#Química - Volume 1 (2016) - Martha Reis
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Ao contrário de qualquer material, o flogístico não<br />
é atraído pela Terra, mas sim repelido por ela. Portanto,<br />
quanto mais flogístico um material tiver, mais leve ele<br />
será; já se um material perde flogístico, ele se torna<br />
mais pesado. Por exemplo, o metal contém mais flogístico<br />
que o óxido, portanto a massa do metal é menor<br />
que a do óxido formado depois da perda do flogístico.<br />
metal # óxido do metal + flogístico<br />
com flogístico sem flogístico<br />
massa menor<br />
massa maior<br />
Alguns químicos chegaram a sugerir que o flogístico<br />
teria massa negativa, porém isso entrava em conflito<br />
com o fato de que, por exemplo, um pedaço de<br />
papel perde massa quando é queimado.<br />
Na realidade, o fenômeno da queima de materiais,<br />
como papel, carvão e madeira, nunca chegou a ser explicado<br />
satisfatoriamente pela teoria do flogístico, pois<br />
o resultado era contraditório com aquele verificado na<br />
queima dos metais. Essa contradição abalou a teoria<br />
do flogístico e acabou levando ao abandono das ideias<br />
de Stahl.<br />
papel # resíduos sólidos + flogístico<br />
com flogístico<br />
sem flogístico<br />
massa menor massa menor que a inicial (?!)<br />
Em meados do século XVIII começou a ocorrer a<br />
introdução de métodos precisos de investigação, originados<br />
dos trabalhos de alguns químicos, como o<br />
russo Mikhail Vasilyevich Lomonosov (1711-1765) e<br />
o francês Antoine Laurent de Lavoisier (1743-1794).<br />
As leis ponderais, que veremos a seguir, são quantitativas,<br />
referentes às massas das substâncias que<br />
participam de uma reação química. Ao serem descobertas,<br />
deram início à chamada Química moderna.<br />
A ciência não é neutra<br />
Caso haja tempo disponível, após o experimento,<br />
explique a teoria do flogístico mostrando como ela<br />
tentava explicar os fenômenos observados, mostre as<br />
incoerências que apareciam e dê destaque para a frase:<br />
“A teoria do flogístico foi universalmente aceita<br />
por muito tempo porque não havia nenhuma outra<br />
forma de sistematizar muitos fatos conhecidos naquela<br />
época nem de resolver novos problemas que surgiam<br />
(o oxigênio ainda não havia sido descoberto).<br />
Assim, qualquer contradição que aparecesse era contornada<br />
para tentar mantê-la.” Mostrando que é assim<br />
mesmo que se constrói ciência.<br />
Antes de entrar na lei da conservação da massa,<br />
discuta com os alunos que tal lei já havia sido determinada<br />
13 anos antes pelo químico russo Mikhail<br />
Vasilyevich Lomonosov e que não teve impacto por<br />
não ter sido divulgada no resto da Europa (centro científico<br />
do século XVIII).<br />
Da mesma forma atualmente, nenhum estudo ou<br />
descoberta tem impacto (em termos mundiais) se não<br />
for publicado em inglês.<br />
Discuta com eles sobre a ciência que aprendemos<br />
e a que existe entre os povos de todo o mundo. Destaque<br />
a ciência construída pelas tribos indígenas, pelos<br />
povos orientais e a nossa falta de acesso a esse conhecimento<br />
devido à barreira da língua.<br />
Comente também sobre a “mania” de destacar o<br />
tempo todo que tal pessoa de tal nacionalidade fez<br />
determinada descoberta “primeiro”. Mostre que as<br />
descobertas surgem dentro de um contexto histórico<br />
que as favorece e que, para a humanidade como um<br />
todo, a informação de quem fez melhor ou fez primeiro<br />
não tem utilidade. Quem divulga tal informação,<br />
ao contrário, pode estar querendo utilizá-la como forma<br />
de exercer seu poder sobre os demais.<br />
O texto a seguir pode ajudar o professor a orientar o<br />
trabalho dos alunos.<br />
No século XVII surgiu uma nova forma de observar a<br />
natureza. Os chamados filósofos naturais, estudiosos da<br />
natureza e seguidores das ideias do filósofo inglês Francis<br />
Bacon (1561-1626), começaram a explicar os fenômenos<br />
não mais como faziam os alquimistas, concebendo o Universo<br />
como um organismo vivo, mas considerando tudo<br />
como parte de uma imensa máquina. (Um dos princípios<br />
da doutrina mecanicista é negar qualquer explicação mágica<br />
para os fenômenos naturais.) Por exemplo, para explicar<br />
o movimento dos ponteiros de um relógio de pêndulo, precisamos<br />
observar que esses ponteiros estão ligados a engrenagens<br />
que, por sua vez, estão conectadas a uma mola<br />
que é articulada conforme o movimento do pêndulo.<br />
Para os filósofos naturais, o estudo de um fenômeno da<br />
natureza deveria seguir um enfoque semelhante: procurar<br />
na própria natureza as “peças da engrenagem” que provocam<br />
o fenômeno, tentando imaginar como estão conectadas.<br />
Essa abordagem do Universo como máquina ficou conhecida<br />
como “mecanicismo”.<br />
Alguns estudiosos da história da Química defendem a<br />
ideia de que a Química não se originou da alquimia, mas<br />
surgiu como um movimento diferenciado, a partir do século<br />
XVII, com a figura marcante de Robert Boyle e seus estudos<br />
de base “mecanicista”.<br />
Robert Boyle nasceu no castelo de Lismore, na Irlanda,<br />
em 25 de janeiro de 1627. Em 1645, foi morar no castelo de<br />
Dorset, na Inglaterra, dedicando-se à Teologia e à Química.<br />
Interrompia os estudos apenas para procurar, pela Europa,<br />
novos aparelhos para suas experiências. Também estudou<br />
anatomia quando esteve na Irlanda.<br />
A Química passou a consumir a maior parte de seu tempo<br />
e interesse quando começou a procurar um conceito mais<br />
Manual do Professor 321