#Química - Volume 1 (2016) - Martha Reis

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Reciclagem do vidro O vidro pode ser 100% reciclado inúmeras vezes, pois é feito da fusão de minerais como areia, barrilha, calcário e feldspato. Agregar cacos de vidro à fusão dos minerais ajuda a preservar o meio ambiente. O Brasil produz, em média, 980 mil toneladas de embalagens de vidro por ano, utilizando 45% de matéria-prima reciclada na forma de cacos, obtidos, parte como refugo nas fábricas e parte da coleta seletiva. Fonte dos dados: . Acesso em: 1 o ago. 2015. Porém, o risco na hora de manusear o vidro nas cooperativas de reciclagem e o seu baixo valor (16 vezes mais barato que as latas de alumínio) geralmente não compensa o ganho com a reciclagem. A reciclagem do vidro tem reduzido a extração de matéria-prima (areia) da natureza em até 55%, diminuindo a emissão de po lu entes em 6% e o consumo de energia em 32%. Nem todos os vidros são adequados à reciclagem. • São recicláveis: garrafas em geral, copos e recipien tes de vidro para alimentos. • Não são recicláveis: espelho, vidro plano, vidro de lâmpada, cerâmica, porcelana e tubo de televisor. Em geral, não po dem ser reciclados os vidros que se encontram misturados a outros materiais, como os espelhos e certos tipos de lâmpadas que pos suem uma película metá lica, cuja separa ção (ainda) é economicamente inviável. Reciclagem de plásticos O consumo aparente (produção 1 importações 2 exportações) de plásticos no Brasil atingiu 7 127 mil toneladas em 2012. Desse total, o índice de plásticos reciclados nesse ano foi de 21%. Esse índice sobe para 58,9% quando consideramos especificamente a reciclagem de PET. Fonte dos dados: . Acesso em: 1 o ago. 2015. • São recicláveis: copos de plástico, vasilhas plásticas, embalagens de refrigerante (PET), de material de limpeza, de margarina, canos e tubos. • Não são recicláveis: cabo de panela, tomada, embalagens de biscoito (constituídas de uma mistura de papel e plásticos metalizados). O maior mercado de reciclagem no Brasil é o da reciclagem primária, que se baseia na regeneração de um único tipo de plástico separadamente. Esse mercado absorve 5% do plástico consumido no país e, em geral, é associado à produção industrial pré-consumo, ou seja, ao reaproveitamento das aparas produzidas na própria indústria durante a fabricação de um produto. Um mercado crescente é o da reciclagem secundária, que consiste no processamento de plásticos, misturados ou não, entre os mais de quarenta existentes no mercado. Novas tecnologias já estão disponíveis para possibilitar o uso simultâneo de diferentes resíduos plásticos, sem que haja incompatibilidade entre eles e a consequente perda de resistência e qualidade. A chamada “madeira plástica”, feita com a mistura de vários plásticos reciclados, é um exemplo. Já a reciclagem terciária, que consiste na aplicação de processos químicos para recuperar os plásticos do lixo, fazendo-os voltar ao estágio químico inicial, ainda não é feita no Brasil. imaginechina/Corbis/Latinstock Homem carregando embalagens plásticas para reciclagem. Substâncias e misturas 59

O problema de utilizar a água do mar – além da crescente poluição – é a grande quantida de de sais dissolvidos, principalmente clore to de sódio. O ser humano pode ingerir água com no máximo 5 g de sal por kg de água (os oceanos apresentam uma quanti dade 7 vezes maior). Se uma pessoa beber apenas água do mar, ela morrerá, porque o organismo não tem meios para eliminar todo o sal ingerido. A água do mar também não pode ser usada na agricultura ou na indústria, pois o excesso de sal mataria as plantações, deterioraria maquinários, entupiria válvulas e explodiria caldeiras. Assim, para poder utilizar a água do mar, é necessário primeiro retirar-lhe o sal, mas custa caro porque requer gasto de energia. artcasta/Shutterstock Tratamento da água Vimos que nos últimos 500 milhões de anos o volume de água do planeta, estimado em q 1,4 bilhão de km 3 , pode ser considerado constante. Mas então por que se fala tanto que a água é um recurso escasso? Na realidade a escassez é de água potável, ou seja, de água disponível para consumo humano. O planeta tem muita água salgada (96,11%) e pouca água doce, presa em geleiras, lagos e rios e no subsolo (2,75%). Calcula-se que a cada 1 000 L de água existentes no planeta, apenas 6,15 L estejam poten cialmente disponíveis para uso humano. A agricultura utiliza 69% da água doce disponível. A indústria utiliza 23%. Apenas 8% da água disponível é destinada ao suprimento doméstico: para beber, cozinhar alimentos, para higiene pessoal, higiene da casa, etc. E se considerarmos a poluição e a degradação cres cente das fontes de água doce, superficiais e subter râneas, a quantidade disponível desse importante recurso natural se torna ainda menor. Para atender à demanda crescente de alimentos, em razão do crescimento populacional, a ONU acredi ta que nos próximos anos o uso de água na agricul tura aumente. Se isso ocorrer, a oferta de água para suprimento doméstico deverá diminuir ainda mais. O Brasil possui 12% da água doce disponível no mun do, mas 9,6% encontra-se na região amazônica e atende a 5% da população; e 2,4% encontra-se distribuída no resto do país e atende a 95% da população. Esse fato, aliado ao descaso das autoridades, faz que 50% da população brasileira não tenha acesso a água tratada. Um dos problemas mais sérios causados por essa situação é a poluição biológica, que ocorre por causa da presença de microrganismos patogênicos, especialmente na água doce. Várias doenças como a cólera, a febre tifoide, a diarreia e a hepatite A são transmitidas pela água. O tratamento e a desinfecção da água destinada ao abastecimento público, bem como a coleta e o tratamento do esgoto, são medidas responsáveis pelo aumento da expectativa de vida da população moderna. Mas, considerando que 4 bilhões de pes soas em todo o mundo ainda não têm acesso a água potável tratada, e que quase 3 bilhões de pessoas vivem em áreas sem coleta ou tratamento do esgoto, fica claro por que ocorrem 250 milhões de casos de doenças transmitidas pela água por ano, e 10 milhões resultam em mortes (50% de crianças). Só no Brasil estima-se que de 80% a 90% das internações hospitalares ocorrem por causa de doenças transmitidas pela água. Uma esperança para melhorar essa situação é a utilização racional do aquífero Guarani, considerado a maior reserva de água doce e potável do mundo, que fica a 2 mil metros de profundidade. Infelizmente, já há indícios da construção de mais de 2 mil poços clandestinos para extração das águas do aquífero. 60 Capítulo 3

O problema de utilizar a água do mar – além da<br />

crescente poluição – é a grande quantida de de<br />

sais dissolvidos, principalmente clore to de<br />

sódio. O ser humano pode ingerir água com no<br />

máximo 5 g de sal por kg de água (os oceanos<br />

apresentam uma quanti dade 7 vezes maior).<br />

Se uma pessoa beber apenas água do mar,<br />

ela morrerá, porque o organismo não tem<br />

meios para eliminar todo o sal ingerido.<br />

A água do mar<br />

também não pode ser<br />

usada na agricultura<br />

ou na indústria, pois o<br />

excesso de sal mataria<br />

as plantações,<br />

deterioraria<br />

maquinários, entupiria<br />

válvulas e explodiria<br />

caldeiras. Assim, para<br />

poder utilizar a água<br />

do mar, é necessário<br />

primeiro retirar-lhe<br />

o sal, mas custa caro<br />

porque requer gasto<br />

de energia.<br />

artcasta/Shutterstock<br />

Tratamento da água<br />

Vimos que nos últimos 500 milhões de anos o volume de água do<br />

planeta, estimado em q 1,4 bilhão de km 3 , pode ser considerado constante.<br />

Mas então por que se fala tanto que a água é um recurso escasso?<br />

Na realidade a escassez é de água potável, ou seja, de água disponível<br />

para consumo humano. O planeta tem muita água salgada<br />

(96,11%) e pouca água doce, presa em geleiras, lagos e rios e no subsolo<br />

(2,75%).<br />

Calcula-se que a cada 1 000 L de água existentes no planeta, apenas<br />

6,15 L estejam poten cialmente disponíveis para uso humano.<br />

A agricultura utiliza 69% da água doce disponível. A indústria<br />

utiliza 23%. Apenas 8% da água disponível é destinada ao suprimento<br />

doméstico: para beber, cozinhar alimentos, para higiene pessoal,<br />

higiene da casa, etc.<br />

E se considerarmos a poluição e a degradação cres cente das fontes<br />

de água doce, superficiais e subter râneas, a quantidade disponível<br />

desse importante recurso natural se torna ainda menor.<br />

Para atender à demanda crescente de alimentos, em razão do<br />

crescimento populacional, a ONU acredi ta que nos próximos anos o<br />

uso de água na agricul tura aumente. Se isso ocorrer, a oferta de água<br />

para suprimento doméstico deverá diminuir ainda mais.<br />

O Brasil possui 12% da água doce disponível no mun do, mas<br />

9,6% encontra-se na região amazônica e atende a 5% da população;<br />

e 2,4% encontra-se distribuída no resto do país e atende a 95% da<br />

população.<br />

Esse fato, aliado ao descaso das autoridades, faz que 50% da<br />

população brasileira não tenha acesso a água tratada.<br />

Um dos problemas mais sérios causados por essa situação é a<br />

poluição biológica, que ocorre por causa da presença de microrganismos<br />

patogênicos, especialmente na água doce. Várias doenças<br />

como a cólera, a febre tifoide, a diarreia e a hepatite A são transmitidas<br />

pela água.<br />

O tratamento e a desinfecção da água destinada ao abastecimento público,<br />

bem como a coleta e o tratamento do esgoto, são medidas responsáveis<br />

pelo aumento da expectativa de vida da população moderna. Mas, considerando<br />

que 4 bilhões de pes soas em todo o mundo ainda não têm acesso a água<br />

potável tratada, e que quase 3 bilhões de pessoas vivem em áreas sem coleta<br />

ou tratamento do esgoto, fica claro por que ocorrem 250 milhões de casos de<br />

doenças transmitidas pela água por ano, e 10 milhões resultam em mortes<br />

(50% de crianças).<br />

Só no Brasil estima-se que de 80% a 90% das internações hospitalares ocorrem<br />

por causa de doenças transmitidas pela água.<br />

Uma esperança para melhorar essa situação é a utilização racional do aquífero<br />

Guarani, considerado a maior reserva de água doce e potável do mundo,<br />

que fica a 2 mil metros de profundidade.<br />

Infelizmente, já há indícios da construção de mais de 2 mil poços clandestinos<br />

para extração das águas do aquífero.<br />

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Capítulo 3

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