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1999_Luzes-ApostoloPulchrum

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qual dançou, e no fim da noite se<br />

pôs a caminhar sozinho pela floresta.<br />

E leva consigo alguma coisa da<br />

batalha, da dança e do mato.<br />

O que tem o castelo?<br />

Proporções muito bonitas e um<br />

universo de chaminés de tamanhos<br />

variegados, surdindo como champignons<br />

por toda parte, numa verdadeira<br />

feeria de pequenas cúpulas<br />

e torres, algumas maiores, outras<br />

menores, causando a impressão de<br />

que um certo húmus passou do solo<br />

para o castelo, e deste para o ar.<br />

Esse húmus, indescritível, é o responsável<br />

pela grande fantasia que<br />

existe em Chambord, emoldurada<br />

por uma regra, uma linha e uma<br />

harmonia que nos deixam encantados.<br />

De vez em quando, o silêncio<br />

daqueles instantes era interrompido<br />

por diferentes piados de pássaros.<br />

Ora era um longo trinado, como se<br />

do fundo dos séculos algo dissesse:<br />

“Eu ainda vivo!” Ora era uma ave<br />

que, perseguida por outra, exalava<br />

um grito de desespero, atraindo<br />

nossa atenção para uma espécie de<br />

pungente e oculto drama que se<br />

desenrolava no meio daquele arvoredo.<br />

Dali a pouco os pássaros emudeciam,<br />

o silêncio se recompunha em<br />

“Em Chambord tudo é amabilidade,<br />

harmonia, leveza,<br />

elegância, força e coragem...”<br />

torno do castelo, e Chambord continuava<br />

seu velho sonho, triste, digno,<br />

seguro de si mesmo e abandonado.<br />

E as penumbras do entardecer,<br />

e as derradeiras incidências de um<br />

lindo crepúsculo, tremeluzindo sobre<br />

um extenso gramado de relva<br />

selvagem, mal plantada mas que deveria<br />

ser assim — tudo se tornava<br />

úmido de absoluto, impregnado de<br />

graças celestiais.<br />

Sim, mais uma vez é a graça que<br />

nos faz admirar em Chambord o<br />

que, sem o auxílio dela, não nos seria<br />

perceptível. São expressões do<br />

castelo, são impressões e sentimentos<br />

que ele só transmite a quem é<br />

favorecido com essa assistência sobrenatural.<br />

E deixamos o tempo transcorrer<br />

ali com a intenção de vislumbrar a<br />

graça como uma luz acesa no interior<br />

de Chambord. O próprio castelo<br />

seria o abat-jour, esplendoroso,<br />

extraordinário, porém o mais aprazível<br />

era considerar essa luz celeste<br />

que acentua sua inenarrável beleza,<br />

sua tranqüilidade recolhida, sua majestade.<br />

Era impossível que Chambord fosse<br />

tão belo, tão perfeito, e que Deus<br />

não estivesse presente ali. Era impossível<br />

que aquele castelo possuísse<br />

essa perfeição e essa beleza, se<br />

estas não fossem fruto das lágrimas<br />

de Maria e do preciosíssimo sangue<br />

de Nosso Senhor Jesus Cristo.<br />

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