29.08.2018 Views

ABEGAS - Uma industria do GN competitiva para o Brasil

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

UMA INDÚSTRIA DO GÁS NATURAL<br />

COMPETITIVA PARA O BRASIL<br />

Benefícios, Desafios e Propostas


EXPEDIENTE<br />

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO 2017/2020<br />

Presidente<br />

George Ventura Morais, presidente da PBGás<br />

Vice-presidente<br />

Nelson Roseira Gomes Neto, presidente da Comgás<br />

Conselheiros<br />

Nordeste – Arnóbio Cavalcanti Filho (Algás)<br />

Nordeste – Luiz Raimun<strong>do</strong> Barreiros Gavazza (Bahiagás)<br />

Norte – José Carlos de Salles Garcez (Gás <strong>do</strong> Pará)<br />

Sul – Claudemir Bragagnolo (Sulgás)<br />

Sudeste – Pedro Magalhães Bifano (Gasmig)<br />

Sudeste – Bruno Armbrust (Gas Natural Fenosa)<br />

Centro-Oeste – Rudel Espín<strong>do</strong>la Trindade Júnior (MSGás)<br />

CONSELHO FISCAL 2017/2020<br />

Presidente<br />

Carlos Alberto Borges Trindade <strong>do</strong>s Santos,<br />

presidente da Potigás<br />

Conselheiros<br />

Cosme Polese (SCGás)<br />

Carlos Alberto Borges Trindade <strong>do</strong>s Santos (Potigás)<br />

Marcelo Pereira da Silva (Compagas)<br />

Suplentes<br />

Gerson Salomão Maranhão da Fonseca (Algás)<br />

André Mace<strong>do</strong> (Gás <strong>do</strong> Pará)<br />

Cláudia Provasi (Gas Natural Fenosa)<br />

Fabio Moreira Amorim (Gasmar)<br />

Presidente Executivo<br />

Augusto Salomon<br />

GERÊNCIAS<br />

Gerente Técnico<br />

Gustavo Galiazzi<br />

Gerente de Estratégia e Competitividade<br />

Marcelo Men<strong>do</strong>nça<br />

Gerente de Planejamento e Gestão<br />

Henrique Pacca<br />

COMUNICAÇÃO<br />

Coordena<strong>do</strong>ra de Comunicação<br />

Vanusa Bezerra<br />

–<br />

Edição<br />

ABEGÁS | Henrique Pacca e Vanusa Bezerra<br />

Edição Executiva<br />

Loures Consultoria | Juan Saavedra<br />

Arte e Diagramação<br />

Loures Consultoria | Olivia Ferraz de Almeida


O gás natural é fundamental <strong>para</strong> dar segurança energética ao<br />

País e um ativo estratégico <strong>para</strong> o <strong>Brasil</strong> retomar seu crescimento.<br />

É significativo o potencial de contribuição da indústria de gás<br />

natural <strong>para</strong> o desenvolvimento socioeconômico e a melhoria<br />

das condições ambientais <strong>do</strong> País.<br />

Para efetivar esse potencial, o setor precisa vencer desafios.<br />

Este <strong>do</strong>cumento traz um conjunto de propostas estruturantes que<br />

permitirão ao <strong>Brasil</strong> dar um novo salto: aumentar a arrecadação<br />

e sobretu<strong>do</strong>, gerar empregos e renda.


SUMÁRIO<br />

6<br />

8<br />

RESUMO EXECUTIVO<br />

MENSAGEM DO PRESIDENTE EXECUTIVO DA ABEGÁS<br />

5<br />

10<br />

18<br />

24<br />

42<br />

BENEFÍCIOS AMBIENTAIS<br />

O papel <strong>do</strong> gás natural na transição energética<br />

Transição energética<br />

Transporte de carga e passageiros<br />

Geração de energia mais limpa<br />

BENEFÍCIOS ECONÔMICOS<br />

Benefícios de uma indústria <strong>do</strong> gás natural <strong>competitiva</strong><br />

Aumento da arrecadação fiscal<br />

Equilíbrio da Balança Comercial<br />

Geração de energia mais limpa<br />

DESAFIOS<br />

Desafios <strong>para</strong> uma indústria <strong>do</strong> gás natural <strong>competitiva</strong><br />

1. Oferta<br />

- Oferta de gás natural em 2030, Nacional, Bolívia, <strong>GN</strong>L<br />

2. Infraestrutura<br />

- Transporte, Infraestrutura essencial, Armazenamento<br />

3. Demanda<br />

4. Competitividade<br />

- Preço da commodity e Tarifas de transporte, Tributação<br />

PROPOSTAS ESTRUTURANTES<br />

Propostas estruturantes <strong>para</strong> uma indústria <strong>do</strong> gás natural <strong>competitiva</strong><br />

1. Oferta<br />

2. Infraestrutura<br />

3. Demanda<br />

4. Competitividade


<strong>Uma</strong> indústria <strong>do</strong> gás natural<br />

COMPETITIVA PARA O BRASIL<br />

Como o <strong>Brasil</strong> pode desenvolver o merca<strong>do</strong> de<br />

gás natural, aumentar sua arrecadação e gerar<br />

empregos e renda? Conheça nossas propostas<br />

Um setor estratégico<br />

<strong>para</strong> o país<br />

O gás natural é fundamental <strong>para</strong> dar segurança energética ao País e um ativo estratégico <strong>para</strong><br />

o <strong>Brasil</strong> retomar seu crescimento. É significativo o potencial de contribuição da indústria de gás<br />

natural <strong>para</strong> o desenvolvimento socioeconômico e a melhoria das condições ambientais <strong>do</strong> País.<br />

Para efetivar esse potencial, o setor precisa vencer uma série de desafios.<br />

A indústria brasileira <strong>do</strong> gás natural vem<br />

passan<strong>do</strong> por grandes transformações. Com<br />

o início da produção <strong>do</strong> pré-sal e os desinvestimentos<br />

da Petrobras no setor, abrem-<br />

-se novas perspectivas de crescimento desta<br />

indústria e, consequentemente, de sua<br />

capacidade de atrair investimentos em infraestrutura<br />

<strong>para</strong> o País.<br />

O aumento da produção nacional de gás<br />

natural soma<strong>do</strong> ao contexto internacional<br />

de maior oferta e preços reduzi<strong>do</strong>s, apontam<br />

<strong>para</strong> um futuro em que o gás tende a<br />

ganhar preponderância no mix energético<br />

no <strong>Brasil</strong>, como já vem acontecen<strong>do</strong> em<br />

outros países em virtude das exigências<br />

e acor<strong>do</strong>s ambientais internacionais, uma<br />

vez que o gás é um combustível que contribui<br />

<strong>para</strong> a transição <strong>para</strong> uma matriz energética<br />

mais limpa.<br />

O setor tem espaço <strong>para</strong> se expandir e<br />

capacidade <strong>para</strong> atrair em média US$ 32 bilhões<br />

em investimentos. O remodelamento<br />

<strong>do</strong> marco regulatório <strong>do</strong> setor, em tramitação<br />

no Congresso Nacional, abre uma janela de<br />

oportunidade <strong>para</strong> estabelecer condições regulatórias<br />

e jurídicas que promoverão a concretização<br />

desse volume de investimentos.<br />

Para isso, o <strong>Brasil</strong> precisa superar desafios<br />

em to<strong>do</strong>s os elos da cadeia produtiva.<br />

São entraves que afetam a competição no<br />

setor e impactam a capacidade de oferta e o<br />

potencial de demanda, bem como dificultam<br />

o acesso à infraestrutura existente e emperram<br />

novos investimentos.<br />

O POTENCIAL DO SETOR DE GÁS NATURAL<br />

US$ 32 bilhões 15 a 20 mil empregos<br />

Volume de investimentos que o Número de novos postos de trabalho por ano<br />

setor de gás natural pode atrair a (diretos, indiretos e induzi<strong>do</strong>s) que podem ser<br />

partir de um novo marco regulatório cria<strong>do</strong>s com medidas regulatórias e jurídicas que<br />

que favoreça seu desenvolvimento incentivem a abertura <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de gás natural


PRINCIPAIS PROPOSTAS ESTRUTURANTES PARA UMA INDÚSTRIA DE GÁS NATURAL MAIS COMPETITIVA<br />

OFERTA<br />

RESUMO EXECUTIVO<br />

GÁS PRODUZIDO<br />

NO BRASIL<br />

GÁS DA BOLÍVIA<br />

<strong>GN</strong>L IMPORTADO<br />

TRANSPORTE<br />

DISTRIBUIÇÃO<br />

ARMAZENAMENTO<br />

• Promover programas de incentivo à redução da queima <strong>do</strong> gás natural;<br />

• Manter a regularidade e a realização anual <strong>do</strong>s leilões.<br />

• Transparência e publicidade das informações de negociação entre a Bolívia e a Petrobras;<br />

• Obtenção de da<strong>do</strong>s concretos sobre a disponibilidade de gás da Bolívia <strong>para</strong> contratos de longo prazo.<br />

• Regulamentar a garantia de acesso à infraestrutura essencial;<br />

• Instituir o supri<strong>do</strong>r de última instância, responsável por garantir a oferta.<br />

INFRAESTRUTURA<br />

• Novas regras que permitam o acesso imediato de terceiros à rede de transporte sempre que houver<br />

capacidade disponível;<br />

• Promover a efetiva desverticalização da atividade de transporte de gás natural por gasodutos;<br />

• Otimizar o uso <strong>do</strong>s mecanismos já disponíveis <strong>para</strong> incentivar a construção de novos gasodutos de<br />

transporte, <strong>para</strong> disponibilizar gás natural em to<strong>do</strong>s os Esta<strong>do</strong>s da Federação, em bases econômicas<br />

sustentáveis;<br />

• Criar o Dutogás, fun<strong>do</strong> soberano, <strong>para</strong> financiar a construção de gasodutos de transporte.<br />

• Criar mecanismo que permita às concessionárias de gás canaliza<strong>do</strong> utilizar parte <strong>do</strong> custo da outorga<br />

<strong>para</strong> investir em construção de redes de distribuição;<br />

• Estabelecer linhas de crédito com taxas de financiamento reduzidas <strong>para</strong> as concessionárias de<br />

distribuição de gás natural.<br />

• Prever a construção e investimento em instalações de armazenamento e estocagem de gás natural.<br />

DEMANDA<br />

PROPOSTAS<br />

GERAIS<br />

• Utilizar parte das verbas de Pesquisa & Desenvolvimento, previstas na Lei <strong>do</strong> Petróleo, <strong>para</strong> o<br />

desenvolvimento de novas aplicações de gás natural;<br />

• Promover a expansão e organização da demanda por gás natural, por meio de políticas públicas em<br />

nível federal e estadual que incentivem o uso <strong>do</strong> gás;<br />

• Promover melhor integração entre os setores de gás natural e de energia elétrica de forma a incentivar a<br />

geração distribuída e cogeração a gás, o que é essencial <strong>para</strong> a segurança energética <strong>do</strong> País.<br />

GRANDES<br />

CONSUMIDORES<br />

CONSUMIDORES<br />

DE MENOR PORTE<br />

AUTOMOTIVO<br />

GERAÇÃO E<br />

COGERAÇÃO<br />

DE ENERGIA<br />

• Incentivar a criação e o desenvolvimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> livre de gás nos Esta<strong>do</strong>s, via regulamentação<br />

das figuras <strong>do</strong> autoprodutor, autoimporta<strong>do</strong>r comercializa<strong>do</strong>r e consumi<strong>do</strong>r livre;<br />

• Incentivar os Esta<strong>do</strong>s a desenvolver políticas específicas <strong>para</strong> ampliar o uso de gás natural em<br />

novos empreendimentos comerciais e cidades;<br />

• Desenvolver programas <strong>para</strong> a utilização de aquece<strong>do</strong>res em substituição ao uso de chuveiros elétricos;<br />

• Incentivar a fabricação nacional de equipamentos a gás natural de uso residencial e comercial.<br />

• Incentivar os Esta<strong>do</strong>s a desenvolver políticas específicas <strong>para</strong> ampliar o uso de gás natural em<br />

novos empreendimentos comerciais e cidades;<br />

• Desenvolver programas <strong>para</strong> a utilização de aquece<strong>do</strong>res em substituição ao uso de chuveiros elétricos;<br />

• Incentivar a fabricação nacional de equipamentos a gás natural de uso residencial e comercial.<br />

• Promover acor<strong>do</strong>s estaduais <strong>para</strong> a implementação de políticas públicas de incentivo ao uso de <strong>GN</strong>V<br />

e veículos pesa<strong>do</strong>s de carga e transporte de pessoas, em substituição ao óleo diesel;<br />

• Criar corre<strong>do</strong>res logísticos, com infraestrutura de abastecimento de <strong>GN</strong>V <strong>para</strong> veículos de<br />

transporte de carga.<br />

• Integrar o planejamento da expansão <strong>do</strong>s setores elétricos e de gás natural por meio da<br />

compatibilização <strong>do</strong>s modelos de contrato de gás com os de geração;<br />

• Planejar a construção de novas térmicas a gás;<br />

• Promover leilões locacionais <strong>para</strong> térmicas a gás natural;<br />

• Incentivar a utilização de Geração Distribuída a gás natural.<br />

COMPETITIVIDADE<br />

COMMODITY<br />

TRIBUTAÇÃO<br />

• Implementar mecanismos que permitam a precificação de merca<strong>do</strong> livre entre os combustíveis que<br />

concorrem com o gás natural.<br />

• Equalizar as alíquotas de ICMS interestadual.


MENSAGEM DO PRESIDENTE<br />

EXECUTIVO DA ABEGÁS<br />

A indústria brasileira <strong>do</strong> gás natural vem passan<strong>do</strong> por grandes<br />

transformações. Com o início da produção <strong>do</strong> pré-sal e os desinvestimentos<br />

da Petrobras no setor, abrem-se novas perspectivas<br />

de crescimento desta indústria e, consequentemente, de sua capacidade<br />

de atrair investimentos em infraestrutura <strong>para</strong> o País.<br />

O aumento da produção nacional de gás natural e o contexto internacional,<br />

de maior oferta e preços reduzi<strong>do</strong>s, apontam <strong>para</strong> um futuro em que<br />

o gás tende a ganhar preponderância no mix energético no <strong>Brasil</strong>, como já<br />

vem acontecen<strong>do</strong> em outros países em virtude das exigências e acor<strong>do</strong>s ambientais<br />

internacionais, uma vez que o gás é um combustível que contribui<br />

<strong>para</strong> a transição <strong>para</strong> uma matriz energética mais limpa.<br />

Hoje, a participação <strong>do</strong> gás natural na matriz energética brasileira é de<br />

apenas 10,7%.<br />

Com o pré-sal e os desinvestimentos da Petrobras, o gás natural<br />

ganha novas perspectivas de crescimento e tem mais possibilidades<br />

de atrair expressivos investimentos em infraestrutura <strong>para</strong> o País<br />

Na com<strong>para</strong>ção com outros países sul-americanos também produtores –<br />

a Argentina, com participação de 49,9%, e a Venezuela, com 33,1% –, fica<br />

evidente o quanto a nossa indústria <strong>do</strong> gás natural pode crescer.<br />

Do ponto de vista ambiental, é importante olhar como a diversidade de aplicações<br />

<strong>do</strong> gás natural agrega soluções <strong>para</strong> a redução <strong>do</strong> uso de combustíveis<br />

com maior índice de emissões e <strong>para</strong> a segurança energética <strong>do</strong> País.<br />

Neste contexto, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e Europa o gás natural já vem contribuin<strong>do</strong><br />

<strong>para</strong> a redução das emissões de poluentes ao substituir o carvão na<br />

geração elétrica. No <strong>Brasil</strong> o cenário é diferente, uma vez que já contamos


9<br />

com uma matriz de geração elétrica baseada no sistema hídrico. Contu<strong>do</strong>, o<br />

gás natural é fundamental <strong>para</strong> dar segurança energética ao País em um contexto<br />

de aumento da participação das novas fontes renováveis intermitentes<br />

(eólica e fotovoltaica), <strong>para</strong> reduzir as perdas na transmissão de energia<br />

quan<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> na geração distribuída e cogeração – que apresentam melhor<br />

custo-benefício –, além de colaborar <strong>para</strong> a preservação <strong>do</strong>s reservatórios<br />

hídricos com o despacho das térmicas a gás na base <strong>do</strong> sistema elétrico.<br />

O gás natural agrega soluções <strong>para</strong> a redução <strong>do</strong> uso<br />

de combustíveis com maior índice de emissões e <strong>para</strong><br />

ampliar a segurança energética <strong>do</strong> País<br />

No transporte de cargas e passageiros, o gás natural contribui <strong>para</strong> a redução<br />

da emissão <strong>do</strong>s gases causa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> efeito estufa e <strong>para</strong> a melhora da<br />

qualidade <strong>do</strong> ar, reduzin<strong>do</strong>, consequentemente os gastos públicos com saúde<br />

e melhoran<strong>do</strong> a qualidade de vida da população.<br />

Embora o potencial de contribuição da indústria de gás natural <strong>para</strong> o<br />

desenvolvimento socioeconômico <strong>do</strong> País seja real e significativo, o setor<br />

precisa vencer desafios importantes <strong>para</strong> efetivar esse potencial.<br />

Apresentaremos ao longo desse <strong>do</strong>cumento propostas estruturantes que<br />

permitirão ao <strong>Brasil</strong> vencer os desafios e colher benefícios como aumento<br />

da arrecadação e geração de empregos e renda, <strong>do</strong>s quais o País precisa<br />

<strong>para</strong> retomar seu crescimento.<br />

Augusto Salomon<br />

PRESIDENTE EXECUTIVO


Benefícios ambientais<br />

O <strong>Brasil</strong> assumiu o compromisso de redução absoluta de emissão<br />

de gases causa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> efeito estufa. É de 27% até 2025 e<br />

43% até 2030. Diante dessas metas ambientais, o gás natural<br />

representa a transição ideal <strong>para</strong> uma matriz energética mais<br />

limpa, apoian<strong>do</strong> o desenvolvimento das novas fontes renováveis


11<br />

O papel <strong>do</strong> gás natural na<br />

TRANSIÇÃO ENERGÉTICA<br />

Em diversos países da Europa e nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s o gás<br />

natural já vem contribuin<strong>do</strong> <strong>para</strong> a redução das emissões de<br />

poluentes ao substituir o carvão na geração elétrica e o diesel<br />

e a gasolina no transporte de cargas e passageiros, principalmente<br />

nos grandes centros urbanos.<br />

No <strong>Brasil</strong>, o cenário é diferente.<br />

<strong>Uma</strong> vez que já contamos com uma matriz de geração elétrica<br />

baseada no sistema hídrico, o gás natural é fundamental<br />

<strong>para</strong> dar segurança energética ao País com a ampliação da<br />

participação das novas fontes renováveis intermitentes (eólica<br />

e fotovoltaica), <strong>para</strong> reduzir as perdas na transmissão de<br />

energia quan<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> na geração distribuída e cogeração<br />

– que apresentam melhor custo benefício –, além de colaborar<br />

<strong>para</strong> a preservação <strong>do</strong>s reservatórios hídricos com o despacho<br />

das térmicas a gás na base <strong>do</strong> sistema elétrico.<br />

No transporte de cargas e passageiros, o gás natural – ao<br />

reduzir a emissão <strong>do</strong>s gases causa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> efeito estufa –<br />

contribui <strong>para</strong> a melhora da qualidade <strong>do</strong> ar e da qualidade<br />

de vida da população.<br />

O gás natural reduz a emissão <strong>do</strong>s gases<br />

causa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> efeito estufa. Seu uso no<br />

transporte de cargas e passageiros contribui<br />

<strong>para</strong> a melhora da qualidade <strong>do</strong> ar<br />

e da qualidade de vida da população


Transição energética<br />

Consideran<strong>do</strong>-se o contexto ambiental e as reservas, principalmente no pré-sal, o gás natural é<br />

essencial <strong>para</strong> que o <strong>Brasil</strong> possa alcançar as metas <strong>do</strong>s acor<strong>do</strong>s ambientais referentes à mudança<br />

climática <strong>do</strong>s quais é signatário.<br />

A meta <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, definida no Acor<strong>do</strong> de Paris (COP 21), é a redução absoluta em 37% da emissão<br />

de gases causa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> efeito estufa (GEE) até 2025 e 43% até 2030.<br />

Abaixo apresentamos um quadro da evolução das emissões de GEE no <strong>Brasil</strong> por atividade:<br />

EMISSÕES DE GEE (GASES DE EFEITO ESTUFA) POR ATIVIDADE NO BRASIL<br />

2005<br />

2014<br />

31% 31% 27%<br />

64% 14% 17%<br />

1,6<br />

2,3<br />

-33%<br />

2016<br />

51% 19% 22%<br />

1,8<br />

-37%<br />

USO DA TERRA<br />

2025<br />

2030<br />

44% 35%<br />

57% 40%<br />

1,2<br />

1,3<br />

-43%<br />

ENERGIA<br />

AGROPECUÁRIA<br />

INDÚSTRIA<br />

E RESÍDUOS<br />

Fonte: Estu<strong>do</strong> Consultoria Catavento <strong>para</strong> a ABEGÁS<br />

Um estu<strong>do</strong> recente da Consultoria Catavento elabora<strong>do</strong> <strong>para</strong> a ABEGÁS aponta que a maior<br />

emissão de CO 2<br />

no <strong>Brasil</strong> está nos seguintes setores da economia:<br />

EMISSÕES DE CO 2<br />

POR USO DE ENERGIA NO BRASIL EM 2014<br />

43% 31% 16% 10%<br />

TRANSPORTE INDÚSTRIA ELETRICIDADE E AQUECIMENTO OUTROS<br />

Fonte: Estu<strong>do</strong> Consultoria Catavento <strong>para</strong> a ABEGÁS


13<br />

O gás natural, com sua diversidade de<br />

aplicações, pode contribuir <strong>para</strong> a redução<br />

de emissão de CO 2<br />

em to<strong>do</strong>s estes setores.<br />

No transporte, pode substituir o óleo diesel<br />

e a gasolina; na indústria, o GLP (Gás Liquefeito<br />

de Petróleo) e o óleo combustível;<br />

na geração de energia elétrica, o carvão e<br />

o óleo combustível. E, ainda, dar suporte à<br />

intermitência das novas fontes renováveis.<br />

O gás natural pode<br />

contribuir <strong>para</strong> a<br />

redução de emissão<br />

de CO 2<br />

na indústria,<br />

geração elétrica<br />

e transporte<br />

Apresentamos, abaixo, um com<strong>para</strong>tivo de emissão de CO 2<br />

por combustível fóssil<br />

na geração de energia elétrica:<br />

EMISSÕES DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS POR UNIDADE DE ELETRICIDADE GERADA (tCO 2<br />

/GWh)<br />

354<br />

-49%<br />

250<br />

215<br />

181<br />

CARVÃO<br />

DIESEL<br />

PROPANO<br />

GÁS NATURAL<br />

Fonte: Estu<strong>do</strong> Consultoria Catavento <strong>para</strong> a ABEGÁS


Transporte de carga e passageiros<br />

Em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, a participação <strong>do</strong> gás<br />

natural na matriz de transportes vem crescen<strong>do</strong><br />

a passos largos. É utiliza<strong>do</strong> em navios<br />

de cruzeiro e de transporte de carga,<br />

ferry boats, locomotivas e caminhões em<br />

substituição ao diesel, combustível mais<br />

poluente que o gás natural.<br />

Entre to<strong>do</strong>s os combustíveis fósseis disponíveis<br />

<strong>para</strong> aplicação em veículos de<br />

transporte de passageiros e cargas, o gás<br />

natural desponta como o mais limpo e sustentável,<br />

com um grande potencial <strong>para</strong><br />

uma maior redução de emissões veiculares,<br />

quan<strong>do</strong> com<strong>para</strong><strong>do</strong> às emissões de um modelo<br />

similar a diesel.<br />

Em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, a participação<br />

<strong>do</strong> gás natural na matriz de<br />

transportes vem crescen<strong>do</strong>,<br />

em substituição ao diesel,<br />

combustível mais poluente<br />

As tecnologias utilizadas nos veículos a<br />

gás natural são mais eficientes, com eletrônica<br />

embarcada e controles de última<br />

geração, que garantem o atendimento às<br />

normas de emissões mais rigorosas <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong>, como a EURO 6. Veículos especialmente<br />

projeta<strong>do</strong>s <strong>para</strong> o uso de gás natural<br />

garantem uma redução de 23% na<br />

O PODER DO GÁS NATURAL<br />

FRENTE AO DIESEL<br />

23%<br />

Queda da emissão de CO 2<br />

(gás causa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> feito<br />

estufa) em um veículo<br />

especialmente projeta<strong>do</strong><br />

<strong>para</strong> o uso de <strong>GN</strong>V<br />

90%<br />

Percentual da redução<br />

de NOx (gases nocivos<br />

à camada de ozônio)<br />

emiti<strong>do</strong> em um veículo<br />

especialmente projeta<strong>do</strong><br />

<strong>para</strong> o uso de <strong>GN</strong>V<br />

85%<br />

Percentual de redução <strong>do</strong><br />

volume de material<br />

particula<strong>do</strong> (principal<br />

componente da fumaça<br />

preta) em um veículo<br />

especialmente projeta<strong>do</strong><br />

<strong>para</strong> o uso de <strong>GN</strong>V


15<br />

emissão de CO 2<br />

(gás causa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> feito<br />

estufa), de 90% de NOx (gases nocivos<br />

à camada de ozônio) e de 85% de material<br />

particula<strong>do</strong> (principal componente<br />

da fumaça preta).<br />

O gás natural tem si<strong>do</strong> a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> e incentiva<strong>do</strong><br />

em grandes metrópoles de diversos<br />

países <strong>para</strong> o transporte urbano,<br />

de carga e coleta de lixo. Nos Esta<strong>do</strong>s<br />

Uni<strong>do</strong>s, onde há uma frota de caminhões<br />

que consomem em média 50 bilhões de<br />

litros de diesel por ano, o movimento de<br />

conversão e adaptação de caminhões<br />

<strong>para</strong> o uso <strong>do</strong> gás natural se intensificou<br />

nos últimos anos e hoje já há uma frota<br />

de mais de 200 mil caminhões movi<strong>do</strong>s<br />

a gás natural.<br />

Hoje circulam no mun<strong>do</strong> 23 milhões<br />

de veículos a gás natural, utiliza<strong>do</strong>s no<br />

transporte de cargas e passageiros.<br />

Na Europa há corre<strong>do</strong>res logísticos<br />

dedica<strong>do</strong>s que permitem o transporte<br />

de cargas de forma mais eficiente e<br />

ambientalmente correta com gás natural.<br />

Esses são modelos que o <strong>Brasil</strong> deve<br />

a<strong>do</strong>tar <strong>para</strong> tornar a matriz de transportes<br />

mais limpa, reduzin<strong>do</strong> a pegada de<br />

carbono <strong>do</strong> País.<br />

Atualmente, a frota a gás natural brasileira<br />

registrada é de cerca de 2 milhões<br />

de veículos em que é pre<strong>do</strong>minante a<br />

presença de veículos leves (táxis, frota<br />

cativas, autônomos e particulares).<br />

Portanto, é fundamental promover uma<br />

mudança e incentivar a utilização de gás<br />

natural no transporte de cargas e passageiros,<br />

<strong>para</strong> que o País possa se beneficiar<br />

ainda mais de suas vantagens ambientais<br />

<strong>do</strong> gás natural.<br />

O gás natural apresenta um histórico<br />

de sucesso, com resulta<strong>do</strong>s efetivos em<br />

países onde políticas públicas, aliadas à<br />

preservação ambiental, e o incentivo ao<br />

uso, consolidam definitivamente os benefícios<br />

<strong>do</strong> energético <strong>para</strong> grandes centros<br />

urbanos.<br />

23 MILHÕES<br />

Número de veículos a gás natural utiliza<strong>do</strong>s no<br />

transporte de cargas e passageiros em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>


Geração de energia mais limpa<br />

Nos próximos anos o <strong>Brasil</strong> terá mais<br />

oportunidades <strong>para</strong> implementar soluções<br />

<strong>para</strong> geração de energia elétrica<br />

que reduzam as emissões de poluentes<br />

e proporcionem segurança energética<br />

<strong>para</strong> o País.<br />

De acor<strong>do</strong> com o Plano Decenal de<br />

Energia 2026 (PDE 2026), elabora<strong>do</strong><br />

pela Empresa de Pesquisa Energética<br />

(EPE), haverá um déficit de aproximadamente<br />

1 GW em 2021, principalmente<br />

no horário de ponta entre 17h e 20h,<br />

que, ao longo <strong>do</strong>s próximos cinco anos,<br />

tende a aumentar e poderá chegar a 12<br />

GW (acumula<strong>do</strong>s). O déficit mostra que<br />

será necessário fomentar outras fontes<br />

de energia <strong>para</strong> garantir o atendimento<br />

dessa demanda.<br />

Esse cenário abre oportunidades<br />

<strong>para</strong> a implementação de projetos de<br />

cogeração onde a geração é 100% a<br />

gás natural, solução mais eficiente e<br />

ambientalmente adequada, que pode<br />

contribuir não só com o balanço de<br />

energia na rede de distribuição elétrica<br />

como também com a ampliação de<br />

oferta de energia elétrica, bem como<br />

soluções diesel-gás (30% diesel e 70%<br />

gás natural), principalmente <strong>para</strong> a<br />

substituição de motores estacionários<br />

movi<strong>do</strong>s exclusivamente a diesel, colaboran<strong>do</strong><br />

<strong>para</strong> preencher o déficit constata<strong>do</strong><br />

no PDE 2026.<br />

Os projetos de cogeração<br />

100% a gás natural são<br />

a solução mais eficiente e<br />

ambientalmente adequada<br />

<strong>para</strong> ampliar a oferta<br />

de energia elétrica


17<br />

ENERGIA DE RESERVA (GW) - GAP PDE 2026<br />

FONTES 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026<br />

ALTERNATIVA PONTA 0 0 0 0 0,9 2,5 4,3 8 12,2 12,2<br />

HIDRÁULICA 0 0 0 0 0 0 0,1 0,3 0,8 1,3<br />

PCH+EOL+BIO+SOL 0 0 0 2 5,2 8,8 12,5 16,2 19,9 23,5<br />

TÉRMICA 0 0 0 0 0 0 1,5 1,5 2 2,7<br />

Necessidade de oferta <strong>para</strong> complementação de potência (2021)<br />

Fonte: Elaboração própria com da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PDE 2026/EPE<br />

Consideran<strong>do</strong>-se as metas ambientais que o <strong>Brasil</strong> precisa atingir, o gás natural<br />

é o combustível ideal <strong>para</strong> apoiar a redução das emissões e o desenvolvimento das<br />

novas fontes renováveis, proven<strong>do</strong> a segurança energética necessária <strong>para</strong> a plena<br />

recuperação da economia, aceleração <strong>do</strong> novo ciclo de expansão da indústria nacional<br />

e desenvolvimento socioeconômico, além de contribuir <strong>para</strong> a redução <strong>do</strong>s<br />

gastos com saúde pública em até R$ 40,3 bilhões/ano 1 .<br />

Por ser capaz de reduzir imediatamente a<br />

emissão de poluentes, o gás natural pode<br />

contribuir <strong>para</strong> a redução <strong>do</strong>s gastos com<br />

saúde pública em até R$ 40,3 bilhões/ano,<br />

de acor<strong>do</strong> com estu<strong>do</strong>s<br />

1<br />

Elaboração própria com base no estu<strong>do</strong> Projeção da mortalidade, internações hospitalares<br />

na rede pública e gastos públicos em saúde decorrentes da poluição atmosférica no Esta<strong>do</strong> de<br />

São Paulo de 2012 a 2030, Paulo H. N. Saldiva e col. - Instituto Saúde e Sustenetabilidade.


Benefícios econômicos<br />

O grande potencial econômico e a capacidade<br />

de geração de riquezas fazem com que a<br />

expansão da indústria brasileira <strong>do</strong> gás<br />

natural seja indispensável <strong>para</strong> o País


19<br />

BENEFÍCIOS DE UMA INDÚSTRIA<br />

<strong>do</strong> gás natural <strong>competitiva</strong><br />

O uso otimiza<strong>do</strong> da diversidade da matriz energética brasileira<br />

é fundamental <strong>para</strong> o desenvolvimento econômico e<br />

social <strong>do</strong> País. Os próximos anos serão cruciais <strong>para</strong> acelerar<br />

o ritmo de recuperação de nossa economia pós recessão e<br />

promover seu fortalecimento.<br />

O cenário é favorável <strong>para</strong> o investimento na expansão da<br />

indústria <strong>do</strong> gás natural e, também, <strong>para</strong> o fomento, visan<strong>do</strong><br />

elevar a participação <strong>do</strong> gás na matriz energética brasileira.<br />

Se observarmos o contexto internacional, o gás natural tem<br />

participação acima de 20% na matriz energética, com previsão<br />

de declínio apenas a partir de 2050. Contu<strong>do</strong>, até lá, é o<br />

único combustível fóssil capaz de fazer a transição <strong>para</strong> uma<br />

matriz mais limpa e de baixo carbono.<br />

No contexto nacional, o gás natural tem apenas 10,7% de<br />

participação na matriz. Portanto, o setor tem espaço <strong>para</strong> se<br />

expandir e capacidade <strong>para</strong> atrair em média US$ 32 bilhões 2<br />

em investimentos. O remodelamento <strong>do</strong> marco regulatório <strong>do</strong><br />

setor, em tramitação no Congresso Nacional, nos dá a oportunidade<br />

de estabelecer condições regulatórias e jurídicas que<br />

promoverão a concretização desse volume de investimentos.<br />

O POTENCIAL<br />

DO SETOR<br />

DE GÁS NATURAL<br />

US$ 32 bilhões<br />

Volume de investimentos que<br />

o setor de gás natural pode<br />

atrair a partir de um novo<br />

marco regulatório que favoreça<br />

seu desenvolvimento<br />

15 a 20 mil empregos<br />

Número de novos postos de trabalho<br />

por ano (diretos, indiretos e induzi<strong>do</strong>s)<br />

que podem ser cria<strong>do</strong>s com medidas<br />

regulatórias e jurídicas que incentivem<br />

a abertura <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de gás natural<br />

2<br />

Fonte: Estu<strong>do</strong> Strategy&/PwC <strong>para</strong> a ABEGÁS


Os investimentos se dividem nas<br />

seguintes áreas: novos terminais de<br />

<strong>GN</strong>L (Gás Natural Liquefeito); gasodutos<br />

de escoamento da produção e de<br />

transporte; novas Unidades de Processamento<br />

de Gás Natural (UP<strong>GN</strong>s),<br />

expansão <strong>do</strong> serviço de distribuição<br />

de gás canaliza<strong>do</strong> e armazenamento<br />

e estocagem. Se considerarmos o investimento<br />

em Exploração e Produção<br />

(E&P), principalmente nos campos<br />

localiza<strong>do</strong>s no pré-sal, o volume de<br />

investimentos nos próximos 10 anos<br />

pode <strong>do</strong>brar.<br />

O <strong>Brasil</strong> precisa atrair investimentos<br />

e gerar empregos e renda <strong>para</strong> que<br />

nossa economia volte a crescer. E a<br />

expansão da indústria <strong>do</strong> gás natural<br />

pode contribuir concretamente <strong>para</strong> a<br />

retomada, pois tem potencial <strong>para</strong> gerar,<br />

em média, 15 a 20 mil 3 novos postos<br />

de trabalho por ano (diretos, indiretos<br />

e induzi<strong>do</strong>s).<br />

O grande potencial econômico, a<br />

capacidade de geração de riquezas, a<br />

diversidade de aplicações e seu papel<br />

essencial na transição <strong>para</strong> uma matriz<br />

energética mais limpa fazem com que a<br />

expansão da indústria brasileira <strong>do</strong> gás<br />

natural seja indispensável <strong>para</strong> o País.<br />

O POTENCIAL DE INVESTIMENTOS NO SETOR DE GÁS NATURAL<br />

ÁREA<br />

OFERTA DE GÁS NATURAL<br />

<strong>GN</strong>L<br />

ESCOAMENTO<br />

UP<strong>GN</strong><br />

TRANSPORTE<br />

Investimento<br />

estima<strong>do</strong> em US$<br />

100 bilhões<br />

5 bilhões<br />

7 a 8 bilhões<br />

1,5 bilhão<br />

10 bilhões<br />

Descrição<br />

Aumento da oferta de gás associa<strong>do</strong> exige investimentos significativos em E&P,<br />

principalmente no pré-sal. No Plano de Negócios da Petrobras 2018-2022 são<br />

estima<strong>do</strong>s investimentos em E&P na ordem de US$ 60 bilhões. O potencial de<br />

investimento será ainda maior com o aporte de outros agentes priva<strong>do</strong>s.<br />

Soma que seria destinada <strong>para</strong> desenvolvimento de Novos Terminais de Regaseificação<br />

de Gás Natural Liquefeito (<strong>GN</strong>L), de mo<strong>do</strong> a aumentar a capacidade em 14 MM m 3 /dia.<br />

Valor calcula<strong>do</strong> <strong>para</strong> a construção de novos gasodutos de escoamento:<br />

a Bacia de Santos necessita de cerca de 40 MM m 3 /dia de escoamento<br />

em 2026 <strong>para</strong> incluir o projeto Rota 3 e outras rotas adicionais.<br />

Volume de recursos estima<strong>do</strong>s <strong>para</strong> a construção de novas Unidades de Processamento<br />

de Gás Natural (UP<strong>GN</strong>s) <strong>para</strong> processamento <strong>do</strong> insumo escoa<strong>do</strong> <strong>do</strong> pré-sal de Santos.<br />

Recursos necessários <strong>para</strong> a adição de cerca de 8,6 mil quilômetros,<br />

quase duplican<strong>do</strong> a malha atual de transporte dutoviário.<br />

DISTRIBUIÇÃO 5,5 bilhões É o aporte estima<strong>do</strong> na expansão da rede de distribuição com investimentos até 2030<br />

ESTOCAGEM<br />

2 bilhões<br />

É quanto a armazenagem comercial utilizan<strong>do</strong> bacias sedimentares<br />

pode captar <strong>para</strong> garantir duas semanas de consumo nacional.<br />

Fonte: Elaboração própria.<br />

3<br />

Fonte: Estu<strong>do</strong> Strategy&/PwC <strong>para</strong> a ABEGÁS


21<br />

Aumento da arrecadação fiscal<br />

Consideran<strong>do</strong>-se o aumento de oferta<br />

de gás natural que acontecerá a partir<br />

<strong>do</strong> ano de 2023, conforme o gráfico<br />

apresenta<strong>do</strong> na seção que trata <strong>do</strong>s desafios<br />

da indústria (página 28), a expectativa<br />

é de um aumento da ordem de<br />

116% na arrecadação de tributos federais<br />

e estaduais 4 .<br />

Devi<strong>do</strong> à janela de oportunidade <strong>do</strong>s<br />

preços <strong>do</strong> <strong>GN</strong>L e consideran<strong>do</strong> a capacidade<br />

ociosa <strong>do</strong>s terminais de regaseificação<br />

existentes, com a resolução <strong>do</strong>s<br />

desafios <strong>do</strong> setor apresenta<strong>do</strong>s neste<br />

<strong>do</strong>cumento, será possível antecipar a comercialização<br />

desse gás natural e, consequentemente,<br />

a arrecadação fiscal.<br />

A arrecadação de impostos estimada<br />

com a comercialização de gás natural,<br />

entre 2019 e 2030, é de R$ 160 bilhões.<br />

Esse cálculo engloba apenas a venda de<br />

gás natural <strong>para</strong> o consumi<strong>do</strong>r final, excluin<strong>do</strong><br />

a arrecadação nos demais elos<br />

da cadeia como exploração e produção,<br />

transporte e importação, que também<br />

crescerão em virtude <strong>do</strong> desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> setor.<br />

Com o impulso ao<br />

merca<strong>do</strong> de gás natural<br />

será possível antecipar<br />

a comercialização <strong>do</strong> gás<br />

natural e, desse mo<strong>do</strong>,<br />

ampliar a arrecadação<br />

fiscal <strong>do</strong> País<br />

116%<br />

É<br />

a expectativa de alta na arrecadação de tributos federais<br />

e estaduais projetada a partir <strong>do</strong> aumento de oferta de gás<br />

natural que acontecerá a partir <strong>do</strong> ano de 2023<br />

4<br />

Fonte: Elaboração própria.


Equilíbrio da Balança Comercial<br />

Outro benefício de uma indústria de gás natural <strong>competitiva</strong> é a contribuição<br />

<strong>para</strong> o equilíbrio da Balança Comercial <strong>do</strong> País.<br />

Com o gás natural ocupan<strong>do</strong> mais espaço na matriz <strong>do</strong>s transportes, tanto em<br />

veículos leves como veículos pesa<strong>do</strong>s (transporte de carga e passageiros), o País<br />

economizaria, em média, US$ 7,3 bilhões/ano, que atualmente são gastos com a importação<br />

de gasolina e diesel.<br />

GÁS NATURAL: MAIS DINHEIRO<br />

EM CAIXA PARA O BRASIL<br />

R$ 160 bilhões<br />

Arrecadação de impostos<br />

estimada com a<br />

comercialização de gás<br />

natural, entre 2019 e 2030<br />

US$ 7,3 bilhões/ano<br />

Montante, em média, que o <strong>Brasil</strong> deixaria de gastar com<br />

a importação de gasolina e diesel se o gás natural ocupar<br />

mais espaço na matriz <strong>do</strong>s transportes, em veículos leves<br />

e pesa<strong>do</strong>s (transporte de carga e passageiros)


23<br />

O <strong>Brasil</strong> assumiu o compromisso com o gás natural<br />

ocupan<strong>do</strong> mais espaço na matriz <strong>do</strong>s transportes, o País<br />

terá a chance de melhorar sua balança comercial ao reduzir<br />

o dispêndio com a importação de gasolina e diesel<br />

DISPÊNDIO (milhões de US$) COM A IMPORTAÇÃO DE COMBUSTÍVEIS<br />

20.000<br />

18.000<br />

5.416<br />

9.066 9.576 10.429 10.307<br />

4.463 3.812 7.354<br />

16.000<br />

MILHÕES DE LITROS<br />

14.000<br />

12.000<br />

10.000<br />

8.000<br />

9.007<br />

9.333<br />

7.970<br />

10.283<br />

11.275<br />

6.940<br />

7.918<br />

12.955<br />

6.000<br />

4.000<br />

2.000<br />

505<br />

2.187<br />

3.780<br />

2.878<br />

2.177<br />

2.470<br />

2.926<br />

4.489<br />

0<br />

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017<br />

Gasolina A Diesel Dispêndio<br />

Fonte: Elaboração própria com da<strong>do</strong>s da ANP


Desafios


25<br />

DESAFIOS PARA UMA INDÚSTRIA<br />

<strong>do</strong> gás natural <strong>competitiva</strong><br />

O setor de gás natural pode contribuir significativamente<br />

<strong>para</strong> o desenvolvimento <strong>do</strong> País. Para isso, o <strong>Brasil</strong><br />

precisa superar desafios que afetam a competição no<br />

setor e impactam a capacidade de oferta e o potencial de<br />

demanda, bem como dificultam o acesso à infraestrutura<br />

existente e emperram novos investimentos<br />

O potencial de contribuição <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de gás natural<br />

<strong>para</strong> o desenvolvimento econômico e social <strong>do</strong> país é real e<br />

significativo. Contu<strong>do</strong>, o setor precisa vencer alguns desafios<br />

importantes <strong>para</strong> efetivar esse potencial.<br />

Nessa seção, discutimos os principais entraves a serem enfrenta<strong>do</strong>s<br />

pela indústria <strong>do</strong> gás natural <strong>para</strong> viabilizar o desenvolvimento<br />

de um merca<strong>do</strong> de gás saudável e competitivo<br />

no <strong>Brasil</strong>. Há questões associadas aos diversos elos da cadeia<br />

<strong>do</strong> gás natural – oferta, demanda e infraestrutura -, e outras<br />

mais gerais, que afetam to<strong>do</strong> o setor e impactam a competitividade.<br />

Os itens elenca<strong>do</strong>s a seguir não são exaustivos, mas<br />

compreendem os pontos que a ABEGÁS julga prioritários.


1. Oferta<br />

A oferta de gás natural no <strong>Brasil</strong> vem basicamente de três fontes: produção nacional,<br />

importação por gasoduto e importação de <strong>GN</strong>L. Atualmente, 67% da oferta<br />

vem da produção nacional (principalmente de gás associa<strong>do</strong>, ou seja, aquele que<br />

é extraí<strong>do</strong> conjuntamente com o óleo), sen<strong>do</strong> 80,5% desta produção offshore. O<br />

restante da oferta vem da importação de gás da Bolívia (27%) – hoje realizada<br />

exclusivamente pela Petrobras – e da importação de <strong>GN</strong>L (6%).<br />

A OFERTA DE<br />

GÁS NATURAL<br />

NO BRASIL<br />

67%<br />

Volume da oferta de<br />

gás natural origina<strong>do</strong><br />

na produção nacional<br />

27%<br />

Percentual da oferta de<br />

gás natural de contrato de<br />

importação com a Bolívia<br />

6%<br />

Parcela da oferta de<br />

gás natural que vem<br />

da importação de <strong>GN</strong>L<br />

PRODUÇÃO DE GÁS ASSOCIADO E NÃO ASSOCIADO - MÉDIA/2017<br />

77,2% 22,8%<br />

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%<br />

Gás Associa<strong>do</strong><br />

Gás Não Associa<strong>do</strong><br />

Fonte: Elaboração própria com da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Boletim de Acompanhamento da Indústria <strong>do</strong> Gás Natural – MME | Dez/17


27<br />

PRODUÇÃO OFFSHORE E ONSHORE - MÉDIA/2017<br />

80,5% 19,5%<br />

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%<br />

Offshore<br />

Onshore<br />

Fonte: Elaboração própria com da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Boletim de Acompanhamento da Indústria <strong>do</strong> Gás Natural – MME | Dez/17<br />

SEGMENTO DA OFERTA TOTAL DE GÁS NATURAL NO BRASIL EM MM m 3 /DIA - MÉDIA/2017<br />

60,46 24,33 5,05<br />

OFERTA NACIONAL IMPORTAÇÃO BOLÍVIA <strong>GN</strong>L<br />

Fonte: Elaboração própria com da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Boletim de Acompanhamento da Indústria <strong>do</strong> Gás Natural – MME | Dez/17<br />

As premissas a<strong>do</strong>tadas <strong>para</strong> estabelecer<br />

os cenários apresenta<strong>do</strong>s no gráfico<br />

“Oferta Futura de Gás Natural em<br />

MM m³/dia” a seguir (base e agressivo)<br />

consideram os seguintes aspectos: na<br />

expansão da atividade de Exploração e<br />

Produção (E&P), entre 94 e 108 MM m³/<br />

dia, a variação dependerá <strong>do</strong> índice de<br />

reinjeção; na importação de gás da<br />

Bolívia, entre 20 e 30 MM m³/dia, a variação<br />

se dá em virtude da capacidade<br />

de produção daquele país e também<br />

da capacidade de importação de <strong>GN</strong>L,<br />

que poderá viabilizar uma oferta entre<br />

41 e 55 MM m³/dia a to<strong>do</strong> o sistema.


OFERTA FUTURA DE GÁS NATURAL EM MM m 3 /DIA<br />

105<br />

64<br />

EVOLUÇÃO<br />

HISTÓRICA<br />

110<br />

69<br />

125<br />

84<br />

124<br />

83<br />

30<br />

134<br />

93<br />

145<br />

104<br />

159<br />

118<br />

159<br />

118<br />

CENÁRIO<br />

BASE<br />

168<br />

127<br />

172<br />

131<br />

15<br />

171<br />

130<br />

20<br />

28<br />

105<br />

64<br />

EVOLUÇÃO<br />

HISTÓRICA<br />

110<br />

69<br />

125<br />

84<br />

126<br />

85<br />

30<br />

Acréscimo de<br />

14 MM m 3 / dia 1)<br />

a partir de 2020<br />

138<br />

97<br />

165<br />

110<br />

183<br />

128<br />

197<br />

142<br />

CENÁRIO<br />

AGRESSIVO<br />

209<br />

154<br />

212<br />

157<br />

30<br />

20<br />

33<br />

214<br />

159<br />

34<br />

+˜100%<br />

67<br />

36<br />

+˜130%<br />

76<br />

19<br />

19<br />

10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30<br />

10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30<br />

Importação Bolívia<br />

Novas Concessões<br />

Produção Pós-sal<br />

Demanda projetada em 2016 2) Demanda potencial em 2030<br />

Capacidade de Importação de <strong>GN</strong>L<br />

Produção Pré-sal<br />

1) Aumento da capacidade de regaseificação consideran<strong>do</strong> a implementação <strong>do</strong> projeto<br />

Porto de Sergipe<br />

2) Demanda Média Atual: 80 MM m 3 /dia (maio/16)<br />

Fonte: Estu<strong>do</strong> Strategy&/PwC <strong>para</strong> a ABEGÁS


29<br />

Oferta de gás natural em 2030<br />

Consideran<strong>do</strong> a atividade de E&P<br />

(pós e pré-sal) nos próximos anos a<br />

produção nacional poderá atingir entre<br />

94,8–108,8 MM m³/dia. Particularmente<br />

no pré-sal, dada a natureza de gás<br />

associa<strong>do</strong>, há expectativas de oferta<br />

<strong>competitiva</strong> assim como a possibilidade<br />

de importar gás da Bolívia adicionaria<br />

cerca de 20-30 MM m³/dia. Além<br />

disso, a capacidade de importação de<br />

<strong>GN</strong>L poderia viabilizar mais 41-55 MM<br />

m³/dia de gás natural.<br />

A Produção interna e a importação<br />

<strong>competitiva</strong>s resultariam em capacidade<br />

potencial de oferta em 2030 de<br />

171-214 MM m³/dia (2-2,5 vezes a demanda<br />

atual).<br />

Para que o cenário agressivo se concretize<br />

será fundamental implementar<br />

as propostas que apresentaremos na<br />

próxima seção deste <strong>do</strong>cumento.<br />

Apesar <strong>do</strong> programa recente de desinvestimento<br />

da Petrobras, incluin<strong>do</strong><br />

em ativos de exploração e produção<br />

de petróleo e gás natural, a empresa<br />

é, ainda hoje, responsável por grande<br />

parte da produção de gás natural no<br />

<strong>Brasil</strong>. Tal cenário tende a mudar nos<br />

próximos anos com o início da produção<br />

de algumas áreas importantes<br />

operadas por outras empresas.<br />

Esse processo, no entanto, deve ser<br />

lento e gradativo, e a tendência é que<br />

a Petrobras permaneça ainda como<br />

principal supri<strong>do</strong>ra de gás natural por<br />

muitos anos. Em particular, a pouca diversidade<br />

de oferta também está intimamente<br />

relacionada com o limita<strong>do</strong><br />

acesso das demais produtoras de gás<br />

offshore à infraestrutura de escoamento<br />

– o que será discuti<strong>do</strong> na seção de<br />

desafios liga<strong>do</strong>s à infraestrutura (página<br />

34). Além disso, a Petrobras tem<br />

grande participação nos demais elos da<br />

cadeia de suprimento de gás natural, incluin<strong>do</strong><br />

a importação e comercialização,<br />

o que limita a competição na oferta e<br />

restringe a atração de investimentos.


Nacional<br />

5%<br />

ção nacional de gás<br />

mente associada à<br />

ção de<br />

óleo<br />

A produção nacional de gás natural no <strong>Brasil</strong><br />

é, majoritariamente, associada à produção de<br />

petróleo (77,5%). Em razão dessas características,<br />

a lógica da produção está voltada principalmente<br />

à maximização da produção <strong>do</strong> petróleo,<br />

não haven<strong>do</strong>, de mo<strong>do</strong> geral, uma estratégia específica<br />

de produção <strong>para</strong> gás no que tange ao<br />

desenvolvimento <strong>do</strong>s campos.<br />

Ampliar a diversificação da oferta<br />

de gás natural, diante da ainda forte<br />

presença da Petrobras, é o principal<br />

desafio <strong>para</strong> aumentar a oferta<br />

nacional. E os programas Gas Release<br />

são um <strong>do</strong>s mecanismos de sucesso<br />

Para o futuro, há a perspectiva de aumento da<br />

produção nacional, oriunda <strong>do</strong> pré-sal, da qual<br />

não se tem certeza sobre o volume e o prazo em<br />

que este gás estará disponível <strong>para</strong> o merca<strong>do</strong>,<br />

o que dificulta a previsibilidade de investimento<br />

em infraestrutura <strong>para</strong> escoamento, transporte e<br />

comercialização.<br />

Nesse contexto, o principal desafio <strong>para</strong> a oferta<br />

nacional consiste em ampliar a diversificação<br />

da oferta de gás natural, estabelecen<strong>do</strong> mecanismos<br />

que possibilitem acelerar esse processo de<br />

diversificação, como programas de Gas Release.<br />

Embora existam outros produtores, a comercialização<br />

está concentrada na Petrobras, detentora<br />

de praticamente toda a infraestrutura<br />

de escoamento da produção no país, como veremos<br />

no item 2 (página 34).<br />

O QUE É<br />

GAS RELEASE<br />

Programas de venda obrigatória de<br />

gás natural (ou Gas Release) podem ser<br />

desenha<strong>do</strong>s <strong>para</strong> superar o problema<br />

da ausência de acesso ao suprimento<br />

de gás ou capacidade de transporte,<br />

especialmente nas etapas iniciais de<br />

abertura <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e, portanto, podem<br />

desempenhar o papel de dinamiza<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

processo de introdução da concorrência<br />

na indústria <strong>do</strong> gás natural. Em merca<strong>do</strong>s<br />

onde existem diversas fontes de suprimento<br />

e produtores, bem como rotas<br />

de transporte alternativas, tais programas<br />

não necessitariam ser aplica<strong>do</strong>s.<br />

Este tipo de regulação foi implanta<strong>do</strong><br />

pela primeira vez no Reino Uni<strong>do</strong><br />

em 1992, com o objetivo de reduzir a<br />

participação de merca<strong>do</strong> de 60% deti<strong>do</strong><br />

pela British Gas no segmento <strong>industria</strong>l<br />

e comercial entre 1992 e 1995. Desde<br />

então, os programas de Gas Release<br />

têm si<strong>do</strong> usa<strong>do</strong>s <strong>para</strong> promover a concorrência<br />

em países e regiões onde<br />

existe um monopólio ou oligopólio bem<br />

estabeleci<strong>do</strong>.<br />

Fonte: Nota Técnica ANP<br />

“Considerações sobre Alguns Aspectos<br />

<strong>do</strong> Desenvolvimento da Indústria <strong>do</strong> Gás<br />

Natural” – SCM|Maio/2017


31<br />

CONCESSIONÁRIAS COM MAIOR PRODUÇÃO DE GÁS NATURAL<br />

MILHÕES DE m 3 /DIA<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

2,62<br />

1,43<br />

77,6<br />

3,32<br />

4,18<br />

2,65<br />

2,13<br />

80,3<br />

3,3<br />

6,92<br />

2,38 2,9<br />

3,15 3,90 3,39<br />

10,44<br />

86,43 82,58<br />

7,62<br />

12,12<br />

0<br />

2014 2015 2016 2017<br />

Petrobras BG <strong>Brasil</strong> Parnaíba <strong>GN</strong> Queiroz Galvão Petrogal <strong>Brasil</strong> Repsol Sinopec Shell <strong>Brasil</strong> BPMB Parnaíba<br />

Fonte: Elaboração própria com da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Boletim de Acompanhamento da Indústria <strong>do</strong> Gás Natural – MME<br />

Bolívia<br />

A importação de gás natural da Bolívia<br />

hoje é feita exclusivamente pela Petrobras,<br />

que importa um volume médio de 27 milhões<br />

m³/dia 5 , através <strong>do</strong> gasoduto Bolívia-<br />

-<strong>Brasil</strong> (Gasbol). No entanto, o contrato de<br />

fornecimento de gás da Petrobras com a<br />

Bolívia deve se encerrar em 2019, com a<br />

possibilidade de extensão por apenas mais<br />

um ano. Após essa data, a Petrobras já deixou<br />

claro que não tem interesse em renovar<br />

o contrato e permanecer como agente<br />

importa<strong>do</strong>r exclusivo <strong>do</strong> gás da Bolívia.<br />

Com a saída da Petrobras da negociação,<br />

a alocação de risco ficará nas mãos<br />

de outros agentes, alguns com menor capacidade<br />

de assumir o risco comercial <strong>do</strong><br />

contrato de importação. Adicionalmente,<br />

a Bolívia tem investi<strong>do</strong> pouco em explo-<br />

5<br />

Fonte: Boletim de Acompanhamento da Indústria <strong>do</strong> Gás Natural – MME | Dez/17


ação, e há indicações preliminares de<br />

que será pouco viável que haja um novo<br />

contrato de suprimento da Bolívia nas<br />

mesmas condições de volume. Cabe ressaltar<br />

que, hoje, o suprimento boliviano é<br />

fundamental <strong>para</strong> atender principalmente<br />

as demandas das regiões Sul, Sudeste<br />

e Centro-Oeste.<br />

Assim, há <strong>do</strong>is desafios importantes:<br />

(i) Garantir a adequada assunção de<br />

risco pelos agentes que passarão a importar<br />

o gás da Bolívia;<br />

(ii) Analisar alternativas <strong>para</strong> cobrir a<br />

provável queda no volume de gás supri<strong>do</strong><br />

pela Bolívia através <strong>do</strong> gasoduto.<br />

2019<br />

Ano de encerramento <strong>do</strong> contrato de fornecimento<br />

de gás natural boliviano <strong>para</strong> a Petrobras, com<br />

possibilidade de extensão por mais um ano<br />

27 milhões m³/dia<br />

Volume médio<br />

de gás natural<br />

importa<strong>do</strong> da Bolívia<br />

<strong>GN</strong>L<br />

A importação de Gás Natural Liquefeito<br />

(<strong>GN</strong>L) no <strong>Brasil</strong> hoje é condicionada<br />

ao planejamento <strong>do</strong> setor elétrico.<br />

A importação cresce na medida em<br />

que é necessário despachar mais térmicas<br />

a gás <strong>para</strong> atender a demanda por<br />

energia, geralmente em função de um<br />

quadro hidrológico desfavorável.<br />

Contu<strong>do</strong>, <strong>para</strong> que o país possa se<br />

beneficiar <strong>do</strong>s preços mais baixos <strong>do</strong><br />

<strong>GN</strong>L, deixan<strong>do</strong> de comprar a molécula<br />

no merca<strong>do</strong> spot em que os preços são<br />

mais altos, é preciso aperfeiçoar o planejamento<br />

energético <strong>para</strong> que haja um<br />

melhor aproveitamento da maior flexibilidade<br />

<strong>do</strong> <strong>GN</strong>L quan<strong>do</strong> com<strong>para</strong><strong>do</strong> ao<br />

gás associa<strong>do</strong>, bem como da previsibilidade<br />

da demanda elétrica. Isso está<br />

intrinsecamente liga<strong>do</strong> ao investimento<br />

e ao efetivo acesso à infraestrutura (terminais<br />

de regaseificação e gasodutos de<br />

transporte), e, também, à maior previsibilidade<br />

<strong>do</strong> despacho das térmicas a gás.<br />

Para isso, será importante garantir o<br />

despacho na base <strong>para</strong> algumas térmicas,<br />

como forma de otimizar a utilização<br />

<strong>do</strong> <strong>GN</strong>L <strong>para</strong> geração elétrica. A garantia<br />

<strong>do</strong> acesso à infraestrutura essencial, que<br />

inclui UP<strong>GN</strong>s e terminais de regaseificação,<br />

também é fundamental e será tratada<br />

na seção dedicada à infraestrutura<br />

(página 34).


33<br />

Hoje, o <strong>GN</strong>L tem si<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> <strong>para</strong><br />

complementar a oferta de gás natural<br />

necessária <strong>para</strong> atender o merca<strong>do</strong> termelétrico.<br />

Como a utilização das térmicas<br />

é variável, depende da determinação <strong>do</strong><br />

Opera<strong>do</strong>r Nacional <strong>do</strong> Sistema Elétrico<br />

(ONS) <strong>para</strong> despachar e, portanto, não há<br />

previsibilidade de operação. Por isso, a curva<br />

de crescimento <strong>do</strong> uso de <strong>GN</strong>L acompanha<br />

a projeção <strong>do</strong> despacho termelétrico,<br />

como demonstra o gráfico “Balanço de gás<br />

natural Oferta x Demanda” (abaixo).<br />

BALANÇO DE GÁS NATURAL OFERTA X DEMANDA<br />

Milhões de m 3 /dia<br />

130,0<br />

120,0<br />

110,0<br />

100,0<br />

90,0<br />

80,0<br />

70,0<br />

60,0<br />

50,0<br />

40,0<br />

30,0<br />

20,0<br />

10,0<br />

2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026<br />

Importação via <strong>GN</strong>L<br />

Importação via gasodutos<br />

Gás natural nacional<br />

não associa<strong>do</strong><br />

Gás natural nacional<br />

associa<strong>do</strong><br />

Demanda não termelétrica<br />

Demanda termelétrica<br />

a gás natural<br />

Demanda termelétrica<br />

indicativa Ciclo Combina<strong>do</strong><br />

Demanda termelétrica<br />

biocombustível<br />

Demanda Total<br />

(despacho máximo)<br />

Fonte: Elaboração própria com da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PDE 2026/EPE<br />

A importação de Gás Natural Liquefeito (<strong>GN</strong>L) cresce<br />

na medida em que é necessário recorrer a mais<br />

térmicas a gás <strong>para</strong> atender a demanda por energia,<br />

principalmente em perío<strong>do</strong>s de poucas chuvas, quan<strong>do</strong><br />

as hidroelétricas reduzem sua capacidade de geração


2. Infraestrutura<br />

Na cadeia <strong>do</strong> gás natural, a infraestrutura de escoamento,<br />

processamento, terminais de regaseificação e<br />

de transporte, é o que viabiliza o acesso <strong>do</strong> produtor<br />

de gás ao merca<strong>do</strong> final. Por essa razão, a garantia<br />

de acesso <strong>do</strong>s agentes a essas unidades, chamadas<br />

conjuntamente de infraestrutura essencial, é fundamental<br />

<strong>para</strong> a construção de um merca<strong>do</strong> competitivo<br />

<strong>para</strong> o gás natural.<br />

Produção<br />

Escoamento<br />

Tratamento Transporte Citygate Distribuição<br />

Importação<br />

<strong>GN</strong>L<br />

Regaseificação<br />

Transporte<br />

Historicamente, a Petrobras detinha o controle de toda<br />

essa infraestrutura essencial, incluin<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os gasodutos<br />

de transporte. Recentemente, a empresa iniciou um processo<br />

de desinvestimento da sua rede de transporte de gás natural,<br />

com a venda de <strong>do</strong>is grandes trechos – cerca de 6.500<br />

km de gasodutos – da malha de transporte: a Nova Trans-


35<br />

porta<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Sudeste (NTS), vendida <strong>para</strong> a Brookfield em<br />

abril de 2017, e a Transporta<strong>do</strong>ra Associada de Gás (TAG),<br />

ainda em fase de recebimento de propostas de compra.<br />

No entanto, apesar de não ser mais a <strong>do</strong>na <strong>do</strong> ativo,<br />

a Petrobras é a única empresa produtora de gás que,<br />

efetivamente, transporta gás nessa malha (carrega<strong>do</strong>ra).<br />

Isso porque a Petrobras tem contratos vigentes contratan<strong>do</strong><br />

toda a capacidade de transporte dessa malha, e a<br />

legislação vigente só permitirá o livre acesso de outros<br />

carrega<strong>do</strong>res após o término <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de exclusividade<br />

(10 anos), conta<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong> início da operação de<br />

cada gasoduto.<br />

Assim, o grande desafio <strong>do</strong> transporte de gás natural<br />

permanece sen<strong>do</strong> a garantia <strong>do</strong> livre acesso à malha<br />

de gasodutos. Embora já exista a regulamentação da<br />

Agência Nacional <strong>do</strong> Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis<br />

(ANP) <strong>para</strong> o acesso à capacidade ociosa <strong>do</strong>s<br />

gasodutos, essa regra não é efetiva, pois mesmo os dutos<br />

que já terminaram seu perío<strong>do</strong> de exclusividade são<br />

apresenta<strong>do</strong>s como 100% contrata<strong>do</strong>s.<br />

O grande desafio <strong>do</strong> transporte de gás natural<br />

permanece sen<strong>do</strong> a garantia <strong>do</strong> livre acesso à malha<br />

de gasodutos — ainda uma exclusividade da Petrobras


COMPARATIVO DA EVOLUÇÃO DA MALHA DE TRANSPORTE<br />

EM RELAÇÃO À REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE GÁS NATURAL<br />

35.000<br />

30.000<br />

25.000<br />

Km<br />

20.000<br />

15.000<br />

10.000<br />

5.000<br />

0<br />

Até<br />

1999<br />

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017<br />

Gasoduto de Transporte<br />

Fonte: MME<br />

Gasoduto de Distribuição<br />

Fonte: <strong>ABEGAS</strong><br />

4.001 5.431 5.431 5.713 5.715 5.734 5.759 5.759 6.421 7.175 7.696 9.295 9.489 9.430 9.409 9.409 9.409 9.409 9.409<br />

3.968 5.211 7.348 8.754 9.356 10.984 12.913 13.736 15.223 16.321 18.148 19.333 20.946 22.812 24.993 27.324 30.021 31.807 33.130<br />

Fonte: Boletim de Acompanhamento da Indústria <strong>do</strong> Gás Natural – MME | Dez/17<br />

Obs.: A partir de 2009, as alterações na extensão da malha de gasodutos referem-se à reclassificação de gasodutos existentes.<br />

O gráfico acima mostra os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> Plangás, programa da Petrobras<br />

volta<strong>do</strong> <strong>para</strong> o desenvolvimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de gás natural e da malha de transporte<br />

executa<strong>do</strong> entre os anos 2000 e 2010. Contu<strong>do</strong>, após a extinção <strong>do</strong> programa, não<br />

houve novos investimentos significativos nessa atividade.<br />

Em 2010, a regulamentação da Lei <strong>do</strong> Gás estabeleceu a criação <strong>do</strong> “Plano Decenal<br />

de Expansão da Malha de Transporte Dutoviário <strong>do</strong> País” (Pemat). Porém, a<br />

burocracia excessiva <strong>do</strong> plano afastou o interesse <strong>do</strong>s agentes <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>.


37<br />

Infraestrutura essencial<br />

A infraestrutura essencial de gás natural,<br />

que inclui os dutos de escoamento<br />

da produção, unidades de processamento<br />

de gás natural (UP<strong>GN</strong>s) e terminais de<br />

regaseificação, pertence em sua grande<br />

maioria à Petrobras.<br />

No caso <strong>do</strong> escoamento, a Petrobras<br />

é detentora de praticamente todas as<br />

rotas existentes (exceto a Rota 3, que<br />

conta com outros investi<strong>do</strong>res), o que<br />

acaba por obrigar as demais opera<strong>do</strong>ras<br />

de campos a venderem sua produção de<br />

gás <strong>para</strong> a companhia, tornan<strong>do</strong>-a a única<br />

comercializa<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> gás produzi<strong>do</strong> no<br />

país. Isso ocorre porque, sob a legislação<br />

atual, o acesso às rotas de escoamento<br />

da produção é limita<strong>do</strong> aos proprietários<br />

dessas instalações. Deve haver uma mudança<br />

legal <strong>para</strong> permitir o acesso obrigatório<br />

de terceiros à capacidade ociosa<br />

<strong>do</strong>s gasodutos de escoamento.<br />

Para as UP<strong>GN</strong>s e Terminais de <strong>GN</strong>L,<br />

a situação não é melhor. A Petrobras é<br />

<strong>do</strong>na <strong>do</strong>s três terminais de <strong>GN</strong>L existentes<br />

no país – Ceará, Bahia e Rio de Janeiro<br />

– e de todas as UP<strong>GN</strong>s, e a restrição<br />

<strong>do</strong> acesso de terceiros se repete, o que<br />

desestimula a produção e comercialização<br />

direta <strong>do</strong> gás por outros produtores.<br />

Da mesma forma, um <strong>do</strong>s principais<br />

obstáculos <strong>para</strong> a diversificação da oferta<br />

de gás, por meio da importação de<br />

<strong>GN</strong>L (Gás Natural Liquefeito), é a falta de<br />

uma legislação que garanta o acesso de<br />

terceiros aos terminais de regaseificação<br />

existentes. Não há obrigatoriedade na<br />

Lei <strong>do</strong> Gás <strong>para</strong> que o proprietário <strong>do</strong> terminal<br />

dê acesso a terceiros. Assim, ainda<br />

que haja capacidade ociosa, o acesso de<br />

terceiros pode não ocorrer.<br />

Um <strong>do</strong>s principais obstáculos <strong>para</strong> a diversificação<br />

da oferta de gás natural é a falta de uma legislação<br />

que garanta o acesso de terceiros à infraestrutura<br />

da Petrobras, hoje com capacidade ociosa


Armazenamento<br />

Essa atividade está entre as propostas<br />

<strong>para</strong> o novo marco legal <strong>do</strong> setor, em<br />

discussão no Congresso Nacional.<br />

Hoje, a atividade não é explorada<br />

no País. Contu<strong>do</strong>, é um mecanismo que<br />

pode funcionar como regula<strong>do</strong>r de estoques<br />

e contribuir <strong>para</strong> a competitividade<br />

<strong>do</strong> preço da molécula, o que é importante<br />

<strong>para</strong> o desenvolvimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>.<br />

A atividade de armazenamento é amplamente<br />

difundida em países onde o<br />

merca<strong>do</strong> de gás natural é mais maduro,<br />

como EUA, Argentina e Espanha. O <strong>Brasil</strong><br />

ainda precisa desenvolver essa atividade,<br />

que contribuiria <strong>para</strong> dar maior previsibilidade<br />

de oferta ao merca<strong>do</strong>.<br />

O <strong>Brasil</strong> ainda<br />

precisa desenvolver<br />

a atividade de<br />

armazenamento,<br />

mecanismo que<br />

contribuiria <strong>para</strong> dar<br />

maior previsibilidade<br />

de oferta ao merca<strong>do</strong><br />

ARMAZENAMENTO GEOLÓGICO DE GÁS NATURAL NO MUNDO<br />

TIPO DE ARMAZENAMENTO NÚMERO VOLUME ÚTIL (10 6 m 3 )<br />

Campos depleta<strong>do</strong>s 511 290.000<br />

Aquíferos 87 37.000<br />

Cavidades salinas 91 21.000<br />

Cavidades minadas 1<br />

Minas aban<strong>do</strong>nadas 2<br />

82<br />

Fonte: Elaboração própria<br />

TOTAL 692 349.000


39<br />

3. Demanda<br />

Os desafios da expansão da demanda<br />

de gás natural estão relaciona<strong>do</strong>s<br />

ao desenvolvimento desse merca<strong>do</strong>,<br />

buscan<strong>do</strong> diversificar os usos desse<br />

energético. Esse é um papel intrinsecamente<br />

das distribui<strong>do</strong>ras locais, que representam<br />

o principal elo de conexão<br />

com o consumi<strong>do</strong>r final.<br />

Por ser um combustível fóssil limpo,<br />

seguro e versátil, o gás natural<br />

pode ser utiliza<strong>do</strong> em diferentes atividades,<br />

incluin<strong>do</strong> cocção, transporte,<br />

aquecimento e refrigeração, atividades<br />

<strong>industria</strong>is e cogeração. No entanto,<br />

cabe ressaltar que, diferentemente<br />

da energia elétrica, o gás natural sofre<br />

competição de outros energéticos<br />

em to<strong>do</strong>s esses usos. Por essa razão,<br />

é importante a definição de políticas<br />

públicas em nível federal, estadual e<br />

municipal que estimulem a maior utilização<br />

<strong>do</strong> gás natural em um contexto<br />

de transição energética.<br />

Além de políticas públicas em diferentes<br />

níveis, é fundamental a harmonização<br />

da regulação estadual, além<br />

<strong>do</strong> aprimoramento <strong>do</strong>s órgãos regula<strong>do</strong>res<br />

<strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s, de mo<strong>do</strong> a contribuir<br />

<strong>para</strong> o desenvolvimento <strong>do</strong>s<br />

merca<strong>do</strong>s locais e a incentivar novas<br />

utilizações <strong>do</strong> energético.<br />

O gráfico “Projeção <strong>do</strong> Potencial<br />

de Consumo de Gás Natural no <strong>Brasil</strong><br />

(MM m 3 /dia)”, na página 40, apresenta<br />

a capacidade de crescimento de<br />

to<strong>do</strong>s os merca<strong>do</strong>s já atendi<strong>do</strong>s e o<br />

potencial de desenvolvimento de novas<br />

aplicações, consideran<strong>do</strong> ainda a<br />

necessidade <strong>do</strong> País evoluir <strong>para</strong> uma<br />

matriz energética mais limpa.<br />

209 milhões m³/dia<br />

É o potencial de demanda de gás natural em 2030 no <strong>Brasil</strong>,<br />

se o País a<strong>do</strong>tar medidas que impulsionem o consumo


PROJEÇÃO DO POTENCIAL DE CONSUMO DE GÁS NATURAL NO BRASIL (MM m 3 /DIA)<br />

Taxa média de<br />

+XX% Crescimento Anual<br />

2016-2030<br />

+5,7% +5,6% +19,6% +11,5% +14,5% +7,4%<br />

Residencial<br />

e Comercial<br />

<strong>GN</strong>V<br />

77<br />

Cogeração<br />

Geração de 27<br />

Eletricidade 1<br />

Industrial 26<br />

Refinarias<br />

e FAFENS 15<br />

Principal<br />

combustível <strong>do</strong>s<br />

processos de<br />

queima, sobretu<strong>do</strong><br />

em indústrias<br />

intensivas em<br />

energia<br />

48<br />

3 4<br />

13<br />

22<br />

6<br />

Cerâmica<br />

Química<br />

Ferro e aço<br />

Outros setores<br />

Metanol,<br />

Amônia e Ureia<br />

31<br />

31<br />

Industrialização no <strong>Brasil</strong> de toda a<br />

importação de metanol, amônia e ureia<br />

Venda de<br />

excedente<br />

Geração<br />

elétrica<br />

Principal fonte<br />

de energia<br />

não renovável,<br />

responsável por 2/3<br />

da geração térmica<br />

25<br />

Ônibus e<br />

caminhões<br />

2 7<br />

6 Comercial<br />

17 Industrial<br />

Utilização de<br />

cogeração<br />

<strong>industria</strong>l<br />

e calor/frio<br />

comercial <strong>para</strong><br />

deslocar Energia<br />

Elétrica<br />

17<br />

10<br />

Comercial<br />

Veículos<br />

leves<br />

Aumento da<br />

utilização na<br />

frota urbana de<br />

veículos leves<br />

<strong>para</strong> 18% da frota,<br />

com participação<br />

relevante em<br />

veículos pesa<strong>do</strong>s<br />

8<br />

11<br />

3<br />

Residencial<br />

Gás natural<br />

massifica<strong>do</strong><br />

em centros<br />

urbanos <strong>para</strong><br />

uso comercial<br />

e residencial<br />

209<br />

Total (2016)<br />

Industrial<br />

Geração<br />

elétrica<br />

Geração<br />

distribuída (<strong>GN</strong>)<br />

<strong>GN</strong>V<br />

Residencial<br />

e comercial<br />

Total (2030)<br />

1) Inclui geração térmica informada por outros agentes como Auto-Produtor e Auto-Importa<strong>do</strong>r<br />

Fonte: Estu<strong>do</strong> Stategy&/PwC <strong>para</strong> a ABEGÁS<br />

4. Competitividade<br />

Além das questões específicas de cada segmento mostradas anteriormente, o gás<br />

natural tem ainda desafios transversais a toda a cadeia e que afetam sua competitividade.<br />

Esses desafios <strong>para</strong> o ganho de competitividade passam pelo preço da commodity<br />

gás natural, pelos custos de transporte <strong>do</strong> energético até os citygates e também<br />

pela tributação <strong>do</strong> setor.


41<br />

Preço da commodity e Tarifas de transporte<br />

No <strong>Brasil</strong>, há um histórico de precificação<br />

de combustíveis em desacor<strong>do</strong><br />

com os parâmetros típicos de merca<strong>do</strong>,<br />

o que tem reflexo significativo na competitividade<br />

<strong>do</strong> gás natural em relação<br />

aos combustíveis que podem substituí-<br />

-lo. Como to<strong>do</strong> o suprimento de gás no<br />

país é comercializa<strong>do</strong> pela Petrobras,<br />

bem como grande parte da oferta <strong>do</strong>s<br />

combustíveis que podem substituí-lo,<br />

estabelece-se um cenário que impede a<br />

competitividade real entre os energéticos<br />

e o desenvolvimento em escala <strong>do</strong><br />

merca<strong>do</strong> de gás natural.<br />

No caso das tarifas de transporte,<br />

a principal questão está relacionada à<br />

falta de transparência em sua definição.<br />

Embora as tarifas de transporte <strong>do</strong><br />

gás natural sejam homologadas pela<br />

agência regula<strong>do</strong>ra, não há transparência<br />

em relação à meto<strong>do</strong>logia utilizada<br />

em sua formação ou mesmo no seu mecanismo<br />

de reajuste, o que tem impacto<br />

direto na competitividade <strong>do</strong> energético.<br />

Além disso, as refinarias, fábricas de<br />

fertilizantes e termelétricas atendidas<br />

diretamente pela Petrobras, não pagam<br />

a tarifa de transporte <strong>do</strong> gás natural e<br />

nem a reserva de capacidade <strong>do</strong>s gasodutos<br />

(ship or pay), cujos custos acabam<br />

sen<strong>do</strong> repassa<strong>do</strong>s <strong>para</strong> os demais consumi<strong>do</strong>res,<br />

elevan<strong>do</strong> o preço <strong>do</strong> gás.<br />

Em relação à commodity, conforme<br />

já relata<strong>do</strong>, a verticalização <strong>do</strong> agente<br />

<strong>do</strong>minante impede a competição<br />

“gás-gás”, coibin<strong>do</strong> a iniciativa <strong>do</strong>s<br />

agentes de ofertar gás ao merca<strong>do</strong><br />

e impossibilitan<strong>do</strong> a criação de um<br />

merca<strong>do</strong> livre de gás natural.<br />

A verticalização da<br />

Petrobras no setor<br />

impede a competição e<br />

impossibilita a criação<br />

de um merca<strong>do</strong> livre<br />

de gás natural<br />

Tributação<br />

Hoje, a falta de uniformidade das alíquotas de ICMS aplicáveis nas operações internas,<br />

interestaduais e de importação de gás natural tem ocasiona<strong>do</strong> conflito entre<br />

os Esta<strong>do</strong>s, o que representa uma barreira à livre circulação <strong>do</strong> energético em to<strong>do</strong> o<br />

território nacional e, consequentemente, ao pleno desenvolvimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>.


Propostas Estruturantes<br />

Para impulsionar o merca<strong>do</strong> de gás natural, o <strong>Brasil</strong><br />

ainda tem uma série de desafios a superar. É preciso que<br />

o poder público a<strong>do</strong>te iniciativas que aumentem a oferta,<br />

criem demanda, desenvolvam o acesso à infraestrutura,<br />

atraiam investimentos e favoreçam a competitividade.<br />

Tu<strong>do</strong> isso é plenamente viável. Há uma série de iniciativas,<br />

já amadurecidas, capazes de desenvolver to<strong>do</strong> o potencial<br />

dessa alternativa energética e gerar renda e empregos


43<br />

Propostas estruturantes <strong>para</strong> uma<br />

INDÚSTRIA DO GÁS NATURAL COMPETITIVA<br />

A expectativa de aumento na produção nacional de gás, decorrente<br />

principalmente <strong>do</strong> incremento da produção <strong>do</strong> pré-sal, alia<strong>do</strong> ao contexto<br />

internacional de maior oferta e preços reduzi<strong>do</strong>s, sinaliza <strong>para</strong> um futuro<br />

em que o gás tende a ganhar preponderância no mix energético no <strong>Brasil</strong>.<br />

Estas propostas representam iniciativas mínimas<br />

que devem ser encaminhadas por representantes<br />

<strong>do</strong> poder público em nível federal e estadual<br />

Adicionalmente, diante das exigências ambientais e acor<strong>do</strong>s internacionais,<br />

os principais cenários energéticos globais indicam que o gás<br />

será o combustível capaz de contribuir <strong>para</strong> a construção de uma matriz<br />

energética mais limpa.<br />

Contu<strong>do</strong>, conforme mostra<strong>do</strong> ao longo deste <strong>do</strong>cumento, o <strong>Brasil</strong> ainda<br />

precisa superar importantes desafios <strong>para</strong> alavancar o pleno desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de gás natural no País.<br />

Nessa seção, apresentamos as propostas específicas <strong>para</strong> endereçar as<br />

questões levantadas na seção anterior <strong>para</strong> cada segmento apresenta<strong>do</strong>.<br />

Entendemos que estas propostas representam iniciativas mínimas que<br />

devem ser encaminhadas por parte <strong>do</strong>s representantes <strong>do</strong> poder público<br />

em nível federal e estadual, e contam com o apoio da ABEGÁS.


1. Oferta<br />

GÁS PRODUZIDO NO BRASIL<br />

PROPOSTA<br />

Utilizar a parcela da União <strong>do</strong>s contratos de partilha <strong>do</strong> pré-sal <strong>para</strong> criar políticas<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MME | CNPE | ANP<br />

Promover programas de incentivo à redução da queima <strong>do</strong> gás natural<br />

com o objetivo de reduzir as perdas na exploração e produção<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MME | CNPE | MMA | ANP<br />

Promover programas de incentivo à redução da reinjeção <strong>do</strong> gás natural<br />

nos poços, com o objetivo de elevar a oferta<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MME | CNPE | MMA | ANP<br />

Manter a regularidade e a realização anual <strong>do</strong>s leilões de novas áreas<br />

<strong>para</strong> exploração e produção de petróleo e gás natural<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: CNPE | ANP<br />

Regulamentar e efetivar a implementação <strong>do</strong> programa de venda obrigatória de gás natural<br />

Gas Release, como forma de acelerar o processo de diversificação da oferta<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MME | CNPE |ANP<br />

OBJETIVO<br />

Incentivar a<br />

entrada de novos<br />

produtores,<br />

importa<strong>do</strong>res e<br />

comercializa<strong>do</strong>res<br />

no merca<strong>do</strong><br />

e ampliar a<br />

diversificação da<br />

oferta<br />

Promover programas de incentivo à oferta que supere a redução da importação da Bolívia<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MME | CNPE | ANP<br />

GÁS IMPORTADO DA BOLÍVIA<br />

PROPOSTA<br />

Exigência de transparência e publicidade das informações de negociação entre a Bolívia e a<br />

Petrobras, <strong>para</strong> que os demais agentes posam tomar decisões com base em da<strong>do</strong>s concretos,<br />

inclusive sobre negociar diretamente a contratação <strong>do</strong> suprimento boliviano<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: ANP | PETROBRAS (IMPORTADOR)<br />

Promover a obtenção de da<strong>do</strong>s concretos sobre a disponibilidade<br />

de gás natural da Bolívia <strong>para</strong> contratos de longo prazo<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MME | EPE<br />

Apoio <strong>do</strong> Governo Federal no caso de negociação direta com a Bolívia<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: ITAMARATY | MDIC | MME<br />

OBJETIVO<br />

Dar<br />

transparência<br />

e facilitar a<br />

negociação da<br />

importação <strong>do</strong><br />

gás natural da<br />

Bolívia<br />

PROPOSTA<br />

<strong>GN</strong>L<br />

OBJETIVO<br />

Regulamentar a garantia de acesso à infraestrutura essencial (ver seção Infraestrutura)<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: CONGRESSO NACIONAL, EM VIRTUDE DA NECESSIDADE<br />

DE ALTERAÇÃO DO MARCO LEGAL DO SETOR | MME | ANP<br />

Instituir o supri<strong>do</strong>r de última instância, responsável por garantir a oferta<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: CONGRESSO NACIONAL, EM VIRTUDE DA NECESSIDADE<br />

DE ALTERAÇÃO DO MARCO LEGAL DO SETOR | MME | ANP<br />

Viabilizar a<br />

entrada de novos<br />

agentes na<br />

importação de<br />

<strong>GN</strong>L e propiciar<br />

segurança <strong>do</strong><br />

suprimento de<br />

gás natural


2. Infraestrutura<br />

PROPOSTA<br />

TRANSPORTE<br />

OBJETIVO<br />

45<br />

Definir novas regras que permitam o acesso imediato de terceiros à rede<br />

de transporte sempre que houver capacidade disponível<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: CONGRESSO NACIONAL, EM VIRTUDE DA NECESSIDADE<br />

DE ALTERAÇÃO DO MARCO LEGAL DO SETOR | MME | ANP<br />

Dar efetiva publicidade às informações sobre a capacidade disponível e volume de gás<br />

natural movimenta<strong>do</strong> no sistema de transporte e também projeções de disponibilidade.<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: CONGRESSO NACIONAL, EM VIRTUDE DA NECESSIDADE<br />

DE ALTERAÇÃO DO MARCO LEGAL DO SETOR | MME | ANP<br />

Promover a efetiva desverticalização da atividade de transporte de gás natural por<br />

gasodutos, se<strong>para</strong>n<strong>do</strong> claramente os interesses de carrega<strong>do</strong>res e transporta<strong>do</strong>res<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: CONGRESSO NACIONAL, EM VIRTUDE DA NECESSIDADE<br />

DE ALTERAÇÃO DO MARCO LEGAL DO SETOR | MME | ANP<br />

Otimizar o uso <strong>do</strong>s mecanismos já disponíveis <strong>para</strong> incentivar a construção<br />

de novos gasodutos de transporte, <strong>para</strong> disponibilizar gás natural em to<strong>do</strong>s os<br />

Esta<strong>do</strong>s da Federação, em bases econômicas sustentáveis<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: CONGRESSO NACIONAL, EM VIRTUDE DA NECESSIDADE<br />

DE ALTERAÇÃO DO MARCO LEGAL DO SETOR | MME | ANP<br />

Criar o Dutogás, fun<strong>do</strong> soberano, <strong>para</strong> financiar a construção de gasodutos de transporte<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: CONGRESSO NACIONAL, EM VIRTUDE DA NECESSIDADE<br />

DE ALTERAÇÃO DO MARCO LEGAL DO SETOR | MME | CNPE | ANP<br />

Promover a<br />

expansão <strong>do</strong><br />

transporte de<br />

gás natural e<br />

a entrada de<br />

novos agentes<br />

carrega<strong>do</strong>res<br />

no merca<strong>do</strong>, o<br />

que contribuirá<br />

<strong>para</strong> a<br />

competitividade<br />

<strong>do</strong> energético<br />

Estabelecer um “Código Comum de Rede” <strong>para</strong> harmonizar as regras básicas<br />

<strong>para</strong> a operação de gasodutos de transporte entre as diferentes malhas; principalmente<br />

após a privatização de alguns trechos da malha.<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: CONGRESSO NACIONAL, EM VIRTUDE DA NECESSIDADE DE ALTERAÇÃO<br />

DO MARCO LEGAL DO SETOR | MME | ANP | CARREGADORES E TRANSPORTADORES<br />

Dar transparência ao cálculo da tarifa de transporte, incluin<strong>do</strong> investimentos, O&M,<br />

uso e meto<strong>do</strong>logia da recuperação tarifária, a ser realizada anualmente pela ANP<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: ANP


INFRAESTRUTURA ESSENCIAL: ESCOAMENTO, UP<strong>GN</strong>S E TERMINAIS<br />

PROPOSTA<br />

OBJETIVO<br />

Adequar a regulamentação <strong>para</strong> que permita o acesso obrigatório à capacidade<br />

ociosa (i) <strong>do</strong>s gasodutos de escoamento da produção existentes e novos; (ii) das<br />

UP<strong>GN</strong>s existentes e novas; e (iii) <strong>do</strong>s terminais de regaseificação novos e existentes,<br />

proven<strong>do</strong> arbitragem <strong>do</strong> órgão regula<strong>do</strong>r federal caso não se tenha sucesso na fase<br />

de negociação das condições de acesso<br />

ENTES ENVAGENTES ENVOLVIDOS: CONGRESSO NACIONAL, EM VIRTUDE DA NECESSIDADE<br />

DE ALTERAÇÃO DO MARCO LEGAL DO SETOR | MME | CNPE | ANP<br />

Criar o Dutogás, fun<strong>do</strong> soberano, <strong>para</strong> financiar a construção<br />

de gasodutos de transporte<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MME | CNPE | MMA | ANP<br />

PROPOSTA<br />

DISTRIBUIÇÃO<br />

Criar mecanismo que permita às concessionárias de gás canaliza<strong>do</strong> utilizar parte<br />

<strong>do</strong> custo da outorga <strong>para</strong> investir em construção de redes de distribuição<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: GOVERNO ESTADUAL E AGÊNCIAS REGULADORAS<br />

Estabelecer linhas de crédito com taxas de financiamento reduzidas<br />

<strong>para</strong> as concessionárias de distribuição de gás natural<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO | BNDES<br />

Viabilizar a efetiva<br />

competitividade na<br />

oferta da molécula e<br />

consequentemente na<br />

comercialização <strong>para</strong> o<br />

consumi<strong>do</strong>r final<br />

OBJETIVO<br />

Alongar o pagamento<br />

da outorga pelo<br />

perío<strong>do</strong> de concessão,<br />

permitin<strong>do</strong> ao<br />

outorgante direcionar<br />

parte de seus recursos<br />

<strong>para</strong> a construção de<br />

redes de distribuição,<br />

visto que o alto<br />

investimento feito<br />

<strong>para</strong> a obtenção da<br />

outorga pode dificultar<br />

a plena operação da<br />

concessionária<br />

Alterar a resolução <strong>do</strong> Banco Central, que consolida e redefine as regras<br />

<strong>para</strong> o contigenciamento <strong>do</strong> crédito ao setor público, <strong>para</strong> dar às concessionárias<br />

estaduais de gás canaliza<strong>do</strong> o mesmo tratamento da<strong>do</strong> à Petrobras, suas subsidiárias<br />

e controladas, permitin<strong>do</strong> que concessionárias possam obter crédito <strong>para</strong> investir<br />

na expansão de suas redes de distribuição<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MINISTÉRIO DA FAZENDA E BANCO CENTRAL<br />

Promover a<br />

universalização <strong>do</strong><br />

serviço de distribuição<br />

de gás natural<br />

PROPOSTA<br />

ARMAZENAMENTO<br />

Prever a construção e investimento em instalações de armazenamento<br />

e estocagem de gás natural<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: CONGRESSO NACIONAL, EM VIRTUDE DA NECESSIDADE<br />

DE ALTERAÇÃO DO MARCO LEGAL DO SETOR | MME | CNPE | EPE | ANP<br />

OBJETIVO<br />

Dar previsibilidade ao<br />

volume de gás natural<br />

disponível <strong>para</strong> consumo<br />

no País, promoven<strong>do</strong><br />

o desenvolvimento <strong>do</strong><br />

merca<strong>do</strong> e reduzin<strong>do</strong> os<br />

custos de contratação.


3. Demanda<br />

47<br />

PROPOSTAS GERAIS<br />

PROPOSTA<br />

OBJETIVO<br />

Incentivar a utilização <strong>do</strong> gás natural, ten<strong>do</strong> em vista a diversidade de aplicações <strong>do</strong><br />

energético, com medidas específicas <strong>para</strong> os diversos segmentos, desoneran<strong>do</strong> a cadeia<br />

tributária da produção <strong>do</strong> insumo e de equipamentos utiliza<strong>do</strong>s pela indústria.<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MME, CNPE, EPE, MDIC E CONFAZ<br />

Utilizar parte das verbas de Pesquisa & Desenvolvimento, previstas na Lei <strong>do</strong> Petróleo,<br />

<strong>para</strong> o desenvolvimento de novas aplicações de gás natural.<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MME, CNPE E EPE<br />

Promover a expansão e organização da demanda por gás natural, por meio de políticas<br />

públicas em nível federal e estadual que incentivem o uso <strong>do</strong> gás nos segmentos de<br />

transporte (carga e passageiros) e cogeração.<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MME, MINISTÉRIO DAS CIDADES E SECRETARIAS ESTADUAIS DE ENERGIA<br />

Universalização<br />

<strong>do</strong> gás natural<br />

no País, o que<br />

resultará e<br />

desenvolvimento<br />

econômico e<br />

social.<br />

Promover melhor integração entre os setores de gás natural e de energia elétrica de<br />

forma a incentivar a geração distribuída e cogeração a gás, <strong>para</strong> garantir uma utilização<br />

mais eficiente das termelétricas na expansão <strong>do</strong> parque gera<strong>do</strong>r, o que é essencial <strong>para</strong> a<br />

segurança energética <strong>do</strong> País, principalmente com o aumento da participação das fontes<br />

renováveis intermitentes.<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MME | CNPE | EPE | ANEEL<br />

GRANDES CONSUMIDORES<br />

PROPOSTA<br />

Incentivar a criação e o desenvolvimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> livre de gás nos Esta<strong>do</strong>s, mediante<br />

a regulamentação das figuras <strong>do</strong> autoprodutor, autoimporta<strong>do</strong>r comercializa<strong>do</strong>r<br />

e consumi<strong>do</strong>r livre, conforme definidas no marco regulatório <strong>do</strong> setor<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: SECRETARIAS ESTADUAIS LIGADAS AO SETOR DE ENERGIA | AGÊNCIAS REGULADORAS<br />

ESTADUAIS QUE REGULAM A DISTRIBUIÇÃO DE GÁS NATURAL<br />

OBJETIVO<br />

Corroborar<br />

<strong>para</strong> tornar o<br />

merca<strong>do</strong> mais<br />

atrativo <strong>para</strong> os<br />

interessa<strong>do</strong>s<br />

em investir no<br />

setor, por meio<br />

de regras claras<br />

e segurança<br />

jurídica


CONSUMIDORES DE MENOR PORTE<br />

PROPOSTA<br />

OBJETIVO<br />

Incentivar os Esta<strong>do</strong>s a desenvolver políticas específicas <strong>para</strong> ampliar o uso<br />

de gás natural em novos empreendimentos comerciais e cidades, incluin<strong>do</strong><br />

estabelecer regulação que exija adaptação e dimensionamento da infraestrutura<br />

de novos prédios residenciais e/ou comerciais <strong>para</strong> o uso de gás natural.<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MME | MINISTÉRIO DAS CIDADES | ASSEMBLEIAS LEGISLATIVAS ESTADUAIS |<br />

SECRETARIAS ESTADUAIS<br />

Promover programas <strong>para</strong> substituição da eletrotermia no segmento comercial.<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: SECRETARIAS ESTADUAIS LIGADAS AO SETOR DE ENERGIA | AGÊNCIAS<br />

REGULADORAS ESTADUAIS QUE REGULAM A DISTRIBUIÇÃO DE GÁS NATURAL | DISTRIBUIDORA LOCAL<br />

DE GÁS NATURAL<br />

Desenvolver programas <strong>para</strong> a utilização de aquece<strong>do</strong>res em substituição ao uso de<br />

chuveiros elétricos, reduzin<strong>do</strong> o consumo de energia elétrica nos horários de pico.<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: SECRETARIAS ESTADUAIS LIGADAS AO SETOR DE ENERGIA | AGÊNCIAS<br />

REGULADORAS ESTADUAIS QUE REGULAM A DISTRIBUIÇÃO DE GÁS NATURAL | DISTRIBUIDORA LOCAL<br />

DE GÁS NATURAL<br />

Fomentar o<br />

desenvolvimento<br />

<strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s<br />

locais e promover a<br />

universalização <strong>do</strong><br />

serviço de distribuição<br />

de gás canaliza<strong>do</strong>.<br />

Incentivar a fabricação nacional de equipamentos a gás natural<br />

de uso residencial e comercial<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MDIC | MINISTÉRIO DA FAZENDA | CONFAZ<br />

PROPOSTA<br />

AUTOMOTIVO<br />

OBJETIVO<br />

Promover acor<strong>do</strong>s estaduais <strong>para</strong> a implementação de políticas públicas<br />

de incentivo ao uso de <strong>GN</strong>V e veículos pesa<strong>do</strong>s de carga e transporte de pessoas,<br />

em substituição ao óleo diesel, nos grandes centros urbanos.<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MINISTÉRIO DOS TRANSPORTE | MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE |<br />

SECRETARIAS ESTADUAIS DE TRANSPORTE E MEIO AMBIENTE<br />

Criar corre<strong>do</strong>res logísticos, com infraestrutura de abastecimento<br />

de <strong>GN</strong>V <strong>para</strong> veículos de transporte de carga.<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MINISTÉRIO DOS TRANSPORTE | MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE |<br />

SECRETARIAS ESTADUAIS DE TRANSPORTE E MEIO AMBIENTE<br />

Ao utilizar <strong>GN</strong>V (gás<br />

natural veicular), os<br />

Esta<strong>do</strong>s reduzem em,<br />

aproximadamente,<br />

70% a emissão de<br />

poluentes e gases<br />

causa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> efeito<br />

estufa e economizam<br />

nos gastos com saúde<br />

pública (mortes e<br />

internações) R$ 40<br />

bilhões/ano, em média.<br />

Dessa forma, to<strong>do</strong>s<br />

os Esta<strong>do</strong>s passam<br />

a contribuir <strong>para</strong> o<br />

cumprimento das metas<br />

<strong>do</strong>s acor<strong>do</strong>s ambientais<br />

internacionais <strong>do</strong>s quais<br />

o <strong>Brasil</strong> é signatário.


49<br />

GERAÇÃO E COGERAÇÃO DE ENERGIA<br />

PROPOSTA<br />

OBJETIVO<br />

Alterar o planejamento energético preven<strong>do</strong> a inserção das térmicas a gás natural<br />

na base <strong>do</strong> sistema elétrico <strong>para</strong> preservar e recuperar os reservatórios hídricos.<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MME | CNPE | EPE | ONS<br />

Integrar o planejamento da expansão <strong>do</strong>s setores elétricos e de gás natural por meio<br />

da compatibilização <strong>do</strong>s modelos de contrato de gás com os de geração; leilões de<br />

longo prazo, incorporan<strong>do</strong> externalidades (custos de infraestrutura de distribuição,<br />

custos de restrições elétricas na distribuição e custos de perdas na distribuição).<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MME | CNPE | EPE | ANEEL<br />

Planejar a construção de novas térmicas a gás, de maneira que estas<br />

contribuam <strong>para</strong> a expansão da malha de transporte.<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MME | CNPE | EPE | ANEEL<br />

Introduzir a precificação horária, <strong>para</strong> viabilizar a comercialização<br />

<strong>do</strong>s excedentes da cogeração.<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MME | CNPE | EPE | ANEEL<br />

Promover leilões locacionais <strong>para</strong> térmicas a gás natural.<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MME | CNPE | EPE | ANEEL<br />

Incentivar a utilização de Geração Distribuída (GD) a gás natural:<br />

a) propor às distribui<strong>do</strong>ras de energia elétrica alternativas de operacionalização<br />

da exportação de energia das unidades de cogeração e geração em ponta;<br />

Ao implementar<br />

medidas como a<br />

geração de energia<br />

das térmicas a gás em<br />

base firme, ao invés de<br />

apenas no horário de<br />

ponta ou em situações<br />

de risco hidrológico e<br />

a geração distribuída<br />

- que reduz as perdas<br />

na transmissão de<br />

energia e dá maior<br />

confiabilidade<br />

ao sistema -, o<br />

País ganha com a<br />

redução <strong>do</strong> custo de<br />

geração, aumento da<br />

segurança energética<br />

e também com o<br />

aperfeiçoamento <strong>do</strong><br />

planejamento de to<strong>do</strong><br />

o sistema elétrico.<br />

b) Aumentar a visibilidade <strong>do</strong>s preços <strong>para</strong> venda de energia<br />

de cogeração <strong>para</strong> a rede elétrica;<br />

c) A<strong>do</strong>tar valor de referência <strong>para</strong> a geração distribuída que<br />

remunere adequadamente os custos de geração.<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MME | CNPE | EPE | ANEEL


4. Competitividade<br />

PREÇO DA COMMODITY E TARIFAS DE TRANSPORTE<br />

PROPOSTA<br />

OBJETIVO<br />

Commodity: Implementar mecanismos que permitam a precificação de<br />

merca<strong>do</strong> livre entre os combustíveis que concorrem com o gás natural.<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: CNPE<br />

Estimular o desenvolvimento<br />

da demanda de gás natural e<br />

promover a livre competição entre<br />

os combustíveis<br />

Tarifa: Promover a aplicação de tarifas de transporte dutoviário <strong>para</strong><br />

to<strong>do</strong>s os segmentos de consumo (autoprodução, autoimportação ou<br />

consumo livre).<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MME | CNPE | MMA | ANP<br />

Hoje, as termelétricas, fábricas<br />

e fertilizantes e refinarias de<br />

propriedade da Petrobras e<br />

não pagam tarifa de transporte<br />

dutoviário, o que onera o custo<br />

de transporte <strong>para</strong> os demais<br />

consumi<strong>do</strong>res.<br />

PROPOSTA<br />

TRIBUTAÇÃO<br />

OBJETIVO<br />

Elaborar regras específicas <strong>para</strong> o gás natural no Confaz.<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MINISTÉRIO DA FAZENDA<br />

É essencial resolver as questões<br />

tributárias que impactam o setor,<br />

especialmente as regras que<br />

viabilizem o swap (troca operacional<br />

de gás natural), estabelecen<strong>do</strong><br />

regras justas e claras <strong>para</strong> os<br />

agentes <strong>do</strong> setor e que promovam o<br />

desenvolvimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>.<br />

Aplicar a tributação <strong>do</strong> ICMS de importação no destino.<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MINISTÉRIO DA FAZENDA<br />

E SECRETARIAS ESTADUAIS DA FAZENDA<br />

É preciso adequar a legislação<br />

por meio de Lei Complementar<br />

conjuntamente com Resolução <strong>do</strong><br />

Sena<strong>do</strong> Federal <strong>para</strong> estabelecer<br />

que o ICMS na importação cabe<br />

à Unidade da Federação onde<br />

localiza-se o estabelecimento que<br />

for o destinatário jurídico <strong>do</strong> bem<br />

ou merca<strong>do</strong>ria, ainda que diversa a<br />

Unidade da Federação onde ocorra<br />

a sua entrada física no território<br />

nacional, conforme jurisprudência<br />

<strong>do</strong> STF e STJ. Essa medida visa<br />

aperfeiçoar a operação <strong>do</strong> sistema<br />

de transporte de gás natural.<br />

Equalizar as alíquotas de ICMS interestadual.<br />

AGENTES ENVOLVIDOS: MINISTÉRIO DA FAZENDA<br />

E SECRETARIAS ESTADUAIS DA FAZENDA<br />

Promover a livre circulação<br />

<strong>do</strong> energético <strong>para</strong> dar maior<br />

dinamismo à operação <strong>do</strong> sistema de<br />

transporte e elevar a competitividade<br />

em virtude da redução <strong>do</strong> acúmulo de<br />

créditos de ICMS.


CONCESSIONÁRIAS DE GÁS CANALIZADO<br />

Norte<br />

Nordeste<br />

Centro-Oeste<br />

Sudeste<br />

Sul


ABEGÁS – Associação <strong>Brasil</strong>eira das Empresas<br />

Distribui<strong>do</strong>ras de Gás Canaliza<strong>do</strong><br />

Av. Almirante Barroso, 52 – sl 2002 - Centro<br />

CEP: 20031-918 - Rio de Janeiro/RJ<br />

Fone: +55 (21) 3970-1008<br />

E-mail: abegas@abegas.org.br<br />

Web: www.abegas.org.br

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!