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Arte que inventa afetos - ebook

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ARTE QUE INVENTA AFETOS 161<br />

da Ilha de Fernando de Noronha e o do Vale do Catimbau (em muitos de<br />

seus locais sonoros específicos), assim como o da Usina Catende, o da<br />

Igreja Nossa Senhora do Monte, o dos Transportes Coletivos em Recife e<br />

Olinda, o da Ponte Boa Vista e o mapa sonoro do Marco Zero, em Recife<br />

(COSTA, 2013). Vários de seus mapas sonoros, assim como as obras de<br />

artes sonoras criadas a partir das gravações de campo, são acessíveis em<br />

seus arquivos do Soundcloud. 43<br />

Mas o caráter CsO da audição de paisagens sonoras é mais marcante<br />

quando se assiste aos vídeos de suas Oficinas de Imersão Sonora,<br />

realizadas com grupos de jovens de locais diversos de Olinda e Recife.<br />

As expressões faciais e corporais da descoberta, do espanto, com a escuta<br />

ajudada (por gravadores e microfones apropriados) do mundo em<br />

volta, são fascinantes. 44<br />

Tomando os conceitos de Boulez – como Deleuze e Guattari o<br />

fazem – do tempo liso e do tempo estriado: o tempo (ou o espaço) liso<br />

é não mensurado, pois é “ocupado por acontecimentos ou hecceidades,<br />

mais do <strong>que</strong> por coisas formadas ou percebidas, povoado de <strong>afetos</strong>,<br />

mais do <strong>que</strong> por propriedades, habitado por intensidades, ventos, ruídos,<br />

forças, qualidades táteis e sonoras” como afirma Guattari, retomado<br />

por Pelbart (1998, p. 88-89). Já o tempo (ou espaço) estriado é<br />

pulsado e metrificado, sujeito a regularidades e repetições. Podemos<br />

pensar o tempo da escuta da paisagem sonora como mais dominantemente<br />

liso <strong>que</strong> estriado. Sua escuta – do <strong>que</strong> tratamos, defensivamente,<br />

como banal, por não e para não ouvir – lembra o <strong>que</strong> John Cage descreve<br />

em seu livro sobre o Silêncio: “Mais e mais tenho a sensação de<br />

<strong>que</strong> estamos chegando agora/aqui [“a lugar nenhum”]” (CAGE, 1961,<br />

p.118-121). 45 Cabe atentar para o trocadilho em inglês, em <strong>que</strong><br />

43<br />

e .<br />

44<br />

Os vídeos estão disponíveis em: < http://www.youtube.com/watch?v=tpR-Kia390M&<br />

feature=share&list=UU7gSyJNn_nEGgmQagh-MNmA&index=6> (acessado em<br />

22/04/2014); (acessado em 22/04/2014); http://youtu.<br />

be/l2CHnJweZVY>(acessado em 22/04/2014).<br />

45<br />

Tradução de “More and more I have the feeling that we are getting now/here” (idem).

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