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#Química - Volume 1 (2016) - Martha Reis

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Compreendendo<br />

o Mundo<br />

O tema central desta Unidade foi “poluição de interiores”.<br />

É preocupante tudo o que temos lido e pesquisado<br />

sobre poluição.<br />

Emitimos no ambiente substâncias que aquecem o<br />

planeta, que reagem na atmosfera formando produtos<br />

tóxicos, que destroem a camada de ozônio e nos deixam à<br />

mercê de radiações energéticas, além das demais radiações<br />

que nos envolvem diariamente, para o bem e para o mal.<br />

E dentro de casa? Estamos seguros? Tudo indica que<br />

não. Com radônio envolvendo o subsolo e se infiltrando<br />

nos cômodos pelas rachaduras, as caixas-d’água de<br />

amianto, os encanamentos de PVC rígido com aditivos à<br />

base de chumbo por onde circula água tratada com cloro,<br />

os armários de fórmica, as colas, os tapetes de borracha,<br />

as tintas de todos os tipos que cobrem paredes e tetos,<br />

as madeiras tratadas, os brinquedos de PVC flexível<br />

espalhados pela casa exalando ftalatos, o cheiro de<br />

desinfetante no banheiro... Estamos perdidos? Estamos<br />

exagerando? É verdade? É alarmismo? Ou é apenas um<br />

exemplo perfeito de “quimiofobia”?<br />

Veja o que diz o texto a seguir:<br />

“Os produtos químicos são postos no pelourinho por<br />

vários grupos que se opõem à indústria química e parecem<br />

disseminar impunemente suas mensagens ne gativas e<br />

seus alarmes, sendo apenas debilmente re futados. [...]<br />

Por que continua possível alarmar as pessoas por<br />

causa de minúsculos traços de contaminadores na água<br />

que tomam, na comida que comem e no ar que respiram?<br />

No Ocidente, as pessoas nunca foram mais saudáveis nem<br />

viveram vidas mais longas. Estou falando aqui sobre as<br />

condições nos países desenvolvidos, em que a indústria<br />

química está estabelecida há muito tempo e a saúde<br />

pública tem sido uma preocupação há mais de um século.<br />

Se considerarmos os materiais nocivos que estavam<br />

presentes na água, nos alimentos e no ar um século atrás,<br />

só podemos concluir que hoje o ambiente é limpo e seguro<br />

e está em contínua melhora. [...]<br />

A primeira armadilha consiste no fato de o grupo já ter<br />

um ponto de vista que acredita ser verdadeiro e querer prová-lo.<br />

Deixe-me dar um exemplo de como isso poderia ocorrer.<br />

Suponha que você acredite que o aumento dos casos de<br />

asma é causado pelo uso crescente de purificadores de ar<br />

em casa. Você começa perguntando aos que sofrem de<br />

asma se têm lançado mão desse tipo de produto. Depois<br />

faz a mesma pergunta a pessoas que não sofrem de asma.<br />

Se, após entrevistar cem pessoas em cada categoria, você<br />

constata que cinquenta das que sofrem de asma dizem ter<br />

respirado ar artificialmente perfumado, mas só 45 das que<br />

não sofrem de asma se expuseram a esse tipo de produto,<br />

você pode anunciar que há uma relação entre asma e purificadores<br />

de ar, verificando-se um preocupante aumento<br />

de 12% nos casos de asma entre as pessoas que usam esse<br />

tipo de produto. Você ‘provou’ o que pretendia provar, que<br />

há aqui mais um caso de ‘química’ causando doença. [...]<br />

Escreva um press release para anunciar esses resultados.<br />

Se você trabalhar para uma instituição respeitada,<br />

como uma universidade, é quase certo de que conseguirá<br />

chegar às manchetes, embora estas possam ser um pouco<br />

exageradas: ‘Relação entre purificador de ar e asma’, ‘O<br />

caminho perfumado para a asma’ – ou algo do gênero.”<br />

EMSLEY, John. Vaidade, virilidade e vitalidade:<br />

a Ciência por trás dos produtos que você adora consumir.<br />

Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. p. 218-219.<br />

Então, como você pode se posicionar diante das informações<br />

que recebe? Como filtrar a verdade em meio a<br />

tantas notícias manipuladas?<br />

Você pode aprender a fazer opções, com consciên cia,<br />

com conhecimento, analisando custos e bene fícios, procurando<br />

obter o máximo de informações possível a respeito<br />

de tudo antes de tomar uma decisão. Pode aprender<br />

a ouvir suas reais necessidades sem confundi-las com os<br />

apelos da mídia, pode questionar as informações de propagandas,<br />

as promessas de vendedores, as manchetes de<br />

jornais. Isso é um direito. Isso é cidadania.<br />

Quando fazemos opções e assumimos nossas decisões,<br />

estamos mais preparados para enfrentar o futuro. Só não<br />

podemos permanecer alienados correndo o risco de o mundo<br />

desabar em nossa cabeça a qualquer momento, como<br />

uma chuva ácida, aliás, o tema da nossa próxima Unidade.<br />

Lonely/Shutterstock<br />

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