br />
explanaram seus trabalhos com paraplégicos.<br />
Jung [23] afi rma que o limiar de lactato é aumenta<strong>do</strong> em<br />
corre<strong>do</strong>res destreina<strong>do</strong>s, e; em corre<strong>do</strong>res treina<strong>do</strong>s é acresci<strong>do</strong><br />
em torno de 8% de economia para corrida (maratonas<br />
e ultramaratonas). Devem-se isto à ativação neuromuscular<br />
e redução no tempo de contato com o solo promovi<strong>do</strong> pelo<br />
treinamento resisti<strong>do</strong> com pesos.<br />
Os resulta<strong>do</strong>s deste estu<strong>do</strong> expressam melhoras, tanto em<br />
Vo 2 Máximo absoluto quanto em Vo 2 Máximo relativo, após 8<br />
semanas de treinamento. Portanto, vem evidenciar e acrescentar<br />
à literatura apresentada, que o treinamento de resistência<br />
com pesos em musculação pode ser um mecanismo váli<strong>do</strong> para<br />
aumentar a capacidade aeróbica de indivíduos destreina<strong>do</strong>s e<br />
também para a diminuição <strong>do</strong> peso corporal total, peso gor<strong>do</strong>,<br />
percentual de gordura e IMC; quanto para aumento <strong>do</strong>s<br />
níveis de VO 2 Absoluto e VO 2 Relativo no pós-treinamento.<br />
Mostran<strong>do</strong> assim que o treinamento circuita<strong>do</strong> de moderada<br />
intensidade é efetivo para a melhora da capacidade cardiorrespiratória<br />
e diminuição da gordura corporal.<br />
Conclusão<br />
De acor<strong>do</strong> com a literatura apresentada e os da<strong>do</strong>s deste<br />
estu<strong>do</strong>, podemos concluir que o treinamento de resistência<br />
com pesos em musculação é um procedimento efi caz para<br />
gerar ganhos na capacidade aeróbica <strong>do</strong>s praticantes, assim<br />
como reduzir a gordura corporal <strong>do</strong>s mesmos.<br />
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68<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Resumos<br />
Anais <strong>do</strong> IV Workshop em <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício –<br />
UFSCar<br />
I Congresso Paulista da Sociedade Brasileira<br />
de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício<br />
18-20 de Novembro de 2005<br />
Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, São Paulo<br />
Sociedade Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício<br />
Comissão Organiza<strong>do</strong>ra:<br />
Prof. Dr. Sérgio Perez<br />
Prof. Dr. Vilmar Baldissera<br />
Presidente da Associação Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício<br />
Prof. Dr. Paulo Sérgio Chagas Gomes<br />
Correlação da circunferência de coxas<br />
com força máxima isométrica unilateral<br />
em extensão de joelhos: estu<strong>do</strong><br />
realiza<strong>do</strong> em estudantes universitários<br />
Silva AS*, Periera AH*, Vicente J**, Moreno DM*, Nunes<br />
EMC**, Silva MM***, Francisco RE****, Souza DP***,<br />
Gonçalves WHF - Barbosa, CA<br />
*Alunos <strong>do</strong> curso de bacharela<strong>do</strong> das Faculdades Integradas<br />
de Bauru, Grupo de Estu<strong>do</strong> e Pesquisa em Exercício<br />
Resisti<strong>do</strong> (GEPER), **Alunos <strong>do</strong> curso de bacharela<strong>do</strong><br />
das Faculdades Integradas de Bauru, ***Alunos <strong>do</strong> curso<br />
de bacharela<strong>do</strong> das Faculdades Integradas de Bauru.<br />
Laboratório de Exercício Resisti<strong>do</strong>, (LABER) FIB, Grupo<br />
de Estu<strong>do</strong> e Pesquisa em Exercício Resisti<strong>do</strong> (GEPER),<br />
****Alunos <strong>do</strong> curso de bacharela<strong>do</strong> das Faculdades<br />
Integradas de Bauru, Centro de Estu<strong>do</strong> e Pesquisa em<br />
Atividade Física (CEPAF) FIB<br />
Os músculos são inerva<strong>do</strong>s por nervo motor, o qual é constituí<strong>do</strong><br />
com grande número de fi bras nervosas originárias isoladamente de<br />
células nervosas da medula espinhal. Quan<strong>do</strong> uma série de estímulos<br />
consecutivos atua sobre o músculo com uma freqüência que<br />
não permite o seu relaxamento entre as pausas, ocorre o fenômeno<br />
denomina<strong>do</strong> tétano. A força é estabelecida principalmente pela<br />
superfície de secção transversa, pelo tipo de fi bra muscular, assim<br />
como, pelo dispositivo mecânico <strong>do</strong> osso e <strong>do</strong> músculo. O objetivo<br />
deste estu<strong>do</strong> foi de comparar a força muscular máxima isométrica<br />
unilateral da extensão de joelhos. A amostra foi composta por 10<br />
indivíduos saudáveis, de ambos os sexos, com idade entre 20 e 35<br />
anos, universitários das Faculdades Integradas de Bauru. Foi realiza<strong>do</strong><br />
um teste isométrico máximo de extensão <strong>do</strong> joelho esquer<strong>do</strong> e direito.<br />
A força foi aferida através de dinamômetro digital, modelo Force<br />
Gauge FG-100KG-RS232, da marca Digital Instruments. O teste<br />
foi realiza<strong>do</strong> em uma mesa, em que o avalia<strong>do</strong> estava senta<strong>do</strong> com<br />
as coxas sem apoio, em um ângulo de 90º. Os sujeitos executaram<br />
sua força máxima em extensão por 6 segun<strong>do</strong>s. A média de força da<br />
coxa direita <strong>do</strong> sexo masculino foi de 41,18 kg e da coxa esquerda<br />
39,78 kg e a média de circunferência foram de 57,20 cm e 56,80 cm,<br />
respectivamente. Já <strong>do</strong> sexo feminino a coxa direita foi de 22,07 kg<br />
e a esquerda foi de 22,18 kg, com média de circunferência de 52,10<br />
cm para a direita e 51,60 para esquerda. Os resulta<strong>do</strong>s revelaram<br />
que nos homens existe uma relação favorável para força no membro<br />
de maior circunferência. Entretanto, para as mulheres os resulta<strong>do</strong>s<br />
foram contrários, mas insignifi cantes, compara<strong>do</strong>s a valores absolutos.<br />
Um número maior de sujeitos seriam necessários para avaliar os reais<br />
valores correspondentes a força isométrica máxima, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s<br />
com a circunferência.<br />
Aspectos da força muscular isométrica<br />
na extensão de joelhos em diferentes<br />
ângulos<br />
Pinheiro A**, Marola AJ **, Arias FR**, Rangel F**,<br />
Reihner M**, André R**, Gobbi T, Barbosa CA***<br />
*Aluno <strong>do</strong> Curso de Bacharela<strong>do</strong> das Faculdades Integradas<br />
de Bauru, Grupo de Estu<strong>do</strong> e Pesquisa em Exercício<br />
Resisti<strong>do</strong> (GEPER), **Alunos <strong>do</strong> Curso de Bacharela<strong>do</strong>
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
das Faculdades Integradas de Bauru, ***Laboratório de<br />
Exercício Resisti<strong>do</strong>, (LABER) - FIB, Centro de estu<strong>do</strong> e<br />
Pesquisa em Atividade Física (CEPAF) - FIB, Grupo de Estu<strong>do</strong><br />
e Pesquisa em Exercício Resisti<strong>do</strong> (GEPER)<br />
A força muscular pode ser defi nida como a quantidade máxima<br />
de força que um músculo ou um grupo muscular pode gerar em vários<br />
ângulos. O fator preponderante para a graduação <strong>do</strong>s parâmetros<br />
de força é a variação da quantidade de unidades motoras empregadas.<br />
A “coordenação” desempenha enorme infl uência no desenvolvimento<br />
de força. A graduação da força muscular, exercer uma contração<br />
sincrônica com a participação de um número reduzi<strong>do</strong> de fi bras musculares.<br />
O objetivo <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> foi revelar quais as diferenças<br />
de força isométrica máxima na extensão de joelhos em 90º, 60º e<br />
30º. A pesquisa foi realizada nas Faculdades Integradas de Bauru<br />
(FIB), no Laboratório de Exercício Resisti<strong>do</strong>, com 10 voluntários,<br />
universitários da própria faculdade, não atletas, porém treina<strong>do</strong>s.<br />
Foi utiliza<strong>do</strong> o aparelho Dinamômetro digital, modelo Force Gauge<br />
FG-100KG-RS232, da marca Digital Instruments, para avaliar a<br />
força isométrica. A média <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s para a perna direita foram<br />
40,9 kg/força para 90º 38,31 kg/força para 60º e 33,09 kg/força<br />
para 30º, e 40,11 kg/força para 90º, 39,74 kg/força para 60º e 35<br />
kg/força para 30º para a perna esquerda. Estes resulta<strong>do</strong>s mostraram<br />
que o ângulo de maior força foi o de 90º, segui<strong>do</strong> por 60º e por fi m<br />
o de 30º, com uma grande queda da força, independentemente da<br />
lateralidade. Concluímos que a força é dependente <strong>do</strong> ângulo, e que<br />
as cargas devem ser consideradas quan<strong>do</strong> da prescrição de exercícios<br />
resisti<strong>do</strong>s; seja para pessoas com lesões ou patologias, indivíduos<br />
saudáveis ou atletas. Pois se estes ajustes não forem considera<strong>do</strong>s,<br />
pode-se levar à eminente risco, lesões ou agravos.<br />
Comparação de força muscular<br />
isométrica máxima unilateral na flexão<br />
de joelhos<br />
Silva L*, Manso MA*, Verissimo TM*, Souza PA*,<br />
Francisco RE**, Silva MM**, Pereira JC**, Pedrotti J*, Sá<br />
VO*, Barbosa CAG****<br />
*Alunos curso de bacharela<strong>do</strong> das Faculdades Integradas<br />
de Bauru, **Alunos curso de bacharela<strong>do</strong> das Faculdades<br />
Integradas de Bauru, Grupo de Estu<strong>do</strong> e Pesquisa em<br />
Exercício Resisti<strong>do</strong> (GEPER), ***Laboratório de Exercício<br />
Resisti<strong>do</strong>, (LABER) FIB, Centro de Estu<strong>do</strong> e Pesquisa em<br />
Atividade Física (CEPAF) FIB, Grupo de Estu<strong>do</strong> e Pesquisa<br />
em Exercício Resisti<strong>do</strong> (GEPER)<br />
Os exercícios resisti<strong>do</strong>s são realiza<strong>do</strong>s de forma unilateral e bilateral.<br />
A resistência muscular é essencial à qualidade física. Pode-se<br />
defi nir força como a capacidade de superar uma resistência externa<br />
e interna. A força máxima (FM) que um indivíduo pode produzir<br />
depende das características biomecânicas e da magnitude de contração<br />
<strong>do</strong>s músculos envolvi<strong>do</strong>s. Esse estu<strong>do</strong> verifi cou e comparou<br />
a FM obtida na fl exão unilateral de joelhos. Foram avalia<strong>do</strong>s 12<br />
indivíduos, sedentários, de ambos os sexos, com faixa etária entre<br />
18 e 30 anos, universitários das Faculdades Integradas de Bauru. Os<br />
indivíduos realizaram 3 tentativas com tensão máxima isométrica<br />
para extensão de joelhos, durante 10s em angulação de 90º na ar-<br />
69<br />
ticulação <strong>do</strong> joelho esquer<strong>do</strong> (JE) e direito (JD). Para estabelecer a<br />
força máxima foi utilizada uma maca onde o indivíduo fi cava senta<strong>do</strong><br />
e sem apoio nos pés, duas polias fi xas na parede passan<strong>do</strong> entre elas<br />
um cabo de aço que se conectava ao Dinamômetro Force Gauge<br />
100Kg e que nele tinha outra conexão com uma faixa que encaixava<br />
o pé. As etapas de execução eram: a) posição inicial: o indivíduo<br />
senta<strong>do</strong>, com braços ao longo <strong>do</strong> corpo se apoian<strong>do</strong> na maca, com<br />
extensão de tronco e fl exão de joelhos e a cabeça posicionada para<br />
o horizonte; b) fase de força isométrica: a partir da posição inicial,<br />
realizava-se a contração da coxa contrariamente ao “cabo de aço”.<br />
A média da idade <strong>do</strong>s indivíduos foi de 22,4 anos, a media de forca<br />
da perna direita foi de 29,21 Kg e da perna esquerda foi de 28,27<br />
Kg. Concluiu-se que entre os indivíduos avalia<strong>do</strong>s a coxa direita<br />
mostrou-se mais forte; porém, não foram signifi cantes.<br />
Efeito <strong>do</strong> exercício físico em esteira no<br />
metabolismo ósseo de ratas maduras<br />
ovariectomizadas<br />
Camilo CC, Parada S, Haach LCA, Malaman TAB, Terukina<br />
GA, Bannitz G, Oliveira GPO, Shiguemoto GE<br />
Universidade Federal de São Carlos - Laboratório de<br />
<strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - São Carlos, SP<br />
claudiac@sc.usp.br<br />
O exercício físico tem si<strong>do</strong> estuda<strong>do</strong> como auxílio à prevenção e<br />
ao tratamento da osteoporose, porém alguns estu<strong>do</strong>s têm demonstra<strong>do</strong><br />
que exercício físico intenso pode ser prejudicial ao sistema<br />
esquelético. Esses estu<strong>do</strong>s sugerem a existência de um limiar de<br />
exercício mínimo e máximo para equilíbrio <strong>do</strong> metabolismo ósseo.<br />
O objetivo <strong>do</strong> presente trabalho foi identifi car os efeitos de diversos<br />
protocolos de exercício físico em esteira no metabolismo ósseo de<br />
ratas ovariectomizadas maduras. Para a amostragem foram utilizadas<br />
35 ratas da linhagem Wistar. Os animais foram dividi<strong>do</strong>s em 5<br />
grupos: Grupo Sham (n = 7) (controle – pseu<strong>do</strong> – ovariectomiza<strong>do</strong>);<br />
grupo OVX (n = 7) (controle – ovariectomiza<strong>do</strong>); grupo OVX1(n<br />
= 7) – ovariectomiza<strong>do</strong> e realizou caminhada, 15 m/min; grupo<br />
OVX2 (n = 7) – ovariectomiza<strong>do</strong> e realizou corrida à 20 m/min<br />
sem inclinação da esteira; grupo OVX3 (n = 7) – ovariectomiza<strong>do</strong><br />
e realizou corrida intervalada com peso (50g) nas costas e esteira<br />
inclinada, com aumento de intensidade a cada 3 semanas. To<strong>do</strong>s<br />
os grupos foram exercita<strong>do</strong>s 3 vezes por semana, sessões de 40 minutos,<br />
por 12 semanas. Foi coletada amostra de plasma sanguíneo<br />
para análise de fosfatase alcalina (FA) ao término <strong>do</strong>s protocolos.<br />
A análise estatística ANOVA de to<strong>do</strong>s os grupos experimentais<br />
identifi cou o valor de p < 0, 0001, considera<strong>do</strong> extremamente<br />
signifi cativo (GraphPad InStat3). As médias aritméticas <strong>do</strong>s valores<br />
de FA <strong>do</strong>s grupos OVX2 e OVX3 foram baixas compara<strong>do</strong>s com<br />
o grupo OVX (p < 0, 0001). Foram identifi ca<strong>do</strong>s níveis mais eleva<strong>do</strong>s<br />
de FA <strong>do</strong> grupo OVX1 compara<strong>do</strong>s com os grupos OVX2<br />
(p = 0,0002, teste t não parea<strong>do</strong>) e OVX3 (p = 0,0003, teste t não<br />
parea<strong>do</strong>). Como a FA é um marca<strong>do</strong>r sangüíneo de formação óssea<br />
os níveis extremos podem indicar reabsorção, já que a formação<br />
está integrada com a reabsorção. Pode-se concluir que as ratas que<br />
realizaram corrida sem inclinação da esteira e corrida intervalada<br />
com peso (50g) nas costas e esteira inclinada apresentaram valores<br />
menores de FA indicativos de menor formação óssea. Porém estu<strong>do</strong>s<br />
complementares, com análises adicionais <strong>do</strong>s níveis de reabsorção<br />
óssea, como paratormônio, e de densidade mineral óssea devem ser<br />
realiza<strong>do</strong>s para indicar o real turnover ósseo.
70<br />
Efeitos <strong>do</strong> treinamento e aclimatização a<br />
altiude para melhora da performance da<br />
corrida de 400 m ao nìvel <strong>do</strong> mar<br />
Marcelo Takeshi Kamimura<br />
Unifesp - Itajubá, MG<br />
marcelokamimura@yahoo.com.br<br />
Para investigar os benefícios de “viver alto e treinar baixo”<br />
em performance anaeróbica ao nível <strong>do</strong> mar, foram seleciona<strong>do</strong>s<br />
atletas corre<strong>do</strong>res de prova de 400 metros rasos que viveram por<br />
10 dias em hipóxia normobárica em uma casa de altitude (volume<br />
oxigênio = 15,8%) e treinaram ao ar livre em ambiente com taxas<br />
de oxigênio normais ao nível <strong>do</strong> mar. O objetivo <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong><br />
é compreender os mecanismos responsáveis pelas mudanças <strong>do</strong><br />
metabolismo no organismo. Para tanto, foi realiza<strong>do</strong> um teste de<br />
corrida anaeróbica e um de corrida 400 metros, foram executa<strong>do</strong>s<br />
antes e durante a semana os que viviam numa casa de altitude para<br />
determinar a velocidade máxima e submáxima das concentrações de<br />
lactato, além <strong>do</strong> tempo <strong>do</strong>s 400 m rasos, sen<strong>do</strong> que ao mesmo tempo<br />
10 atletas viveram e treinaram ao nível <strong>do</strong> mar sen<strong>do</strong> submeti<strong>do</strong>s a<br />
mesma análise e procedimentos. Os méto<strong>do</strong>s padrões de estatística<br />
foram usa<strong>do</strong>s para calcular médias, desvios padrões e as correlações<br />
de Pearson. Análises multivaridas de diferença (MONOVA) foram<br />
usadas para comparação de resulta<strong>do</strong>s pré e pós-testes em ambos os<br />
grupos, sen<strong>do</strong> que uma repetida-comparação MANOVA foi aplicada<br />
para indicar diferenças nas freqüências cardíaca ortostáticas e<br />
gases sangüíneos durante o perío<strong>do</strong> na casa de altitude. Signifi ca<strong>do</strong><br />
estatístico foi aceito em todas as análises a p < 0,05. Diante <strong>do</strong>s<br />
resulta<strong>do</strong>s, verifi cou-se que a concentração de lactato na casa de<br />
altitude tenderam a aumentar, mas a resposta foi signifi cativa apenas<br />
entre 5-7 mol (P < 0,05), além disso o pH em repouso aumentou<br />
de 0,003 para 0,067 unidade de pH (P < 0,05). Apesar <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s<br />
obti<strong>do</strong>s terem demonstra<strong>do</strong> um aumento de performance <strong>do</strong>s<br />
atletas conclui-se que estu<strong>do</strong>s relaciona<strong>do</strong>s à altitude necessitam de<br />
pesquisas e investigações para maior confi abilidade <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s.<br />
O custo de oxigênio em exercício<br />
submáximo correlaciona-se com a<br />
performance aeróbia, velocidade crítica<br />
e capacidade de trabalho anaeróbio<br />
Pacheco ME*, Campbell CSG**, Silva LGM*, Moreno J*,<br />
Baldissera V***, Simões HG**<br />
*Laboratório de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício da Universidade de<br />
Mogi das Cruzes, SP, **Programa de Mestra<strong>do</strong> em Educação<br />
Física da Universidade Católica de Brasília, DF, Brasília,<br />
***Laboratório de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício da Universidade<br />
Federal de São Carlos, SP<br />
pachecom@usp.br<br />
Um menor custo de oxigênio durante exercício submáximo (C)<br />
representa uma melhor efi ciência mecânica. Objetivos: Correlacionar<br />
o custo de oxigênio com parâmetros de aptidão aeróbia e anaeróbia<br />
em indivíduos não atletas. Méto<strong>do</strong>s: 8 homens fi sicamente ativos<br />
(20,8 + 1,6 anos; 74,3 + 14,9kg) realizaram os seguintes testes:<br />
1) corrida 3km e 500m máximos (Vm3km e Vm500); 2) teste<br />
incremental em esteira ergométrica para determinação <strong>do</strong> Limiar<br />
de Lactato (LL), VO 2max e V max . 3) teste <strong>do</strong> T max (tempo máximo<br />
que o voluntário conseguia permanecer no V max ); 4) cálculo <strong>do</strong><br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
C durante corrida de 12 minutos a 85% <strong>do</strong> V max . A Velocidade<br />
Crítica (VC) e a Capacidade de Trabalho Anaeróbio (Ctan) foram<br />
obtidas por regressão linear (Distância x Tempo) nos testes de 3km<br />
e 500m. Os participantes foram ainda dividi<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com o<br />
nível de aptidão aeróbia (G1 -maior VC; e G2 – menor VC) para<br />
correlações. Resulta<strong>do</strong>s: As Tabelas 1 e 2 apresentam os principais<br />
resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>.<br />
Tabela I - VC, LL, V max , CTan, T max , Tempo no e Tempo para<br />
VO 2max , C e VO 2max .<br />
VC -1<br />
(m.min )<br />
LL -1 Vmax -1<br />
(m.min ) (m.min )<br />
Ctan(m) T max<br />
(seg)<br />
Tempo no<br />
VO 2max<br />
(seg)<br />
Tempo<br />
para<br />
VO 2max<br />
(seg)<br />
Custo (C)VO 2max<br />
(mL.O 2<br />
kg 1 .min 1 )<br />
X 193,5 178,6 203,5 201,1 677,4 579,1 74,4 5,9 47,3<br />
+DP 23,5 20,0 21,5 16,3 152,7 191,0 69,6 0,45 4,5<br />
Tabela II - Correlação entre C e demais variáveis indivíduos estuda<strong>do</strong>s.<br />
VC LL VO 2max Tempo<br />
para<br />
VO 2max<br />
Tempo<br />
no<br />
VO 2max<br />
(seg)<br />
T max V max CTan<br />
C (To<strong>do</strong>s) -0,57 -0,73 -0,42 0,07 0,23 0,21 -0,73 -0,02<br />
C G1 (VC) -0,06 -0,43 -0,28 0,54 -0,69 0,31 -0,5 0,79<br />
Observou que o C <strong>do</strong> grupo (G2) se correlacionou positivamente<br />
(r = 0,79) e negativamente (r = -0,69) respectivamente com CTan<br />
e Tempo no VO 2max . Já para G1 quanto maior o C menor a Ctan,<br />
sem correlação signifi cativa entre C e Tempo no VO 2max . Sugerin<strong>do</strong><br />
que para indivíduos com maior aptidão aeróbia (G2), quanto maior<br />
efi ciência mecânica (menor C), menor a contribuição anaeróbia<br />
(menor CTan) e portanto maior tempo no VO 2max . Conclusão: A<br />
efi ciência mecânica, representada pelo custo de O 2 submáximo,<br />
parece infl uenciar tanto a performance aeróbia quanto os valores de<br />
Ctan, especialmente em indivíduos com menor aptidão aeróbia.<br />
Comparação de <strong>do</strong>is protocolos de<br />
avaliação aeróbia em natação de ratos<br />
Mancha<strong>do</strong> FB*, Gobatto CA**, Contarteze RVLC**, Mello<br />
MAR**<br />
*Universidade Estadual Paulista - UNESP, Rio Claro, São Paulo,<br />
Laboratório de Avaliação Física e Fisiológicas Einstein - LAFIFE<br />
- Faculdades Integradas Einstein de Limeira, São Paulo, **<br />
Universidade Estadual Paulista - UNESP, Rio Claro SP<br />
fbmancha<strong>do</strong>@yahoo.com.br<br />
Diversas áreas de pesquisa utilizam procedimentos experimentais<br />
com ratos exercita<strong>do</strong>s, porém em poucos casos há preocupação<br />
com a real intensidade <strong>do</strong> esforço para esses animais. O objetivo <strong>do</strong><br />
presente estu<strong>do</strong> foi propor e comparar <strong>do</strong>is distintos protocolos de<br />
avaliação da intensidade aeróbia de ratos em exercício de natação,<br />
sen<strong>do</strong> um teste invasivo e não exaustivo e outro exaustivo e não<br />
invasivo. Inicialmente, 25 ratos Wistar adultos foram adapta<strong>do</strong>s ao<br />
meio líqui<strong>do</strong>, em um tanque cilíndrico profun<strong>do</strong>, com superfície<br />
lisa e temperatura da água mantida em 31 ± 1°C. Posteriormente,<br />
os animais foram submeti<strong>do</strong>s a <strong>do</strong>is protocolos de avaliação aeróbia,<br />
inicialmente sugeri<strong>do</strong>s para avaliação humana e adapta<strong>do</strong>s à modelo<br />
experimental com ratos. O primeiro protocolo realiza<strong>do</strong> foi o<br />
invasivo e não exaustivo de duplos esforços, proposto por Chassain
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
et al. (1986). Esse procedimento consistiu na realização de 4 testes<br />
de natação em intensidades equivalentes a 4, 6, 7 e 8% <strong>do</strong> peso corporal<br />
(pc), realiza<strong>do</strong>s como duplos esforços em mesma intensidade<br />
e intercala<strong>do</strong>s por um perío<strong>do</strong> de recuperação. Os duplos esforços<br />
apresentaram duração de 5 minutos, com 2 minutos de recuperação<br />
passiva entre eles. Houve coleta sangüínea da cauda <strong>do</strong>s animais ao<br />
fi nal de cada esforço. Para cada uma das 4 intensidades foi obti<strong>do</strong><br />
o valor de delta lactato, subtrain<strong>do</strong> a lactacidemia <strong>do</strong> segun<strong>do</strong><br />
esforço (LAC E2 ) da concentração de lactato ao fi nal <strong>do</strong> primeiro<br />
esforço (LAC E1 ). Com os deltas das concentrações lactacidêmicas<br />
para cada carga, foi realizada uma interpolação linear individual, a<br />
qual forneceu o valor de delta lactato zero, equivalente à carga crítica<br />
(Ccrit CH ) calculada pelo méto<strong>do</strong> Chassain et al. (1986). O segun<strong>do</strong><br />
protocolo de avaliação adapta<strong>do</strong> a ratos foi a determinação da carga<br />
crítica exaustiva (Crit EX ) e não invasiva sugeri<strong>do</strong> por Monod &<br />
Scherrer (1965). O protocolo consistiu de 4 esforços exaustivos de<br />
natação, realiza<strong>do</strong>s em dias alterna<strong>do</strong>s, com os animais suportan<strong>do</strong><br />
cargas contínuas de 9, 11, 13 e 15%pc. O tempo de exaustão de cada<br />
intensidade foi registra<strong>do</strong> (tlim). Para determinar a Ccrit EX , utilizouse<br />
o ajuste linear Ccrit x 1/tlim, no qual a Ccrit EX correspondeu ao<br />
y-intercepto da reta de regressão. As intensidades aeróbias obtidas<br />
por ambos os protocolos foram comparadas entre si e com a máxima<br />
fase estável de lactato (MFEL) por uma anova one-way. A Ccrit CH<br />
obtida pelo procedimento de duplos esforços foi 4,8 ± 0,2%pc, com<br />
regressões lineares signifi cativas (R = 0,91 ± 0,03). A intensidade<br />
aeróbia identifi cada pelo procedimento exaustivo foi equivalente<br />
a 7,4 ± 0,8%pc (R = 0,96 ± 0,05). Houve diferença signifi cante<br />
entre os <strong>do</strong>is méto<strong>do</strong>s. Observou-se que primeiro protocolo (duplos<br />
esforços) apresentou carga igual a MFEL, ao passo que o segun<strong>do</strong><br />
teste (não-invasivo) superestimou a MFEL em 10%. Dessa forma é<br />
possível concluir que o teste invasivo de duplos esforços foi preciso<br />
na determinação da intensidade aeróbia em natação de ratos, porém<br />
o protocolo não invasivo pode ser utiliza<strong>do</strong> na ausência de condições<br />
para análise sangüínea, com pequenos ajustes sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s.<br />
Identification of lactate minimum velocity<br />
by different methods<br />
Guilherme Morais Puga, Wolysson Hiyane, Rafael da<br />
Costa Sotero, Emerson Par<strong>do</strong>no, Carmen Sílvia Grubert,<br />
Campbell, Herbert Gustavo Simões<br />
Universidade Católica de Brasilia - UCB, Brasília, DF, Brasil<br />
guipuga@yahoo.com.br<br />
Background: Th e lactate minimum (LM) protocol has been used<br />
to assess aerobic fi tness and to predict an exercise intensity associated<br />
to the maximal blood lactate steady state. Th e aim of this study<br />
was to compare diff erent methods to identify the lactate minimum<br />
velocity (LMV). Methods: 14 male cyclists (26.8 ± 4.5 yr; 173.2 ±<br />
6.1 cm; 67.3 ± 5.2 kg; 5.8 ± 2.9 yr of training) performed the LM<br />
test in a velodromum, which consisted of one bout of 2 km time<br />
trial to induce lactic aci<strong>do</strong>sis, followed by 8 minutes of recovery and<br />
6 bouts of 2 km with 1km•h -1 increments at each bout, starting<br />
the fi rst one at 5km•h -1 bellow the mean velocity in a 6 km time<br />
trial performed previously. At the end of each bout 25μl of capillary<br />
blood were collected for blood lactate measurements (bLAC)<br />
(YSI - 2700 STAT). Th e LMV was identifi ed through inspection<br />
(vLMV), and applying a second grade polynomial function, on 6<br />
(LMVp6) and 3 (LMVp3) increments bouts, and fi nally a method<br />
71<br />
where the bLAC•work velocity-1 quotients (QLM) results were<br />
plotted against the correspondent velocity in the incremental test,<br />
with the LMV being identifi ed by 6 QLM6) and 3 bouts (QLM3).<br />
Results: Repeated measures ANOVA showed no statistical diff erences<br />
between vLMV (33.1 ± 2.3 km•h -1 ), LMV p6 (32.9 ± 2.5 km•h-1),<br />
LMV p3 (33.2 ± 2.3 km•h -1 ), QLM 6 (32.8 ± 2.5 km•h -1 ) and QLM3<br />
(33.4 ± 2.3 km•h -1 ), with high correlation among parameters.<br />
Conclusion: It was possible to identify the LMV by the methods<br />
proposed in the present study, even by using only 3 bouts during<br />
the incremental test, such procedure enable a more practical and<br />
economic test, besides minimizing the discomfort from several<br />
blood collections.<br />
Comparação de valores de magnésio pré<br />
e pós-competição de triathlon<br />
Marcos Bürger-Men<strong>do</strong>nça, Fernanda Retondaro<br />
Unesa - Petrópolis, RJ<br />
marcosburger@gmail.com<br />
A presença <strong>do</strong> magnésio (Mg +2<br />
) no organismo vivo foi demonstrada<br />
em 1859, porém só a partir da década de 50 é que as propriedades<br />
<strong>do</strong> Mg na nutrição humana tornaram-se conhecidas. O Mg +2<br />
é um<br />
íon metálico divalente, sen<strong>do</strong> um mineral essencial e co-fator de mais<br />
de 325 reações enzimáticas (Bohl e Volpe, 2002) exercen<strong>do</strong> vários<br />
papeis vitais no metabolismo. É o quarto cátion mais abundante no<br />
corpo após o cálcio (Ca +2<br />
), potássio (K +<br />
) e o sódio (Na +<br />
) e também o<br />
segun<strong>do</strong> cátion mais abundante intracelular após o potássio. Quan<strong>do</strong><br />
compara<strong>do</strong> ao sódio, potássio ao cálcio o Mg +2<br />
é que menos se perde no<br />
suor. Este estu<strong>do</strong> teve como objetivo analisar os valores de Magnésio<br />
pré e pós-competição de triathlon. A amostra foi composta por seis<br />
voluntários <strong>do</strong> sexo masculino, sen<strong>do</strong> estes, atletas ama<strong>do</strong>res com idade<br />
média de 27 ± 6 anos, praticantes de triathlon a pelo menos um ano<br />
e com experiência prévia em provas de longa duração Os Integrantes<br />
<strong>do</strong> experimento foram submeti<strong>do</strong>s a duas coletas de aproximadamente<br />
25 ml de sangue, após jejum de oito horas, no perío<strong>do</strong> entre<br />
6 e 7 horas na residência <strong>do</strong>s voluntários (t = 0) na posição sentada e<br />
imediatamente ao término da prova de cada atleta, sen<strong>do</strong> esta coleta<br />
realizada na tenda médica <strong>do</strong> evento. A análise bioquímica <strong>do</strong> Mg foi<br />
realizada no analisa<strong>do</strong>r semi-automático BTS-310 Plus (BioSystems,<br />
Barcelona, Espanha). Os resulta<strong>do</strong>s individuais foram compara<strong>do</strong>s<br />
com o repouso. Ou seja, os atletas foram os seus próprios controles<br />
para os parâmetros analisa<strong>do</strong>s. Para análise estatística foi utiliza<strong>do</strong> o<br />
software SPSS (Statistical Package for Social Sciences) versão 11.0<br />
(Chicago, IL, USA, 2001), foi aplica<strong>do</strong> o teste t-student para a mesma<br />
amostra, ten<strong>do</strong> como valor para p ≤ 0.05 aceito como signifi cante. O<br />
tempo médio da prova realizada foi de 4:23:24 ± 0:28:04 horas. Os<br />
valores individuais <strong>do</strong> Mg variaram de 1,80 a 2,40 mg/dl em T = 0<br />
e de 1,20 a 1,40 mg/dl em T = 1 e os valores médios foram de 2,066<br />
± 0,2160 mg/dl em T = 0 e de 1,330 ± 0,082 mg/dl em T = 1. Estes<br />
resulta<strong>do</strong>s apresentaram uma redução estatisticamente signifi cante (P<br />
= 0,001), revelan<strong>do</strong> uma diferença de 34,91% em relação aos valores<br />
<strong>do</strong> Mg pré e pós-competição. Concluímos que, após uma competição<br />
de triathlon de longa distância, os atletas apresentaram um quadro de<br />
hipomagnesemia. Este quadro pode signifi car uma menor resposta<br />
imune <strong>do</strong> organismo e geração de espécies reativas de oxigênio que,<br />
por sua vez pode acarretar na redução na performance atlética.
72<br />
Efeito <strong>do</strong> treinamento de potência para<br />
membros inferiores em karatecas<br />
Francisco ER*, Pereira JC*, Silva GKA*, Silva MM*, Souza<br />
DAP*, Nazari RT*, Batista D*, Sugizaki MM**, Papoti<br />
M**, Barbosa CAG***<br />
*Alunos <strong>do</strong> 3º ano <strong>do</strong> curso de bacharela<strong>do</strong> das Faculdades<br />
Integradas de Bauru, Grupo de Estu<strong>do</strong> e Pesquisa em<br />
Exercício Resisti<strong>do</strong> (GEPER), **Centro de Estu<strong>do</strong> e Pesquisa<br />
em Atividade Física (CEPAF) FIB, ***Laboratório de Exercício<br />
Resisti<strong>do</strong>, (LABER) -FIB, Centro de Estu<strong>do</strong> e Pesquisa em<br />
Atividade Física (CEPAF) FIB, Grupo de Estu<strong>do</strong> e Pesquisa<br />
em Exercício Resisti<strong>do</strong> (GEPER)<br />
O caratê é uma arte marcial milenar com raízes na Índia e na<br />
China. Com o passar <strong>do</strong>s anos tornou-se modalidade esportiva,<br />
onde praticantes e técnicos ofereciam grande rejeição ao exercício<br />
resisti<strong>do</strong>. Pois, achavam que perderiam velocidade e fl exibilidade.<br />
Porém, treinavam com bastante intensidade, visan<strong>do</strong> melhores<br />
colocações nas competições. Em dias atuais, é comum o uso <strong>do</strong><br />
Treinamento Resisti<strong>do</strong> nos programas de atividade física para a<br />
melhora da potência muscular. O objetivo desta pesquisa foi investigar<br />
o efeito <strong>do</strong> treinamento de potência para membros inferiores<br />
em karatecas. Fizeram parte da pesquisa 6 atletas, sem experiência<br />
anterior em exercício resisti<strong>do</strong>, com idade entre 17 e 41 anos, <strong>do</strong><br />
sexo masculino, praticantes de karate, a pelo menos 8 anos, atletas<br />
<strong>do</strong> clube grêmio recreativo energético de Bauru. A pesquisa foi<br />
desenvolvida no Laboratório de Exercício Resisti<strong>do</strong>, das Faculdades<br />
Integradas de Bauru, situada na cidade de Bauru. Foram realiza<strong>do</strong>s<br />
os testes de shutlle run para analisar agilidade, salto vertical para<br />
analisar agilidade membros inferiores anterior e posterior, e teste<br />
de 6 RM para avaliar a força muscular <strong>do</strong> programa proposto.<br />
Os sujeitos realizaram o méto<strong>do</strong> power training efetuan<strong>do</strong> 6 a 12<br />
RM, 3 vezes por semana. O pré-teste <strong>do</strong> salto vertical foi de 46,38<br />
± 4,27 cm e após a intervenção 48,45 ± 6,05 cm, para p ≤ 0,05,<br />
com r ≥ 0,99. As análises da força muscular no pré-teste foram de<br />
72,08 ± 23,35 Kg e após a intervenção 99,25 ± 20,36 kg, para p ≤<br />
0,05, r ≥ 0,99. Portanto, houve aumento signifi cativo nos testes de<br />
impulsão vertical, teste de agilidade e força muscular. Conclui-se<br />
que o treinamento resisti<strong>do</strong> foi adequa<strong>do</strong> e efi ciente para agilidade,<br />
força e potência muscular, ressaltan<strong>do</strong> que foram apenas 7 sessões.<br />
Comparação da capacidade aeróbia<br />
de nada<strong>do</strong>res determinada através de<br />
méto<strong>do</strong>s invasivo e não invasivo<br />
Santhiago V, Silva ASR, Santos FNC, Gobatto CA<br />
Departamento de Educação Física, Instituto de Biociências,<br />
UNESP - Rio Claro, SP<br />
vanessas@rc.unesp.br.<br />
O limiar anaeróbio (LAN), determina<strong>do</strong> através da lactacidemia,<br />
tem si<strong>do</strong> extensivamente utiliza<strong>do</strong> para avaliação e prescrição<br />
<strong>do</strong> treinamento aeróbio em nada<strong>do</strong>res. Contu<strong>do</strong>, como nem todas<br />
as equipes possuem infra-estrutura necessária para a determinação<br />
de tal parâmetro, a velocidade crítica (Vcrit) tem si<strong>do</strong> utilizada<br />
como um protocolo não invasivo de determinação da capacidade<br />
aeróbia. Desse mo<strong>do</strong>, o objetivo <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> foi comparar<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
as intensidades obtidas pelo teste de Vcrit, não invasivo, com as<br />
intensidades correspondentes ao limiar anaeróbio (LAN) antes <strong>do</strong><br />
início <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> preparatório básico de nada<strong>do</strong>res. Participaram <strong>do</strong><br />
estu<strong>do</strong> 15 atletas <strong>do</strong> sexo masculino e 10 atletas <strong>do</strong> sexo feminino<br />
da equipe de natação da UNAERP de Ribeirão Preto. Os atletas<br />
foram analisa<strong>do</strong>s em <strong>do</strong>is dias, sen<strong>do</strong> que no 1º foi determina<strong>do</strong> o<br />
limiar anaeróbio através da realização de 3 na<strong>do</strong>s de 400m com 3<br />
minutos de intervalo entre os na<strong>do</strong>s, em intensidades de 85%, 90%<br />
e 100% da máxima velocidade atingida pelo atleta neste percurso.<br />
No 1°minuto de repouso entre os na<strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s 25μl de<br />
sangue <strong>do</strong> lóbulo da orelha para posterior análise das concentrações<br />
de lactato sanguíneo. Por ajuste de curva de crescimento exponecial,<br />
foram calculadas as velocidades correspondentes a 3,5 mM (Pereira<br />
et al., 2003). No 2º dia, foi realiza<strong>do</strong> o teste de Vcrit através da execução<br />
de 3 esforços ran<strong>do</strong>micamente estabeleci<strong>do</strong>s em estilo crawl<br />
nas distâncias de 100, 200 e 400m com a máxima velocidade que o<br />
atleta é capaz de nadar, separa<strong>do</strong>s por perío<strong>do</strong>s mínimos de repouso<br />
de 3 horas. Os valores de distância e tempo foram submeti<strong>do</strong>s ao<br />
procedimento de regressão linear para estimativa da Vcrit, pelo<br />
modelo linear distância-tempo. Foi utiliza<strong>do</strong> o teste t para amostras<br />
pareadas para verifi car se houve diferença entre as intensidades, e, a<br />
seguir aplicou-se a correlação de Pearson e análise de regressão. As<br />
intensidades obtidas pelos testes de Lan e Vcrit não foram signifi cativamente<br />
diferentes (74,50 ± 3,25 s/100m vs. 72,51 ± 3,37 s/100m<br />
para homens, e 76,29 s/100m ± 4,03 vs. 77,76 ± 3,06 s/100m para<br />
mulheres). Houve signifi cativa correlação entre as variáveis (r =<br />
0,81 e r=0,94), para homens (H) e mulheres (M) respectivamente,<br />
permitin<strong>do</strong> dessa forma a obtenção de 2 equações (H e M), através<br />
da análise de regressão. Esse procedimento possibilitou determinar a<br />
intensidade correspondente ao LAN através <strong>do</strong> teste de Vcrit, sen<strong>do</strong><br />
LAN (s/100m) = 0,79 * Vcrit + 17,12 e Lan (s/100m) = 1,19 * Vcrit<br />
– 18,04, para os grupos H e M respectivamente. Desse mo<strong>do</strong>, pudemos<br />
observar que a Vcrit pode ser utilizada como um parâmetro<br />
aeróbio não invasivo na prescrição e acompanhamento das sessões<br />
de treino, entretanto, através da regressão linear foi possível corrigir<br />
alterações mínimas de intensidades de na<strong>do</strong>, não observadas pela<br />
estatística convencional, poden<strong>do</strong> ser utiliza<strong>do</strong> como a intensidade<br />
correspondente ao LAN.<br />
Efeitos de exercícios resisti<strong>do</strong>s<br />
associa<strong>do</strong>s à suplementação de creatina<br />
monoidratada sobre a hipotensão pósexercício<br />
e sua relação com a lactatemia.<br />
MorenoJR*, Puga GM*, Cunha GA*, Braga PL**,<br />
Campbell CSG, Denadai MLDR, ** Simões HG*<br />
*Universidade Católica de Brasília - UCB, Brasília,<br />
**Universidade de Mogi das Cruzes - UMC, Mogi das Cruzes,<br />
SP<br />
guipuga@yahoo.com.br<br />
Os efeitos da suplementação de creatina (CM) sobre a hipotensão<br />
pós -exercício (HPE) resisti<strong>do</strong> e sua relação com a lactatemia<br />
([lac]) ainda não foram investiga<strong>do</strong>s. Este estu<strong>do</strong> analisou os efeitos<br />
de exercícios resisti<strong>do</strong>s de alta e baixa intensidade, antes e após<br />
suplementação de CM, sobre a HPE e sua relação com a [lac] pósexercício.<br />
Dez homens foram submeti<strong>do</strong>s a 2 sessões de exercícios<br />
resisti<strong>do</strong>s, antes (SC) e após (CC) suplementação de CM: (1) Resistência<br />
Muscular Localizada (RML)-30 repetições a 30%1RM e<br />
(2) Hipertrofi a (HIP)-8 repetições a 75%1RM. A PA foi mensurada
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
no repouso pré-exercício, e durante 90 minutos de recuperação pósexercício.<br />
Em relação ao repouso, observou-se redução percentual da<br />
PA sistólica (PAS) SC/CC de 13,5 + 1,5 / 10,2 + 2,8% após HIP<br />
e de 8,4 + 1,3 / 10,3 + 1,3% após RML. A PA diastólica (PAD)<br />
apresentou diminuição média de 9,1 + 2,8 / 3,1 + 4,8% após HIP<br />
e de 5,1 + 6,2 / 6,8 + 5,7% após RML. Foi observada hipotensão<br />
de PAS após HIP entre o 15º e 90º minutos SC e entre o 15º e<br />
60º minutos CC (P < 0,01). Após RML SC e CC foi observada<br />
hipotensão de PAS entre o 15º e 90º minuto de recuperação (P <<br />
0,01). Após sessão HIP a PAD apresentou HPE entre o 15º e 45º<br />
minutos SC e apenas aos 15 minutos CC (P < 0,01). HPE de PAD<br />
SC e CC ocorreu aos 15 minutos após RML (P < 0,01). A PA após<br />
HIP SC foi menor <strong>do</strong> que CC aos 75 e 90 para PAS e aos 45 e 60<br />
minutos para PAD (P < 0,05). Evidenciou-se correlação signifi cativa<br />
entre a [lac] e HPE apenas após RML. As sessões de HIP e RML<br />
resultam em HPE semelhante SC, mas a suplementação de CM<br />
pode atenuar esta resposta. Além disso, a elevação da [lac] pode ser<br />
um <strong>do</strong>s fatores desencadea<strong>do</strong>res da HPE.<br />
Diferentes meto<strong>do</strong>logias não-invasiva<br />
para a determinação <strong>do</strong> limiar de<br />
anaerobiose em exercício resisti<strong>do</strong><br />
incremental<br />
Oliveira JC*, Azeve<strong>do</strong> P*, Marmorato D*, Aguiar AP**,<br />
Bigaton DR**, Oliveira GP*, Baldissera V*, Perez SEA*<br />
*UFSCar/DCF, **UNIMEP<br />
Introdução: Há determinação <strong>do</strong> limiar de anaerobiose (LAn)<br />
de maneira não-invasiva através <strong>do</strong>s componentes salivares (e.g.<br />
concentração lactato salivar [LSal]) e da freqüência cardíaca por<br />
meio de sua variabilidade (VFC) tem se mostra<strong>do</strong> extremamente<br />
efi cientes, porém nenhum estu<strong>do</strong> verifi cou a sua ocorrência em<br />
exercícios resisti<strong>do</strong>s incrementais . Objetivo: Verifi car a possibilidade<br />
de identifi cação <strong>do</strong> LAn pela [LSal] e pelo desvio padrão da variabilidade<br />
instantânea rápida batimento-a-batimento (SD1) e a sua<br />
correlação com o limiar de lactato sangüíneo (LiLSan) em exercício<br />
resisti<strong>do</strong> <strong>do</strong> tipo Leg Press 45º (LP). Meto<strong>do</strong>logia: Para tanto 18<br />
jovens (9 homens e 9 mulheres), foram submeti<strong>do</strong>s a procedimento<br />
experimental incremental relativo ao percentual da carga máxima dinâmica<br />
(1RM), após a determinação da mesma, no seguinte molde:<br />
10, 20, 25, 30, 35, 40, 50, 60, 70, 80 e 90% de 1RM, 2 minutos<br />
de intervalo entre as séries de 20 repetições, para a troca de carga e<br />
coleta sangüínea e de saliva. As amostras sangüíneas (25 μl) foram<br />
acondicionadas em tubos eppen<strong>do</strong>rfs contento 50 microlitros de<br />
fl uoreto de sódio bem como as amostras de saliva (500 μl). Ambas<br />
as amostras foram conservadas a -20º C, durante no máximo 14 dias<br />
até posterior análise. As concentrações de lactato sangüíneo [LSan]<br />
e [LSal] foram determinadas por analisa<strong>do</strong>r eletroenzimático YSI<br />
1500 Sports e a SD1 por cardiofrequencímetro da marca Polar®,<br />
modelo S810i, com freqüência de amostragem de 1.000Hz. Os<br />
limiares de LiLSan e salivar (LiLSal) foram determina<strong>do</strong>r através de<br />
inspeção visual por <strong>do</strong>is pesquisa<strong>do</strong>res independentes e experientes<br />
e o limiar de VFC (LiVFC) pelo 1º estágio onde a diferença entre<br />
2 estágios consecutivos fossem menor que 1 milissegun<strong>do</strong>s (ms).<br />
Tratamento estatístico pertinente foi realiza<strong>do</strong> pelo software Statistica<br />
99 Edition v.5.5, sen<strong>do</strong> a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> o índice de signifi cância de 5%<br />
e o intervalo de confi ança de 95%. Resulta<strong>do</strong>s: Os valores médios<br />
±DP encontra<strong>do</strong>s, bem como as diferenças estatísticas, correlações e<br />
73<br />
suas signifi câncias, podem ser sumariamente visualiza<strong>do</strong>s na Tabela<br />
I e II, respectivamente.<br />
Tabela I - Valores em que foram identifi ca<strong>do</strong>s os limiares pelas<br />
diferentes meto<strong>do</strong>logias.<br />
R (%1RM) A (Kg) [Lac] (mmol.<br />
l-¹)<br />
SD1 (ms)<br />
LiLSan 32,22 ± 6,69 70,16 ± 27,30 2,79 ± 0,91<br />
LiLSal 36,56 ± 9,07 77,18 ± 30,63 0,50 ± 0,20<br />
LiVFC 34,72 ± 9,62 78,77 ± 37,63 6,50 ± 3,41<br />
Anova<br />
One-Way<br />
0,3371 0,6987 0,00000*<br />
* = Teste t para medidas independentes<br />
Tabela II - Correlações encontradas quan<strong>do</strong> da aplicação <strong>do</strong> coefi<br />
ciente de Spearman.<br />
LiLSal- LiVFC- LiLSal- LiVFC- [LSal] SD1<br />
R R A A<br />
LiLSan-R r = 0,46 r = 0,86<br />
LiLSal-R r = 0,49<br />
LiLSan-A r = 0,82 r = 0,93<br />
LiLSal-A r = 0,88<br />
[LSan] r = 0,32* r = -0,67<br />
[LSal] r = -0,20*<br />
* = correlações não signifi cantes, R = carga relativa, A = carga absoluta.<br />
Conclusões: Os da<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s fortalecem a existência <strong>do</strong><br />
LAn nos exercícios resisti<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> investiga<strong>do</strong>s isoladamente em<br />
procedimentos incrementais, bem como a consistência <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s<br />
não-invasivos (e.g. LiLSal e LiVFC) na determinação <strong>do</strong> LAn no<br />
procedimento experimental estuda<strong>do</strong>.<br />
Ensino de fisiologia <strong>do</strong> exercício<br />
para estudantes de educação física:<br />
comparação das formas de apresentação<br />
<strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s<br />
Emerson Franchini, Monica Yuri Takito, Rômulo Cássio de<br />
Moraes Bertuzzi<br />
Grupo de Pesquisas em <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício da Faculdade<br />
de Educação Física da Universidade Presbiteriana Mackenzie<br />
- Barueri, SP, Brasil<br />
emersonfranchini@hotmail.com<br />
A disciplina de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício tem si<strong>do</strong> considerada<br />
uma das mais tradicionais no curso de Educação Física (Tani,<br />
1996). Atualmente, é comum a presença dessa disciplina em<br />
outros cursos de graduação (Fisioterapia, Medicina e Nutrição,<br />
como exemplos), com enfoque diferente daquele originalmente<br />
da<strong>do</strong> no curso de Educação Física. Além disso, a grande expansão<br />
<strong>do</strong> conhecimento na área de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício faz com que<br />
alguns conhecimentos não tenham relação direta com a intervenção<br />
<strong>do</strong> profi ssional de Educação Física e Esporte. Tradicionalmente, o<br />
enfoque da<strong>do</strong> à <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício tem segui<strong>do</strong> a organização<br />
<strong>do</strong>s livros dessa área, isto é, Bioenergética, Sistema Cardiovascular<br />
e Exercício, Sistema Neuromuscular e Exercício, Sistema Respiratório<br />
e Exercício, Sistema Endócrino e Exercício, entre outros.
74<br />
Nessa abordagem o conhecimento <strong>do</strong> funcionamento <strong>do</strong>s sistemas<br />
precisa ser integra<strong>do</strong> e associa<strong>do</strong> aos diferentes tipos de exercício<br />
por parte <strong>do</strong> futuro profi ssional de Educação Física e Esporte. Essa<br />
abordagem tem si<strong>do</strong> criticada por não permitir aplicação direta<br />
<strong>do</strong>s conhecimentos na intervenção desse profi ssional (Mariz de<br />
Oliveira, 1999). Portanto, foi objetivo desse estu<strong>do</strong>, comparar<br />
<strong>do</strong>is tipos de apresentação da <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício para alunos<br />
de seis turmas da 5ª etapa de um curso de Educação Física da<br />
Universidade Presbiteriana Mackenzie. A primeira abordagem,<br />
ministrada a 78 alunos de três turmas, envolvia os seguintes<br />
conteú<strong>do</strong>s: Bioenergética, Tipos de Fibras Musculares e Sistema<br />
Cardiovascular e Exercício. A segunda abordagem, ministrada a<br />
92 alunos de três turmas, tratou <strong>do</strong>s seguintes conteú<strong>do</strong>s: Aquecimento,<br />
Flexibilidade, Exercício Aeróbio, Exercício Anaeróbio,<br />
Exercício de Força e Exercício Concorrente. Nas duas abordagens<br />
foram aborda<strong>do</strong>s conhecimentos conceituais, procedimentais e<br />
atitudinais. O mesmo professor ministrou todas as aulas e foi<br />
avalia<strong>do</strong> quanto ao seu desempenho através de uma avaliação<br />
realizada pelos alunos e analisada pelo corpo diretivo da instituição.<br />
Essa avaliação constitui o procedimento ofi cial a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pela<br />
instituição e é composta por oito afi rmações sobre a programação<br />
e o desenvolvimento da disciplina, oito afi rmações sobre a atuação<br />
<strong>do</strong> professor e seis afi rmações sobre o aluno (auto-avaliação). Para<br />
cada afi rmação o aluno atribui uma nota de um a quatro, sen<strong>do</strong> um<br />
Ruim ou Insatisfatório e quatro Excelente ou Muito Satisfatório.<br />
A comparação entre os <strong>do</strong>is procedimentos foi feita através de<br />
um teste de Qui-quadra<strong>do</strong> e da análise de proporções, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong><br />
5% como nível de signifi cância. Foram observa<strong>do</strong>s aumento (p <<br />
0,05) <strong>do</strong> percentual de alunos que atribuíram escore 4 em cinco<br />
das oito afi rmações sobre a programação e desenvolvimento, sete<br />
das oito questões sobre a análise <strong>do</strong> professor, embora apenas uma<br />
das afi rmações (“nível de participação nas aulas”) da auto-avaliação<br />
tenha recebi<strong>do</strong> maior percentual de escore 4. Esses resulta<strong>do</strong>s indicam<br />
que a forma como os conteú<strong>do</strong>s de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício<br />
são apresenta<strong>do</strong>s altera a percepção <strong>do</strong>s alunos de Educação Física<br />
sobre a programação e desenvolvimento da disciplina, sobre o professor<br />
e sobre o nível de participação nas aulas, mas altera pouco a<br />
percepção sobre o desempenho na disciplina como um to<strong>do</strong>.<br />
Comparação da força muscular<br />
respiratória e <strong>do</strong>s fluxos pulmonares<br />
obti<strong>do</strong>s de forma direta com os valores<br />
previstos em mulheres saudáveis entre<br />
20 a 29 anos<br />
Parizotto APD, Ferreira CA, Simões RP, Silva AB, Negrini<br />
F, Sampaio LMM<br />
UNIARA - São Carlos, SP<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
paulapld@ig.com.br<br />
Introdução: A avaliação da força muscular respiratória, <strong>do</strong>s fl uxos<br />
e volumes pulmonares têm si<strong>do</strong> um instrumento efi caz para detecção<br />
de possíveis alterações na capacidade de gerar força e diagnosticar<br />
a fraqueza e ou fadiga, geralmente relacionadas a patologias neuromusculares,<br />
respiratórias, cardíacas ou metabólicas. Por este motivo,<br />
fórmulas preditivas de avaliação da força muscular respiratória e<br />
<strong>do</strong>s fl uxos pulmonares têm si<strong>do</strong> objeto de estu<strong>do</strong> na literatura,<br />
comparan<strong>do</strong> com os valores obti<strong>do</strong>s diretamente, porém estas<br />
comparações têm mostra<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s controversos em diferentes<br />
populações. Objetivo: Comparar os valores de Ventilação Voluntária<br />
Máxima (VVM), Pressão Inspiratória Máxima (PImáx) e Pressão<br />
Expiratória Máxima (PEmáx) obti<strong>do</strong>s de forma direta por meio da<br />
espirometria e manovacuometria, respectivamente, com as fórmulas<br />
previstas por Neder et al. (1999), bem como <strong>do</strong> pico de fl uxo<br />
expiratório em relação as tabelas preditas, as quais são usadas como<br />
referência até os dias atuais para indivíduos saudáveis. Meto<strong>do</strong>logia:<br />
10 mulheres da região de São Carlos, de 23 ± 1,9 anos foram avaliadas,<br />
sen<strong>do</strong> que estas não apresentavam problemas respiratórios,<br />
cardíacos e/ou ortopédicos, não eram atletas nem fumantes. Todas<br />
as voluntárias foram submetidas à avaliação espirométrica onde<br />
realizaram as manobras de capacidade vital lenta (CVL) e capacidade<br />
vital forçada (CVF). A força muscular respiratória (FMR) foi<br />
mensurada por meio de um manovacuômetro aneróide (escalona<strong>do</strong><br />
±300 cmH 2 O), o qual foi obtida a PImáx e a PEmáx partin<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
volume residual e da capacidade pulmonar total, respectivamente,<br />
e ainda foi avalia<strong>do</strong> o pico de fl uxo expiratório (PFE) por meio <strong>do</strong><br />
Peak Flow Meter. Para cada medida foram realizadas três manobras,<br />
e os indivíduos permaneceram senta<strong>do</strong>s e com clipe nasal. Para a<br />
análise estatística foi computa<strong>do</strong> o maior valor coleta<strong>do</strong> e utilizou-se<br />
o Teste de Wilcoxon (p < 0,05). Este estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong><br />
com a resolução 196/96 <strong>do</strong> CNS além disto foi aprova<strong>do</strong> pelo<br />
comitê de ética da instituição. Resulta<strong>do</strong>s: Observou-se diferença<br />
signifi cativa (p < 0,01) quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s os valores de PImáx e<br />
PEmáx em relação aos da<strong>do</strong>s expressa<strong>do</strong>s matematicamente com<br />
os obti<strong>do</strong>s pela avaliação direta. Já para os valores de PFE e VVM,<br />
não se observou diferença signifi cativa. Conclusão: Infere-se que as<br />
medidas obtidas de PImáx e PEmáx apresentaram valores inferiores<br />
aos preditos matematicamente por Neder et al. (1999) e que os<br />
valores de PFE e VVM foram estaticamente iguais para indivíduos<br />
saudáveis da mesma faixa etária, o que denota que a tabela de Leiner<br />
(1963) ainda é válida para a população atual e a fórmula de Neder<br />
(1999) para a VVM apresentou-se aplicável para mulheres saudáveis<br />
de 20 a 29 anos.<br />
Análise <strong>do</strong> consumo máximo de oxigênio<br />
indireto, glicose e lactato sangüíneos<br />
em reposta ao teste de caminhada de<br />
rockport, realiza<strong>do</strong> por usuárias e não<br />
usuárias de contraceptivo oral<br />
Guerra CC, Donati CL, Moreira PT, Custódio CRN,<br />
Pinheiro DA<br />
Universidade de Mogi das Cruzes - Mogi das Cruzes, SP<br />
camila_guerra@ig.com.br<br />
Este estu<strong>do</strong> teve como objetivo comparar os níveis de lactato e<br />
glicose sangüíneos, antes e após um teste de caminhada realiza<strong>do</strong><br />
por mulheres sedentárias, no 2º e 10º dias <strong>do</strong> ciclo menstrual, bem<br />
como os valores de consumo máximo de oxigênio (VO 2máx ) inferi<strong>do</strong>s<br />
indiretamente. Para tanto, foram sujeitos da pesquisa, 16 mulheres<br />
sedentárias , as quais constituíram 2 grupos: usuárias (20,8 anos ±<br />
1,67) e não usuárias (21,8 anos ± 1,58) de contraceptivo oral. Para<br />
a execução deste teste, foram aferi<strong>do</strong>s os seguintes da<strong>do</strong>s basais:<br />
freqüên cia cardíaca, freqüência respiratória, glicemia e <strong>do</strong>sagem<br />
de lactato sérico. A seguir realizou-se 6 minutos de alongamento<br />
muscular ativo acresci<strong>do</strong> de 1 minuto de caminhada, sen<strong>do</strong> inicia<strong>do</strong><br />
o percurso de 1milha. Imediatamente após seu término, foram<br />
colhidas as variáveis e amostras sangüíneas, segui<strong>do</strong> por um desaquecimento<br />
de 8 minutos. Os da<strong>do</strong>s foram expressos por médias e<br />
desvio padrão e a comparação entre as médias foi realizada através
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
<strong>do</strong> teste “ t ” de student parea<strong>do</strong> e não parea<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> p ≤0,05<br />
utiliza<strong>do</strong> como nível de signifi cância. Em relação às características<br />
físicas <strong>do</strong>s sujeitos e ao tempo de realização <strong>do</strong> teste, não foram<br />
verifi cadas diferenças estatisticamente signifi cantes nos grupos<br />
analisa<strong>do</strong>s, indican<strong>do</strong>, assim, a homogeneidade entre os sujeitos<br />
da pesquisa. Quanto aos parâmetros cardio respiratórios, conforme<br />
espera<strong>do</strong>, observou-se o aumento dessas variáveis após o exercício<br />
físico, em ambos os grupos. Por outro la<strong>do</strong>, não houve alteração<br />
estatisticamente signifi cante nos valores de pressão arterial sistólica<br />
e diastólica, inicial e fi nal, em resposta ao exercício, analisa<strong>do</strong>s nas<br />
usuárias e não usuárias de contraceptivo oral, nos <strong>do</strong>is dias estuda<strong>do</strong>s.<br />
Quanto à <strong>do</strong>sagem de lactato sangüíneo, os valores iniciais foram<br />
signifi cativamente menores que os observa<strong>do</strong>s após o exercício em<br />
to<strong>do</strong>s os grupos. Essa alteração comprova que as voluntárias apresentaram<br />
uma mudança durante o teste, <strong>do</strong> metabolismo aeróbio,<br />
no início <strong>do</strong> esforço, para o metabolismo anaeróbio lático, com produção<br />
e acúmulo de áci<strong>do</strong> lático. Valores signifi cativamente maiores<br />
no 2º e 10º dias das usuárias de contraceptivo oral também foram<br />
observa<strong>do</strong>s.Comparan<strong>do</strong>-se os da<strong>do</strong>s médios de glicemia inicial e<br />
fi nal entre os 2 grupos, em ambos os dias de avaliação, observou- se<br />
que o grupo das usuárias de contraceptivo oral apresentou aumento<br />
da glicemia, enquanto o grupo das não usuárias registraram queda,<br />
estatisticamente signifi cantes. Quanto ao consumo máximo de<br />
oxigênio, não foram verifi cadas diferenças estatisticamente signifi -<br />
cantes entre os grupos, indican<strong>do</strong> que, independente da fase <strong>do</strong> ciclo<br />
menstrual ou utilização de contraceptivos orais, com características<br />
antropométricas homogêneas e mesmo nível de condicionamento,<br />
as mulheres apresentaram resulta<strong>do</strong>s de performance aeróbia semelhantes.<br />
Conclui-se que estu<strong>do</strong>s reprodutivos, envolven<strong>do</strong> maior<br />
número de sujeitos, devam ser realiza<strong>do</strong>s, visto a subjetividade <strong>do</strong><br />
teste utiliza<strong>do</strong> para precisar os da<strong>do</strong>s.<br />
Padrão eletroforético da LDH em ratos<br />
submeti<strong>do</strong>s a treinamento aeróbio em<br />
esteira e laser de baixa intensidade<br />
Vieira WHB, Costa FC, Santos GML, Góes R, Parizotto NA,<br />
Munim FS, Schuwantes MLB, Perez SEA, Baldissera V<br />
UFSCAR - São Carlos, SP<br />
hericksonfi sio@yahoo.com.br<br />
A enzima Lactato Desidrogenase (LDH) consiste em um <strong>do</strong>s<br />
melhores sistemas enzimáticos para estu<strong>do</strong>s de adaptações metabólicas<br />
a modifi cações as condições externas, como por exemplo,<br />
o défi cit de oxigênio. No entanto, inexistem estu<strong>do</strong>s investigan<strong>do</strong><br />
a atividade dessa enzima em seres submeti<strong>do</strong>s a treinamento físico<br />
e laser de baixa intensidade. O objetivo desse estu<strong>do</strong> foi examinar<br />
a atividade e padrão eletroforético da LDH em ratos submeti<strong>do</strong>s a<br />
treinamento aeróbio e laser de baixa intensidade. Fizeram parte <strong>do</strong><br />
estu<strong>do</strong> 54 ratos machos, Wistar, com peso médio de 115 ± 12g, os<br />
quais foram aloja<strong>do</strong>s em gaiolas coletivas a 22-27ºC com fotoperío<strong>do</strong><br />
de 12 horas de claro e 12 de escuro e receberam ração peletizada e<br />
água ad libitum. Estes animais foram dividi<strong>do</strong>s em 4 grupos: <strong>do</strong>is<br />
permaneceram em repouso (GRC e GRL), sen<strong>do</strong> o segun<strong>do</strong> irradia<strong>do</strong><br />
por laser; enquanto outros <strong>do</strong>is foram submeti<strong>do</strong>s a treinamento<br />
aeróbio em esteira durante 5 semanas (GEC e GEL), sen<strong>do</strong> o último<br />
também irradia<strong>do</strong> por laser. O laser foi aplica<strong>do</strong> diariamente sobre:<br />
75<br />
quadríceps, glúteo máximo, sóleo e Tibial Anterior, bilateralmente,<br />
durante 30 dias consecutivos, utilizan<strong>do</strong>: <strong>do</strong>se = 3,8J/cm2, potência<br />
= 15 mW, imediatamente após cada sessão de exercício. Amostras<br />
musculares de Sóleo, Tibial Anterior, Coração foram removidas 48<br />
horas após a última sessão de treinamento para análise espectrofotométrica<br />
e eletroforética. A análise estatística foi realizada através <strong>do</strong>s<br />
testes de Shapiro Wilks, ANOVA e Tukey. O nível de signifi cância<br />
foi considera<strong>do</strong> (p ≤ 0,05). Reduções foram observadas na atividade<br />
da LDH causadas pelo Laser (19 a 30%), exercício (41 a 66%) e suas<br />
ações combinadas (47 a 66%), (P < 0,01). A eletroforese exibiu uma<br />
pre<strong>do</strong>minância da subunidade B para o sóleo e coração, e da subunidade<br />
da A para TA. Esses da<strong>do</strong>s sugerem uma resposta adaptativa<br />
<strong>do</strong>s animais ao treinamento aeróbio e laser de baixa intensidade, no<br />
senti<strong>do</strong> da otimização da via oxidativa.<br />
Efeito <strong>do</strong> exercício físico realiza<strong>do</strong> até<br />
exaustão, nas intensidades leve e<br />
moderada, sobre a concentração sérica<br />
de interleucina-6<br />
Prestes J, Frollini AB, Dias R, Ferreira CKO, Donatto FF,<br />
Leite GS, Urta<strong>do</strong> CB, Guerreschi M, Palanch A, Cavaglieri<br />
CR<br />
Universidade Metodista de Piracicaba - Mestra<strong>do</strong> Educação<br />
Física, Núcleo de Performance Humana, SP<br />
jprestes@unimep.br<br />
Introdução: A produção de interleucina-6 (IL-6) pode ser modulada<br />
por vários estímulos, incluin<strong>do</strong> o exercício físico, trauma e<br />
infecção. A liberação de IL-6 induzida pelo exercício assumidamente<br />
regula componentes da fase de resposta aguda, incluin<strong>do</strong> fase aguda<br />
de síntese proteica pelo fíga<strong>do</strong> e liberação de glicocorticóides via<br />
estimulação <strong>do</strong> eixo hipotalâmico-hipofi sário-adrenal. Objetivo:<br />
Analisar os efeitos <strong>do</strong> exercício físico até a exaustão, nas intensidades<br />
leve e moderada, sobre a concentração sérica de citocina IL-6;<br />
utilizan<strong>do</strong> como modelo de exercício físico, a natação. Méto<strong>do</strong>:<br />
Ratos sedentários machos Wistar, 2 meses e peso +200g obti<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong> Biotério Central da UNIMEP. Na intensidade leve o exercício<br />
foi realiza<strong>do</strong> sem sobrecarga, sen<strong>do</strong> que, na intensidade moderada<br />
uma sobrecarga correspondente a 5% <strong>do</strong> peso corporal <strong>do</strong> animal<br />
foi acoplada ao seu <strong>do</strong>rso, a qual corresponde a uma intensidade<br />
inferior ao ponto de infl exão da curva <strong>do</strong> limiar de lactato (Gobatto<br />
et al., 2001; Voltarelli et al., 2002). Os grupos realizaram uma<br />
única sessão até a exaustão; n = 3 para cada grupo. A <strong>do</strong>sagem foi<br />
realizada no soro <strong>do</strong>s animais e determinada pelo méto<strong>do</strong> ELISA,<br />
seguin<strong>do</strong> as especifi cações <strong>do</strong> Kit (R&D Systems). A estatística<br />
utilizada foi ANOVA segui<strong>do</strong> <strong>do</strong> Teste-t de Student, (p ≤0.05),<br />
resulta<strong>do</strong>s expressos pela média ±o erro padrão através <strong>do</strong> software<br />
MicrocaL Origin 6.0 (1999). Resulta<strong>do</strong>s: Comparan<strong>do</strong> o grupo controle<br />
com o grupo exaustão leve, observou-se aumento signifi cante<br />
de 26,6% na IL-6, não ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> observadas diferenças quan<strong>do</strong><br />
compara<strong>do</strong> o grupo exaustão modera<strong>do</strong> ao controle (Tabela 1).<br />
Na comparação entre os grupos exercita<strong>do</strong>s, observamos diferença<br />
estatisticamente signifi cante na IL-6 no grupo leve em relação ao<br />
exaustão modera<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> a concentração de IL-6 26% maior no<br />
exaustão leve (Tabela I).
76<br />
Tabela I - Concentração sérica de IL-6 para o grupo controle<br />
e grupos exercita<strong>do</strong>s.<br />
Concentração C<br />
sérica de IL-6<br />
EXL EXM<br />
(pg/ml)<br />
Média + erro<br />
padrão<br />
#<br />
267,88 + 9,86 364,88 + 7,76*<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
269,88 + 23,18<br />
Tabela referente aos resulta<strong>do</strong>s da concentração sérica de IL-6 em pg/mL para<br />
o grupo controle e grupos exercita<strong>do</strong>s. C= Grupo controle, EXL= Exercício<br />
agu<strong>do</strong> leve até a exaustão, EXM= Exercício agu<strong>do</strong> modera<strong>do</strong> até a exaustão.<br />
*Diferença signifi cativa em relação ao grupo #controle. Diferença signifi cativa<br />
entre os grupos EXL e EXM, (p < 0,05).<br />
Conclusão: Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s mostraram que o exercício em<br />
intensidade leve realiza<strong>do</strong> até a exaustão (duração média de 8 horas)<br />
induz a aumentos na concentração sérica de IL-6. No caso da intensidade<br />
moderada, esta não foi sufi ciente para elevar a IL-6.<br />
Variações pressóricas em i<strong>do</strong>sos<br />
ativos porta<strong>do</strong>res de diabetes tipo II<br />
submeti<strong>do</strong>s a treinamento resisti<strong>do</strong> de<br />
baixa intensidade<br />
Stotzer US, Oliveira PHZ, Damiano LEGV, Duarte ACG<br />
UFSCar, USP, São Carlos, SP<br />
ulianass@hotmail.com<br />
O aumento da população i<strong>do</strong>sa tem ocorri<strong>do</strong> de forma cada vez<br />
mais exponencial e juntamente tem cresci<strong>do</strong> a incidência de <strong>do</strong>enças<br />
relacionadas à idade, onde a <strong>do</strong>ença crônica mais freqüente é a hipertensão.<br />
Quan<strong>do</strong> se trata de diabéticos, estima-se que essa porcentagem<br />
seja de aproximadamente 90%. Os diversos estu<strong>do</strong>s que abordam a<br />
relação da pressão arterial (PA) com o exercício físico têm se concentra<strong>do</strong>,<br />
principalmente, no exercício <strong>do</strong> tipo aeróbio dinâmico, que<br />
comprovadamente oferece bons resulta<strong>do</strong>s, mas o treinamento resisti<strong>do</strong><br />
tem conquista<strong>do</strong> a cada dia mais espaço quan<strong>do</strong> se trata de promoção<br />
de saúde. O treinamento resisti<strong>do</strong> na terceira idade vem se revelan<strong>do</strong><br />
indispensável principalmente por reverter o quadro de hipotrofi a muscular<br />
que ocorre nas fi bras brancas, benefício que os exercícios aeróbios<br />
não promovem. Objetivo: investigar as alterações pressóricas em i<strong>do</strong>sos<br />
diabéticos tipo II quan<strong>do</strong> submeti<strong>do</strong>s a treinamento de exercício resisti<strong>do</strong>.<br />
Méto<strong>do</strong>s: quatro voluntários (3 homens e 1 mulher), diabéticos tipo<br />
II, com níveis pressóricos levemente eleva<strong>do</strong>s, idade entre 66-77 anos,<br />
após 5 semanas de adaptação aos exercícios realiza<strong>do</strong>s em aparelhos de<br />
musculação, realizaram teste de 1 Repetição Máxima (1RM) segui<strong>do</strong><br />
de treinamento de 5 semanas, com cargas correspondentes a 45% de<br />
1RM, numa freqüência de 3 sessões semanais. As pressões sistólicas e<br />
diastólicas foram monitoradas em todas as sessões pré e pós-exercício.<br />
Resulta<strong>do</strong>s: a média da pressão arterial sistólica baixou de 143 ± 15<br />
mmHg, pós-primeira sessão de treino, para 134 ± 20mmHg, pós-última<br />
sessão de treino e a pressão arterial diastólica sofreu uma redução<br />
de 88 ± 5 mmHg, pós-primeira sessão de treino, para 85 ± 7mmHg<br />
pós-última sessão de treino, ou seja, sofreram uma redução de 6% e 3%,<br />
respectivamente, porém quan<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>s no teste “t” de student não<br />
apresentaram diferença signifi cativa. Conclusões: o treinamento resisti<strong>do</strong><br />
de baixa intensidade mostrou ser aplicável também em população<br />
i<strong>do</strong>sa porta<strong>do</strong>ra de diabetes tipo II com pressões arteriais ligeiramente<br />
elevadas, se devidamente monitora<strong>do</strong>. Neste tipo de treinamento, as<br />
diferenças pressóricas encontradas, apesar de não terem apresenta<strong>do</strong><br />
diferenças estatísticas signifi cativas, merecem considerações clinicas e<br />
estu<strong>do</strong> mais longitudinal. Segun<strong>do</strong> um levantamento feito em 2000,<br />
com 2.143 pessoas, com 60 anos ou mais, residentes na capital paulista,<br />
a <strong>do</strong>ença crônica mais freqüente é a hipertensão, acometen<strong>do</strong> 53,3%<br />
<strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s (Pivetta, 2003). Quan<strong>do</strong> se trata de diabéticos,<br />
estima-se que essa porcentagem seja de aproximadamente 90%. O<br />
acompanhamento e o controle da hipertensão arterial e <strong>do</strong> diabetes<br />
mellitus poderá evitar o surgimento e a progressão das complicações.<br />
Segun<strong>do</strong> o sistema de Da<strong>do</strong>s Básicos em Saúde da OPS, no Brasil, a<br />
mortalidade por problemas específi cos de saúde, registradas em 1994<br />
na população brasileira com mais de 60 anos de idade, se atribuem em<br />
47% <strong>do</strong>s casos a enfermidades <strong>do</strong> aparelho circulatório.<br />
Comportamento da freqüência cardíaca<br />
e <strong>do</strong> lactato sangüíneo durante a prática<br />
<strong>do</strong> boxe<br />
AJMR Rodrigues, Franchini E, Menegon EM, Kiss MAPDM,<br />
Rossi LC, Bertuzzi RCM<br />
Curso de Educação Física - Unib, Grupo de Pesquisas<br />
em <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Universidade Presbiteriana<br />
Mackenzie, Laboratório de Desempenho Esportivo EEFEUSP<br />
cebolaboxe@aol.com<br />
Durante a prática <strong>do</strong> boxe, os atletas objetivam aumentar a sua<br />
pontuação por meio de golpes intensos e efi cazes em rounds com<br />
duração aproximada de três minutos. Dessa forma, os objetivos <strong>do</strong><br />
presente estu<strong>do</strong> foram: a) analisar o comportamento da freqüência<br />
cardíaca e das concentrações sangüíneas de lactato durante uma<br />
luta de boxe, b) verifi car o nível de associação dessas variáveis com<br />
a quantidade de golpes aplica<strong>do</strong>s pelos pugilistas. A amostra foi<br />
composta por 10 indivíduos (73,5 ± 10,5 kg; 170,9 ± 5,5 cm; 28<br />
± 4 anos) que praticavam o boxe a pelo menos 5 anos. As duplas<br />
foram formadas mediante as equivalências das categorias de peso,<br />
bem como <strong>do</strong> nível técnico. A luta foi composta por quatro rounds<br />
com duração de três minutos, segui<strong>do</strong>s por um minuto de descanso.<br />
A freqüência cardíaca de pico (FC pico ) foi considerada como o maior<br />
valor obti<strong>do</strong> ao fi nal de cada round. As concentrações sangüíneas<br />
de lactato de pico [La pico ] foram obtidas imediatamente após o<br />
término de cada round. Além disso, todas as lutas foram fi lmadas<br />
para posterior contagem <strong>do</strong>s golpes considera<strong>do</strong>s efetivos (GE). A<br />
comparação da FCpico e das [La pico ] nos quatro rounds foi realizada<br />
por meio da ANOVA com medidas repetidas, seguida pelo teste de<br />
Bonferroni. Os níveis das associações <strong>do</strong> GE com a FC pico ou com<br />
as [Lapico] foram obti<strong>do</strong>s pelo coefi ciente de correlação de Pearson.<br />
Para todas as análises a<strong>do</strong>tou-se o nível de signifi cância de 5 % (p <<br />
0,05). Os da<strong>do</strong>s foram expressos em médias ± desvios padrão. Durante<br />
a coleta <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, houve a mortalidade experimental de um<br />
sujeito. Os resulta<strong>do</strong>s estão presentes na Tabela I. Adicionalmente,<br />
as [Lapico] se correlacionou estatisticamente com o GE somente<br />
no terceiro round (r = 0,70; p = 0,036).<br />
Tabela I - Respostas fi siológicas e quantidade de golpes durante a<br />
luta (n = 9).<br />
1º round 2º round 3º round 4º round<br />
FC pico (bpm) 180 ± 13 182 ± 16 188 ± 10* 191 ± 9*♦<br />
[La pico ] (mM) 8,2 ± 1,9 10,0 ± 2,1* 10,5 ± 2,8* 11,7 ± 2,9*<br />
GE (golpes) 122 ± 42 105 ± 39 105 ± 47* 99 ± 34<br />
* = estatisticamente diferente <strong>do</strong> 1º round; ♦= estatisticamente diferente <strong>do</strong> 3º<br />
round; (FC pico F = 6,159; [La pico ] F = 8,985; GE F = 4,817; p < 0,05).
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Basea<strong>do</strong> nas respostas da FC pico , pode-se concluir que durante<br />
a luta de boxe, o aumento da sobrecarga <strong>do</strong> sistema cardiovascular<br />
ocorre principalmente a partir <strong>do</strong> terceiro round. Por outro la<strong>do</strong>, a<br />
alteração das [La pico ], logo no segun<strong>do</strong> round, poderia indicar que a<br />
contribuição <strong>do</strong> sistema glicolítico ocorre nos instantes iniciais da<br />
luta. Contu<strong>do</strong>, apenas a [La pico ] no terceiro round associou-se signifi<br />
cativamente com os GE, indican<strong>do</strong> que na maioria das situações,<br />
a elevação das variáveis fi siológicas supracitadas não depende da<br />
quantidade de golpes aplica<strong>do</strong>s. Porém, deve-se considerar que na<br />
presente investigação não houve a mensuração da intensidade desses<br />
golpes, que, de certa forma, poderia ter infl uencia<strong>do</strong> nas respostas<br />
da FC pico e das [La pico ] durante a luta.<br />
Incidência de lesões em joga<strong>do</strong>res de<br />
futebol profissional <strong>do</strong> Uberaba Sport<br />
Clube no Campeonato Mineiro módulo II<br />
2005<br />
Faria LF, Paiva VH<br />
Universidade Federal de São Carlos (Departamento de<br />
Ciências Fisiológicas) - São Carlos, SP<br />
lf.faria@edu.uniube.br<br />
Introdução: O futebol é o esporte mais pratica<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong>.<br />
Segun<strong>do</strong> a FIFA, é pratica<strong>do</strong> por mais de 60 milhões de pessoas em<br />
mais de 150 países. Um contingente tão eleva<strong>do</strong> de praticantes leva<br />
necessariamente a um grande número de lesões e torna o esporte<br />
objeto de estu<strong>do</strong>s também na área de saúde. Por exemplo, estimase<br />
que 50 a 60% das lesões esportivas na Europa são causadas pela<br />
prática <strong>do</strong> futebol, geran<strong>do</strong> atendimentos médicos, afastamentos <strong>do</strong><br />
trabalho e até internações. A lesão que ocorre mais freqüentemente<br />
nos atletas de futebol é a contusão (pancada, com 33,71%), sen<strong>do</strong><br />
este o resulta<strong>do</strong> de trauma direto sobre o corpo <strong>do</strong> joga<strong>do</strong>r, segui<strong>do</strong><br />
pela lesão muscular (estiramento, ruptura <strong>do</strong> músculo, com 21,72%)<br />
e pelo entorse (torção). A localização mais freqüente das lesões é nos<br />
membros inferiores, especialmente o joelho (24,30%), segui<strong>do</strong> pela<br />
coxa (21,71%) e pelo tornozelo (12,20%). Os fatores mais comuns<br />
predisponentes de lesões no futebol estão associa<strong>do</strong>s ao tipo de<br />
treinamento, condicionamento <strong>do</strong>s atletas e outros tipos de fatores<br />
isola<strong>do</strong>s (como esta<strong>do</strong> psicológico e fraturas por contato). Objetivo:<br />
relatar a incidência de lesões em joga<strong>do</strong>res de futebol profi ssional <strong>do</strong><br />
Uberaba Sport Clube no Campeonato Mineiro Módulo II <strong>do</strong> ano de<br />
2005 que compreendeu o perío<strong>do</strong> de 14/05/2005 até 28/08/2005 e<br />
suas possíveis repercussões no desempenho da equipe. Meto<strong>do</strong>logia:<br />
Quantifi cou-se o número de lesões <strong>do</strong>s atletas profi ssionais da equipe<br />
de futebol <strong>do</strong> Uberaba Sport Clube (USC) no Campeonato Mineiro<br />
Módulo II <strong>do</strong> ano de 2005 através de averiguação clínica e exames<br />
complementares no departamento médico <strong>do</strong> clube. A amostragem<br />
foi composta <strong>do</strong>s 23 atletas componentes da equipe profi ssional<br />
<strong>do</strong> USC. Os da<strong>do</strong>s colhi<strong>do</strong>s foram agrupa<strong>do</strong>s e organiza<strong>do</strong>s com<br />
a utilização de média simples, correlacionan<strong>do</strong> número e tipos de<br />
lesões, fase <strong>do</strong> campeonato, afastamento <strong>do</strong>s atletas por jogos e<br />
aproveitamento <strong>do</strong> time entre as fases <strong>do</strong> campeonato. Resulta<strong>do</strong>s:<br />
Durante o campeonato ocorreram 19 lesões no total com a seguinte<br />
distribuição: 7 lesões traumáticas e 12 não-traumáticas; entre as lesões<br />
traumáticas houveram 1 ruptura de ligamento, 1 corte contuso,<br />
2 luxações e 2 fraturas; entre as lesões não-traumáticas, 6 foram por<br />
entorse e 6 por estiramento muscular. 78,9% das lesões ocorreram<br />
nos membros inferiores, 15,8% das lesões em membros superiores<br />
e 5,3% das lesões na cabeça. Ocorreram 7 lesões na primeira fase<br />
77<br />
<strong>do</strong> campeonato e 12 no Hexagonal Final. Durante o campeonato<br />
a média de afastamento por lesões traumáticas foi de 2,4 jogos, e<br />
lesões não-traumáticas, 2 jogos. O aproveitamento <strong>do</strong> time foi de<br />
66,7% na primeira fase e 30% na segunda fase. Conclusão: O número<br />
de lesões no time de futebol profi ssional <strong>do</strong> USC ocorreu em sua<br />
maior parte nos membros inferiores e por lesões não-traumáticas.<br />
Foi maior também o número de lesões na segunda fase <strong>do</strong> campeonato<br />
(Hexagonal Final) poden<strong>do</strong> este fato estar relaciona<strong>do</strong> ao tipo<br />
de treinamento <strong>do</strong>s atletas, no qual foi prioriza<strong>do</strong> o treinamento<br />
intervala<strong>do</strong> (sem planejamento de macro e microciclos) e ao perío<strong>do</strong><br />
de recuperação.<br />
Atividade física, hábitos alimentares<br />
e stress em a<strong>do</strong>lescentes prévestibulan<strong>do</strong>s<br />
de Ituiutaba, Minas<br />
Gerais, Brasil<br />
Franco LDP*, Manco AM**, Demonte A*<br />
*Especialista em <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício pela Universidade<br />
Federal de São Carlos e Mestranda em Ciências Nutricionais<br />
pela Universidade Estadual Paulista - Araraquara, SP, **<br />
Doutoranda em Ciências Nutricionais pela Faculdade de<br />
Ciências Farmacêuticas, Universidade Estadual Paulista<br />
- Araraquara, SP<br />
larissadpf@yahoo.com.br.<br />
O desejo de alcançar uma cadeira na Universidade faz com que,<br />
no perío<strong>do</strong> pré- vestibular, haja mudanças no estilo de vida <strong>do</strong>s estudantes,<br />
alteran<strong>do</strong> principalmente os hábitos alimentares e o nível<br />
de atividade física habitual, favorecen<strong>do</strong> o aparecimento <strong>do</strong> stress.<br />
Consideran<strong>do</strong> a grande população que se insere nessa situação, o<br />
presente estu<strong>do</strong> visou investigar os hábitos alimentares, os níveis de<br />
atividade física e o stress entre a<strong>do</strong>lescentes em fase de preparação<br />
para o vestibular em Ituiutaba, MG, Brasil. Meto<strong>do</strong>logia: A população<br />
estudada constituiu-se de 71 estudantes de escola pública, de ambos<br />
os sexos, com idade média de 16,95 ± 0,49 anos. Foram utiliza<strong>do</strong>s<br />
questionários traduzi<strong>do</strong>s por Nahas (2001) para avaliar os hábitos<br />
alimentares e a atividade física habitual e o Inventário de Sintomas<br />
<strong>do</strong> Stress, elabora<strong>do</strong> e valida<strong>do</strong> por Lipp & Guevara (1994) para<br />
sujeitos a partir de 15 anos para analisar o surgimento <strong>do</strong> stress. Os<br />
da<strong>do</strong>s foram analisa<strong>do</strong>s através da estatística descritiva (médias,<br />
desvio-padrão, distribuição de freqüência e percentuais), o teste “t”<br />
de Student e o Qui-quadra<strong>do</strong>, utilizan<strong>do</strong> um nível de signifi cância<br />
de p < 0,05 em to<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong>. Resulta<strong>do</strong>s: Em geral, as moças e os<br />
rapazes apresentaram um nível ativo de atividade física (41,66%),<br />
com diferença signifi cativa entre os gêneros, mostran<strong>do</strong> maior nível<br />
de atividade física entre os rapazes (t = 5,9681). A prática de atividades<br />
físicas aeróbicas, como caminhar ou passear de bicicleta moderadamente<br />
foi a modalidade que mais despertou o interesse das moças<br />
(61,9%), não haven<strong>do</strong>, entretanto, diferença signifi cativa quan<strong>do</strong><br />
compara<strong>do</strong> aos rapazes (χ 2 = 1,2954). As categorias que apresentaram<br />
diferença signifi cativa entre os gêneros foram a ginástica localizada<br />
(χ 2 = 6.225) com pre<strong>do</strong>minância entre as moças, e a musculação<br />
(χ 2 = 5.476) entre os rapazes. Na análise <strong>do</strong>s hábitos alimentares,<br />
83,09% <strong>do</strong>s estudantes possuíam hábitos inadequa<strong>do</strong>s, com baixo<br />
consumo de frutas, hortaliças, carnes brancas e leite; mostran<strong>do</strong><br />
ainda diferença signifi cativa no consumo de carnes vermelhas (χ 2 =<br />
9.2437) e refrigerantes (χ 2 = 8.5728) entre os gêneros. Houve alta<br />
prevalência de stress instala<strong>do</strong> (73,24%), principalmente na fase
78<br />
de resistência (76,73%) e, entre as moças (71,15%). Conclusão: A<br />
atividade física deve manter-se inserida no dia-a-dia <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes,<br />
com a fi nalidade de manter o estilo de vida ativo, objetivan<strong>do</strong> não só<br />
a saúde física, mas também promover ou recuperar a saúde mental e<br />
emocional. Além disso, tanto rapazes como moças devem procurar<br />
rever seus hábitos alimentares e desmistifi car concepções a respeito<br />
da alimentação. Sugere -se ainda outros estu<strong>do</strong>s que possam avaliar<br />
e comparar os níveis de atividade física e vulnerabilidade ao stress<br />
entre estudantes de escolas da rede pública e privada.<br />
Variáveis das ergoespirométricasem<br />
mulheres submetidas a testes na esteira<br />
rolante em diferentes protocolos<br />
Tavano J, Tavano J, Baldissera V<br />
Universidade Federal de São Carlos - UFSCar São Carlos, SP<br />
quelisj@hotmail.com<br />
A grande maioria <strong>do</strong>s testes de esforço físico em esteira rolante<br />
são realiza<strong>do</strong>s com inclinação positivas ou nulas, em nenhum trabalho<br />
até hoje publica<strong>do</strong> verifi cou-se o uso da inclinação negativa,<br />
onde poderia ser benéfi co para aqueles indivíduos que teriam a<br />
difi culdade de realizar a atividade física em aclives acentua<strong>do</strong>s,<br />
como por exemplo, por apresentar uma reduzida força muscular.<br />
Os benefícios e controle metabólico na condição de inclinação<br />
negativa têm si<strong>do</strong> muito pouco estuda<strong>do</strong>s. O presente trabalho<br />
tem por objetivo comparar a existência de diferenças signifi cantes<br />
estatisticamente, entre as principais variáveis ergoespirométricas em<br />
teste de esforço executa<strong>do</strong> nas condições de inclinação positiva (+<br />
10%), nula (0%) e negativa (-10 %). Participaram deste estu<strong>do</strong> 11<br />
voluntárias ativas e saudáveis <strong>do</strong> sexo feminino, com idade média<br />
±desvio padrão de 25,9 ±4,7 e IMC de 21,5 ±2,1. Os indivíduos<br />
foram submeti<strong>do</strong>s a três testes incrementais em esteira rolante, no<br />
Laboratório de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício da Universidade Federal de<br />
São Carlos – UFSCar. Os testes foram realiza<strong>do</strong>s sempre no mesmo<br />
perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> dia, ao longo de duas semanas, em diferentes dias e em<br />
ordem aleatória, para os três tipos de protocolos. Os testes iniciaram<br />
com 3Km/h aumentan<strong>do</strong> 1km/h a cada <strong>do</strong>is minutos, até a exaustão<br />
voluntária. Foram continuamente mensura<strong>do</strong>s os parâmetros<br />
Ergoespirométricos (analisa<strong>do</strong>r de gases VO 2000) e a composição<br />
corporal (bioimpedância). Mediante a análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s, foi<br />
possível observar, uma diferença estatisticamente signifi cante quan<strong>do</strong><br />
aplica<strong>do</strong> o teste de ANOVA, com comparações por Tukey entre o<br />
quociente respiratório obti<strong>do</strong> durante o limiar anaeróbio e o limiar<br />
de compensação respiratória, nas condições de inclinação positiva<br />
(médias de 1,2 -1,3 respectivamente) e inclinação negativa (1,1 -<br />
1,1). Ressalta-se que a produção calórica total no teste não foi afetada<br />
pelo procedimento experimental (gasto metabólico oscilan<strong>do</strong> entre<br />
9.543 Kcal a 10.285 Kcal). A comparação deste parâmetro com a<br />
carga máxima expressa em relação à velocidade máxima suportada<br />
na corrida, revelou que a mesma foi estatisticamente menor para a<br />
condição em inclinação positiva (8,4 m/min ± 1,0) e inclinação negativa<br />
(13,0 m/min ± 2,4), bem como a condição de inclinação nula,<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
bem como a inclinação positiva e inclinação negativa. Isto sugere<br />
a possibilidade de se manter um exercício em inclinação negativa,<br />
com o mesmo gasto metabólico e consumo máximo de oxigênio,<br />
em relação às condições inclinação nula e inclinação positiva, porém<br />
em velocidades maiores. Quan<strong>do</strong> o exercício em aclives acentua<strong>do</strong><br />
for contra-indica<strong>do</strong> devi<strong>do</strong> a uma sobrecarga cardiorespiratória<br />
elevada ou redução da força muscular para suportar este exercício,<br />
os exercícios inclinações negativas seriam mais indica<strong>do</strong>s, apesar da<br />
possibilidade da gênese de micro-lesões e <strong>do</strong>res musculares uma vez<br />
que habitualmente que este tipo de musculatura não é usualmente<br />
recruta<strong>do</strong>.<br />
Aspectos genéticos e padrões de<br />
movimentos axiais na dança <strong>do</strong> ventre<br />
Haddad M, Ramirez A<br />
UNIFMU - São Paulo, SP<br />
marinnahaddad@hotmail.com<br />
A dança, inclusive a <strong>do</strong> ventre, é uma forma de movimento que<br />
utiliza um vocabulário específi co para o esforço criativo particular<br />
que está sen<strong>do</strong> expresso. Conseqüentemente, movimentos fundamentais<br />
de locomoção e estabilidade (movimentos axiais) servem<br />
como meios para transmitir conceitos e idéias. Consideran<strong>do</strong> que<br />
cada pessoa é um indivíduo peculiar devi<strong>do</strong> à combinação genética<br />
herdada e às infl uências ambientais na qual vive, fi ca patente que,<br />
apesar de algumas características genéticas serem estáveis como o tipo<br />
sanguíneo, cada indivíduo tem seu próprio tempo de desenvolvimento<br />
até atingir a maturidade motora. A dança <strong>do</strong> ventre requer estágios<br />
maduros de desenvolvimento motor, especialmente de movimentos<br />
axiais. Este trabalho teve como objetivo verifi car aspectos genéticos e<br />
padrões de movimentos axiais em bailarinas praticantes de dança <strong>do</strong><br />
ventre. Foram analisadas 13 bailarinas entre 20 e 50 anos de idade<br />
por meio de um questionário e teste de seqüência de desenvolvimento<br />
para movimentos axiais. Os aspectos genéticos considera<strong>do</strong>s foram<br />
tipagem sanguínea e etnia. Os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s testes de movimentos<br />
axiais revelaram que seis bailarinas apresentaram padrão maduro,<br />
cinco apresentaram padrão elementar e duas apresentaram padrão<br />
inicial. A análise geral <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s revelou que todas as voluntárias<br />
<strong>do</strong> tipo sangüíneo A+ não apresentaram variações nos testes de movimentos<br />
axiais, demonstran<strong>do</strong> nível maduro nos testes realiza<strong>do</strong>s.<br />
Mais de 50% das voluntárias <strong>do</strong> tipo sangüíneo O+ apresentaram<br />
nível elementar no teste. Observou-se ainda, que as voluntárias de<br />
etnia branca apresentaram um maior número de estágios maduros,<br />
provavelmente por comporem a maior parte da amostra testada.<br />
Conclui-se que, apesar da precisão obtida na avaliação <strong>do</strong>s padrões<br />
de movimentos axiais das praticantes de dança <strong>do</strong> ventre, não foi<br />
possível estabelecer relações a respeito da infl uência genética nos<br />
padrões de movimentos axiais devi<strong>do</strong> à heterogeneidade <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s<br />
obti<strong>do</strong>s. Um aumento na amostra, um estu<strong>do</strong> mais detalha<strong>do</strong> sobre<br />
mielinização, e a utilização de marca<strong>do</strong>res genéticos mais precisos<br />
possivelmente levariam ao objetivo proposto neste trabalho.
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Normas de publicação Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício<br />
A revista <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício é uma publicação com periodicidade<br />
quadrimestral e está aberta para a publicação e divulgação<br />
de artigos científicos das várias áreas relacionadas à <strong>Fisiologia</strong><br />
<strong>do</strong> Exercício.<br />
Os artigos publica<strong>do</strong>s em <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício poderão também<br />
ser publica<strong>do</strong>s na versão eletrônica da revista (Internet) assim<br />
como em outros meios eletrônicos (CD-ROM) ou outros<br />
que surjam no futuro. Ao autorizar a publicação de seus artigos<br />
na revista, os autores concordam com estas condições.<br />
A revista <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício emprega o estilo Vancouver<br />
(Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical<br />
journals, N Engl J Med 1997;336(4):309-15) preconiza<strong>do</strong><br />
pelo Comitê Internacional de Diretores de Revistas Médicas.<br />
As especificações podem ser encontradas no site <strong>do</strong> International<br />
Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), www.<br />
icmje.org.<br />
Submissões devem ser enviadas por e-mail para (artigos@atlanticaeditora.com.br).<br />
A publicação <strong>do</strong>s artigos é uma decisão <strong>do</strong>s<br />
editores, baseada em avaliação por revisores anônimos (Artigos<br />
originais, Revisões, Estu<strong>do</strong>s de Caso) ou não.<br />
1. Editorial<br />
O Editorial que abre cada número da <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício<br />
comenta acontecimentos recentes, inovações tecnológicas, ou<br />
destaca artigos importantes publica<strong>do</strong>s na própria revista. Ao<br />
pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Editores, a revista pode publicar uma ou várias Opiniões<br />
de especialistas sobre temas de atualidade.<br />
2. Artigos originais<br />
São trabalhos resultantes de pesquisa científica apresentan<strong>do</strong><br />
da<strong>do</strong>s originais de descobertas com relação a aspectos experimentais<br />
ou observacionais. Todas as contribuições a esta seção<br />
que suscitarem interesse editorial serão submetidas à revisão<br />
por pares anônimos.<br />
Formato: O texto <strong>do</strong>s Artigos originais é dividi<strong>do</strong> em Resumo,<br />
Introdução, Material e méto<strong>do</strong>s, Resulta<strong>do</strong>s, Discussão, Conclusão,<br />
Agradecimentos e Referências.<br />
Texto: A totalidade <strong>do</strong> texto, incluin<strong>do</strong> as referências e as legendas<br />
das figuras, não deve ultrapassar 30.000 caracteres (espaços<br />
incluí<strong>do</strong>s), e não deve ser superior a 12 páginas A4, em espaço<br />
simples, fonte Times New Roman tamanho 12, com todas as<br />
formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito,<br />
etc. O Resumo deve ser envia<strong>do</strong> em português e em inglês, e<br />
cada versão não deve ultrapassar 200 palavras. A distribuição<br />
<strong>do</strong> texto nas demais seções é livre.<br />
Tabelas: Recomenda-se usar no máximo seis tabelas, no formato<br />
Excel ou Word.<br />
Figuras: Máximo de 8 figuras, em formato .tif ou .gif, com<br />
resolução de 300 dpi.<br />
Literatura citada: Máximo de 50 referências.<br />
3. Revisão<br />
São trabalhos que expõem criticamente o esta<strong>do</strong> atual <strong>do</strong> conhecimento<br />
em alguma das áreas relacionadas à <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong><br />
Exercício. Revisões consistem necessariamente em síntese, aná-<br />
79<br />
lise, e avaliação de artigos originais já publica<strong>do</strong>s em revistas<br />
científicas. Todas as contribuições a esta seção que suscitarem<br />
interesse editorial serão submetidas à revisão por pares anônimos.<br />
Formato: Embora tenham cunho histórico, Revisões não expõem<br />
necessariamente toda a história <strong>do</strong> seu tema, exceto<br />
quan<strong>do</strong> a própria história da área for o objeto <strong>do</strong> artigo. O<br />
texto deve conter um resumo de até 200 palavras em português<br />
e outro em inglês. O restante <strong>do</strong> texto tem formato livre, mas<br />
deve ser subdividi<strong>do</strong> em tópicos, identifica<strong>do</strong>s por subtítulos,<br />
para facilitar a leitura.<br />
Texto: A totalidade <strong>do</strong> texto, incluin<strong>do</strong> a literatura citada e as<br />
legendas das figuras, não deve ultrapassar 30.000 caracteres, incluin<strong>do</strong><br />
espaços.<br />
Figuras e Tabelas: mesmas limitações <strong>do</strong>s Artigos originais.<br />
Literatura citada: Máximo de 50 referências.<br />
4. Estu<strong>do</strong> de caso<br />
São artigos que apresentam da<strong>do</strong>s descritivos de um ou mais<br />
casos clínicos ou terapêuticos com características semelhantes.<br />
Contribuições a esta seção que suscitarem interesse editorial serão<br />
submetidas à revisão por pares.<br />
Formato: O texto <strong>do</strong>s Estu<strong>do</strong>s de caso deve iniciar com um<br />
resumo de até 200 palavras em português e outro em inglês. O<br />
restante <strong>do</strong> texto deve ser subdividi<strong>do</strong> em Introdução, Apresentação<br />
<strong>do</strong> caso, Discussão, Conclusões e Referências.<br />
Texto: A totalidade <strong>do</strong> texto, incluin<strong>do</strong> a literatura citada e as<br />
legendas das figuras, não deve ultrapassar 10.000 caracteres, incluin<strong>do</strong><br />
espaços.<br />
Figuras e Tabelas: máximo de duas tabelas e duas figuras.<br />
Literatura citada: Máximo de 20 referências.<br />
5. Opinião<br />
Esta seção publicará artigos curtos, de no máximo uma página,<br />
que expressam a opinião pessoal <strong>do</strong>s autores: avanços recentes,<br />
política de saúde, novas idéias científicas e hipóteses, críticas à<br />
interpretação de estu<strong>do</strong>s originais e propostas de interpretações<br />
alternativas, por exemplo. Por ter cunho pessoal, não será sujeita<br />
a revisão por pares.<br />
Formato: O texto de artigos de Opinião tem formato livre, e<br />
não traz um resumo destaca<strong>do</strong>.<br />
Texto: Não deve ultrapassar 5.000 caracteres, incluin<strong>do</strong> espaços.<br />
Figuras e Tabelas: Máximo de uma tabela ou figura.<br />
Literatura citada: Máximo de 20 referências.<br />
6. Cartas<br />
Esta seção publicará correspondência recebida, necessariamente<br />
relacionada aos artigos publica<strong>do</strong>s na <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício<br />
ou à linha editorial da revista. Demais contribuições devem ser<br />
endereçadas à seção Opinião. Os autores de artigos eventualmente<br />
cita<strong>do</strong>s em Cartas serão informa<strong>do</strong>s e terão direito de<br />
resposta, que será publicada simultaneamente. Cartas devem<br />
ser breves e, se forem publicadas, poderão ser editadas para<br />
atender a limites de espaço.
80<br />
PREPARAÇÃO DO ORIGINAL<br />
1. Normas gerais<br />
1.1 Os artigos envia<strong>do</strong>s deverão estar digita<strong>do</strong>s em processa<strong>do</strong>r<br />
de texto (Word), em página A4, formata<strong>do</strong>s da seguinte maneira:<br />
fonte Times New Roman tamanho 12, com todas as formatações<br />
de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc.<br />
1.2 Tabelas devem ser numeradas com algarismos romanos, e<br />
Figuras com algarismos arábicos.<br />
1.3 Legendas para Tabelas e Figuras devem constar à parte, isoladas<br />
das ilustrações e <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong> texto.<br />
1.4 As imagens devem estar em preto e branco ou tons de cinza,<br />
e com resolução de qualidade gráfica (300 dpi). Fotos e<br />
desenhos devem estar digitaliza<strong>do</strong>s e nos formatos .tif ou .gif.<br />
Imagens coloridas serão aceitas excepcionalmente, quan<strong>do</strong> forem<br />
indispensáveis à compreensão <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s (histologia,<br />
neuroimagem etc.)<br />
Todas as contribuições devem ser enviadas por e-mail para<br />
(artigos@atlanticaeditora.com.br). O corpo <strong>do</strong> e-mail deve ser<br />
uma carta <strong>do</strong> autor correspondente à editora, e deve conter:<br />
(1) resumo de não mais que duas frases <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> da contribuição<br />
(diferente <strong>do</strong> resumo de um Artigo original, por<br />
exemplo);<br />
(2) uma frase garantin<strong>do</strong> que o conteú<strong>do</strong> é original e não foi<br />
publica<strong>do</strong> em outros meios além de anais de congresso;<br />
(3) uma frase em que o autor correspondente assume a responsabilidade<br />
pelo conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> artigo e garante que to<strong>do</strong>s<br />
os outros autores estão cientes e de acor<strong>do</strong> com o envio <strong>do</strong><br />
trabalho;<br />
(4) uma frase garantin<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> aplicável, que to<strong>do</strong>s os<br />
procedimentos e experimentos com humanos ou outros<br />
animais estão de acor<strong>do</strong> com as normas vigentes na Instituição<br />
e/ou Comitê de Ética responsável;<br />
(5) telefones de contato <strong>do</strong> autor correspondente.<br />
2. Página de apresentação<br />
A primeira página <strong>do</strong> artigo traz as seguintes informações:<br />
- Título <strong>do</strong> trabalho em português e inglês;<br />
- Nome completo <strong>do</strong>s autores e titulação principal;<br />
- Local de trabalho <strong>do</strong>s autores;<br />
- Autor correspondente, com o respectivo endereço, telefone<br />
e E-mail;<br />
- Título abrevia<strong>do</strong> <strong>do</strong> artigo, com não mais de 40 toques, para<br />
paginação;<br />
3. Resumo e palavras-chave<br />
A segunda página de todas as contribuições, exceto Opiniões,<br />
deverá conter resumos <strong>do</strong> trabalho em português e em inglês.<br />
O resumo deve identificar, em texto corri<strong>do</strong> (sem subtítulos),<br />
o tema <strong>do</strong> trabalho, as questões abordadas, a meto<strong>do</strong>logia empregada<br />
(quan<strong>do</strong> aplicável), as descobertas ou argumentações<br />
principais, e as conclusões <strong>do</strong> trabalho.<br />
Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006<br />
Abaixo <strong>do</strong> resumo, os autores deverão indicar quatro palavras-chave<br />
em português e em inglês para indexação <strong>do</strong> artigo.<br />
Recomenda-se empregar termos utiliza<strong>do</strong>s na lista <strong>do</strong>s DeCS<br />
(Descritores em Ciências da Saúde) da Biblioteca Virtual da<br />
Saúde, que se encontra em http://decs.bvs.br.<br />
4. Agradecimentos<br />
Agradecimentos a colabora<strong>do</strong>res, agências de fomento e técnicos<br />
devem ser inseri<strong>do</strong>s no final <strong>do</strong> artigo, antes das Referências,<br />
em uma seção à parte.<br />
5. Referências<br />
As referências bibliográficas devem seguir o estilo Vancouver.<br />
As referências bibliográficas devem ser numeradas com algarismos<br />
arábicos, mencionadas no texto pelo número entre parênteses,<br />
e relacionadas nas Referências na ordem em que aparecem<br />
no texto, seguin<strong>do</strong> as seguintes normas:<br />
Livros - Sobrenome <strong>do</strong> autor, letras iniciais de seu nome, ponto,<br />
título <strong>do</strong> capítulo, ponto, In: autor <strong>do</strong> livro (se diferente<br />
<strong>do</strong> capítulo), ponto, título <strong>do</strong> livro (em grifo - itálico), ponto,<br />
local da edição, <strong>do</strong>is pontos, editora, ponto e vírgula, ano da<br />
impressão, ponto, páginas inicial e final, ponto.<br />
Exemplo:<br />
1. Phillips SJ, Hypertension and stroke. In: Laragh JH, editor.<br />
Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management.<br />
2nd ed. New-York: Raven Press; 1995. p.465-78.<br />
Artigos – Número de ordem, sobrenome <strong>do</strong>(s) autor(es), letras<br />
iniciais de seus nomes (sem pontos nem espaço), ponto. Título<br />
<strong>do</strong> trabalha, ponto. Título da revista ano de publicação segui<strong>do</strong><br />
de ponto e vírgula, número <strong>do</strong> volume segui<strong>do</strong> de <strong>do</strong>is pontos,<br />
páginas inicial e final, ponto. Não utilizar maiúsculas ou<br />
itálicos. Os títulos das revistas são abrevia<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com o<br />
Index Medicus, na publicação List of Journals Indexed in Index<br />
Medicus ou com a lista das revistas nacionais, disponível no<br />
site da Biblioteca Virtual de Saúde (www.bireme.br). Devem<br />
ser cita<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os autores até 6 autores. Quan<strong>do</strong> mais de 6,<br />
colocar a abreviação latina et al.<br />
Exemplo:<br />
Yamamoto M, Sawaya R, Mohanam S. Expression and localization<br />
of urokinase-type plasminogen activator receptor in<br />
human gliomas. Cancer Res 1994;54:5016-20.<br />
Todas as contribuições devem ser enviadas por e-mail para:<br />
Guillermina Arias<br />
E-mail: artigos@atlanticaeditora.com.br<br />
Atlantica Editora<br />
www.atlanticaeditora.com.br<br />
Rua da Lapa, 180/1103 - Lapa<br />
20021-180 Rio de Janeiro RJ<br />
Tel: (21) 2221 4164