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#Química - Volume 1 (2016) - Martha Reis

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3 A radioatividade<br />

"O bom trabalho experimental é extremamente difícil, criativo e instigante,<br />

desde que se tenha coragem de enfrentar, no laboratório, fenômenos que se<br />

recu sam a respeitar as teorias estabelecidas."<br />

MARTINS, Roberto de A. Como Becquerel não descobriu a radioatividade. Caderno<br />

Catarinense de Ensino de Física. Florianópolis: Ed. da UFSC, n. 7, p. 27-45, jun. 1990.<br />

O que desencadeou a descoberta da radioatividade foi outra descoberta, a<br />

dos raios X, feita em 1895 por Wilhelm Kornrad Röentgen (1845-1923) durante<br />

experimentos com a ampola de Crookes.<br />

A História registra que Röentgen estava em seu laboratório à noite, com<br />

as luzes apagadas, e sua ampola de Crookes estava coberta com papel-cartão<br />

preto. A certa distância da ampola havia, por acaso, uma tela feita de papel<br />

tratado com uma substância fluorescente, o platinocianeto de bário, Ba 2<br />

[Pt(CN) 6<br />

].<br />

Ao ligar a ampola, ele observou que a tela revestida de platinocianeto de bário<br />

começou a brilhar, emitindo luz.<br />

Surpreso com o fenômeno, Röentgen fez vários testes: virou a tela, expondo<br />

o lado sem o revestimento da substância fluorescente, mas a tela continuava a<br />

brilhar. Então colocou objetos entre a ampola e a tela, observando que todos<br />

pareciam transparentes. Porém, ao colocar sua mão entre a tela e a ampola,<br />

teve uma grande surpresa: os ossos de sua mão apareciam na tela. Mas assim<br />

que a ampola de Crookes era desligada, o brilho emitido pelo platinocianeto de<br />

bário cessava.<br />

Röentgen concluiu que alguns raios penetrantes originados do choque entre<br />

os raios catódicos e as paredes de vidro da ampola cruzaram o ar e atingiram o<br />

platinocianeto de bário, tornando-o fluorescente.<br />

Inicialmente chamou-os de raios Röentgen e mais tarde de raios X.<br />

Interessado no fenômeno, o físico francês Jules Henri Poincaré (1854-1912)<br />

lançou a hipótese da reciprocidade:<br />

“Se os raios X podem tornar certas substâncias fluorescentes, então as<br />

substâncias fluorescentes devem emitir raios X”.<br />

Antoine Henri Becquerel (1852-1908), colega de Poincaré, tinha interesse pelos<br />

fenômenos da fluorescência e resolveu testar essa hipótese.<br />

Becquerel começou a trabalhar com materiais que ficavam fluorescentes ao<br />

receber energia solar, entre eles um minério de urânio, o sulfato duplo de potássio<br />

e uranila di-hidratada: K 2<br />

UO 2<br />

(SO 4<br />

) 2<br />

? 2 H 2<br />

O.<br />

Ele deixava os materiais absorverem luz solar e, ao se tornarem fluorescentes,<br />

colocava-os em contato com um filme fotográfico envolvido por um espesso<br />

invólucro preto (a cor preta tem a propriedade de absorver todas as “cores” sem<br />

refletir nenhuma).<br />

A ideia era a de que, se os materiais conseguissem impressionar o filme<br />

nessas condições, era porque eles emitiam raios X. O resultado estava sendo<br />

positivo, pois, ao revelar a chapa fotográfica, Becquerel conseguia obter uma<br />

silhueta do minério.<br />

Antes que pudesse chegar a uma conclusão, ele precisou interromper seus experimentos,<br />

por causa do mau tempo que encobriu o céu de Paris de 26 de fevereiro<br />

até 1º de março de 1896, e guardou o minério de urânio dentro de uma gaveta escura<br />

junto com alguns filmes virgens protegidos por um invólucro de papel preto.<br />

De acordo com os dados<br />

históricos, Röentgen ficou sete<br />

semanas fechado em seu<br />

laboratório refazendo os<br />

experimentos com raios X até<br />

ter certeza de que havia<br />

descoberto um novo fenômeno.<br />

Só então comunicou sua<br />

descoberta ao meio científico.<br />

Luminescência é a emissão<br />

de radiação (visível ou não)<br />

que ocorre sem necessidade<br />

de tempera turas elevadas,<br />

por causa, por exemplo, da<br />

absorção de energia da luz.<br />

Pode ser classificada como<br />

fluorescência ou<br />

fosforescência.<br />

Na fluorescência, a emissão<br />

da radiação cessa<br />

imediatamente após o<br />

fornecimento de energia.<br />

Por exemplo, numa<br />

lâmpada fluorescente, a<br />

parede interna é revestida<br />

com tinta que contém uma<br />

substância fluorescente. Na<br />

descarga elétrica há emissão<br />

de radiação ultravioleta<br />

(invisível) que vai excitar a<br />

substância fluorescente da<br />

tinta, produzindo a emissão<br />

de luz visível. Desligada a<br />

lâmpada, a emissão de luz<br />

cessa porque o<br />

fornecimento de energia foi<br />

interrompido.<br />

Na fosforescência, a<br />

emissão de luz visível<br />

continua por algum tempo<br />

mesmo depois que a fonte<br />

de energia é desligada (de<br />

frações de segundo até<br />

alguns dias).<br />

Por exemplo, substâncias<br />

fosforescentes são<br />

adicionadas a plásticos<br />

usados na confecção de<br />

interruptores e tomadas<br />

elétricas.<br />

Wikipedia/Wikimedia Commons<br />

Eletricidade e radioatividade 143

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