#Química - Volume 1 (2016) - Martha Reis
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De onde vem...<br />
para onde vai?<br />
Fósforo<br />
O controle do fogo está diretamente associado<br />
ao desenvolvimento da civilização humana. Uma<br />
das principais descobertas nesse sentido foi a obtenção<br />
de fogo pelo atrito, por exemplo, entre dois<br />
pedaços de madeira seca (técnica utilizada por vários<br />
povos antigos).<br />
Na Idade Média popularizouse um tipo de isqueiro<br />
primitivo, na verdade uma caixa contendo a<br />
isca — material facilmente inflamável como um<br />
pedaço de pano ou de serragem — previamente seca,<br />
que se incendiava em contato com as faíscas<br />
produzidas por uma pederneira.<br />
Por volta de 1800 a ideia do “fogo portátil” foi<br />
aperfeiçoada: começaram a ser fabricadas pequenas<br />
hastes de madeira (o “palito”), com as pontas<br />
recobertas de açúcar, clorato de potássio e enxofre<br />
(a “cabeça”). Para obter o fogo era necessário mergulhar<br />
a cabeça do palito em ácido sulfúrico, produzindo<br />
uma reação altamente exotérmica que<br />
incendiava a madeira.<br />
Não era um método seguro: as pessoas que o<br />
utilizavam acabavam queimando as mãos e danificando<br />
as roupas, já que tinham de levar consigo,<br />
além das hastes de madeira, um vidrinho com ácido<br />
sulfúrico.<br />
Em 1827 o químico inglês John Walker inventou<br />
os primeiros palitos que acendiam por fricção. Eles<br />
tinham a cabeça constituída por uma mistura de<br />
sulfeto de antimônio, clorato de potássio e goma<br />
arábica. Friccionando essa cabeça contra uma lixa<br />
(pedaço de papel recoberto por areia), era possível<br />
incendiar a haste de madeira e obter fogo.<br />
Muitas composições diferentes foram tentadas<br />
nos anos seguintes, até que se lançou mão do elemento<br />
químico fósforo.<br />
O fósforo branco foi o primeiro a ser utilizado<br />
na fabricação de fósforos.<br />
Acontece que os empregados das fábricas de<br />
fósforos eram constantemente atingidos pela necrose<br />
provocada pelo contato com esse elemento.<br />
Em vista disso, uma comissão internacional,<br />
reunida em Berna, em 1906, resolveu proibir a utilização<br />
de fósforo branco como matériaprima para<br />
a então crescente indústria de fósforos. A partir daí<br />
o fósforo branco foi substituído pelo fósforo vermelho,<br />
que, pouco mais tarde, cedeu lugar ao composto<br />
sesquissulfeto de fósforo.<br />
O processo industrial<br />
A matériaprima para a produção do fósforo<br />
vermelho é a fosforita, um mineral de fosfato de<br />
cálcio que é tratado com sílica (dióxido de silício) e<br />
carvão coque.<br />
DEA/R.APPIANI/De Agostini/Getty Images<br />
A fosforita é uma rocha sedimentar com<br />
alto teor de minerais fosfatados.<br />
A reação, que ocorre a 1 300 °C no interior de um<br />
forno elétrico, é a seguinte:<br />
2 Ca 3<br />
(PO 4<br />
) 2<br />
(s) + 6 SiO 2<br />
(s) + 10 C(s) * (<br />
fosfato de cálcio dióxido de silício carvão<br />
*( 6 CaSiO 3<br />
(,) 1 10 CO(g) 1 P 4<br />
(g)<br />
metassilicato monóxido fósforo<br />
de cálcio de carbono branco<br />
Os reagentes são introduzidos automaticamente<br />
de forma contínua e simul tânea no forno.<br />
O fósforo branco é obtido como vapor, que é progressivamente<br />
resfriado em condensadores; depois,<br />
passa a uma solução aquosa. Já o monóxido de<br />
carbono (que não sofre condensação) é eliminado<br />
do ciclo, sendo utilizado como fonte de energia térmica<br />
em outras seções da fábrica. Por fim, o metassilicato<br />
de cálcio, bem como outras impurezas<br />
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Capítulo 5