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Arte que inventa afetos - ebook

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ARTE QUE INVENTA AFETOS 57<br />

107). Já nos estudos de Deleuze (2007, p. 32), a <strong>que</strong>stão apresenta-se<br />

como constatação: “Civilização da imagem? Na verdade uma civilização<br />

do clichê, na qual todos os poderes têm interesse em nos encobrir<br />

as imagens, não forçosamente em nos encobrir a mesma coisa, mas em<br />

encobrir alguma coisa na imagem”.<br />

Cenário <strong>que</strong> se constitui na overdose de imagens e produção de<br />

lugar-comum, em se tratando de analisar e mesmo operar com os modos<br />

de produção capitalística. Nas palavras de Lazzarato (2006), 9 o capitalismo<br />

segue afirmando a relação entre a tecnologia, o saber e o próprio<br />

capital. O <strong>que</strong> muda é o tipo de tecnologia e de saber envolvidos na<br />

relação. São tecnologias novas <strong>que</strong> concernem à mente, tecnologias<br />

biológicas. E o saber mudou por<strong>que</strong> diz respeito a essas relações. O<br />

Capitalismo Cognitivo 10 trabalha contemplando todas essas relações e<br />

saberes. Também sobre as relações cognitivas, de opinião, sobre o trabalho<br />

da mente, sobre formas de comunicação. 11<br />

E, pensando em termos da produção científica, parece vital trazer<br />

à tona a suspeita relacionada ao modo como produzimos conhecimento<br />

científico, como enunciado anteriormente, nas palavras de Calvino<br />

(1990, p. 106): “a difusão acadêmica de uma cultura média”.<br />

Provocações à parte, essas suspeitas foram, de certo modo, mobilizadoras<br />

de uma escolha. Investigando aspectos da cultura e do audiovisual,<br />

e de seus possíveis acoplamentos na paisagem contemporânea,<br />

deparamo-nos, mais uma vez, com a compreensão do “imaginário<br />

indireto” <strong>que</strong>, nas palavras deste Calvino, significa: “[...] o conjunto de<br />

imagens <strong>que</strong> a cultura nos fornece, seja ela cultura de massa ou outra<br />

forma qual<strong>que</strong>r de tradição” (CALVINO, 1990, p. 107).<br />

9<br />

Em entrevista ao repórter Eduardo Carvalho, Maurizio Lazzarato, filósofo e sociólogo<br />

italiano radicado na França, fala sobre o trabalho imaterial, capitalismo cognitivo, futuro<br />

das es<strong>que</strong>rdas, pós-socialismo e sobre seu trabalho com artistas desempregados na<br />

França. Revista Carta Maior. 05.12.2006.<br />

10<br />

Também chamado de Economia do Conhecimento, este conceito busca rever paradigmas<br />

da teoria econômica e tem na microeletrônica e nas novas tecnologias de comunicação<br />

e informação a base de uma sociedade pós-industrial, na qual o valor decorre<br />

da difusão acelerada e da lenta socialização do saber.<br />

11<br />

Lazzaroto (2006). Entrevista na Revista Carta Maior. 05.12.2006. Não paginado.

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