01.09.2018 Views

#Química - Volume 1 (2016) - Martha Reis

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Veja mais detalhes<br />

a esse respeito no<br />

artigo de Roberto<br />

de A. Martins,<br />

"Como Becquerel<br />

não descobriu<br />

a radioatividade",<br />

disponível na<br />

internet.<br />

Em 1º de março ele retomou os experimentos e revelou as chapas fotográficas<br />

na expectativa de encontrar imagens muito tênues do minério. Para sua<br />

surpresa, silhuetas do minério apareceram na chapa com uma nitidez que ele<br />

nunca havia observado.<br />

Mas Becquerel não conseguiu "enxergar" que estava diante de um fenômeno<br />

totalmente novo e tentou "adaptar" o resultado de seus experimentos<br />

ao conhecimento que tinha a respeito dos fenômenos de fluorescência e fosforescência,<br />

amplamente estudados por seu avô e seu pai, que também eram<br />

cientistas.<br />

Cotidiano do<br />

Químico<br />

A descoberta do rádio<br />

O casal de cientistas Pierre Curie (1859-1906) e<br />

Marie Curie (1867-1934), trabalhando juntos nas<br />

pesquisas sobre radioatividade, constataram que o<br />

fenômeno descrito por Becquerel em que a substância<br />

impressionava o filme fotográfico no escuro<br />

(sem estar fluorescente) era comum a todos os<br />

compostos constituídos pelo elemento urânio e,<br />

portanto, que devia ser o urânio o responsável pela<br />

emissão desses raios.<br />

Eles denominaram então a propriedade do<br />

urânio de emitir esses raios de radioatividade.<br />

Observaram também que a pechblenda (óxido<br />

de urânio) era bem mais radioativa que o urânio metálico.<br />

Concluíram então que o minério continha,<br />

além do urânio, outro elemento radioativo.<br />

Conseguiram do governo austríaco uma tonelada<br />

de pechblenda, proveniente das minas de<br />

Joachimstal localizadas na República Tcheca.<br />

Passaram três meses envolvidos num trabalho<br />

árduo, quebrando o minério, fervendo os pedaços,<br />

filtrando os resíduos, lutando contra os gases asfixiantes<br />

que eram liberados em cada etapa, até que<br />

em julho desse mesmo ano anunciaram que haviam<br />

conseguido isolar da pechblenda um metal que, na<br />

tabela periódica, seria vizinho do bismuto. Em homenagem<br />

à pátria de Marie, ele foi denominado polônio.<br />

Ocorre, porém, que o minério puro ainda mostrava<br />

radioatividade superior à que seria explicada<br />

pela presença do polônio, e o casal resolveu repetir<br />

todo o procedimento, ainda com mais cuidado, para<br />

ver se descobria o motivo.<br />

Novamente, os resultados foram positivos.<br />

A radioatividade da pechblenda finalmente foi<br />

explicada. Um comunicado assinado por Marie,<br />

Pierre e seu colaborador G. Bémont, no final de<br />

1898, anunciava a descoberta de outro elemento<br />

radioativo — o rádio.<br />

No início, os trabalhos de Pierre e Marie foram<br />

acolhidos com reservas pelo meio científico, pois<br />

implicavam a destruição de um conjunto de ideias<br />

até então plenamente aceitas, entre elas a indivisibilidade<br />

do átomo. Além disso, afirmavam que, se a<br />

existência do rádio havia sido comprovada, o seu<br />

isolamento ainda não fora concluído.<br />

Marie aceitou o desafio de isolar uma quantidade<br />

significativa de rádio. Passou quatro anos trabalhando<br />

com a pechblenda no mesmo processo<br />

anterior, até que, com a ajuda de Pierre e de outros<br />

colaboradores, conseguiu obter 1 decigrama de rádio<br />

puro e determinar sua massa atômica, 226, e<br />

algumas de suas propriedades: elemento espontaneamente<br />

luminoso e 2 milhões de vezes mais radioativo<br />

que o urânio.<br />

Em 1899 começou a ser esclarecida a natureza<br />

das radiações emitidas pelos corpos radioativos,<br />

mostrando que não estavam relacionadas aos<br />

raios X. Por fim, em 1902, Rutherford e Soddy formularam<br />

as leis que regem a radioatividade.<br />

Assim, a descoberta e a compreensão da radioatividade<br />

se deve, na realidade, a esse trabalho<br />

coletivo e não especificamente ao trabalho de<br />

Becquerel.<br />

144<br />

Capítulo 6

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!