#Química - Volume 1 (2016) - Martha Reis
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Retomando a notícia<br />
A reportagem da página 197 fala sobre os diversos poluentes<br />
encontrados em ambientes interiores, entre eles o amianto.<br />
Você sabe o que é amianto e quais os problemas de saúde<br />
que o uso desse material pode causar?<br />
O amianto (do latim amiantus, ‘incorruptível’) é<br />
uma fibra mineral natural sedosa, também conhecida<br />
por asbesto (do grego ásbestos, ‘incombustível’)<br />
e de grande interesse para a indústria, por ser<br />
um material de baixo custo, abundante e de excelentes<br />
propriedades, como alta resistência mecânica<br />
e térmica, incombustibilidade, boa qualidade<br />
isolante, durabilidade, flexibilidade, indestrutibilidade,<br />
resistência a ácidos, bases e bactérias, facilidade<br />
de ser tecido, etc.<br />
Na natureza, o amianto é encontrado em duas<br />
formas: serpentinas (amianto branco, que corresponde<br />
a cerca de 95% das formações geológicas) e<br />
anfibólios (amiantos marrom, azul e outros).<br />
O amianto pode ser empregado para reforçar<br />
utensílios cerâmicos, conferindo-lhes propriedades<br />
refratárias. No século XIX, mais precisamente<br />
durante o período da Revolução Industrial, o<br />
amianto foi muito utilizado para isolar termicamente<br />
as máquinas e equipamentos, atingindo seu<br />
ápice durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial.<br />
Foi nesse período que começaram a aparecer<br />
surtos de doenças logo associadas ao uso do<br />
amianto, que se tornou um dos males industriais<br />
mais estudados do século XX, ficando conhecido<br />
como a “poeira assassina”.<br />
Para manter a lucratividade de seus negócios,<br />
os grandes produtores mundiais tentaram atribuir<br />
toda a malignidade do amianto ao tipo dos anfibólios<br />
(que correspondem a menos de 5% de todo o<br />
amianto minerado no mundo), afirmando que a<br />
extração e o uso da crisotila (amianto branco da<br />
classe das serpentinas) é importante para as populações<br />
de baixa renda, que a utilizam na construção<br />
civil em produtos como telhas de amianto<br />
e caixas-d’água, além de ser um material inofensivo<br />
à saúde.<br />
Depois de quase um século de estudos, porém,<br />
são conhecidas doenças graves relacionados a ambos<br />
os tipos de amianto, como a asbestose (doença<br />
crônica pulmonar de origem ocupacional), os cânceres<br />
de pulmão e do trato gastrointestinal, e o<br />
mesotelioma, tumor maligno raro.<br />
Ted Spiegel/Corbis/Latinstock<br />
A indústria mundial do amianto é dominada pela<br />
Rússia, que é a principal fabricante, responsável<br />
por 50% da produção global, seguida por China,<br />
Brasil, Cazaquistão e Índia. Os dados são de um levantamento<br />
da International Ban Asbestos Secretariat<br />
(IBAS).<br />
Alguns estados brasileiros como São Paulo, Mato<br />
Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande<br />
do Sul e Pernambuco criaram leis proibindo a extração,<br />
comercialização e uso do amianto.<br />
Apesar disso — e mesmo após todos os países<br />
da Europa já terem proibido o seu uso —, o Brasil<br />
continua sendo um dos maiores consumidores de<br />
amianto, o que mostra que cidadãos de países mais<br />
desenvolvidos não aceitam mais se expor a esse<br />
material cujos riscos são bem conhecidos.<br />
Fontes de pesquisa: Abrea – Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto.<br />
Disponível em: . Acesso em: 27 ago. 2015.<br />
FONSECA, Acaua. Revista Exame. Disponível em:<br />
.<br />
Acesso em: 25 ago. 2015.<br />
Equipe removendo amianto de um edifício comercial<br />
nos Estados Unidos da América em 1988.<br />
Ligações covalentes e forças intermoleculares 219