20.08.2018 Views

Arte que inventa afetos - ebook

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ARTE QUE INVENTA AFETOS 27<br />

da folha está o abacate!” Com sua ajuda seu amigo finalmente<br />

vê o abacate e consegue colhê-lo. Produziu-se uma congruência<br />

operacional entre você e seu amigo. Na pesquisa necessitamos<br />

explicitar quais foram os processos de distinção <strong>que</strong><br />

utilizamos para fazer aparecer o objeto/problema de pesquisa<br />

e <strong>que</strong>, assim, possa ser reconhecido pela comunidade de observadores.<br />

Ou seja, devemos convidar o interlocutor a se colocar<br />

em uma certa posição de observação através da qual o objeto<br />

se distingue do fundo.<br />

2. A segunda operação consiste na criação de um mecanismo<br />

explicativo (hipótese de trabalho e conceitos articulados) <strong>que</strong>,<br />

posto a funcionar, gere o fenômeno em congruência com a<br />

experiência de um observador-padrão. Aqui o observador-padrão<br />

pode ser traduzido por uma posição estabilizada dentro<br />

de um domínio de conhecimento. Ou seja, um observador<br />

<strong>que</strong>, partilhando os critérios de validação do domínio, possa<br />

aceitar o mecanismo explicativo proposto. Não significa, portanto,<br />

um observador qual<strong>que</strong>r, pois ele precisa ser sensível às<br />

distinções feitas dentro do domínio. Se <strong>que</strong>ro explicar, por<br />

exemplo, o fenômeno da dificuldade de aprendizagem na escola,<br />

preciso montar uma hipótese, um conjunto de elementos<br />

conceituais articulados (organização institucional da educação,<br />

a estrutura física das escolas, estratégias de ensino-<br />

-aprendizagem, conceitos e experimentos sobre cognição etc.)<br />

<strong>que</strong> possam, para um observador <strong>que</strong> consiga distinguir esses<br />

domínios, parecer consistente frente a suas experiências anteriores<br />

com o campo delimitado.<br />

3. A terceira operação é a dedução, a partir do mecanismo proposto<br />

em 2, de outras experiências e fenômenos <strong>que</strong> um observador<br />

possa experienciar e todas as coerências operacionais e<br />

as condições sob as quais um observador poderia nos entender<br />

e o <strong>que</strong> teria <strong>que</strong> fazer para nos entender. Ou seja, o mecanismo<br />

explicativo precisa estar acoplado às condições experimentais<br />

nas quais um observador padrão possa reconhecê-lo e aceitá-lo<br />

como válido. Esse é o momento crucial do desenho da pes-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!