20.08.2018 Views

Arte que inventa afetos - ebook

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ESSA RUA VIROU NOSSA<br />

Anna Lúcia dos Santos Vieira e Silva<br />

Cidade múltipla<br />

Pichações e assinaturas nos muros das cidades podem ser entendidas<br />

como uma manifestação de existência, identidade reivindicada<br />

por meio de uma visibilidade pública. O sentido da ação muda quando,<br />

nos graffitis, estênceis e lambe-lambes, a mensagem vai além da autoafirmação<br />

para uma ideia <strong>que</strong> <strong>que</strong>r ser apresentada publicamente, ainda<br />

<strong>que</strong> a intenção de identidade, firmada na forma, permaneça. A arte de<br />

rua pode, no entanto, ser ainda mais abrangente, quando não se limita<br />

ao fim mesmo de identificação ou mensagem estética, gráfica urbana,<br />

mas como veículo de intenções ulteriores de transformação de uma situação<br />

existente, como uma postura política de resistência. Esse foi o<br />

caso das pichações na época da ditadura. Esse é o caso da arte de rua<br />

<strong>que</strong> se manifesta como parte de um processo maior, <strong>que</strong> representa o<br />

objetivo de uma coletividade de ocupar seu devido lugar na cidade e de<br />

ter voz na esfera pública, <strong>que</strong> abrange ações comunicativas, culturais e<br />

diferentes formas de sociabilidade.<br />

Um dos objetivos desta escrita nasce da união entre a observação<br />

descritiva e a análise interpretativa de ações de arte e resistência urbanas<br />

na comunidade Lauro Vieira Chaves, em Fortaleza, no Ceará.<br />

Procuramos averiguar como a arte de rua pode ser fonte de informação,

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