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Arte que inventa afetos - ebook

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Estudos da Pós-Graduação<br />

Aparecer para permanecer<br />

Na introdução da Condição Pós-Moderna, Harvey (2008, p. 15)<br />

coloca os anos 1970 como um marco de transformação da visão do urbano<br />

e de seu conse<strong>que</strong>nte discurso. O autor descreve a passagem de<br />

um panorama capitalista de consumo e fluxo de materiais, para um prioritariamente<br />

de consumo e fluxo de signos e imagens. Nesse contexto, a<br />

ênfase nas aparências, na superfície, nas qualidades individuais da vida<br />

urbana, entram em cena com o polêmico pós-modernismo, para o qual<br />

“cidade colagem” e “revitalização urbana” tornam-se palavras-chave.<br />

No processo de valorização da cidade como signo, para a comunidade<br />

Lauro Vieira Chaves, aparecer passou a ser uma <strong>que</strong>stão de<br />

existir. Aos olhos dos poderes públicos, sua visibilidade revela a importância<br />

do tempo <strong>que</strong> os moradores vivem ali, tempo de construção da<br />

identidade, do lugar. Aparecer foi uma forma de enfatizar a necessidade<br />

de negociação e de reivindicar permanência.<br />

Ferrara (2002) apresenta uma diferenciação entre visualidade e<br />

visibilidade. Na visualidade, a imagem aparece aos sentidos como uma<br />

manifestação <strong>que</strong> permite identificar o lugar, como “constatação receptiva<br />

do visual físico e concreto das marcas fixas <strong>que</strong> referenciam a cidade<br />

e a identificam entre as cidades” (FERRARA, 2002, p. 120). Na<br />

visibilidade, a imagem é uma mediação <strong>que</strong> pode produzir um conhecimento<br />

do espaço.<br />

Entre linhas<br />

A entrada principal da comunidade tem um bar à direita e um<br />

frigorífico à es<strong>que</strong>rda. Entre os dois, um espaço de uso muito dinâmico<br />

pelos moradores: um lugar de estar, jogar baralho, conversar, <strong>que</strong> funciona<br />

como extensão do bar, mas é também um lugar de passagem. Esse<br />

espaço foi escolhido como um dos pontos de intervenção. Os muros,<br />

<strong>que</strong> formam um corredor, e uma das entradas da comunidade, constituem<br />

um volume a partir do frigorífico. Para os muros, foi proposta uma<br />

leitura dos padrões visuais encontrados ali, familiares aos moradores,<br />

como as tramas de múltiplas linhas dos postes de eletricidade, as linhas

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