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Arte que inventa afetos - ebook

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ARTE QUE INVENTA AFETOS 73<br />

Francisco Varela (1995) são biólogos e nesses estudos estão a pensar o<br />

ser vivo; Deleuze e Guattari (1992) são filósofos a pensar subjetividades<br />

no campo do pensamento da diferença. Porém, são autores com<br />

produções importantes cada vez mais visitadas para discussões a respeito<br />

da vida como criação em diversas áreas, como artes, educação,<br />

psicologia, design, comunicação etc.<br />

Ao tratar a pesquisa como um processo de criação político, ético<br />

e estético, Rolnik (1993) oferece como possibilidade de pensar o pesquisar<br />

como pensamento em devir. A autora afirma o ético no sentido de<br />

rigor com <strong>que</strong> as diferenças são escutadas; estético, por estar no domínio<br />

da criação; político como resistência a manter um corpo vibrátil,<br />

18 em atenção às marcas <strong>que</strong> nos produzem diferenças.<br />

No entanto, Rolnik (1993) propõe, ao <strong>que</strong> chama de ‘marcas’,<br />

uma espécie de memória do invisível. Não é de fatos cronológicos<br />

<strong>que</strong> estamos tratando, são de composições <strong>que</strong> vamos vivendo. A autora<br />

explica <strong>que</strong>, a partir de composições, são produzidos estados<br />

inéditos em nosso corpo e, na medida em <strong>que</strong> esses estados são produzidos,<br />

uma diferença organiza-se para a criação de um novo corpo.<br />

Desse modo, pensamos o pesquisador a produzir a partir de estados<br />

inéditos ao <strong>que</strong> se deixa ser invadido, não da produção de pensamento<br />

em um tempo cronológico, mas sim de um tempo <strong>que</strong> se faz<br />

por composições do vivido.<br />

Lemos e Rocha (2012) entendem, a partir de estudos da filosofia<br />

da diferença, o pensamento como uma prática involuntária, a partir de<br />

uma afecção <strong>que</strong> nos faça entrar no movimento do pensar. Porém, de<br />

onde surgem essas afecções? As autoras compartilham do signo como<br />

objeto de um encontro com forças desestruturantes, desviando das estabilidades<br />

de viés dicotômico (ou um ou outro) para fazer caminhos<br />

singulares, driblar conceitos e atravessar corpos, <strong>inventa</strong>r outras vias.<br />

A pensar esses conceitos na prática investigativa, Lemos e Rocha<br />

(2012) explicam os deslocamentos simultâneos do pesquisador com a<br />

pesquisa e vice-versa, na reversão de previsibilidades dos métodos,<br />

18<br />

Para uma introdução ao <strong>que</strong> a autora chama de corpo vibrátil: Rolnik (2002).

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