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Arte que inventa afetos - ebook

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ARTE QUE INVENTA AFETOS 79<br />

portanto, é invenção, é criação de linhas de fuga para a potência de vida.<br />

Nesse sentido, localizo o pesquisador como um escritor a produzir desvios<br />

nos modos de conceber o mundo a partir de suas experiências singulares<br />

e coletivas. A escrita vem como um devir, como um inacabamento,<br />

ou seja, como um processo.<br />

Deleuze (1997) traz em seu conceito de gagueira uma problematização<br />

de escrita como invenção, a pensar o processo de composição<br />

do texto. Quando o filósofo provoca a pensar as diferenças <strong>que</strong> se põem<br />

entre os artigos ‘um’ e ‘o’, abre espaço, portanto, para problematizar<br />

qual posicionamento é ocupado no ato de pesquisar. Para Deleuze<br />

(1997, p. 123), “o artigo indefinido ‘um’ percorrerá toda a zona de variação<br />

compreendida num movimento de particularização, e o artigo<br />

definido ‘o’, toda a zona compreendida num movimento de generalização”.<br />

Portanto, podemos assinalar uma escrita a partir de um processo<br />

singular. Escrever é invenção de realidades e de si. Como um<br />

processo, ressalto a importância do diário <strong>que</strong> acompanha o pesquisador,<br />

chamado aqui de “Diário de criação”, pois, ao entender tal dispositivo<br />

como um lugar de experiência da pesquisa, toma-se também<br />

como um lugar de criação de possibilidades.<br />

Inconclusões<br />

Pensar o lugar do pesquisador e os seus processos de escrita: uma<br />

inquietação produz-se entre o fazer e saber. Diversas direções surgem e<br />

precisamos fazer escolhas, pois são intensos os caminhos percorridos<br />

no processo de pesquisa. Este texto toma as palavras de Bondía (2002)<br />

ao entender o saber da experiência como uma exposição. Pois, percebo<br />

o pesquisador como um sujeito <strong>que</strong> se expõe a uma experiência <strong>que</strong> lhe<br />

é desafiante: a ação de produzir direções, aproximações, um saber a<br />

respeito de um conhecer. Entendo o escrever como um entre, um devir,<br />

o tempo da criação de um certo sensível, um invisível <strong>que</strong> circula e se<br />

expõe quando se está pesquisando.<br />

O momento da escrita do texto é o tempo da intensidade, da incerteza,<br />

da angústia, da alegria. Cada palavra vira uma festa. Dessa<br />

forma, compreendo o pensar como um ato de abalos sísmicos em estru-

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