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Arte que inventa afetos - ebook

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314<br />

Estudos da Pós-Graduação<br />

<strong>que</strong> descreve um pouco o Coletivo, a chegada dos restos mortais de<br />

Bergson Gurjão, desaparecido durante 30 anos. Esse movimento foi o<br />

disparador e o despertar do desejo de criar um coletivo artístico cuja<br />

utopia era encontrar desaparecidos políticos do período da ditadura civil-militar<br />

entre 1964-1985, ou mesmo tornar visível espalhando fotos<br />

pelos muros da cidade.<br />

Tendo sua formação inicial com três estudantes de <strong>Arte</strong>s Visuais, o<br />

Coletivo, ainda em 2010, ano de formação, começa a explorar a potencialidade<br />

da arte política no sentido de intervir na cidade, revelando as<br />

marcas da ditadura militar presentes no espaço público. Apesar de um<br />

plano de fundo com uma carga política muito forte, o coletivo segue intervindo<br />

com expressões da arte urbana, 172 como grafite, estêncil, lambe-<br />

-lambe, entre outras. Como afirma Alexandre Mourão, integrante do<br />

Coletivo, “é uma forma de agir na cidade, nos lugares, nos mapas urbanos<br />

e em diversas subjetividades sociais e individuais”, 173 confluindo filosofia,<br />

arte e comunicação na perspectiva de intervir no espaço urbano.<br />

As possibilidades de criação, invenção e intervenção ultrapassam<br />

os limites das ruas e são ampliados a partir do uso das tecnologias, editando<br />

e re<strong>inventa</strong>ndo intervenções também na internet, em sites de<br />

compartilhamento de imagens. Nesse sentido, afirma-se o espaço virtual<br />

também como espaço de atuação, ampliando em escala as experimentações<br />

desenvolvidas no espaço físico. Assim, o Coletivo vem experimentando<br />

o poder de intervir e <strong>inventa</strong>r transitando pelos campos<br />

da comunicação, da arte e também da política, modificando a paisagem<br />

172<br />

O texto de Mesquita (2008, p. 133), Suzanne Lacy popularizou o termo “novo gênero<br />

de arte pública” para assim afirmar uma história alternativa da arte urbana e de interesse<br />

público. Para Lacy, esse novo gênero de arte pública propõe um modelo democrático<br />

de comunicação baseado na participação e na colaboração de uma comunidade na<br />

produção de um trabalho de arte visual. Através de uma intervenção social <strong>que</strong> experimenta<br />

situações transitórias e amplia seus efeitos discursivos, artistas-ativistas utilizaram<br />

meios tradicionais e não tradicionais de produção visual (pintura, escultura, arte urbana,<br />

teatro de guerrilha, instalações, outdoors, posters, protestos e ações) para interagir com<br />

o público diverso, abordando assuntos relevantes às suas vidas, como política de moradia,<br />

violência, racismo, pobreza e desemprego.<br />

173<br />

Texto de apresentação retirado do site do Coletivo Os Aparecidos Políticos. Disponível<br />

em: http://www.aparecidospoliticos.com.br/sobre-nos/. Acessado em 18 de abril de 2014.

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