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Arte que inventa afetos - ebook

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ARTE QUE INVENTA AFETOS 281<br />

Assim, o processo era constituído por ações <strong>que</strong>, portanto, procuravam<br />

considerar o todo, rompendo com saberes fragmentados, re<strong>inventa</strong>ndo<br />

a democracia nos diversos estágios do campo social e entendendo<br />

<strong>que</strong> o conhecimento deve estar interligado.<br />

Cartografia, coletivo e interdisciplinaridade<br />

O método utilizado na investigação, a Cartografia, promove a desnaturalização<br />

“dos modelos hegemônicos historicamente construídos de<br />

se fazer pesquisa” (COIMBRA; NASCIMENTO, 2012, p. 131), ao não<br />

se tratar de pesquisar algo, mas com algo ou alguém (BARROS;<br />

KASTRUP, 2009). Assim, é proposto <strong>que</strong> o pesquisador mergulhe no<br />

plano da experiência, elaborando análises de forma implicada, ainda <strong>que</strong><br />

[...] para <strong>que</strong> se possa ter certa estabilidade na pesquisa cartográfica,<br />

certos cuidados devem ser observados – como a coerência<br />

conceitual, a força argumentativa, o sentido de utilidade dentro<br />

da comunidade científica e a produção de diferença; enfim, o<br />

rigor científico (KIRST et al., 2003, p. 97).<br />

Além disso, o método centra-se no coletivo de forças, <strong>que</strong> se<br />

configura como “um centro de convergência de pessoas e práticas, mas<br />

também de trocas e mutações” (MIGLIORIN, 2012, p. 2), mantendo-se<br />

aberto a interações com a comunidade e implicando “também na entrada<br />

de diversas coleções de objetos técnicos, de fluxos materiais e<br />

energéticos, de entidades incorporais, de idealidades estéticas etc.”<br />

(GUATTARI; ROLNIK, 1996, p. 319).<br />

Em outras palavras, e entre outras particularidades, o método<br />

constrói-se com diversos saberes e sensibilidades, valorizando a participação<br />

coletiva e social, ou seja, aponta para uma ação não hierarquizada<br />

interdisciplinar e/ou transdisciplinar de produção.<br />

Félix Guattari (1992b), conceitua o termo interdisciplinaridade<br />

como um movimento interno das transformações das ciências, sendo<br />

uma transversalidade entre a ciência, o social, o estético, o ético e o<br />

político. O filósofo substitui o termo por transdisciplinaridade, por<br />

achar mais apropriado, haja vista <strong>que</strong> a ação do sujeito precisa fazer-se

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