20.08.2018 Views

Arte que inventa afetos - ebook

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ARTE QUE INVENTA AFETOS 309<br />

dade instaurado pela ditadura. Neste texto, apresentaremos o ponto de<br />

contato entre as obras do português Artur Barrio (1970) e do Coletivo<br />

Aparecidos Políticos, o qual acompanhamos desde 2011 a partir das<br />

aproximações feitas com o Coletivo de Pesquisa In(ter)venções. 164<br />

Barrio é considerado o primeiro artista a realizar grandes instalações<br />

em espaços públicos com materiais até então incomuns. Mais especificamente,<br />

interessa-nos o trabalho intitulado Trouxas Ensanguentadas<br />

(TE), realizado entre os anos 1969 e 1970 e produzido por meio de uma<br />

reflexão sobre os acontecimentos políticos do momento. 165 Já o Coletivo<br />

Aparecidos Políticos tem realizado intervenções nos espaços públicos<br />

de Fortaleza também com a temática da ditadura civil-militar e, em<br />

2010, produziu a intervenção Os Ex-Sem-Votos, trabalho <strong>que</strong> faz referência<br />

direta aos mortos e desaparecidos no período ditatorial. A partir<br />

desses dois trabalhos, <strong>que</strong> carregam concepções de arte política, buscaremos<br />

encontrar quais os pontos de contato entre essas intervenções<br />

produzidas em contextos históricos tão diferentes.<br />

A ideia de refletir sobre arte política nos dois trabalhos, sobretudo<br />

a partir das leituras de Jac<strong>que</strong>s Rancière (1996; 2010) e Chantal<br />

Mouffe (2007), advém do fato de <strong>que</strong> a arte, assim como é pensada por<br />

esses autores, não está dissociada da vida, das partilhas <strong>que</strong> são realizadas<br />

quando se pensam os acontecimentos históricos por caminhos<br />

sensíveis. A arte contemporânea tem despertado novas formas sensíveis<br />

de recortar e de reapresentar os processos sociais e políticos <strong>que</strong> ocorrem<br />

no mundo. São essas <strong>que</strong>stões <strong>que</strong> os trabalhos de Barrio e do Coletivo<br />

164<br />

Coletivo de pesquisa <strong>que</strong> integra os autores do presente trabalho e com o qual puderam<br />

se aproximar de outros coletivos, grupos, associações e mesmo pessoas <strong>que</strong> desenvolviam<br />

intervenções em espaços da cidade de Fortaleza sobre as mais diversas <strong>que</strong>stões.<br />

Para conhecer mais sobre a pesquisa, alguns dos trabalhos desenvolvidos nessa coletânea<br />

apresentam seu percurso e ações desenvolvidas. O material da pesquisa pode<br />

também ser acessado em: .<br />

165<br />

O primeiro contato com a obra de Barrio e também com o conceito de arte política de<br />

maneira mais aprofundada partes das contribuições do professor Moacir dos Anjos na<br />

disciplina Tópicos Especiais II, ministrada no Programa de Pós-Graduação em <strong>Arte</strong>s da<br />

Universidade Federal do Ceará (UFC), no segundo semestre de 2013. Durante os encontros,<br />

além da aproximação com as obras e artistas <strong>que</strong> trabalham a arte na perspectiva<br />

da arte política, foi possível problematizar e debater <strong>que</strong>stões acerca do <strong>que</strong> o conceito<br />

nos apresenta.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!