20.08.2018 Views

Arte que inventa afetos - ebook

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ARTE QUE INVENTA AFETOS 77<br />

importância do registro no trabalho do pesquisador, tanto do <strong>que</strong> é pesquisado<br />

quanto do processo de pesquisar. O registro é entendido como<br />

um dispositivo disparador dos desdobramentos da investigação.<br />

Já o diário de campo, muito utilizado na antropologia, as pesquisadoras<br />

ressaltam-no como importante elemento para a elaboração de textos<br />

<strong>que</strong> têm por finalidade produzir resultados da pesquisa. Na pesquisa etnográfica,<br />

o diário vem como um espaço para a descrição do <strong>que</strong> se observou,<br />

sendo produzido um minucioso relato “não só do <strong>que</strong> viu e viveu,<br />

falando em seu próprio nome, mas também do <strong>que</strong> ouviu no campo, do<br />

<strong>que</strong> lhe contaram, os relatos dos outros sobre a sua própria experiência”<br />

(CAIAFA, 2007, p. 138 apud BARROS; KASTRUP, 2010, p. 71).<br />

A escrita no caderno do pesquisador também pode vir como diária,<br />

como nos sugerem Regina Passos e Eduardo Passos (2010) como<br />

um acolhimento da experiência <strong>que</strong> o pesquisador está a passar. Os pesquisadores<br />

trazem a proposta de um diário de bordo <strong>que</strong> se dá por troca<br />

de correspondências, no sentido de deslocar os modos de deslocar a<br />

escrita, pois o processo da pesquisa torna-se o texto a ser publicado,<br />

dissolvendo barreiras no processo de escrever.<br />

As relações estabelecidas pelo pesquisador, o lugar ocupado e os<br />

deslocamentos produzidos na experiência do pesquisar tomam forma<br />

na ação do escrever. Imaginemos o momento da escrita como o fazer<br />

origamis: um papel liso começa a ganhar formas com dobras e desdobramentos,<br />

até uma forma ser feita. Esse processo constitui-se de tentativas,<br />

combinações, formas, deformações etc. Dúvidas cercam-nos e as<br />

escolhas precisam ser feitas. De tal modo, podemos pensar o processo<br />

de escrita em <strong>que</strong> formas precisam ser apresentadas em um texto.<br />

Zanella (2012) discute a escrita como modo de organizar a pesquisa.<br />

A autora faz relação do ato de pesquisar como um poliedro, apresentando<br />

várias faces: o percurso e os resultados, a problemática e as<br />

escolhas teórico-metodológicas etc.<br />

Tais faces compõem a escrita da pesquisa e constituem-se pela<br />

intensa dedicação do pesquisador <strong>que</strong> se propõe a pôr em palavras a<br />

experiência vivida na investigação. No entanto, o escrever passa por<br />

vias invisíveis, pois tal ação não é apenas transcrever o processo de<br />

pesquisa, é sim, produção de pensamento e conhecimento.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!