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Arte que inventa afetos - ebook

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Estudos da Pós-Graduação<br />

Como participo desse território?<br />

Um dos primeiros movimentos do pesquisar é situar-se e constituir<br />

um território a partir do qual posicionar-se como observador implicado.<br />

Por observador entendemos nossa condição de seres vivos linguajantes<br />

<strong>que</strong> se perguntam pelo viver. As distinções recorrentes <strong>que</strong><br />

fazemos e as explicações <strong>que</strong> formulamos em relação ao mundo e a nós<br />

mesmos passam a nos constituir num processo recursivo, por isso implicado.<br />

Quando utilizamos uma palavra para nos referir a um objeto,<br />

uma classe de pessoas, ou mesmo uma dimensão de nossa percepção,<br />

compartilhamos operações <strong>que</strong> pressupõem não apenas uma história de<br />

interações humanas na linguagem, mas um espaço criativo no qual<br />

novas distinções e modulações podem ser feitas. Dizer <strong>que</strong> um observador<br />

se produz na implicação significa dizer <strong>que</strong> ele não se relaciona<br />

com os objetos como se fossem relativos a uma realidade exterior independente<br />

daquilo <strong>que</strong> faz. O <strong>que</strong> nos faz <strong>que</strong>stão depende das contingências<br />

nas quais nos encontramos. O <strong>que</strong> denominamos de mundo<br />

objetivo são consistências/estabilizações efeitos de operações <strong>que</strong><br />

existem e são mantidas em um domínio de fazeres/conhecimento, segundo<br />

critérios de validação aceitos por a<strong>que</strong>les outros observadores<br />

<strong>que</strong> participam do mesmo território.<br />

Se concebemos o pesquisador como um observador implicado,<br />

os temas e assuntos <strong>que</strong> ele deseja pesquisar não são indiferentes ao seu<br />

domínio de vivência e, por isso mesmo, re<strong>que</strong>rem <strong>que</strong> se leve em consideração<br />

seu posicionamento perante tais campos e de <strong>que</strong> maneira<br />

eles o implicam. Desse modo, a ação de pesquisa não é uma ação desinteressada,<br />

mas inserida em instituições, contextos sociais, ideológicos,<br />

técnicos e políticos <strong>que</strong> podem variar enormemente e nos quais participamos<br />

de diversas maneiras e em diversas posições.<br />

O momento no qual o pesquisador se interroga sobre seus anseios,<br />

desejos e implicações com seu tema de pesquisa é um ponto de partida<br />

para <strong>que</strong> ele se pergunte sobre se outras pessoas antes dele já se fizeram<br />

perguntas semelhantes e, se o fizeram, de <strong>que</strong> maneira delimitaram o<br />

problema de pesquisa e seu desenvolvimento. A ação de mapear a historicidade<br />

do domínio de conhecimento no qual algumas temáticas nos

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