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#Química - Volume 1 (2016) - Martha Reis

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2 As reações químicas e<br />

a constituição da matéria<br />

Há muito tempo o ser humano utiliza as propriedades químicas da matéria<br />

para obter produtos de seu interesse, como metais, cerâmicas, colas, cosméticos<br />

e fármacos, e se questiona a respeito da constituição da matéria. Por exemplo:<br />

se uma pedra de azurita (minério de cobre) pode se transformar em um metal<br />

avermelhado (cobre), do que essa matéria é constituída?<br />

Várias hipóteses, ou seja, suposições para responder a esses questionamentos<br />

surgiram com os filósofos gregos, porém na época não podiam ser<br />

comprovadas.<br />

Duas delas se destacam por serem bem antagônicas.<br />

Uma foi proposta por volta de 450 a.C. por dois filósofos gregos, Demócrito e<br />

Leucipo, das regiões de Abdera e Mileto (da Grécia antiga). Eles imaginaram que,<br />

se pegássemos um corpo qualquer e fôssemos dividindo-o sucessivas vezes, haveria<br />

um momento em que essa divisão não seria mais possível. Nesse momento,<br />

teríamos chegado ao átomo (do grego a, ‘não’, e tomo, ‘parte’, o que significa ‘sem<br />

partes, indivisível’). Essa foi a primeira hipótese da matéria descontínua, que não<br />

foi bem aceita, pois a ideia de matéria contínua proposta por outros filósofos ia<br />

ao encontro dos anseios da época, pois atribuía ao Universo uma ordem e uma<br />

simplicidade básicas, sob as quais era possível exercer certo domínio.<br />

Assim, algum tempo depois, Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) – reconhecido atualmente<br />

como um dos mais importantes filósofos da humanidade –, com base nas<br />

ideias de outros filósofos, levantou a hipótese de que toda matéria seria formada por<br />

uma única essência, baseada em quatro qualidades primárias (quente, frio, seco e<br />

úmido) que se combinavam aos pares, formando os elementos terra, água, ar e fogo.<br />

Essa hipótese de Aristóteles era sustentada pela teoria do vitalismo adotada<br />

na época, segundo a qual toda matéria se comportava como um organismo<br />

vivo. A extração de um metal de seu minério, por exemplo, era visto<br />

como um parto.<br />

Para Aristóteles, todos os diferentes tipos de matéria, formados pelas combinações<br />

dos elementos terra, água, ar e fogo, poderiam ser conver tidos uns nos<br />

outros, bastando para isso variar as quantidades relativas das quatro qualidades<br />

(quente, frio, seco e úmido) que entrariam em sua composição.<br />

Essa ideia de que a matéria seria formada de uma única essência forneceu<br />

uma base sólida para uma atividade que começou a se desenvolver nessa época:<br />

a alquimia (que se manteve entre os anos 300 a.C. e 1500 d.C.).<br />

Os alquimistas buscavam, entre outros objetivos, a transmutação dos metais,<br />

como a trans formação do chumbo em ouro. Se toda a matéria tivesse a<br />

mesma essência, bastaria trocar as qualidades (quente, frio, seco e úmido)<br />

para transformar um metal em outro.<br />

Somente por volta do século XVIII, época que atualmente é considerada o<br />

nascimento da Química moderna, as ideias que sustentavam a alquimia foram<br />

abandonadas de vez.<br />

O estudo mais cuidadoso das reações químicas foi muito importante nesse<br />

sentido, principalmente os dois tipos específicos de reações que veremos a seguir:<br />

as reações de síntese e as de análise. Existem outros tipos de reações químicas<br />

que serão vistos no decorrer do curso.<br />

GlobetrotterJ/Shutterstock/Glow Images<br />

Fios de cobre metálico<br />

Azurita (minério de cobre)<br />

Vasilius/Shutterstock<br />

Transformações da matéria 75

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