Arte que inventa afetos - ebook
ARTE QUE INVENTA AFETOS 189 Como pesquisadores das temáticas que envolvem relações entre juventudes, comunicação, arte e micropolíticas urbanas, perguntamo- -nos: como construir estratégias metodológicas que propiciem conhecer o que é vivido nos territórios das juventudes e observar como os desafios têm sido enfrentados nas práticas de pesquisa, ensino e extensão? Uma das estratégias utilizadas para o exercício teórico-metodológico vem das contribuições da Pesquisa-Intervenção e da Cartografia. A cartografia na pesquisa In(ter)venções Na pesquisa In(ter)venções, a postura teórico-metodológica foi permeada por um diálogo permanente com os recentes estudos da epistemologia, das Artes e das Ciências Humanas e Sociais, problematizando questões transversais, tais como as relações entre pesquisa, ensino e extensão, convocando o debate de proposições inter e transdisciplinares e a relação da universidade com a cidade, em especial com os movimentos de criação e resistência juvenis que disparam – com suas intervenções urbanas e acadêmicas – provocações e questionamentos que nos forçam a pensar a relação entre arte, ciência e política. Ao afirmar o ato de pesquisar como um exercício político de produção de conhecimento-subjetividade, novas linhas de pensamento e outros analisadores foram configurados na perspectiva da invenção de métodos e procedimentos que contemplem a análise das processualidades juvenis, suas experiências de criação e produção sonora (música e rádio), visual (grafite, fotografia) e audiovisual. A análise crítica das produções-produtos e de outros materiais de expressão também fizeram parte do inventário da pesquisa, constituindo um promissor acervo da pesquisa documental. A implicação do pesquisador articula campo de pesquisa|intervenção e a análise permanente da postura|posição que ocupa, o que busca ocupar e o que lhe é designado – gênese social e teórica são indissociáveis. O conceito de implicação indica que não há polos estáveis sujeito-objeto, mas que a pesquisa se faz num espaço do meio, desestabilizando tais polos e respondendo por sua transformação. É nessa mesma direção que a Cartografia surge como um método de Pesquisa-
190 Estudos da Pós-Graduação Intervenção (PASSOS, KASTRUP, ESCÓSSIA, 2010) escolhido para mapear intensidades percebidas nos encontros com os jovens em seus fazeres artísticos, comunicacionais e comunitários. Entre os estudos interessou as contribuições de Gilles Deleuze e Felix Guattari, bem como os desdobramentos propostos por pesquisas que entrelaçam fazeres e saberes das áreas de conhecimento em arte, comunicação, cinema e psicologia social. Algumas abordagens contribuíram para o processo de construção das cartografias, em especial os trabalhos de Santos e Barone (2007), Passos, Kastrup e Escossia (2010). A cartografia tem como ênfase a dimensão processual da subjetividade, bem como o estudo de seu processo de criação e produção. Dos estudos da subjetividade, trazemos as referências da Socioanálise e da Análise Institucional, surgidas na década de 1970, na França. O trabalho da Análise Institucional pode ser visto como uma operação cujo efeito é a abertura de frestas de acesso ao invisível e indizível plano dos afetos, da escuta, do sensível, das intensidades, dos acontecimentos. Na releitura crítica desses estudos, a partir da década de 1980, surge a Esquizoanálise criada por Gilles Deleuze e Félix Guattari. O entendimento da Esquizoanálise, em se tratando da amplitude na composição do plano político e social, é reafirmado nas palavras de Foucault, citadas por Deleuze: os processos de subjetivação não têm nada a ver com a ‘vida privada’, mas designam a operação pela qual indivíduos ou comunidades se constituem como sujeitos, à margem dos saberes constituídos e dos poderes estabelecidos, podendo dar lugar a novos saberes e poderes (DELEUZE, 1992, p. 188). Cartografia é um termo que faz referência à ideia de mapa. Traçando as linhas gerais de como o cartógrafo vai compondo seu caminho, encontramos uma definição do que seja um mapa. Nas palavras de Deleuze e Guattari: O mapa é aberto, é conectável em todas as suas dimensões, desmontável, reversível, suscetível de receber modificações constantes. Ele pode ser rasgado, revertido, adaptar-se a montagens
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Como pesquisadores das temáticas <strong>que</strong> envolvem relações entre<br />
juventudes, comunicação, arte e micropolíticas urbanas, perguntamo-<br />
-nos: como construir estratégias metodológicas <strong>que</strong> propiciem conhecer<br />
o <strong>que</strong> é vivido nos territórios das juventudes e observar como os desafios<br />
têm sido enfrentados nas práticas de pesquisa, ensino e extensão?<br />
Uma das estratégias utilizadas para o exercício teórico-metodológico<br />
vem das contribuições da Pesquisa-Intervenção e da Cartografia.<br />
A cartografia na pesquisa In(ter)venções<br />
Na pesquisa In(ter)venções, a postura teórico-metodológica foi<br />
permeada por um diálogo permanente com os recentes estudos da epistemologia,<br />
das <strong>Arte</strong>s e das Ciências Humanas e Sociais, problematizando<br />
<strong>que</strong>stões transversais, tais como as relações entre pesquisa, ensino<br />
e extensão, convocando o debate de proposições inter e transdisciplinares<br />
e a relação da universidade com a cidade, em especial com os<br />
movimentos de criação e resistência juvenis <strong>que</strong> disparam – com suas<br />
intervenções urbanas e acadêmicas – provocações e <strong>que</strong>stionamentos<br />
<strong>que</strong> nos forçam a pensar a relação entre arte, ciência e política.<br />
Ao afirmar o ato de pesquisar como um exercício político de produção<br />
de conhecimento-subjetividade, novas linhas de pensamento e<br />
outros analisadores foram configurados na perspectiva da invenção de<br />
métodos e procedimentos <strong>que</strong> contemplem a análise das processualidades<br />
juvenis, suas experiências de criação e produção sonora (música<br />
e rádio), visual (grafite, fotografia) e audiovisual. A análise crítica das<br />
produções-produtos e de outros materiais de expressão também fizeram<br />
parte do inventário da pesquisa, constituindo um promissor acervo da<br />
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A implicação do pesquisador articula campo de pesquisa|intervenção<br />
e a análise permanente da postura|posição <strong>que</strong> ocupa, o <strong>que</strong><br />
busca ocupar e o <strong>que</strong> lhe é designado – gênese social e teórica são indissociáveis.<br />
O conceito de implicação indica <strong>que</strong> não há polos estáveis<br />
sujeito-objeto, mas <strong>que</strong> a pesquisa se faz num espaço do meio, desestabilizando<br />
tais polos e respondendo por sua transformação. É nessa<br />
mesma direção <strong>que</strong> a Cartografia surge como um método de Pesquisa-