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Gestão Hospitalar N.º 13 2018 - Edição do 35.º Aniversário

Edição do 35.º Aniversário

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Especial <strong>Aniversário</strong><br />

ABRIL MAIO JUNHO <strong>2018</strong><br />

<strong>Edição</strong> Trimestral<br />

N<strong>º</strong> <strong>13</strong><br />

GESTÃO<br />

HOSPITALAR<br />

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA aSSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE ADMINISTRADORES HOSPITALARES<br />

GESTÃO HOSPITALAR N<strong>º</strong><strong>13</strong> ESPECIAL 35<strong>º</strong> ANIVERSÁRIO<br />

35<strong>º</strong><br />

ANIVERSÁRIO<br />

HOMENAGEM<br />

JOÃO SANTOS CARDOSO


GH SUMÁRIO<br />

ABRIL MAIO JUNHO <strong>2018</strong><br />

GESTÃO<br />

HOSPITALAR<br />

PROPRIEDADE<br />

APAH − Associação Portuguesa<br />

de Administra<strong>do</strong>res <strong>Hospitalar</strong>es<br />

Parque de Saúde de Lisboa Edíficio, 11 - 1.<strong>º</strong> Andar<br />

Av. <strong>do</strong> Brasil 53<br />

1749-002 Lisboa<br />

secretaria<strong>do</strong>@apah.pt<br />

www.apah.pt<br />

DIRETOR<br />

Alexandre Lourenço<br />

COORDENADORES<br />

Bárbara Carvalho, Emanuel Magalhães de Barros,<br />

Miguel Lopes<br />

EDIÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO<br />

Bleed - Sociedade Editorial e Organização<br />

de Eventos, Ltda.<br />

Av. das Forças Armadas 4 – 8B<br />

1600-082 Lisboa<br />

Tel.: 217 957 045<br />

info@bleed.pt<br />

www.bleed.pt<br />

PROJETO GRÁFICO<br />

Sara Henriques<br />

DISTRIBUIÇÃO<br />

Gratuita<br />

PERIODICIDADE<br />

Trimestral<br />

DEPÓSITO LEGAL N.<strong>º</strong><br />

16288/97<br />

ISSN N.<strong>º</strong><br />

0871–0767<br />

TIRAGEM<br />

2.000 exemplares<br />

IMPRESSÃO<br />

Grafisol, lda<br />

Rua das Maçarocas<br />

Abrunheira Business Center N<strong>º</strong>3<br />

2710-056 Sintra<br />

Esta revista foi escrita segun<strong>do</strong> as novas regras<br />

<strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> Ortográfico<br />

4<br />

6<br />

8<br />

12<br />

16<br />

20<br />

23<br />

33<br />

40<br />

44<br />

54<br />

62<br />

64<br />

66<br />

76<br />

83<br />

89<br />

101<br />

112<br />

114<br />

117<br />

118<br />

119<br />

Editorial Alexandre Lourenço<br />

35 Anos a Gerir Serviços de Saúde<br />

Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> N<strong>º</strong> 1, 1983<br />

Editorial<br />

Homenagem a Santos Car<strong>do</strong>so António Correia de Campos<br />

João José <strong>do</strong>s Santos Car<strong>do</strong>so<br />

Homenagem a Santos Car<strong>do</strong>so José António Meneses Correia<br />

Santos Car<strong>do</strong>so só sabia trabalhar em equipa<br />

Homenagem a Santos Car<strong>do</strong>so Pedro Lopes<br />

Capacidade para ouvir para entender<br />

História José Carlos Lopes Martins<br />

"<strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong>" qualidade técnica e científica<br />

Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> N<strong>º</strong> 1, 1983 J. M. Caldeira da Silva<br />

Administração médica no contexto hospitalar<br />

Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> N<strong>º</strong> 3, 1983, José António Meneses Correia<br />

O sistema de gestão <strong>do</strong> Hospital: contributo para uma visão sistémica<br />

História Artur Morais Vaz<br />

35 anos da "<strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong>"<br />

Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> N<strong>º</strong> 20, 1990 Rui Janeiro da Costa<br />

Sistema básico de informação hospitalar nos H.U.C.<br />

Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> N<strong>º</strong> 27, 2007 Margarida Bentes<br />

A gestão estratégica nos hospitais passo a passo<br />

História Jorge Varanda<br />

Memórias Intelectuais e sentimentais<br />

Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> n<strong>º</strong> 22/23, 1991 Artur Morais Vaz<br />

Editorial<br />

Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> n<strong>º</strong> 21, 1990 David H. Gustafson,<br />

William L. Cats-Baril, e Farrokh Alemi<br />

Desenvolvimento e testes <strong>do</strong>s modelos Bayesiano e Mau para prevenir<br />

e explicar o sucesso da implementação<br />

História Manuel Delga<strong>do</strong><br />

35 anos de história<br />

Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> n<strong>º</strong> 29, 1994 Manuel Delga<strong>do</strong><br />

Financiamento da Saúde: equívocos e preconceitos<br />

Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> n<strong>º</strong> 31, 1995 Vasco Pinto <strong>do</strong>s Reis<br />

As questões que se põem aos sistemas de saúde<br />

Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> n<strong>º</strong> 33, 1996/1997 Margarida Bentes,<br />

Maria da Luz Gonçalves, Suzete Trancoada, João Urbano<br />

A utilização <strong>do</strong>s GDHs como instrumento <strong>do</strong> financiamento hospitalar<br />

Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong>, 2002 José António Meneses Correia<br />

Saber, saber fazer e a reforma da saúde<br />

História Pedro Lopes<br />

A reforma hospitalar<br />

Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> n<strong>º</strong> 43, 2009 Paulo Salga<strong>do</strong><br />

Qualidade e racionalidade económica<br />

Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> n<strong>º</strong> 46, 2010 Pedro Lopes<br />

Editorial<br />

Reedição <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> N<strong>º</strong>1, 1983 Coriolano Ferreira<br />

Três reflexões sobre os Administra<strong>do</strong>res <strong>Hospitalar</strong>es em Portugal<br />

3


GH editorial<br />

Alexandre Lourenço<br />

Presidente da APAH<br />

35 anos a promover a gestão<br />

de serviços de saúde<br />

Este ano celebram-se os 35 anos da<br />

Revista da Associação Portuguesa de<br />

Administra<strong>do</strong>res <strong>Hospitalar</strong>es: <strong>Gestão</strong><br />

<strong>Hospitalar</strong> (GH). Reconhecen<strong>do</strong><br />

a sua relevância, recentemente, digitalizámos<br />

to<strong>do</strong>s os números destes anos de revista,<br />

sen<strong>do</strong> agora disponibiliza<strong>do</strong>s universal e gratuitamente<br />

no nosso site.<br />

Eduar<strong>do</strong> Sá Ferreira, João Santos Car<strong>do</strong>so, Raúl Moreno,<br />

João Urbano, Júlio Reis, José Carlos Lopes Martins<br />

e Jorge Varanda foram os elementos da primeira<br />

direção da APAH que editaram o primeiro número<br />

da GH em 1983. Figuras maiores da <strong>Gestão</strong> de Serviços<br />

de Saúde foram reconheci<strong>do</strong>s este ano como<br />

Sócios de Mérito da sua APAH.<br />

Desde a primeira hora, João Santos Car<strong>do</strong>so, primeiro<br />

Diretor da GH (1983-1986), generosamente<br />

se disponibilizou a escrever o editorial desta edição<br />

comemorativa. Malogradamente, tal não foi possível<br />

da<strong>do</strong> o seu falecimento no passa<strong>do</strong> mês de maio.<br />

Esta edição especial da GH é dedicada à sua memória.<br />

António Correia de Campos, José António<br />

Meneses Correia, José Carlos Lopes Martins e Pedro<br />

Lopes partilham as suas recordações sobre este<br />

Homem de Liberdade.<br />

Para esta edição especial, os antigos presidentes da<br />

APAH e diretores da GH, José Carlos Lopes Martins,<br />

Artur Morais Vaz, Jorge Varanda, Manuel Delga<strong>do</strong> e<br />

Pedro Lopes selecionaram artigos que marcaram o<br />

percurso da gestão de serviços de saúde nestes 35<br />

anos. Assim, contamos com artigos de, entre outros,<br />

Caldeira da Silva, Meneses Correia, Janeiro da Costa,<br />

Margarida Bentes, Cats-Baril, Vasco Reis e João Urba-<br />

no. Nesta linha, adiciono ainda o primeiro artigo da<br />

GH, da autoria de Coriolano Ferreira, “Três reflexões<br />

sobre os Administra<strong>do</strong>res <strong>Hospitalar</strong>es em Portugal”.<br />

Apesar de data<strong>do</strong>s no tempo, muito destes artigos<br />

mantém a pertinência <strong>do</strong> momento presente.<br />

Dificilmente encontraríamos um instrumento de<br />

acompanhamento das particularidades e evolução<br />

<strong>do</strong> Serviço Nacional de Saúde (SNS) como a <strong>Gestão</strong><br />

<strong>Hospitalar</strong>. Neste senti<strong>do</strong>, é um <strong>do</strong>cumento extraordinário<br />

da perseverança e compromisso de várias gerações<br />

de profissionais <strong>do</strong> SNS.<br />

Desde o primeiro número que, a Direção da APAH<br />

estava “consciente das dificuldades que a manutenção<br />

da sua publicação regular comporta”. É com esta<br />

preocupação que damos início neste número a um<br />

novo projeto editorial que garante a manutenção da<br />

qualidade, a regularidade e a sustentabilidade financeira<br />

da GH para os próximos anos. Exista “colaboração<br />

e empenho de to<strong>do</strong>s os profissionais de saúde,<br />

sobretu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res hospitalares”.<br />

Desde o primeiro editorial, agora republica<strong>do</strong>, a GH<br />

é o “órgão de análise, divulgação e debate de toda a<br />

problemática de gestão de serviços de saúde”. Apesar<br />

de privilegiar a abordagem técnica <strong>do</strong> tema administração,<br />

a GH situa-se na “perspetiva sistémica,<br />

de forma a abranger os aspetos de condicionamento<br />

e interação entre o hospital e os serviços de saúde<br />

envolventes”. Apesar de ser a revista <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res<br />

hospitalares portugueses é “um espaço aberto<br />

à colaboração de to<strong>do</strong>s os profissionais nos vários<br />

níveis da organização <strong>do</strong>s serviços de saúde”.<br />

Este primeiro editorial indica-nos a linha editorial da<br />

GH e o futuro da profissão. Venham mais 35. Ã<br />

Permanecer competitivo depende <strong>do</strong> valor que aporta<br />

4


GH REEDIÇÃO<br />

GESTÃO<br />

HOSPITALAR<br />

Número 1<br />

Editorial<br />

8.000<br />

Empregos<br />

Directos<br />

1.<strong>13</strong>1 M€<br />

Exportações<br />

1.700 M€<br />

Produção<br />

Farmacêutica<br />

75 M€<br />

Investimento<br />

em I&D<br />

142<br />

Ensaios<br />

Clínicos<br />

6 7


GH homenagem<br />

João José <strong>do</strong>s<br />

Santos Car<strong>do</strong>so<br />

EM 1970 TEVE INÍCIO O I CURSO DE ADMINISTRAÇÃO<br />

HOSPITALAR (CAH) E SANTOS CARDOSO INSCREVEU- “-SE E FOI GRADUADO COM DISTINÇÃO NO III CAH.<br />

”<br />

António Correia de Campos<br />

Sócio Honorário da APAH<br />

João Santos Car<strong>do</strong>so foi um distinto administra<strong>do</strong>r<br />

hospitalar, um <strong>do</strong>s primeiros<br />

diploma<strong>do</strong>s na Escola Nacional de Saúde<br />

Pública (ENSP), que se tornou mais conheci<strong>do</strong><br />

por ter administra<strong>do</strong> o Hospital<br />

Pediátrico de Coimbra em equipa com pediatras e<br />

professores ilustres como António Torra<strong>do</strong> da Silva<br />

e Henrique Carmona da Mota. Presidiu à Associa-<br />

ção Portuguesa de Administra<strong>do</strong>res <strong>Hospitalar</strong>es e<br />

depois <strong>do</strong> 25 de Abril assumiu obrigações cívicas<br />

na política autárquica, como verea<strong>do</strong>r municipal<br />

em Coimbra, eleito pelo PCP, ten<strong>do</strong> dirigi<strong>do</strong> com<br />

reconhecida proficiência e rigor os Serviços Municipaliza<strong>do</strong>s<br />

de Coimbra. Era um profissional altamente<br />

competente e era um homem bom. Granjeou<br />

o respeito e a admiração de muitos, médicos,<br />

enfermeiros, dirigentes da Saúde, políticos e <strong>do</strong>s<br />

seus eleitores, mesmo os que discordavam das suas<br />

ideias e posições.<br />

Santos Car<strong>do</strong>so estu<strong>do</strong>u direito e letras em Coimbra<br />

sem ter concluí<strong>do</strong> qualquer curso. Na Universidade<br />

conviveu com muita gente sobretu<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong> da cultura, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s primeiros<br />

membros <strong>do</strong> CITAC, o Círculo de Iniciação Teatral<br />

da Academia de Coimbra, organismo de vanguarda<br />

no seu tempo. Ten<strong>do</strong> aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> os estu<strong>do</strong>s procurou<br />

trabalho no Hospital de Sobral Cid, uma das<br />

muitas instituições de saúde que o professor Bissaya<br />

Barreto ia crian<strong>do</strong> na sua inesgotável energia, bem<br />

oleada pela amizade que cultivava com o Doutor<br />

Salazar. De Coimbra passou para Lisboa, logo no<br />

início <strong>do</strong>s anos sessenta, ten<strong>do</strong> integra<strong>do</strong> como<br />

primeiro-oficial a recém-criada Direção-Geral <strong>do</strong>s<br />

Hospitais (DGH) onde trabalhou sob as ordens de<br />

Augusto Mantas.<br />

Quan<strong>do</strong> em 1967 decidiu criar um centro de informática<br />

para os hospitais da Região Centro, então<br />

chama<strong>do</strong> Centro Mecanográfico <strong>Hospitalar</strong><br />

de Coimbra, por sugestão de jovens técnicos que<br />

já trabalhavam na DGH, Augusto Mantas decidiu<br />

convidá-lo para dirigir o centro, onde criou uma<br />

equipa de contabilistas e analistas para auxiliar os<br />

hospitais da Região a desenvolverem os seus sistemas<br />

de informação. Em 1970 teve início o I curso<br />

de administração hospitalar (CAH) e Santos Car<strong>do</strong>so<br />

inscreveu-se e foi gradua<strong>do</strong> com distinção no<br />

III CAH. Apesar de não ser licencia<strong>do</strong> foi admiti<strong>do</strong><br />

ao abrigo de uma portaria transitória que permitiu<br />

o acesso ao curso a licencia<strong>do</strong>s em áreas não contempladas<br />

no diploma inicial e mesmo a funcionários<br />

da carreira administrativa, enfermeiros e outros<br />

profissionais, desde que tivessem o terceiro ciclo<br />

<strong>do</strong>s liceus e alguns anos de bom e efetivo serviço.<br />

Foi ao abrigo dessa janela que pessoas como Santos<br />

Car<strong>do</strong>so, Mariana Diniz de Sousa, Cândi<strong>do</strong> Pacheco<br />

de Araújo e o escritor Mário Braga se diplomaram,<br />

ten<strong>do</strong> alcança<strong>do</strong> lugares de relevo e de reconheci<strong>do</strong><br />

mérito, na década seguinte. Santos Car<strong>do</strong>so foi<br />

um excelente aluno e a sua anterior experiência na<br />

administração de hospitais e na DGH tornaram-no<br />

um profissional com a qualidade necessária para<br />

ser escolhi<strong>do</strong> para administrar o recém-construí<strong>do</strong><br />

Hospital Distrital de Portalegre. Quan<strong>do</strong> o Pediátrico<br />

de Coimbra se constituiu, pouco depois <strong>do</strong> 25<br />

de Abril, Santos Car<strong>do</strong>so concorreu a administra<strong>do</strong>r<br />

onde, com a equipa brilhante que ali havia si<strong>do</strong> reunida,<br />

criou um <strong>do</strong>s mais notáveis exemplos de qualifica<strong>do</strong><br />

funcionamento de uma moderna unidade<br />

<strong>do</strong> SNS, com a maioria <strong>do</strong>s profissionais em dedicação<br />

exclusiva. }<br />

8 9


GH homenagem<br />

“<br />

COMPETENTE, SENSATO, JUSTO, INOVADOR,<br />

OS QUE COM ELE TRABALHARAM RECORDAM-NO<br />

COM ADMIRAÇÃO. COMO CIDADÃO MERECE<br />

O NOSSO RESPEITO E APREÇO.<br />

”<br />

Santos Car<strong>do</strong>so em to<strong>do</strong>s os lugares por onde passou<br />

foi reconheci<strong>do</strong> como um exemplar servi<strong>do</strong>r<br />

público, que aliava trabalho e competência a um<br />

trato de profun<strong>do</strong> respeito pelos colabora<strong>do</strong>res,<br />

colegialidade na decisão e racionalidade persuasiva.<br />

Frontal, não escondia as suas opiniões mesmo<br />

negativas saben<strong>do</strong> sempre apresentá-las de forma<br />

cooperante e urbana. Preocupava-se com as condições<br />

de trabalho <strong>do</strong>s seus colabora<strong>do</strong>res, respeitava<br />

as suas opiniões, crian<strong>do</strong> um bom clima de trabalho<br />

assente na completa imparcialidade e na mais rigorosa<br />

probidade e sobretu<strong>do</strong> mantinha uma postura<br />

de permanente criatividade e inovação. A sua experiência<br />

levou-o a ser convida<strong>do</strong> para prestar serviços<br />

de consultoria nacional e internacional. Entre nós,<br />

colaborou com o INA na primeira avaliação comparada<br />

de hospitais (Garcia de Orta e Fernan<strong>do</strong> da<br />

Fonseca, em 1999). Em consultoria internacional<br />

destacou-se na equipa que, na Guiné-Bissau, prestou<br />

apoio ao projeto de modernização <strong>do</strong> sistema<br />

de saúde com financiamento <strong>do</strong> Banco Mundial. Escrevia<br />

com acerto e colaborava com assiduidade e<br />

assinalável independência ideológica em órgãos da<br />

imprensa regional. João José <strong>do</strong>s Santos Car<strong>do</strong>so<br />

foi um bom exemplo de administra<strong>do</strong>r hospitalar.<br />

Competente, sensato, justo, inova<strong>do</strong>r, os que com<br />

ele trabalharam recordam-no com admiração. Como<br />

cidadão merece o nosso respeito e apreço. Ã<br />

Homem solidário e empenha<strong>do</strong><br />

na coisa pública<br />

Presto a minha homenagem ao Santos Car<strong>do</strong>so,<br />

um homem reto, de carácter, solidário e empenha<strong>do</strong><br />

na coisa pública. Tive a sorte de o poder<br />

acompanhar em <strong>do</strong>is projetos diferentes,<br />

mas ambos desafia<strong>do</strong>res e inova<strong>do</strong>res:<br />

• O primeiro, o lançamento e a luta pela sobrevivência<br />

da Revista <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong>, em que<br />

pude testemunhar o entusiasmo e também a resiliência<br />

com que procurávamos conteú<strong>do</strong>s e<br />

fun<strong>do</strong>s para garantir cada edição.<br />

• O segun<strong>do</strong>, a informatização <strong>do</strong> processo clínico<br />

<strong>do</strong> Hospital Pediátrico; estávamos em<br />

1982/83, o Santos Car<strong>do</strong>so era o Administra<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong> Hospital e eu Administra<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Centro Regional<br />

de Informática. O projeto era pioneiro em<br />

Portugal, os conhecimentos e os recursos eram<br />

escassos mas a ambição e a persistência motiva<strong>do</strong>ra<br />

<strong>do</strong> Santos Car<strong>do</strong>so, fizeram com que<br />

se iniciasse um caminho irreversível e determinante<br />

na organização hospitalar portuguesa.<br />

Obriga<strong>do</strong> Santos Car<strong>do</strong>so, valeu a pena.<br />

José Carlos Lopes Martins<br />

10


GH homenagem<br />

“<br />

SANTOS CARDOSO ACOMPANHAVA A MECANIZAÇÃO<br />

DE TODOS OS SERVIÇOS, NÃO SENDO DIFÍCIL<br />

IMAGINAR O QUANTO ESSA EXPERIÊNCIA<br />

O ENRIQUECEU PROFISSIONALMENTE.<br />

”<br />

Santos Car<strong>do</strong>so<br />

SÓ SABIA TRABALHAR<br />

EM EQUIPA<br />

– rodea<strong>do</strong> de máquinas que perfuravam, triavam e<br />

classificavam enormes ficheiros de míticos cartões<br />

de 80 colunas, e de uma impressora que funcionava<br />

à “incrível” velocidade de 300 linhas/minuto.<br />

Os construtores não vendiam as máquinas; alugavam<br />

computa<strong>do</strong>res com os respetivos periféricos, e prestavam<br />

serviços, disponibilizan<strong>do</strong> aos seus clientes o<br />

apoio de Analistas de Sistemas altamente qualifica<strong>do</strong>s.<br />

Tive ocasião de trabalhar com alguns desses especialistas<br />

que proporcionavam a aprendizagem de<br />

meto<strong>do</strong>logias destinadas a analisar os procedimentos<br />

existentes e a conceber e implementar novos<br />

méto<strong>do</strong>s basea<strong>do</strong>s na utilização <strong>do</strong> computa<strong>do</strong>r. O<br />

Santos Car<strong>do</strong>so acompanhava a mecanização de to<strong>do</strong>s<br />

os serviços, não sen<strong>do</strong> difícil imaginar o quanto<br />

essa experiência o enriqueceu profissionalmente.<br />

A mecanização da Estatística foi feita em poucos<br />

meses. No início <strong>do</strong> ano seguinte, frequentei o Curso<br />

de Diretor de Hospital na Escola de Saúde Pública<br />

Francesa.<br />

No regresso, antes de partir para Beja, onde iria participar<br />

na montagem <strong>do</strong> primeiro Hospital Distrital<br />

construí<strong>do</strong> e explora<strong>do</strong> pelo Esta<strong>do</strong>, ainda estive uns<br />

meses em Coimbra. Dos encontros que tivemos<br />

constatámos um novo interesse comum. A preferência<br />

de ambos, sem esquecer os contributos das }<br />

José António Meneses Correia<br />

Sócio de Mérito da APAH<br />

Neste texto recordarei o trabalho <strong>do</strong><br />

Santos Car<strong>do</strong>so enquanto profissional<br />

da Saúde e Administra<strong>do</strong>r <strong>Hospitalar</strong>.<br />

Outros colegas, melhor <strong>do</strong> que<br />

eu, se encarregarão de evocar diferentes<br />

aspetos da sua personalidade multifacetada.<br />

Conheci-o há, precisamente, cinquenta anos. Em<br />

Fevereiro de 1968 iniciei funções nos HUC, como<br />

Chefe de Serviços de Arquivo e Estatística. As estatísticas<br />

de movimento de <strong>do</strong>entes eram obtidas,<br />

manualmente, através da classificação e contagem<br />

<strong>do</strong>s resumos de alta, repetidas tantas vezes quantos<br />

os parâmetros a obter.<br />

Era uma tarefa penosa e sujeita a imprecisões de<br />

vária ordem, que tinha todas as características para<br />

ser mecanizada.<br />

Nos HUC estava instala<strong>do</strong> o Centro Mecanográfico<br />

<strong>Hospitalar</strong> de Coimbra, pertencente ao SUCH, na<br />

altura dirigi<strong>do</strong> pelo Santos Car<strong>do</strong>so.<br />

O pedi<strong>do</strong> para a mecanização da Estatística foi imediatamente<br />

aceite e até bem-vin<strong>do</strong> porque, depois<br />

da mecanização <strong>do</strong>s vencimentos, havia serviços<br />

que ofereciam resistência à mudança e se opunham<br />

à informatização.<br />

O Centro dispunha dum equipamento de 2ª geração<br />

– um IBM 1401H, com 4k de memória central<br />

Impressoras com Software DICOM<br />

Pioneiras em Tecnologia de Impressão Digital<br />

As impressoras para imagiologia e impressão médica da OKI têm software DICOM<br />

integra<strong>do</strong> e oferecem alta qualidade de impressão LED a preços acessíveis.<br />

Imprima diretamente a partir de dispositivos médicos, sem necessidade de<br />

recorrer a conversores de software DICOM ou outros equipamentos externos.<br />

12 <strong>13</strong><br />

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GH homenagem<br />

“<br />

NÓS, ADMINISTRADORES HOSPITALARES, ESTAMOS-<br />

-LHE GRATOS PELA MANEIRA COMPETENTE, SÉRIA<br />

E DEVOTADA COM QUE HONROU A PROFISSÃO.<br />

OBRIGADO MEU CARO E INESQUECÍVEL AMIGO.<br />

”<br />

diversas escolas de organização, pela Teoria Geral<br />

<strong>do</strong>s Sistemas, movimento deriva<strong>do</strong> da cibernética.<br />

A escolha <strong>do</strong> tema <strong>do</strong> seu trabalho final <strong>do</strong> Curso<br />

de Administração <strong>Hospitalar</strong> – Cibernética e Administração<br />

<strong>Hospitalar</strong>- é significativa <strong>do</strong> interesse que<br />

dedicava a este assunto.<br />

A ideia de sistema é importante, desde logo ao nível<br />

<strong>do</strong> próprio conceito. Porque fornecen<strong>do</strong> ao gestor<br />

uma visão holística da organização, ajuda os dirigentes<br />

a reconhecer a estrutura <strong>do</strong>s problemas e a natureza<br />

<strong>do</strong>s processos de gestão, a colocá-los no seu<br />

envolvimento real e, eventualmente, a simplificá-los,<br />

com conhecimento de causa. O que é bem diferente<br />

das simplificações de quem desconhece a complexidade<br />

da gestão hospitalar e pensa que tu<strong>do</strong> se<br />

resolve com o controlo orçamental.<br />

Depois, a conexão deste conceito com a teoria cibernética<br />

permite identificar uma filosofia de comportamento<br />

<strong>do</strong> sistema cujas palavras-chave são a<br />

evolução, adaptação, aprendizagem, controlo e regulação,<br />

que asseguram a sua pilotagem.<br />

Se a experiência <strong>do</strong> Centro Mecanográfico lhe deu<br />

a oportunidade de apreender, exaustivamente, os<br />

fluxos <strong>do</strong>s processos administrativos, a teoria <strong>do</strong>s<br />

sistemas aju<strong>do</strong>u-o a reconhecer que não se pode<br />

combater a complexidade dum sistema pela fragmentação<br />

em elementos disjuntos, para cada um<br />

<strong>do</strong>s quais se editam regras específicas. O produto<br />

final, ao qual se chega por essa via, não é um sistema,<br />

apenas uma coleção de sub-programas, eventualmente<br />

liga<strong>do</strong>s entre si, mas sem capacidade de<br />

regulação mútua, adaptação e otimização.<br />

Acaba<strong>do</strong> o Curso de Administração <strong>Hospitalar</strong>,<br />

partiu para Portalegre para a montagem <strong>do</strong> novo<br />

Hospital, uma experiência importante na vida dum<br />

Administra<strong>do</strong>r, onde teve ocasião de aplicar os seus<br />

já vastos conhecimentos.<br />

Regressou a Coimbra para ser Administra<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

Hospital Pediátrico, numa época que o Professor<br />

Carmona da Mota, primeiro Diretor Clínico, considera<br />

uma época de ouro da Pediatria Portuguesa. A<br />

criação <strong>do</strong> Hospital Pediátrico de Coimbra tornou<br />

possível reunir um conjunto de grandes nomes da<br />

Pediatria Portuguesa a que se associou uma plêiade<br />

de jovens Médicos interessa<strong>do</strong>s em trabalhar com<br />

este escol de notáveis, de que destacaria o Professor<br />

Torra<strong>do</strong> da Silva, regressa<strong>do</strong> da Suíça que, em<br />

Lausanne, ocupava um lugar de grande relevo.<br />

Dificilmente o Pediátrico poderia ter melhor Administra<strong>do</strong>r<br />

e dificilmente o Santos Car<strong>do</strong>so poderia<br />

encontrar melhor ambiente de trabalho.<br />

Em 1983, sen<strong>do</strong> vogal da APAH e diretor da Revista,<br />

convi<strong>do</strong>u-me a escrever um artigo que seria publica<strong>do</strong><br />

no n<strong>º</strong> 3. Não me recor<strong>do</strong> se me sugeriu o tema<br />

ou o escolhi espontaneamente; “O sistema de gestão<br />

<strong>do</strong> hospital-contributo para uma visão sistémica.”<br />

No seguimento da sua publicação, proporcionoume<br />

o privilégio de conhecer o Professor Torra<strong>do</strong><br />

da Silva, sugerin<strong>do</strong>-me uma reunião com os <strong>do</strong>is, no<br />

Hospital Pediátrico, sobre aquele tema.<br />

Tive então a oportunidade de notar quanto era<br />

considera<strong>do</strong> no Hospital, ele que só sabia trabalhar<br />

em equipa e tinha natural aptidão para as constituir.<br />

E de constatar como Direção Clínica e Administração<br />

estavam alinhadas na prossecução <strong>do</strong>s objetivos<br />

da instituição, fator fundamental para impedir que<br />

as preocupações técnicas, por um la<strong>do</strong>, e económico-financeiras,<br />

por outro, constituíssem duas dimensões<br />

antagónicas no Hospital Pediátrico.<br />

No final desse ano, nas V Jornadas de Administração<br />

<strong>Hospitalar</strong>, Santos Car<strong>do</strong>so, Lopes Martins, Janeiro da<br />

Costa e Torra<strong>do</strong> da Silva apresentaram um trabalho<br />

– “A informação de gestão no hospital” - que continha<br />

uma “Proposta de Sistema de Informação de <strong>Gestão</strong><br />

na Área Clínica: da<strong>do</strong>s base por <strong>do</strong>ente trata<strong>do</strong>.”<br />

Cito os principais pressupostos em que essa proposta<br />

se baseava:<br />

“O hospital deve ser pensa<strong>do</strong> como um sistema<br />

integra<strong>do</strong>, composto por várias partes interdependentes,<br />

prosseguin<strong>do</strong> objetivos globais em interação<br />

com o universo exterior constituí<strong>do</strong> por outros hospitais,<br />

serviços de saúde e a comunidade que serve.”<br />

“A eficiência da atividade hospitalar dependerá fundamentalmente<br />

da qualidade da informação clínica.”<br />

“A informação clínica deve constituir a base para<br />

a elaboração <strong>do</strong> sistema integra<strong>do</strong> de informação<br />

de gestão, para a coordenação interna, coordenação<br />

externa da atividade <strong>do</strong>s vários hospitais, destes<br />

com os cuida<strong>do</strong>s de saúde primários, assim como a<br />

avaliação de resulta<strong>do</strong>s na comunidade.”<br />

Na sua comunicação os autores deixavam bem expresso<br />

que a informação clínica devia ter um carácter<br />

pluridisciplinar; médico, enfermagem, serviço<br />

social, serviços administrativos, etc.<br />

Hoje o sistema de informação hospitalar é obviamente<br />

muito mais rico <strong>do</strong> que o era há mais de três décadas.<br />

Mas é falsa a ideia de que um sistema de informação<br />

dum sistema complexo, como é um hospital, possa<br />

resultar duma elaboração puramente tecnocrática,<br />

nascen<strong>do</strong> já adulto, qual Minerva sain<strong>do</strong> <strong>do</strong> cérebro<br />

de Júpiter com escu<strong>do</strong>, lança e armadura.<br />

O sistema de gestão <strong>do</strong>s nossos hospitais foi-se<br />

construin<strong>do</strong> ao longos <strong>do</strong>s anos com a participação<br />

de muitas pessoas. O Santos Car<strong>do</strong>so foi um participante<br />

ativo na sua elaboração e soube, para além<br />

disso, utilizar a informação para escolher as ações e<br />

os meios mais adequa<strong>do</strong>s à produção <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s<br />

pretendi<strong>do</strong>s.<br />

Como, muito justamente, referiu a Direção da<br />

APAH, “Santos Car<strong>do</strong>so foi um insigne devoto da<br />

causa pública e, particularmente, <strong>do</strong> Serviço Nacional<br />

de Saúde.”<br />

Nós, Administra<strong>do</strong>res <strong>Hospitalar</strong>es, estamos-lhe gratos<br />

pela maneira competente, séria e devotada com<br />

que honrou a profissão.<br />

Obriga<strong>do</strong> meu caro e inesquecível amigo. Ã<br />

14


GH homenagem<br />

Capacidade<br />

disponibilidade ao aconselhar-me na minha iniciática<br />

prática hospitalar.<br />

Frequentou um <strong>do</strong>s primeiros Cursos de Administração<br />

<strong>Hospitalar</strong>, na Escola Nacional de Saúde Pública<br />

e desenvolveu uma longa atividade na administração<br />

hospitalar. Procedeu à abertura <strong>do</strong> Hospital<br />

de Portalegre, foi administra<strong>do</strong>r <strong>do</strong> então Hospital<br />

Pediátrico de Celas, <strong>do</strong> CHC, talvez no mais longo<br />

perío<strong>do</strong> da sua atividade, como administra<strong>do</strong>r<br />

hospitalar e foi, ainda, Diretor <strong>do</strong> Departamento de<br />

Informação para a <strong>Gestão</strong> (DIG) <strong>do</strong> CHC.<br />

Desenvolveu outras atividades de relevante mérito<br />

na área da saúde designadamente na Direção Geral<br />

da Saúde, em colaboração com o Professor Coriolano<br />

Ferreira, bem como no Centro Regional de Informática<br />

<strong>do</strong> Centro, <strong>do</strong> Serviço de Informática <strong>do</strong><br />

Ministério da Saúde.<br />

Mas também noutras áreas, designadamente na área<br />

social, teve um papel de relevo, com a criação da<br />

Associação de Saúde Infantil de Coimbra, constituída<br />

formalmente em Janeiro de 1984, fazen<strong>do</strong> parte<br />

da sua Direção.<br />

A sua nobreza de carácter e o seu espírito de bemfazer<br />

impeliam-no para outros desígnios e foi assim<br />

que integrou a Comissão Instala<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Centro de<br />

Desenvolvimento da Criança, no então Hospital Pediátrico<br />

de Celas <strong>do</strong> CHC.<br />

Mas se a sua atividade na área da saúde foi da maior<br />

relevância não o foi menos o seu envolvimento<br />

político enquanto membro <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> Comunista<br />

Português, característico de um homem de causas<br />

e de convicções.<br />

O seu espírito participativo, a sua visão de cidadania<br />

e o seu apego à cidade de Coimbra levou-o a par- }<br />

para ouvir<br />

para entender<br />

Pedro Lopes<br />

Presidente da APAH (2008-20<strong>13</strong>)<br />

No dia 28 de Maio de <strong>2018</strong> faleceu o<br />

nosso colega João Santos Car<strong>do</strong>so,<br />

mais conheci<strong>do</strong> por Santos Car<strong>do</strong>so.<br />

Era uma pessoa com uma enorme<br />

capacidade para ouvir e para entender,<br />

apesar da sua grande experiência e conhecimentos<br />

acima daqueles que o rodeavam. Com um<br />

diálogo fácil e afável, mas determina<strong>do</strong> nos seus conceitos<br />

particularmente de vida e sociedade.<br />

Tive o privilégio de o conhecer no Hospital <strong>do</strong>s Covões,<br />

<strong>do</strong> Centro <strong>Hospitalar</strong> de Coimbra (CHC), na<br />

década de oitenta, era eu um jovem administra<strong>do</strong>r<br />

hospitalar e logo me apercebi <strong>do</strong> seu trato fácil e<br />

16


GH homenagem<br />

“<br />

MAS SE O SEU PERCURSO PROFISSIONAL NA ÁREA<br />

DA SAÚDE FOI RELEVANTÍSSIMO, NÃO O FOI MENOS<br />

O SEU EMPENHAMENTO NA CRIAÇÃO<br />

E NA SUSTENTAÇÃO DA NOSSA CARREIRA<br />

18<br />

DE ADMINISTRAÇÃO HOSPITALAR.<br />

”<br />

tilhar os destinos <strong>do</strong> município fazen<strong>do</strong> três mandatos<br />

neste seu trajeto político. Neste contexto, não<br />

podemos deixar de referir e realçar o mandato de<br />

1989 – 1993, no qual assumiu o pelouro <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s<br />

onde se revelou como um <strong>do</strong>s maiores impulsiona<strong>do</strong>res<br />

da instalação <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> Abastece<strong>do</strong>r<br />

de Coimbra.<br />

Mas se o seu percurso profissional na área da saúde<br />

foi relevantíssimo, não o foi menos o seu empenhamento<br />

na criação e na sustentação da nossa Carreira<br />

de Administração <strong>Hospitalar</strong>. Desde logo quan<strong>do</strong><br />

integrou a primeira Direção da Associação Portuguesa<br />

de Administração <strong>Hospitalar</strong> (APAH) partilhan<strong>do</strong><br />

com notáveis colegas este primeiro grande<br />

momento da nossa Associação.<br />

A sua capacidade interventiva, a sua experiência e<br />

os seus conhecimentos obrigaram-no a ir mais longe<br />

e foi assim que em 1983 fun<strong>do</strong>u a Revista de <strong>Gestão</strong><br />

<strong>Hospitalar</strong> que dirigiu até 1986. Numa época em<br />

que a comunicação se fazia basicamente de forma<br />

escrita o nosso colega Santos Car<strong>do</strong>so teve o arrojo<br />

de avançar com este novo projeto da APAH.<br />

O privilégio que referi no início destas singelas<br />

palavras foi o mesmo que tive no passa<strong>do</strong> dia 24<br />

de Maio, quan<strong>do</strong> num quarto de um Serviço <strong>do</strong>s<br />

Hospitais da Universidade de Coimbra, <strong>do</strong> Centro<br />

<strong>Hospitalar</strong> e Universitário de Coimbra pude com<br />

ele conversar e onde manifestou o apreço pela distinção<br />

que a APAH e o seu Presidente com ele tiveram,<br />

no dia 11 de Março, aquan<strong>do</strong> da realização de<br />

4.ª Conferência VALOR APAH, homenagean<strong>do</strong>-o<br />

pelos seus feitos.<br />

A APAH distinguiu-o, ainda, com a maior elevação<br />

e por aclamação, atribuin<strong>do</strong>-lhe o título de Sócio<br />

Honorário, a 28 de Maio passa<strong>do</strong>, em reunião da<br />

Assembleia Geral, pelo seu valoroso percurso profissional<br />

e pelos serviços presta<strong>do</strong>s a to<strong>do</strong>s os colegas<br />

administra<strong>do</strong>res hospitalares. Ã<br />

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FOLLOW US ON:


GH HISTÓRIA<br />

"<strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong>"<br />

Qualidade técnica<br />

e científica<br />

José Carlos Lopes Martins<br />

Presidente da APAH e Sócio de Mérito<br />

Ao reler to<strong>do</strong>s os números anteriores<br />

da <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> pude<br />

constatar com muito agra<strong>do</strong> a importância<br />

da nossa Revista no tratamento<br />

<strong>do</strong>s temas relevantes em<br />

cada época para a administração hospitalar e na qualidade<br />

técnica e científica de tantos e tantos artigos merece<strong>do</strong>res<br />

de referências que estou certo serão feitas<br />

por colegas na <strong>Edição</strong> Especial que está a ser preparada.<br />

Permito-me, pela minha parte escolher <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s mais<br />

antigos que reli à luz de conceitos atuais:<br />

No número 1 da <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong>, Janeiro a Março<br />

de 1983, o Prof. J. M. Caldeira da Silva no artigo<br />

- Administração Médica no Contexto <strong>Hospitalar</strong> -<br />

interrogava-se sobre «que tipo de participação e em<br />

que grau devem ter os médicos de um serviço na<br />

sua organização e gestão». O tema era atualíssimo<br />

há 35 anos e ainda hoje é pertinente e atual, desde<br />

logo pela sábia conclusão a que chega: - «o envolvimento<br />

<strong>do</strong> médico em administração deverá ter como<br />

objetivo obter uma melhor eficácia e eficiência<br />

<strong>do</strong>s serviços face ao <strong>do</strong>ente».<br />

Mais à frente interroga Caldeira da Silva «Será a gestão<br />

uma inimiga <strong>do</strong> médico? e responde - «De mo<strong>do</strong><br />

algum. A gestão médica pode parecer dissonante da<br />

gestão global... a verdade é que praticamente toda e<br />

qualquer decisão clínica interfere na gestão corrente<br />

<strong>do</strong> Hospital» e concluía de uma forma que ainda hoje<br />

considero ter plena validade: «Os médicos devem<br />

reconhecer a importância e as vantagens das componentes<br />

de gestão e administração global e devem preparar-se<br />

para darem um contributo qualifica<strong>do</strong> dentro<br />

desta perspetiva».<br />

No número 3 da <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> de 1983, o José<br />

António Meneses Correia tem um artigo que considero<br />

essencial para o entendimento das especificidades<br />

<strong>do</strong> Hospital. To<strong>do</strong>s reconhecemos no Meneses Correia<br />

o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>s conceitos, o rigor e a profundidade<br />

de pensamento e talvez por isso e pela sua visão larga,<br />

este artigo me parece hoje tão atual como na data<br />

da sua publicação. O Meneses Correia caracteriza,<br />

logo no início, a complexidade <strong>do</strong> Hospital em duas<br />

ideias força: a variedade e a interdependência; o Hospital,<br />

refere «é mais <strong>do</strong> que a simples justaposição de<br />

mecanismos técnicos e administrativos isoladamente<br />

reguláveis» e por isso chama, muito apropriadamente<br />

à atenção para a «necessidade de o Hospital ser<br />

pensa<strong>do</strong> como uma totalidade composta por múltiplas<br />

partes interconectadas em interação com o<br />

universo exterior e prosseguin<strong>do</strong> objetivos globais».<br />

Desenvolve depois com toda a pertinência os conceitos<br />

cibernéticos aplican<strong>do</strong>-os à realidade Hospital, ao<br />

sistema de governo e aos mecanismos de regulação. É<br />

particularmente clara a fundamentação conceptual da<br />

necessidade de autonomia e o enuncia<strong>do</strong> <strong>do</strong>s níveis<br />

de responsabilidade. Este artigo aju<strong>do</strong>u-me, aju<strong>do</strong>unos<br />

e ajudará a to<strong>do</strong>s os que o lerem a compreender<br />

o Hospital. Ã<br />

20


GESTÃO<br />

HOSPITALAR<br />

Número 1<br />

Capa<br />

e artigo<br />

23


GH REEDIÇÃO<br />

24 25


GH REEDIÇÃO<br />

26 27


GH REEDIÇÃO<br />

28 29


GH REEDIÇÃO<br />

Better Health, Brighter Future<br />

Podemos sempre fazer mais para melhorar a vida das pessoas.<br />

Impulsiona<strong>do</strong>s pela paixão de realizar este objetivo, a Takeda<br />

proporciona medicamentos inova<strong>do</strong>res à sociedade desde a sua<br />

fundação em 1781.<br />

Hoje, combatemos diversos problemas de saúde em to<strong>do</strong> o Mun<strong>do</strong>,<br />

desde a sua prevenção à cura. Mas a nossa ambição mantém-se:<br />

encontrar novas soluções que façam a diferença e disponibilizar<br />

melhores fármacos que ajudem o maior número de pessoas possível,<br />

o mais rápi<strong>do</strong> que conseguirmos.<br />

Com a ampla experiência, sabe<strong>do</strong>ria e perseverança da nossa equipa,<br />

a Takeda terá sempre o compromisso de melhorar o amanhã.<br />

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30


GESTÃO<br />

HOSPITALAR<br />

Número 3<br />

Capa<br />

e artigo<br />

33


GH REEDIÇÃO<br />

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GH REEDIÇÃO<br />

36 37


GH REEDIÇÃO<br />

38 39


GH HISTÓRIA<br />

ANOS DA<br />

"GESTÃO<br />

HOSPITALAR"<br />

1. Dois artigos relevantes da GH<br />

Em declaração prévia de interesses relativamente à<br />

seleção <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is artigos, devo assumir a minha muita<br />

amizade e muita saudade pelos <strong>do</strong>is autores <strong>do</strong>s<br />

textos que vou referenciar - Rui Janeiro da Costa<br />

e Margarida Bentes. Ambos desapareci<strong>do</strong>s precocemente,<br />

foram, cada um à sua maneira, personalidades<br />

ímpares e profissionais únicos que marcaram<br />

profunda e positivamente a administração hospitalar<br />

portuguesa. Por isso, a minha seleção <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is artigos<br />

é, também, uma homenagem que lhes presto.<br />

O Rui Janeiro da Costa, cujo percurso profissional<br />

(forma<strong>do</strong> em Direito, foi Procura<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Ministério<br />

Público antes de integrar a Administração <strong>Hospitalar</strong>)<br />

não antecipava a área a que veio a dedicar maior<br />

interesse e em que foi precursor em Portugal, é uma<br />

referência nacional incontornável no âmbito <strong>do</strong>s sistemas<br />

de informação hospitalar. O texto a que me<br />

refiro foi publica<strong>do</strong> na GH n<strong>º</strong> 20, de Julho/Setembro<br />

de 1990 e tinha como título “Sistema Básico de<br />

Informação <strong>Hospitalar</strong> nos HUC”. É um texto pioneiro,<br />

naturalmente data<strong>do</strong> (o que é mais evidente<br />

nestas matérias tecnológicas) mas que foi um <strong>do</strong>s<br />

primeiros textos a abordar a importância das tecnologias<br />

e sistemas de informação para a gestão hospitalar,<br />

hoje um da<strong>do</strong> absolutamente adquiri<strong>do</strong> mas, à<br />

data, uma ideia ainda em processo de disseminação<br />

e desenvolvimento. É interessante, também, porque<br />

a GH n<strong>º</strong> 22/23, de Janeiro/Junho de 1991, referencia<br />

a atribuição ao Rui Janeiro da Costa <strong>do</strong> Prémio<br />

Centro <strong>Hospitalar</strong> de Coimbra/Banco Pinto e Sotto<br />

Mayor de <strong>Gestão</strong> de Serviços de Saúde pelo seu<br />

projeto “Sistema de Informação de Doentes”.<br />

A Margarida Bentes, desde sempre ligada aos sistemas<br />

de financiamento hospitalar e, juntamente com<br />

João Urbano, entre outros(as), responsável pela introdução<br />

em Portugal <strong>do</strong>s modelos de pagamento<br />

prospetivo por GDH, um <strong>do</strong>s mais bem sucedi<strong>do</strong>s<br />

projetos de mudança estrutural no Ministério da<br />

Saúde, alargava o seu leque de interesses a outras<br />

áreas, <strong>do</strong> que é testemunho o artigo que selecionei,<br />

publica<strong>do</strong> na GH n<strong>º</strong> 27 (nova numeração), publicada<br />

em 2007 e intitula<strong>do</strong> “A <strong>Gestão</strong> Estratégica nos<br />

Hospitais Passo a Passo”. Neste artigo, Margarida<br />

Bentes aborda de forma pedagógica os modelos<br />

e instrumentos de gestão estratégica de hospitais<br />

e explicita, antecipan<strong>do</strong> em alguns anos a sua vulgarização,<br />

a questão da cadeia de valor e da criação<br />

de valor nas organizações presta<strong>do</strong>ras de cuida<strong>do</strong>s<br />

de saúde.<br />

2. O Passa<strong>do</strong> da GH<br />

A APAH foi constituída em novembro de 1981,<br />

a primeira Direção eleita em março de 1982 e o<br />

primeiro número da GH publicada em março de<br />

1983. O primeiro Diretor da GH foi o João Santos<br />

Car<strong>do</strong>so, com o José Carlos Lopes Martins como<br />

Subdiretor, ten<strong>do</strong> posteriormente, com a mudança<br />

da Direção da APAH, o José Carlos assumi<strong>do</strong> }<br />

Artur Morais Vaz<br />

Diretor e Coordena<strong>do</strong>r da <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong><br />

Q<br />

uan<strong>do</strong> o Alexandre Lourenço me telefonou<br />

para me pedir este artigo, na<br />

minha condição de antigo Diretor da<br />

Revista <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong>, confesso<br />

que me assustei com duas coisas: A<br />

primeira, é que fui Diretor da GH já no século passa<strong>do</strong><br />

(!), entre 1987 e 1991, e a segunda é que essas<br />

funções me foram atribuídas por ser o “que tinha<br />

mais jeito para essas coisas” no âmbito da então<br />

Direção da APAH, sempre me ten<strong>do</strong> efetivamente<br />

senti<strong>do</strong> mais como membro de uma equipa <strong>do</strong> que<br />

como um Diretor da GH.<br />

O caderno de encargos que o Alexandre me apresentou<br />

integrava a seleção de <strong>do</strong>is artigos marcantes<br />

da GH, um texto sobre o passa<strong>do</strong> da GH e referências<br />

ao futuro da gestão em saúde. É a isso que vou<br />

tentar responder nas próximas linhas.<br />

40


GH HISTÓRIA<br />

“<br />

O FUTURO DA GESTÃO<br />

DA SAÚDE EM PORTUGAL<br />

PASSA MUITO,<br />

NA MINHA PERSPETIVA,<br />

PELA DEFINIÇÃO DE UM<br />

MODELO ADEQUADO<br />

DE GOVERNAÇÃO<br />

DO SETOR DA SAÚDE,<br />

DO SNS E DAS<br />

INSTITUIÇÕES INDIVIDUAIS<br />

QUE O COMPÕEM.<br />

”<br />

blicação, de edição, de revisão de provas, de recolha<br />

de patrocínios e publicidade, corresponden<strong>do</strong> cada<br />

número a um parto longo e sempre com recurso a<br />

ferros (!). Entretanto, com interregnos mais ou menos<br />

longos, com maior ou menor grau de colaboração<br />

<strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s da APAH, a GH logrou atingir os<br />

35 anos de publicação o que é, certamente, motivo<br />

de celebração.<br />

Confesso que não sei qual é, hoje, nestes tempos<br />

de redes sociais e comunicações instantâneas, a real<br />

relevância que a GH pode assumir na vida <strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s<br />

da APAH e <strong>do</strong>s profissionais de gestão<br />

em saúde. O seu indiscutível valor simbólico pode<br />

não ser argumento suficiente para a sua manutenção<br />

nos moldes atuais, mas isso é uma reflexão que<br />

deixo à Direção da APAH.<br />

7480_220x155_Portugal_PopHealth_v4.pdf 1 7/16/18 12:29 PM<br />

vista, o ama<strong>do</strong>rismo, qualquer que seja o seu fundamento,<br />

faz correr riscos graves, de grande montante<br />

económico e de incalculáveis afrontamentos<br />

humanos.”<br />

Passaram entretanto 35 anos sobre estas palavras,<br />

as quais se mantêm estranhamente atuais, apesar<br />

<strong>do</strong>s fantásticos desenvolvimentos tecnológicos e organizacionais<br />

que se verificaram desde então.<br />

O futuro da gestão da saúde em Portugal passa muito,<br />

na minha perspetiva, pela definição de um modelo<br />

adequa<strong>do</strong> de governação <strong>do</strong> setor da saúde, <strong>do</strong><br />

SNS e das instituições individuais que o compõem,<br />

num quadro de autonomia responsabilizante, de liderança<br />

efetiva e sujeita a avaliação, de defesa <strong>do</strong>s<br />

direitos, <strong>do</strong>s interesses e participação <strong>do</strong>s cidadãos<br />

e de modelos ajusta<strong>do</strong>s de financiamento e acesso<br />

a cuida<strong>do</strong>s de saúde de qualidade.<br />

A necessária profissionalização da gestão <strong>do</strong>s serviços<br />

de saúde exige um contexto que a isole e proteja<br />

<strong>do</strong>s apetites partidários ou corporativos, <strong>do</strong>s<br />

repentes políticos conjunturais, <strong>do</strong>s interesses paroquiais,<br />

da incompetência, <strong>do</strong>s conflitos de interesse<br />

e da falta de transparência ou de visão. Apenas um<br />

novo modelo de governação <strong>do</strong> setor poderá garantir<br />

tal objetivo.<br />

Os desafios futuros, cujos impactos to<strong>do</strong>s sentimos<br />

já, marcarão, de forma ainda mais vincada e,<br />

por vezes, brutal, a vida e a gestão <strong>do</strong>s serviços de<br />

saúde, seja qual for o setor a que pertençam. O<br />

envelhecimento da população, a inovação tecnológica,<br />

as alterações climáticas, as dinâmicas políticas,<br />

económicas e sociais terão um impacto crescente<br />

sobre os serviços de saúde a que estes só poderão<br />

responder se estiverem <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s de estruturas de<br />

gestão com as competências, a autonomia e a liderança<br />

adequadas à enormidade <strong>do</strong>s desafios futuros.<br />

Enfrentar novos problemas com soluções habituais<br />

é meio caminho anda<strong>do</strong> para o insucesso. Ã<br />

a Direção da GH, comigo e com o Rui Moutinho<br />

como Coordena<strong>do</strong>res e, a partir <strong>do</strong> n<strong>º</strong> 20, Julho/<br />

Setembro de 1990 calhou-me a mim a Direção da<br />

Revista que mantive até ser substituí<strong>do</strong> pela Armanda<br />

Miranda. Como referi no início, a atribuição das<br />

responsabilidades de Direção da GH correspondia<br />

a uma distribuição de pelouros dentro da Direção<br />

da APAH haven<strong>do</strong>, todavia e como acontecia com<br />

os restantes pelouros, um intenso e contínuo trabalho<br />

de equipa. As associações deste género, e a<br />

APAH não foi exceção nesses tempos, dependem<br />

em ­muito da carolice ­<strong>do</strong>s que assumem os seus órgãos<br />

sociais.<br />

Não haven<strong>do</strong>, então, nem as tecnologias de comunicação<br />

e informação nem os serviços jornalísticos<br />

hoje existentes, a publicação da GH era um processo<br />

moroso e difícil de recolha de material para pu-<br />

3. O Futuro da <strong>Gestão</strong> em Saúde<br />

O Prof. Coriolano Ferreira, no seu estilo irónico e<br />

arguto, em artigo publica<strong>do</strong> no n<strong>º</strong> 1 da GH intitula<strong>do</strong><br />

“3 Reflexões sobre os Administra<strong>do</strong>res <strong>Hospitalar</strong>es<br />

em Portugal”, na sua terceira reflexão, sobre<br />

o futuro <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res, referia:<br />

“É para mim motivo de muita admiração a estranha<br />

apetência que a administração <strong>do</strong>s hospitais desperta<br />

nas mais variadas instituições e personalidades.<br />

Desde as misericórdias às faculdades de medicina,<br />

das fundações às câmaras municipais, das instituições<br />

de previdência às associações mutualistas, <strong>do</strong>s<br />

médicos aos políticos, to<strong>do</strong>s desejam administrar<br />

hospitais e to<strong>do</strong>s se consideram capazes de o fazer.<br />

Acontece, no entanto, que os hospitais são entidades<br />

extremamente complexas, das mais complexas<br />

<strong>do</strong>s tempos de hoje, pelo que, <strong>do</strong> meu ponto de<br />

A<strong>do</strong>te uma gestão efectiva da saúde da população<br />

Desde o aumento <strong>do</strong>s requisitos regulatórios aos avanços tecnológicos, o sector da<br />

saúde está em crescente mudança e evolução. Estratégias comprovadas podem já não<br />

ser suficientes para uma resposta eficiente aos actuais desafios.<br />

Só estabelecen<strong>do</strong> uma estratégia abrangente, sustentada numa plataforma agrega<strong>do</strong>ra,<br />

robusta e inteligente, é que as organizações serão capazes de se preparar para uma<br />

eficiente gestão da saúde da população. Pergunte-nos como.<br />

42<br />

cerner.com<br />

@Cerner


GH REEDIÇÃO<br />

GESTÃO<br />

HOSPITALAR<br />

Número 20<br />

Capa<br />

e artigo<br />

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GH REEDIÇÃO<br />

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GH REEDIÇÃO<br />

GESTÃO<br />

HOSPITALAR<br />

Número 27<br />

Capa<br />

e artigo<br />

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GH REEDIÇÃO<br />

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GH REEDIÇÃO<br />

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GH REEDIÇÃO<br />

60


GH HISTÓRIA<br />

Memórias intelectuais<br />

e sentimentais<br />

“<br />

CONFESSO QUE LEVEI<br />

A SÉRIO O QUE APRENDI<br />

COM O PROFESSOR<br />

Jorge Varanda<br />

Presidente da APAH (1988-1992)<br />

e Sócio de Mérito<br />

Uma visita inesperada a memórias<br />

escritas, sen<strong>do</strong> que as memórias<br />

não são apenas de natureza intelectual,<br />

mas também <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />

sentimental, é uma aventura assinalável.<br />

Tanto mais assinalável quan<strong>do</strong> temos de<br />

fazer uma escolha entre textos escritos, uns mais<br />

distantes de nós, outros mais próximos, quase diria,<br />

em nós incorpora<strong>do</strong>s.<br />

Foi o que me aconteceu nesta viagem a quatro números<br />

da revista <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> edita<strong>do</strong>s durante o<br />

tempo em que me coube presidir à Associação Portuguesa<br />

de Administra<strong>do</strong>res <strong>Hospitalar</strong>es em <strong>do</strong>is<br />

biénios diferentes, o primeiro no final <strong>do</strong>s anos 80 e<br />

outro no começo <strong>do</strong>s anos 90.<br />

No final <strong>do</strong>s anos 80 convergiram <strong>do</strong>is feixes de<br />

acontecimentos de natureza muito diferente:<br />

• A aplicação de uma nova lei de gestão, o Decreto-lei<br />

19/88, de 21 de Janeiro<br />

• A realização de <strong>do</strong>is cursos de Aplicação de Méto<strong>do</strong>s<br />

de Engenharia Industrial aos Hospitais (1987<br />

e 1988), pelo Professor William Cats-Baril, da Universidade<br />

de Vermont, com uma parte letiva em<br />

Lisboa, completada com um seminário de duas semanas<br />

em Madison, capital <strong>do</strong> Wisconsin, EUA, no<br />

University of Wisconsin Hospital and Clinics.<br />

O primeiro feixe de acontecimentos gerou uma<br />

enorme tensão nos administra<strong>do</strong>res hospitalares,<br />

caben<strong>do</strong> à APAH interpretar a reação justa de um<br />

grupo que fora idealiza<strong>do</strong> pelo Professor Coriolano<br />

Ferreira para gerir os Hospitais e que se vira ultrapassa<strong>do</strong><br />

pela aplicação de uma nova lei de gestão<br />

que apeara muitos profissionais capazes e os substituíra<br />

por escolhas de política local, sem garantia de<br />

competência para o cargo.<br />

Quanto ao segun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s acontecimentos, pode dizer-se<br />

que foi o coroar de um vasto conjunto de<br />

atividades, com apoio americano, que o Professor<br />

Augusto Mantas lançou ao longo <strong>do</strong>s anos 80, na<br />

qualidade de Diretor <strong>do</strong> Departamento de <strong>Gestão</strong><br />

Financeira <strong>do</strong> Ministério da Saúde, com a liderança<br />

prática <strong>do</strong> Dr. João Urbano.<br />

Confesso que levei a sério o que aprendi com o<br />

Professor Cats-Baril e o relacionei com uma realidade<br />

mais vasta da ciência da melhoria e da mudança,<br />

ao descobrir os <strong>do</strong>is mestres da Melhoria Contínua<br />

da Qualidade que ajudaram a fazer <strong>do</strong> Japão a extraordinária<br />

potência económica em que se transformaram<br />

depois da 2.ª Guerra Mundial: Deming<br />

e Juran. Tu<strong>do</strong> isso me permitiu lançar em Portugal<br />

projetos de melhoria, com o espírito de Deming e<br />

as meto<strong>do</strong>logias de Juran. Saudades!<br />

CATS-BARIL E O<br />

RELACIONEI COM UMA<br />

REALIDADE MAIS VASTA<br />

DA CIÊNCIA DA MELHORIA<br />

E DA MUDANÇA.<br />

C<br />

M<br />

”<br />

Y<br />

CM<br />

MY<br />

CY<br />

CMY<br />

K<br />

Escolhi <strong>do</strong>is textos para ilustrar esse perío<strong>do</strong> de responsabilidade<br />

que tive na Direção da APAH:<br />

• O editorial da Revista n.<strong>º</strong> 22/23, Janeiro-Junho<br />

de 1991, como afirmação <strong>do</strong>s valores de <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />

da profissão de administração hospitalar, traduzin<strong>do</strong><br />

os problemas, após a tempestade da aplicação <strong>do</strong><br />

referi<strong>do</strong> Decreto-lei 19/88, de 21 de janeiro<br />

• O artigo de Gustafson, D., Cats-Baril, W. e Alemi,<br />

F., Desenvolvimento e Testes <strong>do</strong>s Modelos<br />

Bayesiano e MAU para Prevenir e Explicar o Sucesso<br />

da Mudança (Revista n.<strong>º</strong> 21, Out-Dez 1991).<br />

Apesar da tecnicidade <strong>do</strong>s modelos a sua leitura<br />

ajuda-nos a identificar um conjunto de fatores de<br />

sucesso, com relevo para o envolvimento <strong>do</strong>s interessa<strong>do</strong>s<br />

e a ação <strong>do</strong>s agentes das mesmas (leia-se,<br />

na nossa perspetiva, ‘<strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res hospitalares’…).<br />

Por aqui me fico, com um mínimo de memórias e<br />

um mínimo de carga emotiva. Ã<br />

62


GH REEDIÇÃO<br />

GESTÃO<br />

HOSPITALAR<br />

Número 22<br />

Capa e<br />

editorial<br />

64


GH REEDIÇÃO<br />

GESTÃO<br />

HOSPITALAR<br />

Número 21<br />

Capa<br />

e artigo<br />

66 67


GH REEDIÇÃO<br />

68 69


GH REEDIÇÃO<br />

70 71


GH REEDIÇÃO<br />

72 73


GH REEDIÇÃO<br />

74


GH HISTÓRIA<br />

Manuel Delga<strong>do</strong><br />

Presidente da APAH (1992-2008)<br />

e Sócio de Mérito<br />

Em 1983 foi lança<strong>do</strong> o primeiro número<br />

da revista “<strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong>”<br />

(GH). Hoje, 35 anos passa<strong>do</strong>s e<br />

com cerca de 50 edições publicadas,<br />

a GH continua a ser o veículo privilegia<strong>do</strong><br />

de afirmação <strong>do</strong>s valores da gestão hospitalar<br />

e <strong>do</strong>s profissionais que abraçaram esta profissão.<br />

Valerá a pena fazer um balanço deste percurso, rico<br />

pela diversidade de temas aborda<strong>do</strong>s e pelas opiniões<br />

expressas, pioneiro, muitas vezes, na inovação<br />

quanto a conceitos e no apontar de novos caminhos<br />

para os nossos hospitais, livre e irreverente nos conteú<strong>do</strong>s,<br />

muitas vezes apaixona<strong>do</strong>s ou incómo<strong>do</strong>s,<br />

mas sempre na defesa desta profissão e contra os<br />

compadrios de ocasião.<br />

Pela GH passaram, em todas as épocas, as principais<br />

figuras que animaram o Setor da Saúde:<br />

Presidentes da República, Ministros, Secretários de<br />

Esta<strong>do</strong>, Deputa<strong>do</strong>s de to<strong>do</strong>s os parti<strong>do</strong>s, Reitores<br />

anos<br />

de história<br />

das Universidades, Bastonários das diferentes ordens<br />

profissionais, sindicalistas, personalidades de<br />

méritos reconheci<strong>do</strong>s, nacionais e estrangeiras, representantes<br />

da Industria e, claro, os mais distintos<br />

Administra<strong>do</strong>res <strong>Hospitalar</strong>es portugueses.<br />

GH começou por ser um precioso acervo de artigos<br />

técnicos, intemporais na maioria <strong>do</strong>s casos, e<br />

de elevada qualidade. Abordavam-se temas inéditos<br />

entre os profissionais de saúde, retiran<strong>do</strong>-se ricos<br />

ensinamentos para a vida prática de administra<strong>do</strong>res,<br />

médicos, enfermeiros, engenheiros,etc.<br />

A imagem e os contornos editoriais da revista mantiveram-se<br />

inalteráveis durante cerca de uma década.<br />

Destacaremos deste perío<strong>do</strong>, a 1ª edição, de Jan/<br />

Março de 1983, com a publicação de artigos “históricos”,<br />

pela qualidade e pela autoridade, de Coriolano<br />

Ferreira (“…o ama<strong>do</strong>rismo (na gestão hospitalar) faz<br />

correr riscos graves…”), Moreno Rodrigues (“…o<br />

Governo interfere onde não deve, minan<strong>do</strong> e desacreditan<strong>do</strong><br />

a autoridade de quem deve atuar…)<br />

e Caldeira da Silva (“… em face da verdade incontestável<br />

de que os recursos são limita<strong>do</strong>s…é desejável…<br />

que o clínico seja chama<strong>do</strong> às atividades de<br />

planeamento e às de gestão… sen<strong>do</strong> indispensável<br />

uma consciencialização… de que cada decisão clínica<br />

tem repercussões sobre os recursos…).<br />

Mas ficaram também na nossa memória, desta primeira<br />

fase da GH, os contributos de Correia de<br />

Campos sobre regionalização, Vasco Reis sobre<br />

áreas intermédias de gestão, Meneses Correia sobre<br />

sistemas de gestão, Santos Car<strong>do</strong>so, sobre responsabilidade<br />

profissional, Daniel Serrão sobre ética, Torra<strong>do</strong><br />

da Silva sobre saúde infantil, Artur Vaz sobre a<br />

carreira de AH, Augusto Mantas sobre custos hospitalares,<br />

Eduar<strong>do</strong> Caetano sobre a segurança nos hospitais,<br />

Queiroz e Melo sobre transplantação cardíaca,<br />

entre outros de grande interesse e relevância.<br />

A vida associativa na década de 90 foi marcada pela<br />

iniciativa inédita da APAH que ficou conhecida por<br />

“Feira de Projetos”, realizada em Coimbra, em novembro<br />

de 1990. GH fez bastante eco deste acontecimento,<br />

galvanizan<strong>do</strong> assim o brio e o profissionalismo<br />

<strong>do</strong>s AH, numa época particularmente adversa,<br />

face às decisões <strong>do</strong> poder político de então,<br />

sobre a carreira de AH e a Lei de gestão hospitalar.<br />

Realce-se desse perío<strong>do</strong> o belíssimo e avisa<strong>do</strong> editorial<br />

da GH n<strong>º</strong> 21 de out/dez de 1990, que reproduzia<br />

o discurso <strong>do</strong> então presidente da Direção<br />

na abertura da “Feira de Projetos”, em defesa da<br />

profissão. Uma leitura ainda hoje obrigatória!<br />

Em 1993, e já com uma nova Direção, a Revista foi<br />

objeto de uma mudança editorial: aos artigos técnicos,<br />

passou a adicionar, frequentemente, uma entrevista<br />

de fun<strong>do</strong> e variadíssimas reportagens sobre acontecimentos<br />

que se iam destacan<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong> tempo.<br />

O editorial da GH 26/27 de jan/julho de 1993, ilustrava<br />

bem o clima adverso que então os AH viviam.<br />

Muito duro para o poder político, referia-se nesse<br />

texto: “…foi um erro político grave, relegar os AH para<br />

plano subalterno na gestão <strong>do</strong>s hospitais públicos.”<br />

Foi um perío<strong>do</strong> rico no debate sobre políticas de<br />

saúde, com o novo Estatuto <strong>do</strong> SNS, o aborta<strong>do</strong><br />

Seguro Alternativo de Saúde, as primeiras PPP e a<br />

criação <strong>do</strong>s centros de responsabilidade. GH acompanhou<br />

de perto esses processos e fez-se eco, quer<br />

em artigos de opinião, quer nas declarações da Direção,<br />

das diferentes posições assumidas pelos AH.<br />

Noticiamos os acontecimentos à época mais relevantes<br />

e, desde logo, o Ciclo de Encontros que a<br />

APAH então iniciou, ten<strong>do</strong> como primeiro convida<strong>do</strong><br />

o Ministro Arlin<strong>do</strong> de Carvalho.<br />

No capítulo das entrevistas abrimos, na GH n<strong>º</strong><br />

26/27 de jan/julho de 1993, com Coriolano Ferreira,<br />

seguin<strong>do</strong>-se noutras edições, Paulo Men<strong>do</strong> (“… }<br />

76


GH HISTÓRIA<br />

“<br />

OS AH PROTAGONIZARAM,<br />

NESSA ÉPOCA, UM CONJUNTO<br />

DE INICIATIVAS QUE<br />

MARCARAM A CLASSE<br />

PROFISSIONAL E MUITO<br />

CONTRIBUÍRAM PARA<br />

O SEU RECONHECIMENTO<br />

PÚBLICO.<br />

”<br />

porque é que a AH não deveria ser uma especialidade?...”),<br />

Caldeira da Silva (então Presidente <strong>do</strong><br />

CD da ENSP, que tinha evita<strong>do</strong> o seu puro e simples<br />

encerramento e negocia<strong>do</strong> a sua passagem, <strong>do</strong><br />

Ministério da Saúde para o Ministério da Educação),<br />

Lopes Martins (Sec. de Esta<strong>do</strong> da Saúde), Correia<br />

de Campos (acaba<strong>do</strong> de regressar de um cargo de<br />

Diretor no Banco Mundial em Washington), Maria<br />

de Belém Roseira (então Ministra da Saúde).<br />

Os AH protagonizaram, nessa época, um conjunto<br />

de iniciativas que marcaram a classe profissional e<br />

muito contribuíram para o seu reconhecimento público.<br />

GH relatou esses acontecimentos com textos<br />

e reportagens fotográficas, hoje deliciosas memórias<br />

vivas desses tempos:<br />

• O almoço de homenagem a Augusto Mantas, com<br />

as presenças de Coriolano Ferreira e de Maria <strong>do</strong>s<br />

Prazeres Beleza (então Secª Geral <strong>do</strong> Ministério da<br />

Saúde) (GH n<strong>º</strong> 30, Dez 94/jan 95);<br />

• As viagens de estu<strong>do</strong> realizadas aos EUA e ao<br />

Reino Uni<strong>do</strong> e Escócia (com o relato impagável da<br />

sau<strong>do</strong>sa Arminda Cepeda sobre esta última na GH<br />

n<strong>º</strong> 32 de maio de 1996);<br />

• Os estágios promovi<strong>do</strong>s pela APAH/ Fundação<br />

Calouste Gulbenkian na Clinica Mayo, nos EUA, para<br />

diploma<strong>do</strong>s em AH pela ENSP (GH n<strong>º</strong> 33, Dez<br />

96/Jan 97);<br />

• A criação <strong>do</strong>s Prémios APAH/San<strong>do</strong>z para o melhor<br />

aluno <strong>do</strong> Curso de AH , pela primeira vez atribuí<strong>do</strong><br />

em 15 de novembro de 1996, à nossa colega<br />

Helena Gonçalves (GH n<strong>º</strong> 33, já citada);<br />

• O arranque <strong>do</strong> Fórum Gulbenkian de Saúde, em<br />

coorganização com a APAH, em 1997, que passou a<br />

ser uma referência nacional na área da gestão de serviços<br />

de saúde e em que participaram, durante vários<br />

anos, personalidades de referência a nível mundial.<br />

Em 1999, lançámos uma edição especial de GH em<br />

outubro, dedicada às eleições legislativas que se avizinhavam,<br />

comparan<strong>do</strong> as propostas para a Saúde<br />

<strong>do</strong>s principais parti<strong>do</strong>s e publican<strong>do</strong> depoimentos<br />

<strong>do</strong>s principais lideres (António Guterres, Carlos<br />

Carvalhas e Durão Barroso) e comentários de personalidades<br />

de relevo na área da Saúde: Caldeira<br />

da Silva, Daniel Serrão, Maria José Nogueira Pinto,<br />

Paulo Men<strong>do</strong> e Pedro Pita Barros.<br />

Foi também nessa edição que fizemos uma ampla<br />

reportagem sobre o Congresso da Associação Europeia<br />

de Gestores <strong>Hospitalar</strong>es, então pela 2ª vez<br />

realiza<strong>do</strong> em Portugal e que contou com a presença<br />

<strong>do</strong> Presidente da República, Jorge Sampaio, e uma<br />

conferência notável de Maria de Lurdes Pintasilgo<br />

sobre valores societais.<br />

Em 2005, a GH mu<strong>do</strong>u de novo a sua imagem e<br />

passou a ter, durante algum tempo, uma periodicidade<br />

mensal. Foi um grande desafio, só possível com a<br />

disponibilidade de uma equipa redatorial profissional.<br />

Sucedeu-se um conjunto de entrevistas de fun<strong>do</strong>,<br />

com Correia de Campos, nas vésperas de ser Ministro<br />

(GH n<strong>º</strong> 2, fev 2005), Pedro Nunes (Bastonário<br />

da Ordem <strong>do</strong>s Médicos), Pereira Miguel (Alto Comissário<br />

para a Saúde), Francisco Ramos (Secretário<br />

de Esta<strong>do</strong> da Saúde), Vasco Reis (Sub –Diretor da<br />

ENSP e coordena<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Curso de AH).<br />

Foi um perío<strong>do</strong> efervescente na política de Saúde,<br />

com uma mudança de Governo e fortes esperanças<br />

para os AH (depois frustradas…). Manuel Delga<strong>do</strong>,<br />

no n<strong>º</strong> 1 de janeiro de 2005,era cita<strong>do</strong> na capa com a<br />

frase:”…exigimos respeito <strong>do</strong> futuro Governo…” e,<br />

em março, na GH n<strong>º</strong> 3, lançava 10 desafios ao no-<br />

vo Ministro Correia de Campos, que valerá a pena<br />

recordar, pelo atrevimento, pelo desassombro e…<br />

pela atualidade.<br />

Francisco Ramos (então Sec. de Esta<strong>do</strong>), na edição n<strong>º</strong><br />

6 de junho de 2005, manifesta em entrevista, a vontade<br />

política de revitalizar a carreira de AH, dan<strong>do</strong> dignidade<br />

funcional e hierárquica aos AH. Vivia-se, de facto,<br />

uma época de esperança para estes profissionais.<br />

GH realizou ao longo dessa década um conjunto<br />

notável de entrevistas a personalidades de relevo<br />

da vida pública nacional e internacional, sen<strong>do</strong> de<br />

realçar as de Jorge Sampaio (já ex-Presidente da<br />

República e em vias de iniciar funções como Alto<br />

Comissário das NU contra a tuberculose, GH n<strong>º</strong><br />

22,2006), Francisco George (n<strong>º</strong> 26,2007), Pedro Pita<br />

Barros (n<strong>º</strong> 27,2007),<br />

Maria de Belém Roseira (n<strong>º</strong> 30,2007), Eduar<strong>do</strong> Barroso<br />

(n<strong>º</strong> 31,2007), Sobrinho Simões (n<strong>º</strong> 32,2007),<br />

Constantino Sakellarides (n<strong>º</strong> 41, 2009), António Arnaut<br />

(n<strong>º</strong> 42,2009), Eduar<strong>do</strong> Sá Ferreira, o primeiro<br />

Presidente da APAH (n<strong>º</strong> 45,2009) e Ana Jorge, Ministra<br />

da Saúde (n<strong>º</strong> 46,2010).<br />

Em novembro de 2007, a APAH organizou uma justa<br />

homenagem ao prof Vasco Reis, num jantar a que<br />

GH fez referência destacada (n<strong>º</strong> 32,3007).<br />

Vasco Reis foi, talvez, o professor que mais perto<br />

esteve <strong>do</strong>s seus alunos e ex-alunos, quer na Escola,<br />

quer nos sau<strong>do</strong>sos HCL, quer na sua participação<br />

ativa em novos projetos, grupos de trabalho e reuniões<br />

associativas. Nesse jantar, que reuniu familiares<br />

e muitos amigos, e que contou com as presenças de<br />

Constantino Sakellarides, Caldeira da Silva, Nogueira<br />

da Rocha, Maria de Belém e os Bastonários das<br />

Ordens <strong>do</strong>s médicos e <strong>do</strong>s enfermeiros, o Ministro<br />

da Saúde, Correia de Campos, agraciou Vasco Reis<br />

com a medalha de ouro <strong>do</strong> Ministério da Saúde.<br />

Distinção merecida e que a APAH e a GH registaram<br />

com satisfação e orgulho.<br />

Em 2014, e após um longo interregno, GH reaparece<br />

com um novo visual e nova linha editorial.<br />

Marta Temi<strong>do</strong>, nova presidente, escrevia no n<strong>º</strong> 1<br />

desse ano, sob o título “Mau tempo no Canal”:<br />

“…2014 (foi) um <strong>do</strong>s mais difíceis na vida de muitos<br />

de nós…”, “…pelo 5<strong>º</strong> ano consecutivo, o sistema }<br />

78


GH HISTÓRIA<br />

“<br />

35 ANOS DE UMA RIQUEZA<br />

INFORMATIVA, TÉCNICA<br />

E CIENTÍFICA QUE<br />

PRESTIGIARAM A PROFISSÃO<br />

E OS PROFISSIONAIS,<br />

ALERTARAM CONSCIÊNCIAS<br />

E DESPERTARAM VONTADES.<br />

”<br />

de saúde português irá sofrer uma redução da despesa<br />

pública…”<br />

Nada de mais lapidar e evidente! Os atuais arautos<br />

da desgraça nada diziam, então, sobre um SNS em<br />

acelerada destruição.<br />

Seguiram-se entrevistas a João Bilhim (presidente da<br />

CRESAP, no n<strong>º</strong> 2), Correia de Campos (n<strong>º</strong> 3) e Jorge<br />

Simões (presidente da ERS, n<strong>º</strong> 4).<br />

No editorial da GH n<strong>º</strong> 4 de 2014, Pedro Lopes (ex-<br />

-presidente da Direção e então Presidente da Mesa<br />

da AG) escreve um excelente e premonitório artigo<br />

sobre fusões e separações de hospitais. Uma questão<br />

de moda? Ou de eficiência? Ou, ainda de necessidade?<br />

Face ao percurso que tivemos nesta matéria,<br />

provavelmente um pouco de tu<strong>do</strong>, e a redução de<br />

90 instituições para cerca de 40 na atualidade, não<br />

teve a avaliação e o balanço necessários, em termos<br />

de custos, serviço ao cliente, proximidade, acesso,<br />

qualidade técnica e equidade.<br />

Registe-se, desse tempo, a carta da Direção da<br />

APAH, dirigida à CRESAP, e publicada na GH n<strong>º</strong><br />

4, na sequência de um parecer desta em que se<br />

aventava a sugestão de criar uma valência especializada<br />

em gestão hospitalar. A Direção da APAH, e<br />

muito bem, insurgiu-se contra a descarada negação<br />

da realidade e o caráter provocatório com que isso<br />

era senti<strong>do</strong> pelos AH.<br />

Em 2015, GH entrevista Paulo Mace<strong>do</strong>, Francisco<br />

Ramos e Alexandre Quintanilha.<br />

Em 2016, Artur Vaz, num excelente artigo de opinião<br />

publica<strong>do</strong> no n<strong>º</strong> 8,março, sob o título “Oportunidades<br />

Perdidas” dizia: “…seria suposto que a virtuosa<br />

reforma…<strong>do</strong>s CSP…tivesse ti<strong>do</strong> um impacto<br />

…nos padrões de utilização das urgências hospitalares,<br />

mas tal parece não se ter verifica<strong>do</strong>.” Infelizmente,<br />

<strong>do</strong>is anos depois, o que parecia, confirma-se…<br />

Em 2017, Alexandre Lourenço, dá uma excelente<br />

entrevista à GH (n<strong>º</strong> 9, abril/maio/junho) em que<br />

reforça os valores <strong>do</strong>s Administra<strong>do</strong>res <strong>Hospitalar</strong>es<br />

e traça um caminho inova<strong>do</strong>r e dinâmico para a<br />

APAH. Caraterísticas que se têm vin<strong>do</strong> a confirmar<br />

e de que GH tem feito eco: a “Academia APAH”, o<br />

Prémio Margarida Bentes, as “Conferências de Valor”,<br />

o IX Forum <strong>do</strong> Medicamento e o regresso <strong>do</strong><br />

Prémio Coriolano Ferreira, para o melhor aluno <strong>do</strong><br />

CEAH da ENSP, são exemplos.<br />

O profissionalismo da gestão hospitalar, a autonomia<br />

<strong>do</strong>s hospitais, a carreira de administração hospitalar<br />

revisitada, as questões <strong>do</strong> financiamento, são<br />

temas presentes e destaca<strong>do</strong>s nestes últimos números<br />

de GH.<br />

A par de justas homenagens póstumas a Augusto<br />

Mantas, João Urbano, Margarida Bentes e João Santos<br />

Car<strong>do</strong>so, este último recentemente desapareci<strong>do</strong><br />

e que foi presidente da APAH na década de 80.<br />

É este o retrato <strong>do</strong>s 35 anos da nossa revista. Em<br />

que houve que fazer opções de entre o muito que se<br />

publicou, e face à variedade <strong>do</strong>s temas e à intensidade<br />

<strong>do</strong>s debates.<br />

Percebe-se bem, ao longo da vida de GH, a passagem<br />

de vários governos, com diferentes cores e,<br />

sobretu<strong>do</strong>, diferentes sensibilidades quanto à profissionalização<br />

da gestão hospitalar.<br />

35 Anos de uma riqueza informativa, técnica e científica<br />

que prestigiaram a profissão e os profissionais,<br />

alertaram consciências e despertaram vontades. Mas<br />

que, sobretu<strong>do</strong>, colocaram os AH em patamares de<br />

reconhecimento, liderança e respeitabilidade inquestionáveis.<br />

Continuemos, pois, com a GH, a respeitar<br />

esta História, construin<strong>do</strong> o futuro. Ã<br />

Permanecer competitivo depende <strong>do</strong> valor que aporta<br />

80


GESTÃO<br />

HOSPITALAR<br />

Número 29<br />

Capa<br />

e artigo<br />

83


GH REEDIÇÃO<br />

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GH REEDIÇÃO<br />

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GESTÃO<br />

HOSPITALAR<br />

Número 31<br />

Capa<br />

e artigo<br />

89


GH REEDIÇÃO<br />

90 91


GH REEDIÇÃO<br />

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GH REEDIÇÃO<br />

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GH REEDIÇÃO<br />

96 97


GH REEDIÇÃO<br />

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98<br />

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FOLLOW US ON:


GESTÃO<br />

HOSPITALAR<br />

Número 33<br />

Capa<br />

e artigo<br />

101


GH REEDIÇÃO<br />

102 103


GH REEDIÇÃO<br />

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GH REEDIÇÃO<br />

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GH REEDIÇÃO<br />

108 109


GH REEDIÇÃO<br />

Better Health, Brighter Future<br />

Podemos sempre fazer mais para melhorar a vida das pessoas.<br />

Impulsiona<strong>do</strong>s pela paixão de realizar este objetivo, a Takeda<br />

proporciona medicamentos inova<strong>do</strong>res à sociedade desde a sua<br />

fundação em 1781.<br />

Hoje, combatemos diversos problemas de saúde em to<strong>do</strong> o Mun<strong>do</strong>,<br />

desde a sua prevenção à cura. Mas a nossa ambição mantém-se:<br />

encontrar novas soluções que façam a diferença e disponibilizar<br />

melhores fármacos que ajudem o maior número de pessoas possível,<br />

o mais rápi<strong>do</strong> que conseguirmos.<br />

Com a ampla experiência, sabe<strong>do</strong>ria e perseverança da nossa equipa,<br />

a Takeda terá sempre o compromisso de melhorar o amanhã.<br />

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110


GH REEDIÇÃO<br />

GESTÃO<br />

HOSPITALAR<br />

Setembro 2002<br />

Capa<br />

e artigo<br />

112 1<strong>13</strong>


GH HISTÓRIA<br />

A Reforma <strong>Hospitalar</strong><br />

Pedro Lopes<br />

Presidente da APAH (2008-20<strong>13</strong>)<br />

Corria o ano de 1988 quan<strong>do</strong> numa<br />

atitude de rutura com um enquadramento<br />

jurídico hospitalar eminentemente<br />

público foi cria<strong>do</strong> o novo regime<br />

jurídico <strong>do</strong>s hospitais, através <strong>do</strong><br />

Decreto-Lei n.<strong>º</strong> 19/88, de 21 de janeiro, caracteriza<strong>do</strong><br />

por uma visão gestionária fortemente empresarial.<br />

O crescimento exponencial <strong>do</strong>s custos na saúde e<br />

a consequente cada vez maior dimensão <strong>do</strong>s hospitais<br />

portugueses justificaram a necessidade de a<strong>do</strong>tar<br />

princípios de gestão e administração empresariais<br />

sugerin<strong>do</strong>-se, ainda, a criação de centros de responsabilidade<br />

como níveis intermédios de administração.<br />

Estruturas intermédias de gestão que tiveram a sua<br />

tradução legal no Decreto-Lei n.<strong>º</strong> 374/99, de 18 de<br />

Setembro, referin<strong>do</strong> que os centros de responsabilidade<br />

integra<strong>do</strong>s deviam constituir verdadeiros órgãos<br />

de gestão intermédia com poder decisório basea<strong>do</strong>s<br />

em orçamentos-programa negocia<strong>do</strong>s com<br />

os respetivos órgãos de gestão.<br />

A preocupação com o aprofundamento da empresarialização<br />

<strong>do</strong>s hospitais deu origem a um novo<br />

diploma legislativo, o Decreto-Lei n.<strong>º</strong> 188/2003, de<br />

20 de Agosto que pretendeu ajustar o modelo de<br />

organização hospitalar às respetivas necessidades<br />

em saúde, conferin<strong>do</strong> uma maior capacidade diretiva<br />

aos órgãos máximos e intermédios de gestão<br />

e que ficou conheci<strong>do</strong> com o nome de “hospitais<br />

com estatuto S.A.”, ou seja, sociedade anónima. Passou<br />

a exigir-se grande capacidade de liderança com<br />

a atribuição de mais autonomia por contrapartida da<br />

exigência de maior responsabilidade e consequente<br />

obtenção de melhores resulta<strong>do</strong>s.<br />

Um novo paradigma de financiamento substituiu o<br />

modelo tradicional de financiamento basea<strong>do</strong> em<br />

orçamentos históricos, por um novo regime de pagamento<br />

pelos atos pratica<strong>do</strong>s.<br />

A possibilidade de privatização <strong>do</strong>s hospitais S.A. e a<br />

necessidade de manter, de forma inequívoca, a sua<br />

natureza pública manten<strong>do</strong>, no entanto, a sua vertente<br />

empresarial, deu origem a um novo diploma<br />

legislativo, o Decreto-Lei n.<strong>º</strong> 233/2005, de 29 de dezembro<br />

que ficou conheci<strong>do</strong> com o nome de “hospitais<br />

E.P.E.”, ou seja, entidade pública empresarial.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, a necessidade de integrar cuida<strong>do</strong>s<br />

de saúde primários com cuida<strong>do</strong>s de saúde hospitalares<br />

e a consequente uniformização da respetiva<br />

legislação levou à criação de um novo diploma legislativo,<br />

o Decreto-Lei n.<strong>º</strong> 12/2015, de 26 de janeiro.<br />

Finalmente, com vista a concentrar num único diploma<br />

o regime jurídico das entidades que integram o<br />

SNS (serviço nacional de saúde) e para melhorar a<br />

articulação entre os diferentes níveis de cuida<strong>do</strong>s de<br />

saúde, primários, hospitalares, continua<strong>do</strong>s e paliativos<br />

e ainda para gerar ganhos de eficiência e eficácia<br />

no sistema, foi cria<strong>do</strong> um novo diploma legislativo, o<br />

Decreto-Lei n.<strong>º</strong> 18/2017, de 10 de fevereiro.<br />

Estas foram, no perío<strong>do</strong> mais recente e após 25 de<br />

abril, sem nunca esquecer a Lei n.<strong>º</strong> 56/79, de 15 de<br />

setembro que criou o SNS, os <strong>do</strong>cumentos legislativos<br />

verdadeiramente estruturantes das reformas da<br />

gestão hospitalar. Em resposta às críticas, aos estu-<br />

<strong>do</strong>s, aos fóruns e a outras realizações que referiam<br />

a dificuldade e mesmo impossibilidade de gerir estas<br />

instituições de saúde num contexto normativo de<br />

pen<strong>do</strong>r essencialmente burocrático-administrativo,<br />

caracteriza<strong>do</strong> pelas regras que definiam a gestão<br />

pública e navegan<strong>do</strong> a nova onda <strong>do</strong>s recentes conceitos<br />

da nova administração pública, a NPA (new<br />

public administration), surgiram to<strong>do</strong>s estes normativos<br />

fortemente influencia<strong>do</strong>s pelos princípios da<br />

gestão empresarial.<br />

A possibilidade de ter partilha<strong>do</strong> este projeto arroja<strong>do</strong><br />

de mudança e a atual reflexão sobre o mesmo,<br />

atentas as questões ligadas aos orçamentos<br />

inadequa<strong>do</strong>s, à manutenção das listas de espera, ao<br />

crescimento <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s produtos, fruto <strong>do</strong> endividamento<br />

<strong>do</strong>s hospitais, à falta de avaliação <strong>do</strong>s<br />

mesmos particularmente <strong>do</strong>s seus resulta<strong>do</strong>s e à recente<br />

manifesta desproporcionalidade de capacidade<br />

decisória <strong>do</strong>s ministérios acionistas, com preponderância<br />

<strong>do</strong> Ministério as Finanças, tem origina<strong>do</strong><br />

grande preocupação e alguma desilusão.<br />

Porque se fala tanto de reformas estruturais sou de<br />

opinião que na saúde criamos excelentes normativos<br />

verdadeiramente estruturantes, só não tivemos<br />

o engenho e a arte de os colocar, na sua totalidade,<br />

no terreno.<br />

Os <strong>do</strong>is artigos que escolhi para constarem da<br />

presente publicação, da autoria <strong>do</strong> administra<strong>do</strong>r<br />

hospitalar Paulo Salga<strong>do</strong>, intitula<strong>do</strong> “Modesta homenagem<br />

a Margarida Bentes – Qualidade e racionalidade<br />

económica” e da minha própria autoria,<br />

o editorial “Sustentabilidade <strong>do</strong> SNS”, elabora<strong>do</strong>s<br />

no perío<strong>do</strong> em que tive responsabilidades<br />

enquanto Presidente da Associação Portuguesa<br />

de Administra<strong>do</strong>res <strong>Hospitalar</strong>es (APAH)<br />

e constantes das revistas que na altura publicamos,<br />

são bem o exemplo <strong>do</strong> nosso contributo enquanto<br />

administra<strong>do</strong>res e gestores hospitalares para<br />

esta reforma.<br />

Somos perseverantes e otimistas e porque gostamos<br />

de gerir na saúde e acreditamos nas nossas capacidades<br />

e no compromisso para com o SNS, com<br />

estes e outros ventos asseguraremos o futuro <strong>do</strong>s<br />

nossos hospitais. Ã<br />

114


GH REEDIÇÃO<br />

GESTÃO<br />

HOSPITALAR<br />

Número 43<br />

Capa<br />

e artigo<br />

116 117


GH REEDIÇÃO<br />

GESTÃO<br />

HOSPITALAR<br />

Número 46<br />

Capa e<br />

editorial<br />

GESTÃO<br />

HOSPITALAR<br />

Número 1<br />

Capa<br />

e artigo<br />

118 119


GH REEDIÇÃO<br />

120 121


GH REEDIÇÃO<br />

122


GESTÃO HOSPITALAR N<strong>º</strong><strong>13</strong> ESPECIAL 35<strong>º</strong> ANIVERSÁRIO

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