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Arte que inventa afetos - ebook

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Estudos da Pós-Graduação<br />

cada de 1970, pela prática do surfe. Nesse período, apesar de localizada<br />

na periferia da cidade, sua orla sediou campeonatos nacionais e internacionais<br />

importantes, atraindo muitos visitantes.<br />

Nos anos de 1990, porém, fatores como o crescimento demográfico<br />

acelerado e o surto da delinquência juvenil proporcionaram o fim<br />

dos eventos esportivos e a localidade passou a ser estigmatizada na cidade.<br />

Mais recentemente, com o surgimento de novos movimentos populares,<br />

a criação de organizações não governamentais (ONGs) e a<br />

abertura de algumas escolinhas de surfe e, principalmente, com a emergência<br />

de jovens campeões locais no esporte, tem-se ampliado novamente<br />

o fluxo de visitantes. Trata-se de uma comunidade já estabelecida<br />

há mais de sessenta anos e <strong>que</strong> hoje convive com a ameaça da<br />

especulação imobiliária.<br />

Situado entre o oceano Atlântico, o porto do Mucuripe e um<br />

complexo industrial, especializado no ramo de gás e combustível, esse<br />

estreito pedaço de praia no extremo leste de Fortaleza foi ocupado por<br />

um contingente bastante heterogêneo de trabalhadores (Figura 1).<br />

Figura 9 – Vista Panorâmica da Praia do Titanzinho<br />

em Fortaleza.<br />

Fonte: Proposta de Tombamento da Paisagem Cultural do<br />

Titanzinho, CPHC, SECULTFOR, PMF, 2010.<br />

Durante muito tempo, a população morou em barracos improvisados;<br />

muitos deles eram erguidos com lona plástica, madeira e até<br />

mesmo papelão. Tempos difíceis eram a<strong>que</strong>les em <strong>que</strong> o vento e a areia,<br />

quando não derrubavam as casas, entravam nos olhos e nas panelas dos<br />

moradores abrigados ainda em casebres esparsos. A pobreza das habitações,<br />

no entanto, contrastava com a abundância encontrada nas panelas<br />

suspensas sobre o fogo a lenha, quase sempre abarrotadas de peixe,<br />

alimento básico na mesa das famílias praianas. São, portanto, herdeiros<br />

da milenar tradição pes<strong>que</strong>ira.

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