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Arte que inventa afetos - ebook

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Estudos da Pós-Graduação<br />

Escrever é um caso de devir, sempre inacabado, sempre em via<br />

de fazer-se e <strong>que</strong> extravasa qual<strong>que</strong>r matéria vivível ou vivida.<br />

É um processo, ou seja, uma passagem de Vida <strong>que</strong> atravessa o<br />

vivível e o vivido (DELEUZE, 1997, p. 11).<br />

Essa escrita-ferramenta atravessa todos os momentos do processo<br />

da pesquisa. Ela participa da configuração do campo e do problema,<br />

é modulada pela conversa com a<strong>que</strong>les <strong>que</strong> povoam o domínio<br />

de conhecimento no qual nos encontramos e coloca em <strong>que</strong>stão quais<br />

as maneiras e formas de narrar um processo de produção de conhecimento<br />

no qual vários actantes (humanos e não humanos) estão presentes.<br />

A escrita constitui os diários de campo, os registros de experiências<br />

(narrativas <strong>que</strong> acompanham o processo e suas afetações), os<br />

relatórios, documentos e artigos. Sua ubiquidade faz com <strong>que</strong> seja um<br />

importante actante de uma política da narratividade, constituindo um<br />

elemento central e modulador da política cognitiva <strong>que</strong> o pesquisar<br />

coloca em ação.<br />

Pesquisar como política cognitiva<br />

Os itens acima desenvolvidos não contemplam todos os momentos<br />

e movimentos do método no desenrolar de uma pesquisa. A<br />

busca de completude certamente não poderia ser nossa meta uma vez<br />

<strong>que</strong> propomos <strong>que</strong> o método, embora possa ter um desenho inicial, se<br />

recria no processo do pesquisar. Dessa forma, não existe um modelo<br />

completo a ser seguido. Embora necessitemos de um mapa inicial, ele<br />

vai se modificando com os acontecimentos do campo e as tomadas de<br />

decisão deles decorrentes, seja ele um campo teórico, documental ou<br />

empírico. A relação de método-processo, ou método-estratégia, como<br />

destacamos no início do capítulo, já aponta para uma política cognitiva<br />

de criação. Nessa política inventiva a pesquisa <strong>que</strong>stiona e problematiza<br />

o conhecimento já construído, ela esburaca um saber, mais do <strong>que</strong><br />

o completa ou o encaminha para sua realização.<br />

Tomada em sua processualidade, uma prática de pesquisa se configura<br />

como um empreendimento cognitivo e político, pois, dependendo

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