20.08.2018 Views

Arte que inventa afetos - ebook

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

78<br />

Estudos da Pós-Graduação<br />

Como pôr em palavras toda a trama <strong>que</strong> nos envolve ao pesquisar?<br />

Há algo de sensível <strong>que</strong> nos cerca, pois pôr a experiência do<br />

pesquisar em palavras, frases, texto, está em meio a um envolvimento<br />

com forças invisíveis relacionadas à criação. Penso, aqui, o pesquisador<br />

como escritor desses invisíveis <strong>que</strong> o cercam, escritor de um pensamento<br />

por vir.<br />

O diário de criação é pensado a partir de experimentações de<br />

Gorczevski e Farias (2014) como componente do processo de criação<br />

da pesquisa, e também como potência do pesquisador <strong>inventa</strong>r a si em<br />

tal processo. Ao partir da experiência de o pesquisador fazer o seu próprio<br />

caderno em oficinas realizadas, 20 as autoras entendem o diário<br />

como ponto de encontro das experiências cotidianas.<br />

Gorczevski e Farias (2014) partem da proposição de Maturana<br />

(2001) do pesquisador como um observador com o desejo ou a paixão<br />

pelo explicar. O autor explica <strong>que</strong> o fazer científico ou o pesquisar é<br />

uma atividade humana como outra qual<strong>que</strong>r e acontece em domínios de<br />

ações especificados e definidos por uma emoção fundamental. É a<br />

curiosidade a emoção fundamental <strong>que</strong> especifica o domínio de ações<br />

no qual a ciência acontece.<br />

É a partir desse olhar do curioso <strong>que</strong> chamo atenção a respeito do<br />

pesquisador <strong>que</strong> produz envolto por suas paixões e curiosidades. Do<br />

momento em <strong>que</strong> produz o seu próprio diário, o pesquisador está a fazer<br />

deslocamentos nos modos de conceber a pesquisa e a produção de pensamento<br />

e conhecimento. Então, tenho pensado a pesquisa como experiência<br />

singular, o <strong>que</strong> me leva a seguinte interrogação: de <strong>que</strong> modo<br />

acontece a escrita de tal experiência, em <strong>que</strong> o pesquisador propõe-se a<br />

um fazer artístico e manual?<br />

Em seus estudos relacionados à literatura, subjetividade e vida,<br />

Deleuze (1992) afirma <strong>que</strong> escrever “é um fluxo entre outros”. Escrever,<br />

20<br />

Entre os anos de 2011 e 2012, as autoras realizaram experimentações chamadas de oficinas<br />

‘Costurando cotidianos’, com a proposta para coletivos de pesquisa e estudantes<br />

<strong>que</strong> se estão iniciando no processo de pesquisar produzirem seus próprios cadernos <strong>que</strong><br />

os acompanhassem no processo de pesquisa. Para mais detalhes, consultar: Gorczevski<br />

e Farias (2014).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!