20.08.2018 Views

Arte que inventa afetos - ebook

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

74<br />

Estudos da Pós-Graduação<br />

metas e teorias de um percurso ético-estético e político de produção de<br />

conhecimento, atentando-nos às palavras de Foucault:<br />

[...] O conhecimento, no fundo, não faz parte da natureza humana.<br />

É a luta, o combate, o resultado de combate e conse<strong>que</strong>ntemente<br />

o risco e o acaso <strong>que</strong> vão dar lugar ao conhecimento. O<br />

conhecimento não é instintivo, assim como ele não é natural, é<br />

contra-natural [...] (FOUCAULT, 1996, p. 17 apud LEMOS e<br />

ROCHA, 2012, p. 185).<br />

Pensarmos as desnaturalizações ao experimentar a prática de<br />

pesquisa na desfiliação do conhecimento, do pensamento como algo<br />

<strong>que</strong> está dado, é propor a invenção, fazer surgir interrogações nos movimentos<br />

do sujeito envolvido em saberes e poderes. Então, como dar a<br />

ver o <strong>que</strong> acontece entre pesquisador e a pesquisa?<br />

Lobo (2012), com referência em Foucault, compreende a pesquisa<br />

como experiência, partindo do plano pessoal em relação com processos<br />

<strong>que</strong> envolve o pesquisador.<br />

Uma experiência é alguma coisa da qual a gente mesmo sai transformado.<br />

Se eu tivesse <strong>que</strong> escrever um livro para comunicar o<br />

<strong>que</strong> eu já penso, antes de ter começado a escrever, eu jamais teria<br />

coragem de empreendê-lo. Eu não o escrevo senão por<strong>que</strong> eu não<br />

sei ainda exatamente o <strong>que</strong> pensar desta coisa <strong>que</strong> eu gostaria<br />

tanto de pensar. [...] Eu sou um experimentador no sentido <strong>que</strong><br />

eu escrevo para me mudar e não mais pensar a mesma coisa <strong>que</strong><br />

antes (FOUCAULT, 2001, p. 860 e 861 apud LOBO, 2012, p. 18).<br />

Bondía (2002), também partindo da proposta do saber a partir da<br />

experiência, aborda o sentido das palavras como criadoras de realidades<br />

e como mecanismos de subjetivação. O autor afirma <strong>que</strong> pensamos a<br />

partir de nossas palavras, e sobretudo, pensar é sentido ao <strong>que</strong> nos acontece.<br />

Ou seja, pensar e escrever são ações indissociáveis do pesquisador.<br />

Muitos são os <strong>que</strong>stionamentos <strong>que</strong> cercam o pesquisador em seu<br />

cotidiano de pesquisa, e deste modo, pergunta-se: como pôr em palavras<br />

as experiências, impressões vividas e produzir um pensamento a<br />

partir de então?

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!