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Arte que inventa afetos - ebook

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Estudos da Pós-Graduação<br />

À diferença de nossos conhecimentos cotidianos, nos interessa o<br />

chamado conhecimento científico por<strong>que</strong> ele está baseado em operações<br />

processuais compartilhadas. Isso <strong>que</strong>r dizer <strong>que</strong> ele não parte, a<br />

princípio, de postulados dogmáticos <strong>que</strong> devem ser obedecidos, mas<br />

<strong>que</strong> tais postulados precisam ser postos à prova em experimentações<br />

<strong>que</strong> articulam humanos, objetos e inscrições como suporte da linguagem.<br />

E o critério de validação também não está fora de tal contexto,<br />

o <strong>que</strong> nos coloca o desafio de pensar a prática científica como dependente<br />

da<strong>que</strong>les <strong>que</strong> a fazem. Isso não <strong>que</strong>r dizer <strong>que</strong> tudo pode ser feito<br />

nesse domínio, mas <strong>que</strong> as ações e maneiras de validar conhecimento<br />

são condicionadas aos consensos entre pesquisadores de determinada<br />

área, de tal sorte <strong>que</strong> a obtenção desses consensos configuram a prática<br />

científica como também política.<br />

Maturana (2001) demonstra como o procedimento científico não<br />

precisa fazer referência a um mundo independente dos observadores<br />

para ser validado. Para o autor, uma explicação científica é semelhante<br />

a qual<strong>que</strong>r outra por ser uma reformulação da experiência com elementos<br />

da experiência própria ou da de outros observadores. A explicação<br />

científica se diferencia das demais por seguir um conjunto de<br />

operações específicas <strong>que</strong> se organiza mediante quatro operações<br />

inter-relacionadas:<br />

1. Definir os critérios de distinção do fenômeno <strong>que</strong> se <strong>que</strong>r explicar<br />

para <strong>que</strong> outro observador do domínio possa distingui-lo.<br />

Trata-se de compartilhar a posição de observador de<br />

maneira a <strong>que</strong> o objeto surja como um problema para a comunidade<br />

de observadores. Essa operação é semelhante à<strong>que</strong>la<br />

<strong>que</strong> fazemos em nosso cotidiano quando <strong>que</strong>remos <strong>que</strong> alguém<br />

faça uma ação próxima a nossa e <strong>que</strong> resulte na distinção de<br />

um mesmo objeto. Por exemplo, se você e um amigo estão<br />

colhendo abacates e você diz ao amigo: “Olha o abacate lá!” O<br />

seu amigo diz: “Onde, não vejo”. Você passa a coordenar ações<br />

com ele para distinguir o abacate <strong>que</strong> somente você vê, dizendo<br />

por exemplo, “Está vendo o galho a sua direita? Siga o<br />

galho mais para cima até encontrar uma folha amarelada, atrás

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