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Arte que inventa afetos - ebook

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Estudos da Pós-Graduação<br />

por<strong>que</strong> para contestar seria necessário reconstruir um laboratório para<br />

replicar os mesmos experimentos. O processo de construção de consensos<br />

pode ser mapeado pela rede de citações de artigos entre os pesquisadores,<br />

pois, à medida <strong>que</strong> uma determinada afirmação é menos<br />

contestada, ela aparecerá na forma de uma caixa-preta, ou seja, não será<br />

mais uma controvérsia, pois será considerada como um fato.<br />

Assim, a chamada revisão de literatura consiste no mapeamento<br />

da rede de citações, contestações, reproduções e de reformulações de<br />

conceitos <strong>que</strong> compõem um campo de pesquisa. Certamente, essa rede<br />

não é homogênea e não está composta apenas por escritas científicas,<br />

como é o caso de alguns campos das ciências humanas nas quais a literatura<br />

e a filosofia participam da rede de autores. Além disso, nem todos<br />

os pesquisadores compartilham dos mesmos pressupostos epistemológicos,<br />

ideológicos e políticos, o <strong>que</strong> exige <strong>que</strong> o pesquisador possa reconhecer<br />

sua vinculação institucional, e fazer perguntas como as <strong>que</strong><br />

seguem: Como esse campo se atualiza no território mais próximo?<br />

Como ele se apresenta no programa de pesquisa no qual me insiro?<br />

Como são feitas as leituras desse território?<br />

Pesquisar e conhecer<br />

Pesquisar é uma forma particular de buscarmos uma explicação<br />

para aquilo <strong>que</strong> nos interroga. Uma forma particular de fazermos referência<br />

ao conhecer <strong>que</strong> exige uma organização e sistematização <strong>que</strong><br />

geralmente não fazemos no nosso dia a dia com a experiência imediata.<br />

Se partimos da premissa de <strong>que</strong> viver é conhecer (MATURANA, 2001),<br />

toda nossa ação envolve cognição, mas nem toda ação envolve um pesquisar.<br />

Isso ocorre justamente por<strong>que</strong> se não aceitamos o pressuposto<br />

de <strong>que</strong> o conhecer consiste na apreensão de unidades ou elementos de<br />

uma realidade independente da nossa condição de observadores, nossa<br />

vivência cognitiva é sempre localizada e autorreferente. Em outras palavras,<br />

para <strong>que</strong> um conhecimento possa ser considerado objetivo ou<br />

científico, ele precisa ser compartilhado com outros observadores, e<br />

seus critérios de validade e de consistência precisam ser construídos<br />

numa prática comum <strong>que</strong> se convencionou chamar de método cientí-

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