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Arte que inventa afetos - ebook

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Estudos da Pós-Graduação<br />

referência de visibilidade de um contexto, elemento de integração coletiva<br />

e ação tática, ao proporcionar interações capazes de favorecer a<br />

transformação de uma situação específica.<br />

A cidade é o contexto. Fortaleza é uma das sedes da Copa do<br />

Mundo de 2014 e, para receber o evento, uma das propostas é a passagem<br />

de uma via de metrô na comunidade, <strong>que</strong> implicaria a remoção de<br />

mais de trezentas famílias <strong>que</strong> vivem no local há mais de quarenta anos.<br />

A cidade é o objeto – em larga instância por sua realidade material,<br />

o espaço público concretizado em ruas, muros, postes e calçadas,<br />

junto com as ações <strong>que</strong> a revelam. Mas também é o objeto de desejo da<br />

comunidade, um direito, um pedaço específico de chão onde se identificam<br />

e de onde não <strong>que</strong>rem sair. Um lugar.<br />

A cidade também é suporte, veículo, canal de comunicação. Os<br />

muros são a principal base das representações gráficas urbanas, podem<br />

ter função de mural ao receberem cartazes, pinturas, colagens, mensagens<br />

e, ainda <strong>que</strong> delimitem um espaço público de um privado, proporcionam<br />

algumas vezes o sentido oposto, de permeabilidade ou continuidade<br />

de um espaço interno, como quando abrigam varais ou acolhem<br />

varandas improvisadas.<br />

Observada ao longo do tempo, a cidade oferece parâmetros de<br />

identificação de elementos formais, informais, fluxos, apropriações e<br />

usos, <strong>que</strong> revelam características de sua própria transformação. Nesse<br />

sentido, a cidade é entendida e apropriada como documento de processo,<br />

registro e índice de comunicação metalinguística.<br />

Maneiras de olhar, fazer, interpretar<br />

<strong>Arte</strong> de rua é entendida como um tipo específico de resistência,<br />

um fenômeno urbano, uma manifestação informal <strong>que</strong> se realiza na cidade.<br />

Essa atitude é considerada uma prática urbana, no sentido de uma<br />

operação, cujo resultado é parte de um processo <strong>que</strong> deixa marcas de<br />

uma passagem no espaço público: graffitis, estênceis, cartazes, stikers e<br />

outras formas de registro concreto <strong>que</strong> indicam materialmente a ação.<br />

Quando analisamos um documento de processo (SALLES,<br />

1998), estamos face a face com um registro do tempo, do ato, um ín-

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